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ÍNDICE
F. G. Patterson
C. E. Lunden
W. J. Prost
C. H. Mackintosh
C. H. Mackintosh
W. Kelly
W. J. Prost
W. J. Prost
J. N. Darby
Christian Truth
H. E. Hayhoe
Present Testimony
F. G. Patterson
w.j.p (poema)
Sal
“Que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1). “Cristo [...] pelo Espírito eterno, Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus” (Hb 9:14). Sua vida foi salgada (provada) pelo fogo e só exalou uma fragrância perfumada a Deus. Sem mel – a doçura da natureza – e sem fermento – o que é azedo e inflado. Ele foi salgado com sal — a santa graça que liga a alma a Deus e permite que o coração recuse tudo o que lhe é apresentado que não seja d’Ele. Em resumo, havia, em Cristo, diante dos olhos de Deus um Homem sem pecado, e Ele era aquilo que ninguém nunca foi, sendo Ele mesmo oferecido a Deus. Em Romanos 8:2-3, somos consagrados a Deus e apresentados a Ele como estando em Cristo. Em Romanos 12, como sacerdotes, para quem as misericórdias de Deus abriram a porta do nosso templo, saímos de toda a corrupção do homem e agora apresentamos nosso corpo, até então escravo do pecado, a Deus, um “sacrifício vivo” como estando em Cristo e Sua vida em nós, “santo”, a que o sal indicava (compare Marcos 9:49-50), e “aceitável”, a graça de Cristo vista em nós (o incenso) – tudo apresentado a Deus como um “culto (serviço sacerdotal) racional”.
F. G. Patterson (adaptado)
Sal
O sal é necessário para a vida, tanto para o homem como para o animal, e é um meio de purificar o corpo. O sal é um componente necessário do sangue humano e animal.
“O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido[1], como restaurar-lhe o sabor?” (Lc 14:34 – ARA).
O sal não pode temperar a si mesmo. Como não beneficia a si mesmo, destina-se a ser usado por outros. O sal é uma figura do poder da santa graça no homem. Um verdadeiro crente é comparado ao sal que dá sabor ou que tempera, e conserva. Ele age como um sabor moral, e enquanto o crente estiver neste mundo, ele é um preservador.
O sal não é algo feito com base em uma mistura, mas é encontrado em seu estado natural.
“Também se lhes dê, dia após dia, sem falta, aquilo de que houverem mister: novilhos, carneiros e cordeiros, para holocausto ao Deus dos céus; trigo, sal, vinho e azeite, segundo a determinação dos sacerdotes que estão em Jerusalém” (Ed 6:9 – ARA). Que lição aqui — “dia após dia”!
O trigo é Cristo para nosso alimento, enquanto lemos e oramos e somos edificados em nossa fé santíssima. O sal é o poder separador da santidade, que nos mantém afastados do mundo e do mal, por dentro e por fora. O vinho fala da alegria constante de se alimentar de Cristo, o resultado do Espírito Santo no íntimo. O óleo, uma figura do Espírito Santo, nos lembra que estamos selados até o dia da redenção, o penhor que nos assegura o tempo em que teremos corpos glorificados, além de nos dar felicidade presente. A unção é a presença e energia do Espírito de Deus em inteligência e poder.
“... e sal à vontade” (Ed 7:22 – ARA).
O Espírito Santo dá discernimento espiritual quanto à graça e à devoção.
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um” (Cl 4:6). O Senhor Jesus pôde dizer: “[Eu Sou] exatamente o que venho dizendo que Sou” (Jo 8:25 – AIBB).
A separação aqui diz respeito ao que dizemos, que deve ser com graça para edificação de outros. Essa é uma finalidade do sal. O sal é o poder interior de energia e de santidade em graça, devoção a Deus e separação do mal. Não há vida sem sal e não há vida no sal. Até a comida não tem sabor sem ele.
“Pode-se comer sem sal o que é insípido?” (Jó 6:6).
Quão vívida é a imagem diante de nós ao vermos as propriedades do sal de uma maneira moral ou espiritual! O sal limpa ao rejeitar tudo o que está no íntimo que é contrário a Deus. Como o sal tempera e dá sabor, assim faz o crente de uma forma moral. Para alguém cuja vida é um sacrifício, o sal é um conservador. Ele liga a alma a Deus e interiormente preserva do mal por causa do poder da santa graça e da devoção.
