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ÍNDICE
Tema da edição
W. J. Prost
D. C. Buchanan
Christian Truth
W. Kelly
W. J. Prost
W. T. Turpin
W. Potter
W. J. Prost
J. B. Dunlop
Hino 118
Tesouros
“No princípio, criou Deus”. Como Criador, tudo pertence a Ele. Todo tesouro é d’Ele. Luz, vida e amor, todos vêm d’Ele. Ele é o que dá toda boa dádiva. Deus deu a Seu Filho o que Seu Filho estimava – Ele deu você e eu a Ele. Então Ele veio a este mundo como o bom Pastor daqueles que Lhe foram dados. Quando Ele veio, “Ele era rico”, enquanto você e eu éramos pobres, miseráveis, infelizes e cegos. Amando-nos e sendo nosso Pastor, “por amor de vós [Ele] se fez pobre, para que, pela Sua pobreza, enriquecêsseis”. Deus deu por nós Seu principal tesouro, que ficou pobre, para que pudéssemos tê-Lo como nosso tesouro e, assim, sermos ricos. Da plenitude d’Aquele que é nosso tesouro, recebemos graça sobre graça (dádiva após dádiva), pois recebemos vida, justiça, o céu, a glória, um noivo perfeito, descanso, paz e, acima de tudo, Ele Próprio – um objeto perfeito para satisfazer o coração durante o tempo e pela eternidade. Que estejamos atentos: Satanás, por outro lado, é um ladrão que veio “roubar, matar e destruir”. Ele não tem tesouro para dar. Ele procurou roubar, matar e destruir nosso Pastor. Falhou! Embora ele não possa nos roubar das mãos do Pastor, que é nosso Tesouro, ele procura enganar nossos corações para nos roubar o desfrute de nosso Tesouro, matar nossos desejos pelas verdadeiras riquezas e destruir nossa capacidade de dar frutos para Deus. Que possamos viver todos os dias ao lado de nosso Pastor, com os olhos fixos n’Ele.
Seus Tesouros – Celestiais e Terrenais
Na Palavra de Deus, encontramos duas expressões que se referem ao povo de Deus como tesouros. No Velho Testamento, encontramos a frase “propriedade [tesouro – KJV] peculiar” mencionada duas vezes, em referência a Israel (Êx 19:5; Sl 135:4). Não há dúvida de que Israel é o tesouro ao qual essas Escrituras se referem, pois a expressão no Salmo 135 diz: “Porque o SENHOR escolheu para si a Jacó e a Israel, para seu tesouro peculiar”. Israel também é chamado de “Seu próprio povo [peculiar]” (Dt 14:2; 26:18). Nos dois casos, a palavra “peculiar” tem o sentido daquilo que é de valor especial para quem o possui. No Novo Testamento, encontramos a expressão “tesouro escondido num campo” (Mt 13:44), e fica claro pelo contexto que o Senhor Jesus está se referindo à Igreja. A palavra “peculiar” também é aplicada à Igreja em Tito 2:14 (KJV), indicando novamente algo que tem um valor especial. É importante entender a diferença entre esses dois tesouros, pois eles não são os mesmos, mas também não competem entre si.
No caso de Israel, é claro que eles foram escolhidos para serem o tesouro peculiar de Deus, mas na linguagem de Êxodo 19:5 encontramos essas palavras adicionais: “Porque toda a Terra é minha”. Israel foi escolhido como o tesouro de Deus na Terra e foi através deles que Deus reivindicou a Terra. Quando as nações foram formadas no princípio, está registrado que “quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações […] pôs os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel” (Dt 32:8). Em um dia vindouro, quando Israel for restaurado nas bênçãos do milênio, Deus mais uma vez reivindicará este mundo através deles.
“Eu darei”
E sob que condições eles eram Seu tesouro? Alguém colocou muito bem:
Quanto à Sua “aliança”, era de uma graça sem igual. Não era proposta nenhuma condição – não foram feitas exigências. Sua palavra a Abraão foi: “EU DAREI”. A terra de Canaã não era para ser comprada pelos feitos do homem, mas para ser dada pela graça de Deus. Evidentemente, Ele não havia prometido a terra de Canaã à semente de Abraão com base em qualquer coisa que Ele previsse neles, pois isso teria destruído totalmente a verdadeira natureza de uma promessa. Teria tornado isso um pacto, e não uma promessa, mas “pela promessa, a deu gratuitamente a Abraão”, e não por meio de um pacto – veja Gálatas 3.
Portanto, no começo de Êxodo 19, o povo é lembrado da graça com a qual Jeová até então havia lidado com eles, e são assegurados do que ainda seriam no futuro, desde que continuassem a manter a “aliança” da liberdade e da graça absoluta. “[Vós] sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos”. Como eles poderiam ser isso? Será que seriam “uma propriedade [tesouro – KJV] peculiar” quando assolados pelas maldições de uma lei violada – uma lei que eles haviam violado antes de recebê-la? Certamente que não. Como então eles seriam esse “tesouro peculiar”? Permanecendo na posição em que Jeová os considerava quando obrigou o avarento profeta [Balaão] a exclamar: “Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! Que boas as tuas moradas, ó Israel! Como ribeiros se estendem, como jardins ao pé dos rios; como árvores de sândalo o SENHOR as plantou, como cedros junto às águas. De seus baldes manarão águas, e a sua semente estará em muitas águas; e o seu rei se exalçará mais do que Agague, e o seu reino será levantado. Deus o tirou do Egito; as suas forças são como as do unicórnio” (Nm 24:5-8).
Por que a lei foi proposta?
Mas por que, pode-se perguntar, a lei foi dada a Israel, quando eles não tinham forças para cumpri-la? Deus viu que seria bom e saudável que o homem conhecesse a verdade sobre si mesmo e a natureza e extensão das reivindicações de Deus sobre ele, e, para esse fim, Ele deu a lei. Era o padrão perfeito do que Deus exigia do homem, do que o homem deveria ser, e a proibição daquilo a que o homem era fortemente inclinado. Os dez mandamentos, em sua maior parte, são como uma proibição da vontade humana. “Não farás” ... “não farás” é a voz severa e proibitiva da lei moral.