O crente é comparado ao sal.
“Vós sois o sal da Terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor?” (Mt 5:13 – ARA).
Se ele perder o seu sabor ou o seu propósito aqui, ele não serve para nada. Aqueles que se oferecem a Deus, que foram separados para Ele, são o sal da Terra.
O sal para o discipulado[2] é a energia interior que liga e dedica o coração a Deus em um serviço de compromisso e desejo. Assim, o sal é o poder de separação da santidade. O que é bom deve ser temperado com sal.
“Ele (Eliseu) disse: Trazei-me um vaso novo e ponde nele sal. E lho trouxeram. Então, saiu à fonte das águas, e deitou nela sal e disse: Assim diz Jeová: Curei estas águas; elas não serão mais a causa de morte nem de esterilidade” (2 Rs 2:20-21 – TB).
Aqui encontramos Jericó sob maldição, assim como está o mundo pelo qual passamos. Tudo aquilo que refresca (“águas”) está estragado. Deve haver um novo vaso, uma nova natureza, então deve haver sal nesse novo vaso. Nunca pode haver bênção ou refrigério, a menos que haja devoção pessoal a Cristo, e a menos que a fonte das águas (completa dependência de Deus) seja alcançada, onde a santa graça é exercida. O sal deve ser lançado na fonte das águas. Somente Deus, lançando sal na fonte das águas, pode curar da maldição as águas na cidade, e devemos ter a energia espiritual para fazê-lo. Esta é a energia da fé pessoal que depende inteiramente de Deus.
Tanto em adoração quanto em serviço, como numa oferta consagrada, não deve faltar o sal da santa graça e devoção. O Velho Testamento fala de ofertas e sacrifícios. Nem todos se aplicam à expiação. Muitos deles são figuras do crente em sua atividade normal. “Vós sois o sal da Terra” (Mt 5:13). Além disso, aprendemos como o crente deve oferecer sua vida e serviço a Deus aqui embaixo. Tudo isso foi escrito para o nosso ensino. Isso não quer dizer que o homem possa, em si mesmo, prover alguma coisa para Deus nem para si mesmo, mas pode haver devoção, uma resposta do coração, percebida por Deus e muitas vezes um testemunho na Terra para Sua glória.
“E, acabando tu de o purificar, oferecerás um bezerro sem mancha e um carneiro do rebanho sem mancha. E os oferecerás perante a face do SENHOR; e os sacerdotes deitarão sal sobre eles e os oferecerão em holocausto ao SENHOR” (Ez 43:23-24).
O bezerro fala da grandeza da apreciação do que Cristo, em Sua oferta, é para Deus. O discernimento disso se dá por meio do sal, da inteligência interior, bem como da santa graça e devoção. Quão frequentemente precisamos nos julgar quanto a isso! É justo dar a Deus o máximo em devoção, seja em adoração ou sacrifício, e o sal deve sempre acompanhá-los.
“E toda a oferta dos teus manjares salgarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de manjares o sal do concerto do teu Deus; em toda a tua oferta oferecerás sal” (Lv 2:13).
“Porventura, não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania sobre Israel, a ele e a seus filhos, por um pacto de sal?” (2 Cr 13:5 – AIBB).
O reino de Davi foi fundado sobre um pacto de sal, devoção perpétua de responsabilidade. Somente Cristo pode preencher este lugar de eterna devoção e graça quanto ao reino.
“Porque cada um será salgado com fogo” (Mc 9:49).
O fogo representa o próprio caráter de Deus e é o padrão que testa as pessoas quanto à realidade. Se há falha, Ele corrige; se irrealidade, Ele julga.
“E cada sacrifício será salgado com sal” (Mc 9:49).
Tudo o que é feito para Cristo é testado para ver se é feito em devoção e pela graça. Os esforços da carne não têm lugar em nenhum sacrifício, seja para adoração ou para serviço.
Que essas meditações refresquem nosso espírito para a verdadeira devoção e santa graça.