O papel da lei era detectar e registrar as ações do homem e evidenciar seu caráter de transgressor. “Logo, para que é a lei?” diz o apóstolo Paulo, “Foi ordenada por causa das transgressões”. Desde a queda até o momento em que a lei foi dada no Sinai, o homem foi deixado para provar o que é sua natureza decaída sem as restrições da lei: após esse período, vemos o que ele se torna quando sujeito a uma autoridade que proíbe e se opõe aos desejos da carne e da mente. Sem lei, os homens eram bárbaros; sob a lei, são infratores da lei; e quando Cristo veio, cheio de graça e verdade, a Ele rejeitaram e crucificaram.
C. H. Mackintosh (adaptado)
O tesouro peculiar de Deus
Israel era o tesouro peculiar de Deus na Terra, escolhido por graça soberana. É verdade que, quando se submeteram voluntariamente à lei, perderam a bênção nesse terreno, nessa condição. Mas Deus não será frustrado em Seus propósitos, nem deixará de cumprir Sua promessa a Abraão. No dia vindouro, predito na linguagem do Salmo 135, Deus trará Seu tesouro peculiar, Israel, em bênção, mas no mesmo terreno em que Ele fez a promessa a Abraão – Sua graça soberana. A obra consumada de Cristo na cruz já forneceu os meios pelos quais Deus pode fazer isso, e, no dia milenar, Ele exibirá Seu tesouro peculiar nesta Terra.
O tesouro escondido no campo
Mas onde tudo isso deixa o “tesouro escondido num campo”? É bonito ver como Deus, embora não se esquecendo de Seu tesouro terreno, também pôde encontrar um tesouro celestial, escondido no mesmo mundo que Seu tesouro terreno. Somente Seus olhos podiam vê-lo, mas para tê-lo, Ele comprou todo o campo. Nesse sentido, o tesouro no campo ainda está oculto, pois, embora esteja no mundo, não é do mundo. Não será visto em sua verdadeira glória e beleza até que seja exibido no esplendor celestial, quando a cidade santa descer do céu, proveniente de Deus (Ap 21:9-27). Somente então esse tesouro será totalmente exibido, mas tal exibição não será na Terra. Hoje, enquanto Cristo é rejeitado, esse tesouro ainda está oculto no campo e não é reconhecido pelo mundo. Mas naquele dia, será exibido acima da Terra e para que toda a Terra o veja. Tem caráter celestial, não terreno, e, portanto, seu lugar está nos céus, e todas as suas bênçãos estão nos lugares celestiais.
Mas por causa desse tesouro, Deus comprou todo o campo – o mundo – através da obra de Cristo na cruz. O mundo era Seu por direito de criação, mas Satanás usurpou esse direito, e, por causa da rejeição de Cristo, as Escrituras agora o chamam de deus e príncipe deste mundo. Mas está chegando o dia em que Cristo tomará Seu lugar de direito e reivindicará a herança que é Sua de maneira dupla – pelo direito de criação e pelo direito de redenção.
Assim, vemos que Deus não é inconsistente em ter dois tesouros, pois um é terreno e o outro é celestial. Na Terra, a bênção foi ordenada “desde a fundação do mundo” (Mt 25:34), enquanto a companhia celestial foi escolhida para a bênção “antes da fundação do mundo” (Ef 1:4). Ambos são Seus tesouros, mas a Igreja é Sua joia – a noiva de Seu amado Filho. Ela terá o primeiro lugar e estará mais próxima do coração de Cristo, pois habitará com Ele onde Ele habita. Mas Deus não esquecerá de Seu povo terreno; eles serão o Seu tesouro peculiar no dia milenar.
W. J. Prost
Tesouros Escondidos
Há algo que nos atrai nos atos de esconder e encontrar tesouros; muitos são cativados por esse fascínio. Esse conceito não é desconhecido por Deus, tanto que Ele escondeu tesouros para nós encontrarmos. “A glória de Deus é encobrir o negócio, mas a glória dos reis é tudo investigar” (Pv 25:2). “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me” (Mt 19:21).
Nos dias de Jeremias, quando o reino de Judá se encontrava em estado de decadência, havia dez homens que usaram tesouros escondidos em seus campos para preservar suas vidas da morte por aqueles que eram gananciosos de poder e riquezas. Esses dez tinham tesouros escondidos em seus campos – talvez para mantê-los longe da ameaça iminente de Nabucodonosor. Seja como for, quando Ismael matou Gedalias e esteve a ponto de matar também esses dez por se submeterem aos babilônios, eles disseram: “Não nos mates a nós; porque temos no campo tesouros escondidos, trigo, e cevada, e azeite, e mel. E ele, por isso, os deixou e não os matou, como a seus irmãos” (Jr 41:8). Esses homens foram prudentes em fazer provisão visando o julgamento de Judá que tinha sido pronunciado por Jeremias. Eles aceitaram o fato de que naquele momento Deus não levantaria um rei que os libertaria de Nabucodonosor, o rei gentio. Eles ocultaram suas riquezas do julgamento iminente de Deus sobre a nação de Israel, pois Deus tomaria o governo da terra de Israel e o daria aos gentios. É improvável que suspeitassem que alguns de sua própria nação os cobiçassem com avidez, mas, mesmo assim, os tesouros levaram à preservação de suas vidas.
O reino dos céus
Voltando agora ao tempo em que o Senhor Jesus veio restabelecer o reino em Israel, descobrimos como Ele foi rejeitado pelo Seu próprio povo. Isso O levou a revelar outra parte do reino de Deus. Em Mateus encontramos 10 parábolas que falam das semelhanças do “reino dos céus”. Elas nos dão uma visão de como o Senhor, enquanto está no céu, está formando um reino durante o tempo presente. Esse reino é distinto do que foi prometido a Israel no Velho Testamento, que sabemos que será estabelecido quando o Senhor vier para reinar em justiça. Os primeiros discípulos não entenderam isso até depois que o Senhor retornou ao céu.
A seguinte citação de William Kelly explica como os primeiros discípulos entenderam a transição de sua esperança do reino terreno para o celestial:
“A esperança de Israel era o reino em poder quando o Messias reinaria, e todas as classes de pessoas estavam familiarizadas com isso. Assim, com o Messias na Pessoa de Jesus, finalmente e realmente na Terra, o aparecimento do reino de Deus foi visto da maneira mais próxima possível. Para corrigir esse erro, o Senhor contou a parábola das “libras” (Lc 19:11). No entanto, o quão profundamente gravado esse pensamento estava no coração dos judeus é evidenciado pela pergunta que Lhe foi dirigida pelos discípulos em seus últimos momentos com Ele na Terra (At 1:6-9). José de Arimateia, que sepultou o Senhor, aguardava o reino de Deus, e os dois discípulos em sua jornada a Emaús confiaram ao estranho (como pensavam!) as acalentadas esperanças de seus corações, agora arremessadas ao chão por Sua morte (Lc 23:51; Lc 24:21). Sua resposta confirmou que suas esperanças estavam corretas e reviveu as antecipações das futuras bênçãos da nação. “Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?” Sua morte, então, por mais estarrecedora e objeto de tropeço que fosse para Seus discípulos, não impediria o cumprimento das profecias registradas nas Escrituras, pois, como ensinou Paulo à multidão reunida na sinagoga de Antioquia, na Pisídia, as misericórdias de Davi seriam asseguradas através do Rei que reinasse em ressurreição (At 13:34).
Tudo isso, no entanto, ainda é futuro, embora o reino exista na Terra agora. O que então caracterizaria a época em que essa condição anômala de coisas deveria durar – o reino existente sem que o poder do rei estivesse em todos os lugares realmente confessado? Os profetas não nos dizem nada sobre isso, portanto o Senhor deu essas parábolas, chamadas de as semelhanças do reino, para explicar essa época – são elas que suprem o elo que faltava nessa corrente. Encontradas em Mateus 13, 18, 20, 22 e 25, elas aparecem somente depois que Sua rejeição pela nação foi inequivocamente declarada. “Por isso”, disse o Senhor, “todo escriba instruído acerca do Reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. “Coisas velhas”, porque ele pode falar do que os profetas previram; “novas”, porque ele pode ensinar o que o Senhor revelou”.
W. Kelly (adaptado)
Os parágrafos a seguir relatam como o reino dos céus envolve “tesouros escondidos” que podem ser encontrados, e como eles se aplicam a nós. É iminente o tempo em que o Senhor fará a transição da formação de Seu reino celestial para a formação do Seu reino terrenal. Devemos ser servos fiéis e prudentes, aguardando a Sua vinda, ou seja, discernindo o tempo (Veja Mateus 24:45-51).
O joio e o trigo (Mateus 13:24-30, 36-43)
A primeira semelhança do reino dos céus diz respeito à semeadura e colheita do trigo no campo. O semeador semeia a boa semente, mas o inimigo semeia joio. O objetivo do inimigo é atrapalhar e destruir, mas Deus permite que o joio esconda o verdadeiro tesouro – o trigo. Há um processo de separação no final dos tempos que reunirá o trigo no celeiro e queimará o joio. O trigo representa os filhos do reino, enquanto o joio diz respeito aos falsos professos. O Senhor enfatiza a importância de entender essa parábola em Marcos 4:13 quando diz: “Não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as parábolas?” É necessário entender esta primeira das dez parábolas para viver e trabalhar de maneira inteligente. A parábola revela como Deus está reunindo um povo na Terra para o céu. Quando o Senhor vier e os santos forem arrebatados com Ele, o trigo será recolhido no celeiro e depois “os justos resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça” (v. 43).
A semente de mostarda e o fermento (Mateus 13:31-33)
As próximas duas parábolas apresentam como o reino dos céus se desenvolve nas mãos dos homens. A semente de mostarda, que é a menor das sementes, se torna uma grande árvore para os pássaros do ar. O objetivo e a utilidade do pé de mostarda não é tornar-se uma grande árvore, mas os homens transformaram a Cristandade em um grande sistema na Terra. A verdadeira grandeza do céu está escondida daqueles que fazem da Cristandade um sistema humano de vida terrena.
A mulher que esconde o fermento nas três medidas de farinha corrompe toda a massa até que se torne inútil. Isso mostra os males internos da Cristandade. Eles estão ocultos, mas corrompem todo o testemunho público. Mas, da atual ruína da Cristandade, o Senhor reunirá um povo purificado em Sua vinda.
O tesouro escondido no campo e a pérola (Mateus 13:44-46)
A próxima parábola revela o que Deus vê escondido no campo. Ele ama e valoriza Seus santos. Eles são o tesouro que Ele vê, e, para obtê-lo sem que outros o saibam, Ele compra todo o campo (o mundo). Assim, em João 17:9, o Senhor ora por eles: “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que Me deste, porque são Teus”.
A parábola da pérola que foi descoberta mostra como o valor da pérola era especialmente conhecido pelo comerciante, o que o motivou a vender tudo para obtê-la. Assim, “Cristo amou a Igreja e a Si mesmo se entregou por ela” (Ef 5:25).
As últimas parábolas
Enquanto as primeiras parábolas tratam mais das coisas ocultas do reino dos céus, as últimas parábolas trazem diante de nós o que pode ser visto. Elas também falam do processo de separação no final da dispensação do reino dos céus. O que é de grande valor é separado do que é inútil. A rede lançada ao mar reúne peixes de todos os tipos, tanto bons quanto ruins. Portanto, a pregação do evangelho reúne meros professos da fé Cristã, bem como crentes verdadeiros. São os anjos que separam os bons dos maus no fim dos tempos.
A parábola do servo perdoado (Mt 18:23-35) é uma ilustração do uso e abuso daqueles que encontram perdão no reino dos céus. A parábola do chefe de família que contrata trabalhadores (Mt 20:1-16) tem a ver com a diferença entre obter coisas pelas “obras”, em contraste com receber a graça de Deus. No reino dos céus, tudo é por graça. A parábola do banquete de casamento do filho do rei (Mt 22:14) ilustra como, depois da nação de Israel ter rejeitado o convite de Deus, Ele enviou um convite incondicional a todos. Ele teria o céu cheio. A última parábola, das dez virgens (Mt 25:1-13), é uma descrição de como haverá uma separação entre os verdadeiros crentes e os meros professos quando o Senhor vier. Somente aqueles que têm óleo em suas lâmpadas irão para o casamento; os falsos professos serão deixados para juízo.
Descobrimos, então, que, como os dez homens em Judá esconderam tesouros em seus campos, o que preservou suas vidas, assim o Senhor tem um tesouro escondido no “reino dos céus”. Nós somos esse tesouro para Ele; quando “ouvimos e entendemos”, Ele se torna nosso Tesouro. As parábolas revelam o que está para acontecer quando o Senhor vier. Que Ele nos ajude a tomar posse de nossa verdadeira porção com Ele como participantes de Seu reino celestial. “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6:21).