C. E. Lunden (adaptado)
A Importância do Sal
Cerca de 100 anos atrás, uma empresa em St. Clair, Michigan, EUA, que vendia sal, anunciava seu produto publicando um livreto intitulado “Cento e Um Usos para o Sal Diamond Crystal”. Incluídas em sua lista estavam funções como manter as cores brilhantes em vegetais cozidos, fazer sorvete, remover ferrugem, selar rachaduras, apagar fogo de gordura e tratar uma infinidade de doenças humanas, como dispepsia, entorses, dores de garganta e dores de ouvido. Hoje, o número é de mais de 14.000 usos, pois a lista agora inclui a fabricação de produtos farmacêuticos, o derretimento de gelo nas estradas no inverno, a fabricação de sabão, o amolecimento da água e a fabricação de corantes para têxteis.
O sal é tão comum hoje, e relativamente barato, que esquecemos que desde o início da história do homem neste mundo, o sal era uma das mercadorias mais procuradas. Só depois do século XX que o sal se tornou facilmente disponível e barato. A busca pelo sal desafiou os engenheiros por milhares de anos. Rotas comerciais foram estabelecidas, alianças formadas, impérios assegurados e revoluções provocadas — tudo por causa do sal. Durante esses milênios, o sal representava riqueza. Muitos governos o tributaram para captar dinheiro. Era muitas vezes usado como dinheiro, e os exércitos eram pagos com sal. A palavra latina sal tornou-se a palavra francesa solde (pagar), da qual veio a palavra soldado e também a expressão, “vale o seu sal”[3]. Nossas palavras em inglês salary [salário] e salad [salada] são derivadas da mesma raiz, já que os romanos frequentemente usavam sal em verduras.
Um conservante
O sal é mencionado muitas vezes na Palavra de Deus, e a maioria dessas referências está no Velho Testamento. Como outros artigos nesta edição de O Cristão exporá o significado específico de muitas dessas referências, nos limitaremos, neste artigo, a um aspecto do sal que é bem conhecido: a sua capacidade de conservar. Isso tem sido bem reconhecido ao longo da história. O homem há muito tempo sabe como conservar a carne e alguns vegetais, embalando-os em sal. Mas a Palavra de Deus toma essa mesma função do sal para nos ensinar lições importantes. Uma delas diz respeito ao Mar Salgado (também conhecido como Mar Morto), que surgiu como resultado da destruição de Sodoma e Gomorra.
A lição aqui não é tanto o caráter conservador do sal, mas como Deus preservou o Mar Salgado. Não parece que o Mar Salgado existisse antes daquelas cidades perversas serem destruídas. Pelo contrário, a área é descrita como sendo “toda bem regada, antes de o SENHOR ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do SENHOR” (Gn 13:10). Podemos ser tentados a pensar superficialmente nessa expressão, mas lembremo-nos de que a frase “o jardim do Senhor” é usada em apenas um outro lugar na Palavra de Deus. É encontrada em Isaías 51:3, onde o Espírito de Deus descreve a futura bênção de Israel no Milênio. Ali diz que, “o Senhor consolará a Sião: e consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden e a sua solidão, como o jardim do SENHOR”. O Espírito de Deus não exagera em Suas descrições, para que possamos concluir com segurança que a área ao redor de Sodoma e Gomorra era realmente um lugar bonito. No entanto, quando o Senhor “fez chover enxofre e fogo, do SENHOR desde os céus” (Gn 19:24), Ele deixou aquele Mar Salgado como um lembrete solene para nós do terrível julgamento que aguarda aqueles que continuam na impiedade e no pecado.
Aqueles que visitaram a área dizem-nos que há muitos minerais no Mar Salgado, e entre eles o enxofre é bastante relevante. (A palavra “sal” na língua portuguesa é geralmente usada para se referir ao cloreto de sódio, ou o que tradicionalmente chamamos de “sal de cozinha”, mas a palavra na verdade tem um significado muito mais amplo. Em termos químicos, um sal é uma combinação de um ácido e uma base, de modo que, por exemplo, bicarbonato de sódio e outros compostos também são tecnicamente “sais”. No entanto, na Bíblia, a palavra “sal” refere-se ao que chamamos de sal de cozinha). Toda a área ao redor do Mar Morto é agora muito árida, e a água que deságua nele vem do Rio Jordão e de outras drenagens terrestres, com quase nenhuma das chuvas, que é inferior a 100 mm por ano.