D. C. Buchanan
O Tesouro Escondido
“Também o Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo” (Mt 13:44).
Não duvidamos que a parábola aponte para Cristo como Aquele que encontra um tesouro em Seu povo e, por alegria, vende tudo o que tem para que possa obtê-lo. Assim, lemos: “pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta” (Hb 12:2). “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós Se fez pobre, para que, pela Sua pobreza, enriquecêsseis” (2 Co 8:9). Sim, como diz a parábola, Ele vendeu tudo o que possuía e, como prova a passagem de Hebreus 12, tinha em vista a alegria que foi colocada diante de Si – a alegria da qual fala nossa parábola.
Devemos, de fato, olhar quem era Cristo e a posição que Ele tinha tanto como Criador quanto como Deus desde a eternidade. Depois, devemos olhar para o nosso Senhor em Sua humilhação, Sua agonia no jardim e Sua vergonhosa morte, antes que possamos ter um vislumbre do que Lhe custou comprar o campo em que estava escondido o tesouro de Seu coração.
Mas há outro ponto na parábola. Diz não apenas que o homem comprou o tesouro, mas também que comprou o campo em que o tesouro estava escondido. No mesmo capítulo, nosso Senhor, ao explicar a parábola do semeador, diz: “O campo é o mundo”. Então, nosso Senhor comprou o mundo – toda a humanidade – e aqui reside uma verdade importante. É como um homem rico que vai a uma fazenda de escravos e, depois de pagar um preço por todos os escravos, envia uma proclamação de que, quem quiser, pode ser livre. Infelizmente, porém, alguns dos escravos gostam da terra e da segurança da plantação, e preferem permanecer em escravidão.
Assim, nosso Senhor, em Sua morte, comprou toda a humanidade e enviou Seus ministros para que implorassem aos homens que se reconciliassem com Ele. Mas, infelizmente, os homens preferem as correntes de Satanás e as iscas que ele habilmente coloca para eles.
Isso ilustra também a diferença entre “comprar” e “redimir”. Muitos agora estão iludindo seus semelhantes com o pensamento da salvação universal, enquanto há uma grande diferença entre a compra de escravos, a oferta de liberdade e a libertação de fato da escravidão. Lemos sobre alguns (almas perdidas) que negam o Senhor que os comprou (2 Pe 2:1), enquanto aqueles que são redimidos, são realmente trazidos para fora do reino de Satanás, “para o Reino do Filho do seu amor” (Cl 1:13).
Essa é a parábola do tesouro escondido. Cristo é o comprador; Seus santos são o tesouro; todos os homens são o campo. É chamado de tesouro escondido, pois ninguém poderia ter descoberto que Cristo tinha um tesouro onde tudo era pecado e maldade. A doutrina da Igreja também estivera há muito escondida; Paulo tornou conhecido “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações” (Cl 1:26). Então todos deveriam ver “qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus” (Ef 3:9). Cristo então suportou a vergonhosa morte da cruz – tendo ficado pobre, vendido tudo o que tinha – mas em breve terá o tesouro junto a Si – uma Igreja gloriosa, sem mancha, ou ruga, ou coisa semelhante! Ao Seu nome seja toda a glória!
Christian Truth (adaptado)
O Tesouro e o Coração
“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12:34). O princípio moral aqui estabelecido por nosso Senhor exige nossa profunda e constante atenção, e mais ainda porque a carne sempre engana, e luta contra esse princípio, visando se entregar a um disfarce que o ignora de forma convincente. Mas andamos por fé, não por vista, e com razão.
Onde não há fé, um objeto presente envolve o coração e se torna o tesouro. É o eu de uma forma ou de outra, em que Satanás é o mestre, e não Deus: Qual, então, deve ser o fim para a eternidade? O objeto mais prevalente é o que nosso Senhor chama de “torpe ganância”, pois o dinheiro é o meio mais fácil de se obter ganhos para gratificar as cobiças carnais. Ou pode ser o coração abandonado aos prazeres do pecado por um período. O poder é a ambição de alguns, assim como a fama é de outros. Também pode tomar uma direção religiosa com a mesma prontidão, com um desejo de honra mundana. Desse modo os homens perecem, mesmo onde nenhuma grosseria aparece, mas apenas o mais agradável refinamento.
Somente Cristo livra e preserva de todas essas armadilhas. Ele é dado e enviado por Deus para conquistar o coração por Sua graça inefável, adaptando-Se à nossa culpa, miséria e inutilidade através do pecado, para salvar o mais vil do seu mal, reconciliar com Deus, ser tanto vida quanto justiça para aquele que não tinha nenhuma delas, e para associá-lo com o céu. Assim, Ele separa a pessoa do mundo, não apenas em tudo o que é evidentemente mal, mas também em tudo o que afirma ser bom ou melhor, para que não mais vivamos para nós mesmos, mas para Aquele que, por amor de nós, morreu e ressuscitou. E como isso é para a glória do Pai, assim é realizado pelo poder do Espírito que está aqui, enviado agora do céu, desde o Pentecostes, para glorificar Aquele que nunca buscou Sua própria vontade, mas sim a de Deus.
Cristo é o verdadeiro tesouro
Cristo é, portanto, o verdadeiro tesouro, e para o louvor da glória da graça de Deus, Ele nos fará como Ele diante de Si mesmo, não apenas em natureza, mas em relacionamento, tanto quanto possível. Temos, porém, esse tesouro, por enquanto, em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós mesmos. “Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; por que as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Co 4:16-18).
Portanto, nosso Senhor pede que não acumulemos para nós tesouros na Terra onde a traça e a ferrugem estragam e onde os ladrões cavam e roubam, mas que acumulemos para nós mesmos tesouros no céu onde nem a traça nem a ferrugem estragam e onde os ladrões não cavam nem roubam. “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12:34). O coração segue necessariamente o objeto de sua afeição; Cristo, o Tesouro do Cristão, não era da Terra, mas veio de cima, do céu e acima de tudo. “Aquele que vem de cima é sobre todos” (Jo 3:31).
Onde está o nosso tesouro?