Sodoma e Gomorra
O Espírito de Deus refere-se a Sodoma e Gomorra muitas vezes na Bíblia. As duas cidades “Sodoma e Gomorra” são mencionadas juntas 10 vezes na versão Almeida corrigida, enquanto a palavra “Sodoma” é mencionada 46 vezes. Se este mundo precisa de uma lembrança alarmante do julgamento de Deus, Ele certamente a providenciou no Mar Morto e na qualidade conservadora dos sais encontrados nele. O próprio Senhor Jesus Se referiu a Sodoma e a Gomorra quando Ele condenou algumas das cidades onde Suas poderosas obras foram feitas. Mesmo a “National Geographic Society”, que não é conhecida por sua reverência à Palavra de Deus, foi forçada a admitir, há alguns anos, que o Mar Salgado possivelmente apoiou o registro bíblico da destruição de Sodoma e Gomorra.
Em resumo, então, podemos dizer que Deus deixou o homem sem desculpas. Por milhares de anos, o Mar Morto tem sido conservado como uma lembrança do julgamento sobre essas cidades perversas, e Deus tem feito com que o clima tenha sido alterado de modo que essa lembrança não possa ser facilmente removida. Como já mencionamos, não só a área é extremamente quente e árida, mas o Mar Morto está a cerca de 430 metros abaixo do nível do mar. Por essa razão, toda a área circundante em Israel e na Jordânia, bem como áreas mais distantes, deságuam nele. Como é triste ver tantos hoje reagindo como os genros de Ló, que, quando foram avisados do julgamento vindouro, consideraram que o mensageiro era um “zombador”!
W. J. Prost
Jericó — Graça que Cura
“Os habitantes da cidade disseram a Eliseu: Eis que a situação desta cidade é agradável, como vê o meu senhor; mas as águas são péssimas, e a terra é estéril. Ele disse: Trazei-me um vaso novo, e ponde nele sal. Eles lho trouxeram. Então, saiu à fonte das águas, e deitou nela sal e disse: Assim diz Jeová: Curei estas águas; elas não serão mais a causa de morte nem de esterilidade. Ficaram as águas sadias até o dia de hoje conforme a palavra que Eliseu proferiu” (2 Rs 2:19-22 – TB).
Dificilmente há um pecado que o homem seja capaz de cometer que Deus não o tenha mencionado em Sua Palavra; isso mostra o quão profundamente Ele sabia o que estava no homem. Muitos não têm dúvida de que o homem é um pecador, mas a completa inaptidão do homem para com Deus é uma verdade que poucos admitirão. É essa a verdade que este breve registro de um dos milagres de Eliseu, em nome de Jeová, ilustra de forma impressionante.
Sem dúvida, o grande ponto aqui é a prontidão e o poder de Deus, em graça, para trazer cura em Israel, onde tudo é morte e esterilidade. Elias tinha sido a testemunha fiel de Deus contra o terrível afastamento que a nação teve de Deus, mas agora ele tinha subido ao céu, depois de atravessar o Jordão, o rio da morte e julgamento. Eliseu viu isso e sabia qual era o segredo do seu poder. Na primeira atitude de Eliseu depois disso, o encontramos consciente de que Jericó era um lugar de esterilidade e morte. Mas ele sabia também que havia poder em Deus para curar e que quando o povo tomasse sua verdadeira posição de reconhecer tal condição, Ele iria curar. Aqui vemos o homem na sua inaptidão, na sua incapacidade de dar fruto e sem vida espiritual, porque ele está morto em ofensas e pecados.
Esterilidade
O relato dado ao homem de Deus foi: “A situação... é agradável... mas as águas são péssimas, e a terra é estéril” (v. 19 – TB). O Sol brilhou sobre Jericó, as chuvas desceram do céu, as estações passaram na sucessão apropriada, mas não havia qualquer fruto. Todos os que passavam, embora percebendo sua localização aprazível, não deixavam de ser atingidos por sua perpétua esterilidade.
Assim é o homem. Suas circunstâncias são muitas vezes agradáveis; ele está cercado de influências gentis, misericórdias providenciais, e incontáveis confortos e vantagens, mas não há vida para com Deus e, consequentemente, nenhum fruto. Os homens têm que aprender que “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8:7-8). Ele pode ser alguém que apenas professa o Cristianismo, cercado de Cristãos exemplares e exposto à influência de alguns de seus privilégios, mas é infrutífero, como uma figueira estéril. Não há vida; não como alguns a teriam – um pouco de vida e um pouco de fruto. Não, “as águas são péssimas, e a terra é estéril”.
Muitos admitirão que o homem não pode fazer nada a menos que seja auxiliado por Deus, como se tivesse algum poder interior de santidade que só precisa de ajuda. No entanto ele precisa, não da ajuda de Deus, mas da vida pois “aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus” (Jo 3:3). E quanto a dar fruto, Jesus ensinou até mesmo Seus discípulos que eles devem permanecer n’Ele, como um ramo permanece na videira, ou eles não poderiam dar fruto. Ele disse: “sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
Em Jericó, então, não era uma questão de cavar, adubar ou irrigar a terra, mas a introdução de algo inteiramente novo. O evangelho da graça de Deus não é uma melhoria da religião dos judeus, mas uma ordem de coisas completamente nova. O evangelho não faz exigências ao homem para ser abençoado, mas traz-lhe livremente tudo o que ele precisa.
Um novo vaso
O profeta diz: “Trazei-me um vaso novo, e ponde nele sal”. Era algo novo, pois estava atendendo à necessidade em pura graça e, como figura, um novo vaso deve ser trazido. O sal ensina-nos várias coisas. É claro, em primeiro lugar, que “o sal é bom”. Em segundo lugar, tem “sabor” e pode temperar ou conservar. Terceiro, ele devia ser misturado com os sacrifícios: “Em toda a tua oferta oferecerás sal” (veja Lc 14:34; Lv 2:13). Sua virtude, sabor e associação com todas as ofertas nos falam claramente da santa graça de Deus para conosco em Cristo Jesus. “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8).
No entanto, não é o conhecimento da Escritura, mas a sua aplicação à alma que o homem precisa para a cura. Então, lemos que Eliseu saiu “ao manancial das águas e deitou sal nele; e disse: Assim diz o SENHOR: Sararei estas águas; não haverá mais nelas morte nem esterilidade. Ficaram, pois, sãs aquelas águas até ao dia de hoje, conforme a palavra que Eliseu tinha dito” (2 Rs 2:21-22). Observe aqui as duas coisas nesta ilustração que muitas vezes nos são apresentadas na Escritura para a paz e o descanso da alma: a obra de Cristo e a Palavra de Deus. O sal foi aplicado no manancial, e então foi dito: “Assim diz o SENHOR: Sararei estas águas”. O fundamento da paz é a obra de Cristo na cruz, enquanto a única autoridade para a paz é a Palavra de Deus, e, portanto, deve ser apenas sobre o princípio de fé. A Palavra de Deus declara que “todos os que n’Ele (no Senhor Jesus Cristo) creem receberão o perdão dos pecados pelo Seu nome” (At 10:43), e “jamais Me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” (Hb 10:17). Assim, alguém que toma o seu lugar por fé diante de Deus como um pecador indefeso e culpado, em seguida, olha para Cristo como o objeto da fé, repousa sobre o sangue de Cristo como o fundamento da paz e descansa sobre a inalterável Palavra de Deus como a autoridade para a paz. Os pecadores são purificados de todo pecado, são justificados de todas as coisas, são filhos de Deus e têm “paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo”. Cristo agora está ressuscitado e à direita de Deus na virtude do que Ele fez na cruz por nós, e Ele enviou o Espírito Santo, “para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Co 2:12).
C. H. Mackintosh (adaptado)
Temperado com Sal
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal” (Cl 4:6). Essas são determinações claras da Escritura – encontradas em conexão imediata com algumas das mais elevadas doutrinas da inspiração. E notaremos que onde o peso completo dessas claras determinações não for permitido sobre a consciência, as verdades superiores não serão desfrutadas. Não posso gozar nem caminhar digno da minha “alta vocação”, se me entregar a conversas tolas e brincadeiras (Ef 5:4)[4].