Portanto, não é apenas o que é o tesouro, mas também para o local onde ele está que o Senhor chama nossa atenção. E dessa verdade do tesouro no céu deriva grande força da ascensão de nosso Senhor para onde Ele estava antes (Jo 6:62), não mais apenas como Filho de Deus, como quando Ele desceu, mas agora também como o Filho do Homem em glória celestial. Esta é a maneira correta e completa pela qual o Cristão O conhece. “Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já O não conhecemos desse modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura (criação – TB) é” (2 Co 5:16-17).
O Cristão está unido pelo Espírito a Cristo glorificado, agora que ele repousa na redenção realizada, pois “o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito”. Só podia ser assim nesse momento e nesse lugar. Portanto, tendo morrido com Cristo e ressuscitado juntamente com Ele, somos exortados a procurar as coisas que são de cima, onde Cristo está, sentado à destra de Deus, a fixar nossa mente nas coisas que estão em cima, não nas coisas que estão sobre a Terra, pois morremos e nossa vida está escondida com Cristo em Deus. E esperamos que, quando Cristo, nossa vida, se manifestar, também nós nos manifestaremos com Ele em glória.
Nosso coração
Podemos notar que em Lucas 12 a conexão dessa verdade é expressa de forma mais ampla (“onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração”), não apenas com o aviso da precariedade de tudo, mas com um tesouro no céu, com a vinda do Senhor como uma esperança presente. “E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe” (Lc 12:36). Essas palavras indicam claramente o chamado para estar constantemente aguardando por Ele.
No total, o objetivo é inconfundível se estivermos andando no Espírito. Agora levamos o título de “celestiais” (1 Co 15:48-49), e esperamos, fundamentados na mais segura autoridade, que isso se concretize até mesmo em nossos corpos em Sua vinda. Enquanto isso, cuidemos viver, servir, andar e adorar de forma consistente com nossa fé e nossa esperança. Nada menos que isso é o Cristianismo do Novo Testamento, agora que conhecemos muitas das coisas que os discípulos não podiam suportar, até que tivessem redenção através do Seu sangue e do dom do Espírito. Quando o Espírito veio d’Ele do alto, Ele não deixou de guiá-los a toda a verdade.
W. Kelly (adaptado)
Todos os Tesouros da Sabedoria e do Conhecimento
O homem adquiriu uma grande quantidade de conhecimento nas últimas décadas, e o mundo moderno reflete as tremendas mudanças que ocorreram como resultado desse conhecimento. Se o homem tem a sabedoria para usar esse conhecimento da maneira correta é outra questão; muitos hoje sentem que o aumento do conhecimento fez com que o curso deste mundo ficasse fora de controle. Agora temos um mundo com maior abertura, mais complexo e interconectado do que nunca. Os avanços na tecnologia e o aumento do uso das mídias sociais trouxeram uma interação de várias forças – sociais, econômicas, políticas – com as quais o mundo parece incapaz de lidar. O uso da tecnologia moderna na medicina, juntamente com o abandono da Bíblia como autoridade moral final em muitos países ocidentais, levantou questões morais e éticas difíceis de resolver. Um artigo recente da revista Time Magazine resumiu isso dizendo: “O progresso tecnológico e a globalização estão obscurecendo fronteiras e derrubando premissas tradicionais. A ascensão dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento está reconfigurando os balanços de poder, enquanto a ordem internacional do último meio século luta cada vez mais para se adaptar à nova realidade”.
Em meio a toda essa confusão resultante desses desenvolvimentos, é revigorante recorrer à Palavra de Deus e ler as palavras de Paulo aos Colossenses:
“Porque quero que saibais quão grande combate tenho por vós […] para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus — Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2:1-3).
Acesso a toda sabedoria
O que os homens não dariam hoje, se pudessem ter acesso a toda a sabedoria e conhecimento necessários para enfrentar os desafios que enfrentam! Deus disponibilizou essa sabedoria e conhecimento, mas é para aqueles que pertencem a Cristo e que desejam procurar por ela.
Antes de tudo, essa sabedoria e conhecimento são encontrados no “pleno conhecimento” do mistério de Deus. Este é o mundo d’Ele e, para entender seu curso, precisamos reconhecer o que Ele está fazendo. Em meio a toda confusão nos propósitos e movimentos dos homens, Deus está realizando Seus propósitos, e se virmos quais são os propósitos de Deus, podemos entender o segredo do que está acontecendo.
A joia no plano de Deus
O mistério de Deus nos é dado em Efésios 1:9-10: “Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”. A confusão que vemos ao nosso redor está operando para esse fim, pois Deus tem diante de Si a exaltação de Seu amado Filho como Cabeça sobre todas as coisas. Hoje, o homem está usufruindo deste mundo como acha melhor, e há inúmeras discussões e argumentações sobre coisas como mudança climática, aquecimento global e poluição, bem como seus efeitos na vida vegetal, animal e humana. Mas é tudo do ponto de vista do homem, pois ele procura preservar este mundo, como supõe ser capaz de conseguir, para as gerações futuras. Além disso, já estamos começando a ver “o mar e as ondas rugindo” (Lc 21:25), enquanto as nações competem entre si por domínio e influência neste mundo. Os propósitos de Deus neste mundo – o mundo que Ele criou – não são considerados.
Esse mistério não foi revelado no Velho Testamento; estava oculto em Deus, mas agora é uma revelação feita à Igreja, a joia do plano de Deus para o homem, que é Sua criatura. Deus não apenas tem em Seus propósitos a exaltação de Seu amado Filho; neste dia de Sua graça, Ele também está chamando, para fora deste mundo, um povo para formar Sua Igreja, como uma noiva para Seu Filho. Ao entendermos esse mistério, a visão total que temos deste mundo passa a ser formada de acordo com os pensamentos e propósitos de Deus – propósitos que certamente serão realizados.
Um tesouro é algo sobre o qual atribuímos um alto valor, e é realmente de grande valor podermos olhar para este mundo e descobrirmos que, ao reconhecermos o mistério de Deus, podemos ter sabedoria e conhecimento para entender para onde tudo está indo, e como percorrer um caminho divino através dele. Mas é um tesouro escondido – sabedoria encoberta. O homem natural não pode encontrá-la, nem pode ser obtida pela inteligência humana. Deve ser procurada, mas o crente, que é habitado pelo Espírito de Deus, possui tudo o que é necessário para encontrá-la. Além disso, ao se referir aos tesouros da sabedoria e do conhecimento, o Espírito de Deus usa a palavra “encoberto” com um propósito. Não é que Deus não esteja disposto a revelar Seus tesouros, mas Ele os revela àqueles que os valorizam. Mesmo entre os crentes, a preciosa verdade do mistério de Deus nem sempre é bem-aceita. Satanás fez um trabalho efetivo de reduzir o Cristianismo ao nível de uma religião mundana, e Deus não revela Seus tesouros a Cristãos mundanos. Não, esses tesouros são para aqueles que os valorizam e estão dispostos a procurá-los.