Eu admito plenamente a necessidade de evitar cuidadosamente toda a falsa aparência de santidade ou restrição carnal. A falsa santidade da natureza é certamente tão ruim quanto sua leviandade, se não pior. Mas por que exibir uma ou outra? O evangelho nos dá algo muito melhor. Em vez de falsa aparência de santidade, o evangelho nos dá verdadeira santidade; em vez de leviandade, nos dá santa alegria. Não há necessidade de falsificar nada, pois se estou me alimentando de Cristo, tudo é realidade, sem nenhum esforço. No momento em que há esforço, tudo é completa fraqueza. Se eu digo que tenho que falar sobre Cristo, torna-se uma terrível escravidão, e eu exibo minha própria fraqueza e loucura. Por outro lado, se a minha alma está em comunhão, tudo é natural e fácil, pois “da abundância do coração, disso fala a boca”. Diz-se que um certo pequeno inseto sempre exibe a cor da folha da qual ele se alimenta. Assim é exatamente com o Cristão. É muito fácil dizer do que ele está se alimentando.
Nossa conversa habitual
Mas alguns podem dizer que “não podemos estar sempre falando de Cristo”. Eu respondo que, na proporção em que somos guiados por um Espírito não entristecido, todos os nossos pensamentos e palavras estarão ocupados a respeito de Cristo. Se somos filhos de Deus, estaremos ocupados com Ele por toda a eternidade. Por que não agora? Estamos agora tão completamente separados do mundo como estaremos então, mas nem sempre o percebemos, porque não andamos no Espírito.
É bem verdade que, ao entrar na questão do hábito de conversação de um Cristão, está-se entrando num terreno inferior, porém, esse é um terreno necessário. Seria muito mais feliz continuar no terreno superior, mas falhamos nisto, e é uma misericórdia que a Escritura e o Espírito de Deus venham ao nosso encontro no nosso fracasso. A Escritura nos diz que estamos assentados em lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 2:6); também nos diz para não roubar. Pode-se dizer que é terreno inferior falar com os homens celestiais sobre roubo, mas é necessário. O Espírito de Deus sabia que não era suficiente nos dizer que estamos assentados nos lugares celestiais; Ele também nos diz como nos conduzir na Terra, e nossa experiência da primeira declaração será evidenciada por nossa exibição aqui da segunda. A minha caminhada aqui prova o quanto eu penetro na minha posição lá.
Portanto, posso encontrar na caminhada do Cristão um terreno muito legítimo para lidar com ele sobre a condição real de sua alma diante de Deus. Se sua caminhada é baixa, carnal e mundana, deve ser evidente que ele não está percebendo sua posição alta e santa como um membro do corpo de Cristo e um templo de Deus.
Portanto, a todos os que são propensos a entrar em hábitos de conversa leviana, eu diria carinhosa, mas solenemente: Olhem bem para o estado geral de sua saúde espiritual. Sintomas ruins se manifestam – certas evidências de uma doença que se desenvolve dentro deles mesmos pode ter, maior ou menor grau de dano das próprias fontes de vitalidade. Cuidado com o progresso dessa doença. Vá imediatamente ao Grande Médico e participe do Seu precioso bálsamo. Toda sua constituição espiritual pode estar desequilibrada, e nada pode restaurar seu vigor, exceto as virtudes curativas do que Ele tem para lhe dar.
A beleza de Cristo
Uma nova visão da excelência, preciosidade e beleza de Cristo é a única coisa que levanta a alma de uma baixa condição. Toda a nossa esterilidade surge do fato de termos deixado Cristo escapar. Não é que Ele nos tenha deixado escapar. Não; bendito seja o Seu nome, isso não pode ser. Mas praticamente, nós O deixamos escapar, e nosso vigor tornou-se tão baixo que às vezes é difícil reconhecer qualquer coisa do Cristão em nós, a não ser o mero nome.
Não chegamos onde deveríamos chegar em nossa carreira. Não entramos, como deveríamos, no significado do “cálice e batismo” de Cristo; falhamos em buscar comunhão com Ele em Seus sofrimentos, morte e ressurreição. Temos buscado o resultado dessas coisas, como feitas n’Ele, mas não entramos experimentalmente nelas, e por isso, há nosso declínio melancólico do qual nada pode nos recuperar, a não ser entrar mais na plenitude de Cristo.