Cheio de conhecimento
Juntamente com esse pensamento, está o fato de que aqui a sabedoria é mencionada antes do conhecimento. Normalmente, o conhecimento deve vir primeiro, e encontramos essa ordem em Colossenses 1:9: Para “que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual”. Mas aqui, no capítulo 2, a ênfase está na aceitação do próprio Cristo como a sabedoria de Deus, como vemos em 1 Coríntios 1:24: “Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus”. Quando somos levados ao ponto de ver Cristo crucificado em total humilhação como revelador da sabedoria de Deus, estamos prontos para aceitar a sabedoria e o conhecimento que são revelados no entendimento do mistério de Deus.
Ter essa sabedoria e conhecimento foi muito valioso em qualquer época da história da Igreja, mas é um tesouro muito especial para o mundo de hoje. Antes de tudo, como já mencionamos, podemos olhar para a turbulência e incerteza ao nosso redor e ter os pensamentos de Deus sobre isso – porque está acontecendo e, mais importante, onde tudo terminará. Isso permite que o crente ande em paz, pois enquanto ele está realmente sobrecarregado com o que vê ao seu redor e preocupado com as almas perdidas apanhadas por esse mundo, ele próprio está em paz em sua caminhada Cristã. “Através de cenas de conflito e vida no deserto, caminhamos em paz em nosso caminho” (Little Flock Hymnbook # 12).
A aplicação às nossas circunstâncias
Segundo, esses tesouros de sabedoria e conhecimento se aplicam igualmente às nossas circunstâncias individuais – nossa educação, nosso trabalho, nossa vida familiar, nossa interação com os outros, sejam crentes ou não – todas essas coisas são governadas pela sabedoria e pelo conhecimento adquiridos a partir do conhecimento completo do mistério de Deus. Ele alcança todos os aspectos da vida Cristã, e é por isso que Paulo estava tão sobrecarregado por causa dos crentes em Colossos e Laodiceia. Havia aqueles que tentavam corrompê-los “por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2:8). Mas Paulo nos lembra que “n’Ele [Cristo] habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9). Ao entendermos o que vemos neste mundo e ao ordenarmos nosso próprio caminho através dele, nada mais é necessário além de Cristo.
A honra e a glória de Cristo
Finalmente, e talvez o mais importante, o “pleno conhecimento do mistério de Deus” (AIB), honra e glorifica a Cristo, Aquele que é o assunto de todos os propósitos de Deus. Os “rudimentos do mundo” exaltam ao homem; o mistério de Deus exalta a Cristo. No primeiro capítulo de Colossenses, Ele é a Cabeça tanto da criação quanto do corpo, a Igreja, “para que em tudo tenha a preeminência” (vs. 18). Quando reconhecemos e compreendemos o mistério de Deus, também reconhecemos que “foi do agrado do Pai que toda a plenitude n’Ele habitasse” (Cl 1:19). Nosso Senhor Jesus Cristo será exaltado e o mistério de Deus compreendido por todos num dia vindouro. É um privilégio entender esse mistério e seus tesouros ocultos e exaltar nosso Senhor Jesus Cristo hoje.
W. J. Prost
Tesouro em Vasos de Barro
Quando nos voltamos para 2 Coríntios 4, encontramos três coisas em conexão com “este ministério”. Elas estão no sétimo versículo. Ali lemos que “temos esse tesouro”, que é em “vasos de barro”, e há o que é chamado de “a excelência do poder”, ou, mais precisamente: “a supremacia [superioridade – JND] do poder”. Essas são três coisas maravilhosas que devemos ter diante de nossos pensamentos.
“Esse tesouro”, o que é isso? Não é tanto a estimativa que meu coração forma de Cristo quanto o valor que Deus encontrou n’Ele. Certamente, o Senhor Jesus Cristo deve ser um Tesouro para o Seu povo, mas aqui o Tesouro, que claramente é Cristo, é apresentado mais no sentido de como é visto por Deus. Cristo é Seu Tesouro. Como esse tesouro foi posto no vaso? Lemos: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2 Co 4:6). Não é que eu tenha tomado posse, por mim mesmo, do tesouro; trata-se da graça soberana de Deus, tanto em Seus propósitos quanto em Suas ações. No princípio, “Disse Deus: Haja luz. E houve luz” (Gn 1:3). Assim aconteceu também espiritualmente em nossos corações: Deus, em Sua maneira soberana de lidar com as coisas, que ordenou que das trevas a luz brilhasse, é o Deus que brilhou em nossos corações. É o próprio Deus que brilha no coração de um homem, em todo o Seu poder abençoador e iluminador, pois é a “iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2 Co 4:6).
Uma luz do céu
Vemos isso em Saulo de Tarso, no caminho para Damasco, um perseguidor com nada além de ódio por Cristo. Ele de repente viu “uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol”, e o Salvador em glória foi revelado em sua alma. Ele é, portanto, o exemplo vivo da maneira como esse tesouro bendito é depositado na alma de um homem. Toda a glória de Deus é assim expressa.
Não podemos entender nada sobre a glória de Deus a menos que a vejamos na face de Jesus Cristo, e é na presença dessa glória que nossa consciência é tratada. Se realmente vemos toda a glória de Deus resplandecendo na face de Jesus Cristo, não podemos deixar de ser desafiados nas profundezas de nossa consciência. Então somos convencidos, e a primeira expressão de nosso coração na presença dessa glória deve ser: "Eu me abomino". E, no entanto, isso leva à confiança, pois a glória vista na face de Jesus Cristo é a glória de Deus na redenção.
Os vasos de barro
Em seguida, lemos que “temos, porém, esse tesouro em vasos de barro”. Nas coisas naturais, quando o homem tem algo valioso, ele geralmente o envolve em algo que é (pelo menos na aparência) também valioso. O baú é tão bonito quanto a joia, mas Deus não faz assim. Ele pega o Seu tesouro, o mais caro, o mais valioso e precioso para Ele, e o coloca no mais desprezível vaso que você poderia imaginar – um pobre e frágil vaso de barro.
Mas Ele tem um propósito nisso; dá a Ele a oportunidade de fazer duas coisas. Em primeiro lugar, o deleite d’Ele é fazer com que o tesouro seja tudo, e, em segundo lugar, Ele se agrada em revelar a supremacia do poder. Não existe apenas a glória suprema do tesouro, mas o poder supremo com o qual Ele opera no vaso – o vaso quebrado em pedaços. De fato, o vaso não vale nada até que seja quebrado em pedaços, mas por trás desse pobre vaso há um poder supremo. Todo o poder de Deus vai junto com o pobre vaso, no qual Ele coloca esse tesouro. Mas não temos apenas que aceitar os quebrantamentos que Deus traz sobre nós; além disso, devemos guardar a sentença da cruz, a morte de Cristo, que nos deu liberdade da condenação a que estávamos expostos – devemos manter essa morte sobre nós mesmos. Deus quebra o vaso, mas também devemos manter a sentença de morte sobre ele, “para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Co 4:7).
Assim, primeiro temos o vaso de barro, exatamente o que você e eu somos; segundo, um tesouro colocado nele de glória suprema; e terceiro, um poder supremo que está por trás disso. Esse poder está sempre trabalhando em companhia do nada e da fraqueza, além de uma completa negação da carne e do mundo. Caso contrário, não podemos ter poder; não há brilho de Cristo, a menos que o vaso seja inteiramente como argila nas mãos do oleiro.
O exército de Gideão
A imagem aludida aqui é, sem dúvida, do exército de Gideão. Eles colocaram a luz no cântaro, mas a luz não brilhou até que o cântaro foi quebrado. E sem dúvida o Espírito de Deus alude a esse fato aqui. Você tem o brilho da glória, e você tem o poder supremo que é capaz de brilhar. As duas coisas sempre andam juntas.
Quão pouca afeição existe em nossos corações para entrarmos no propósito de Deus; que, em um mundo que rejeitou Seu Filho, houvesse aqueles que deveriam ser a manifestação d’Aquele que o mundo rejeitou, mas que Deus glorificou. Nossos corações desejam isso? Será que podemos Lhe dizer: Eu tenho apenas um desejo, que eu seja sobre a Terra um vaso em que a exibição da glória do Teu Filho, o Senhor Jesus Cristo, seja encontrada em todas as circunstâncias aqui? Deus se deleita em nos ajudar, e teremos o conforto de estar em comunhão com Seu pensamento. É a mais maravilhosa graça de Sua parte nos levar a tal lugar para que possamos ter uma mente semelhante a d’Ele, e nos capacitar por meio de tal poder supremo.
O poder supremo
Suponha que eu veja alguém se afastando de tudo neste mundo, que não procure nada nele, nem tire nada do mundo. Eu diria: “Que poder supremo é exibido nesse homem!” Se vejo uma criatura pobre e débil deitada em um leito por causa de uma doença, atormentada pela dor, que, em vez de reclamar, demonstra descanso e tranquilidade com a bendita manifestação de Cristo em mansidão e perseverança, digo: “Que poder de superação existe aí!” Não há uma circunstância na vida – seja doença ou saúde, dor ou sua ausência, prosperidade ou perda, provação ou facilidade – para muitas pessoas, não há uma única coisa para quem está satisfeito em ser argila nas mãos do poder supremo. E mais do que isso, é nessas mesmas circunstâncias que Cristo é mais querido para nós, pois somente Ele nos é suficiente para tudo. Além disso, é onde estamos, não onde gostaríamos, que Deus deseja que Seu Filho seja visto em nós.
Esse é o testemunho que realmente falta neste momento. Podemos falar de doutrinas e ter clareza sobre elas, mas talvez haja poucas doutrinas praticadas e pouca graça correspondente vista nos proponentes delas. Oh, pela manifestação da verdade em amor – aquela exibição de Cristo que é capaz de calar quem O rejeita e recomendar-se às consciências dos homens! E, portanto, diz o Espírito Santo: “Assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (v. 2). Os homens seriam forçados a dizer: Embora eu não goste dessas pessoas por serem tão estreitas, ainda assim, ao mesmo tempo, minha consciência é obrigada a dar este testemunho de que eles procuram agradar a Deus. Essa é a manifestação real do poder supremo. Que nossos corações valorizem mais do que nunca esse abençoado ministério, caracterizado como é pelas glórias que tivemos diante de nós!
W. T. Turpin (adaptado)
Tesouro em Vasos de Barro
“Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Co 4:6-7). O que é esse tesouro e por que chamá-lo de tesouro? O que é um tesouro? É algo que valorizamos, algo em que o coração está fundamentado. O bendito Salvador disse: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”, e, quando temos um tesouro, temos o que é valorizado. O coração está ocupado com ele.
O que é esse tesouro de que se fala? Diz que o temos em vasos de barro. Os vasos, que encontramos mais adiante neste capítulo, são estes pobres corpos – da Terra, terrenos. Se o Senhor não vier para resgatá-los daqui a pouco, eles voltarão ao pó da qual foram tirados; nesse caso, o poder de Deus na ressurreição entrará em ação e os tirará do pó novamente. No curso natural das coisas, os vasos de barro são simplesmente esses corpos pobres.
Esse tesouro é simplesmente Cristo como vida, e vida eterna. Cristãos verdadeiros são aqueles que conhecem a Cristo como seu Salvador, Cristo como sua vida, Cristo como sua justiça, Cristo agora e Cristo para sempre. Aos olhos de Deus, independentemente do que você seja à vista deste mundo, você não é Cristão se não conhece a Cristo como seu Salvador. O que é um Cristão? Ele é aquele que conhece, confessa e segue a Cristo. Os discípulos ou crentes foram chamados pela primeira vez de Cristãos em Antioquia, não em Jerusalém, e é isso que um Cristão é. Ele é alguém que confessa e segue (em alguma medida fraca, mais ou menos, mas segue) a Cristo. Ele O confessa como seu Senhor, como seu Salvador, como seu Exemplo.