C. H. Mackintosh (adaptado)
O Sal da Terra e a Luz do Mundo
“Vós sois o sal da terra” (Mt 5:13 – ARA). O sal é a única coisa que não pode ser salgada, porque ele é o próprio princípio conservante; se isso desaparecer, não pode ser substituído. “Caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor?” O sal da terra é a relação dos discípulos aqui com aquilo que já tinha o testemunho de Deus; portanto, o Espírito de Deus usa a expressão “terra” (ou território), que era especialmente verdadeira para a terra judaica naquela época. Agora, em nossos dias, se você fala sobre a terra, fala da Cristandade — o lugar que goza, de fato ou professamente, a luz da verdade de Deus. Isso é o que pode ser chamado de terra. E esse é o lugar que será finalmente a cena da maior apostasia, pois a apostasia só é possível onde a luz foi desfrutada e abandonada. Em Apocalipse, onde os resultados finais do século são apresentados, a terra aparece de uma maneira muito solene, e então temos os povos, e multidões, e nações, e línguas — o que devemos chamar de terras pagãs. Mas a terra significa a cena, outrora favorecida, do Cristianismo professo, onde tem havido todas as energias da mente dos homens em ação. Essa é a cena onde o testemunho de Deus uma vez derramou sua luz — então, ai! foi abandonado à apostasia absoluta.
Os fiéis em Israel eram o verdadeiro princípio conservador naquele território; todo o resto, o Senhor dá a entender que não servia para nada. Porém, mais do que isso. Ele dá um aviso solene de que há um perigo de que o sal possa perder o seu sabor. Ele aqui não está falando da questão sobre se um santo pode cair ou não. O Senhor não está aqui levantando a questão da possibilidade de perder a vida, mas Ele está falando de certas pessoas que estão em uma posição favorecida. Entre eles, pode haver pessoas que creram de forma descuidada ou mesmo falsamente, e então haveria o desaparecimento de tudo o que uma vez tiveram. E Ele mostra qual seria o julgamento deles – o mais desprezível possível, a ser proferido sobre aqueles que ocupavam um lugar tão alto sem veracidade.
A luz do mundo
“Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14). Esse é outro assunto. Tendo em vista a distinção traçada na série das bem-aventuranças e das perseguições, temos a chave para esses dois versículos. O sal da terra representa o princípio justo. O sal da terra envolve o apego aos direitos eternos de Deus e a manutenção perante o mundo do que é devido ao Seu caráter. Isso se foi quando o que levava o nome de Deus caiu abaixo do que até mesmo os homens consideravam adequado. Você dificilmente pode ler as notícias de hoje sem que encontre escárnio contra o que é chamado de religião. O respeito se foi, e os homens pensam que a condição dos Cristãos é um assunto oportuno para ser ridicularizado por eles.
Mas agora, no versículo 14, não temos apenas o princípio de justiça, mas de graça — o jorro e a força da graça. E aqui encontramos um novo título dado aos discípulos, como descritivo de seu testemunho público – “a luz do mundo”. A luz é claramente aquilo que se difunde por si só. O sal é o que deve ser interiormente, mas a luz é o que se dispersa por todo lado. A cidade edificada sobre um monte não pode ser escondida. Ela estava propagando o seu testemunho por toda parte. O homem não acende uma vela para colocá-la debaixo de um alqueire[5], mas em um castiçal, “e dá luz a todos os que estão na casa”. E, “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (v. 16).