Até que ponto, companheiro Cristão, a verdade de que Cristo é nosso Salvador e a verdade de que temos vida eterna e nunca pereceremos – até que ponto isso é um tesouro para sua alma? Não é uma mera doutrina, não se trata de apenas descansar na satisfação de que você nunca perecerá. No caminho das Escrituras, não lhe é perguntado o que é essa verdade para sua consciência, mas para seu coração. É um tesouro? Queridos irmãos Cristãos, de uma maneira muito especial, o ministério da verdade de Deus entre os Cristãos deve ser um ministério para o coração. Deus quer seu coração! Mas Sua maneira de chegar ao coração é através da consciência. Deus nunca para Seu trabalho na consciência. É a consciência que nos faz saber o que somos aos olhos de Deus e que nos faz conhecer nossa necessidade de Sua graça – nossa necessidade do Salvador que Ele encontrou para nós.
W. Potter
A Recuperação de Tesouros
Os “tesouros da Casa do SENHOR” eram os vasos de ouro e prata, dedicados por Davi e Salomão, e cuidadosamente preservados no templo. De tempos em tempos, por causa do pecado de Judá, eles eram incapazes de guardar esses tesouros; e, três vezes foram levados por outros (Sisaque, rei do Egito, Jeoás, rei de Israel, e Nabucodonosor, rei da Babilônia). Pior ainda, quatro vezes é registrado que eles foram entregues a outros, seja para contratar soldados mercenários ou para apaziguar uma potência estrangeira. Eles foram entregues por Asa, Jeoás, Acaz e Ezequias – todos reis de Judá. Mas Deus estava de olho neles e, mais tarde, sob Ciro, rei da Pérsia, eles foram devolvidos aos santos que voltaram a Jerusalém após os 70 anos de cativeiro – veja Esdras 1:7-11.
O mesmo aconteceu com os tesouros que foram dados à Igreja – os tesouros de Cristo e nossas bênçãos celestiais que nos foram dadas por Ele. Em vários momentos de sua história, a Igreja perdeu esses tesouros por infidelidade e, pior ainda, algumas vezes eles foram usados como moeda de troca por crentes que queriam um caminho mais fácil neste mundo. Satanás prontamente tornará nosso caminho neste mundo mais livre de problemas se estivermos dispostos a renunciar a alguns dos tesouros de nosso chamado celestial.
Mas, novamente, como em Israel, Deus valoriza esse tesouro e está disposto a restaurá-lo para nós. No final da dispensação da graça, Deus ressuscitará aqueles através dos quais Ele tornou esses tesouros disponíveis novamente. A primeira glória da Igreja primitiva não será restaurada, mas esses tesouros, dados por Deus desde o início, podem ser desfrutados mais uma vez por aqueles que desejam seguir a Cristo com todo o coração.
W. J. Prost
Nossas Próprias Coisas ou o Tesouro d’Ele?
Uma das maiores provas da proximidade da vinda do Senhor é (embora tenhamos muito pelo que louvar e agradecer a nosso Deus gracioso) o estado geral baixo e morno de coisas entre nós – mornidão ao próprio Cristo, manifestada de muitas maneiras. E, principalmente, acho que posso dizer, isso se manifesta no fato de que (com exceções que trazem glória a Deus) a maioria “busca o que é seu e não o que é de Cristo Jesus” (Fl 2:21). Ou seja, Ele não tem Seu lugar de direito em nossos corações.
Buscamos nossas próprias coisas, e, embora elas não sejam coisas erradas em si mesmas, talvez, ainda assim, o coração esteja indevidamente ocupado com elas; então o Senhor Jesus, como o objeto pelo qual deveríamos viver e servir, se perde. Sua presença é desviada e a alma se coloca, inconscientemente, a uma distância d’Ele. O discernimento espiritual está obscurecido e o poder espiritual está quase acabando. Há pouco cuidado com as coisas de Jesus Cristo como eram antes. Permitam-me, então, queridos irmãos, insistir com vocês, e comigo também, sobre a verdade de que “não somos de nós mesmos”, mas fomos “comprados por bom preço”. E a que preço! Ele Se entregou por nós – Ele próprio! Não somos deixados aqui meramente para viver vidas decentes, morais e respeitáveis, até que o Senhor venha, mas a viver para Ele. Devemos ser testemunhas para Ele, e, de alguma maneira, servir uns aos outros e às almas ao nosso redor, apresentando o nosso corpo como um sacrifício vivo a Deus – um sacrifício diário a Ele, que é o nosso culto racional. “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Rm 12:2).
E que coisa mais feliz é essa! Como provamos “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”, quando nos entregamos de coração e de maneira real a Ele, como aqueles que estão vivos dentre os mortos! Como o eu praticamente também se foi, quando nos entregamos “a Deus” e “pelos outros”, e quando então “andamos em amor” (Ef 5)! Que doce sabor para Deus!
Como podemos ter a Cristo como um objeto para nossos corações (que é como Ele deveria ser para nós)? É vendo que Seu coração está sempre pensando e cuidando de nós – que somos o Seu tesouro. Como alguém disse: “É tão verdadeiro para Ele, assim como é para nós, que, onde está o Seu tesouro, ali também está o Seu coração”.
Sim, queridos filhos de Deus, como é bom ver que Ele está sempre pensando, tendo empatia, vigiando, cuidando e nos amando. Oh, que possamos desfrutar mais disso!
Vamos nos julgar a nós mesmos por isso, queridos irmãos, fazendo a oração de Efésios 3, que termina pedindo que conheçamos o amor de Cristo por nós, que ultrapassa todo o conhecimento, para que sejamos cheios de toda a plenitude de Deus.
J. B. Dunlop (adaptado)
Faze o Que Queres
9.9.9.9. - Adelaide (Have Thine Own Way, Lord!)
1. Faze o que queres de nós Senhor,
Pois és oleiro em seu labor;
Do barro, vasos, podes moldar
E em nós tesouros ricos guardar.
2.Faze o que queres de nós Senhor,
Quebra-nos hoje, com Teu amor;
Pra que possamos aqui mostrar
A luz ao mundo, negro lugar.
3.Faze o que queres de nós Senhor,
Do Teu perfume nos faz o odor;
Um doce aroma a quem sentir
Que ao mundo, morte, traz o porvir.
4.Faze o que queres de nós Senhor,
Encha-nos mais do Consolador;
Dóceis, humildes, queremos ser,
Sempre cumprindo em nós Teu querer.
Hino 118
“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”
(Mt 6:21)
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