Dois testemunhos marcantes
Vemos aqui, então, dois esboços marcantes do testemunho dos crentes aqui embaixo, como o sal da terra, a energia que preserva no meio professante, e como a luz do mundo, que sai em atividade e amor para com o pobre mundo. Há também o perigo de o sal perder o seu sabor e de a luz ser colocada debaixo de um alqueire. Imediatamente identificamos o formidável objetivo de Deus neste duplo testemunho. Não é apenas uma questão de bênção das almas, pois não há uma palavra sobre evangelização ou salvação dos pecadores, mas sim a caminhada dos santos. Há uma questão séria que Deus levanta sobre Seus santos, e isso é sobre seus próprios caminhos à parte de outras pessoas. Encontramos abundantemente, em outros lugares, chamados para os não convertidos, e isso é de extrema importância para o mundo, mas o sermão no monte é o chamado de Deus para os convertidos. Trata-se do caráter deles, da posição, do particular testemunho, e se há o pensamento a respeito de outros em todas as partes, não é tanto uma questão de ganhar a esses outros, mas dos santos refletindo o que vem de cima. Essa luz é a que vem de Cristo. Não se trata de deixar suas boas obras brilharem diante dos homens. Quando as pessoas falam sobre esse versículo, elas evidentemente estão pensando em suas próprias obras, e quando esse é o caso, geralmente não há boas obras. Mas mesmo que houvesse, as obras não são luz. A luz é aquela que vem de Deus direta e puramente, sem mistura do homem. Boas obras são fruto da ação da luz sobre a alma, mas é a luz que deve brilhar diante dos homens. Isso é a confissão que o discípulo faz do Senhor; esse é o ponto diante de Deus. Confesse Cristo em tudo. Que esse seja o objetivo do seu coração. Não é apenas certas coisas a serem feitas. A luz brilhando é o grande objetivo aqui, embora fazer o bem deva fluir dela.
Boas obras
Se o ‘fazer o bem’ é para mim tudo, isso será um pensamento inferior do que aquele que está diante da mente de Deus. Um infiel pode perceber que um homem que está tremendo de frio precisa de um casaco ou cobertor. Mesmo um homem natural pode estar totalmente atento para as necessidades dos outros; mas se eu simplesmente tomar essas obras e torná-las coisas de destaque, eu realmente não faço nada mais do que um incrédulo faria. No momento em que você faz das boas obras, e do seu brilho, o objeto diante dos homens, você se encontra em terreno comum com judeus e pagãos. O povo de Deus está, assim, destruindo o seu testemunho. O que poderia ser pior do que uma coisa feita professamente para Deus, mas que deixa Cristo de fora, e que mostra um homem que ama a Cristo estar em termos confortáveis com aqueles que O odeiam? É contra isso que o Senhor adverte os santos. Eles não devem ficar pensando em suas obras, mas que a luz de Deus brilhasse. Trabalhos se seguirão, e eles serão muito melhores do que se uma pessoa estiver sempre ocupada com eles. E, “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (v. 16). Faça sua confissão do que Deus é em Sua natureza e do que Cristo é em Sua própria Pessoa e maneira — faça que o seu reconhecimento d’Ele seja aquilo que seja sentido e trazido diante dos homens – e então, quando outros virem suas boas obras, eles glorificarão a teu Pai que está no céu. Em vez de dizerem: “Que homem bom é esse", eles glorificarão a Deus por sua causa. Se a sua luz brilha, os homens conectam aquilo que você faz com a sua confissão de Cristo.
W. Kelly (adaptado)
Concerto de Sal
A expressão “concerto de sal” é usada duas vezes na Palavra de Deus. É usada em primeiro lugar em Números 18:19, em referência às ofertas alçadas dos filhos de Israel.
“Todas as ofertas alçadas das coisas sagradas, que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor, eu as tenho dado a ti, a teus filhos e a tuas filhas contigo, como porção, para sempre; é um pacto perpétuo de sal perante o Senhor, para ti e para a tua descendência contigo” (AIBB).
As ofertas alçadas faziam parte das ofertas do povo de Israel, e nessa passagem foram dadas a Arão e à sua família, como sacerdotes do Senhor. Foram garantidas a eles, se pudéssemos usar essa palavra, a Arão e à família dele perpetuamente, pois os sacerdotes não tinham herança na terra. Eles deviam ser inteiramente devotados e separados ao Senhor, e o Senhor estava assegurando-lhes que suas necessidades seriam atendidas continuamente.
O reino usurpado
O segundo uso da frase “um concerto de sal” está em 2 Crônicas 13:5, onde o rei Abias, de Judá, se dirige ao rei Jeroboão, de Israel (as dez tribos), quando esses dois reis entraram em guerra um com o outro. Não nos é dito qual foi o agressor; simplesmente é dito que “houve guerra entre Abias e Jeroboão” (v. 2). No entanto, Abias faz um discurso a Jeroboão, lembrando-o de como ele havia usurpado o reino que pertencia ao pai de Abias, Roboão, e de como Deus havia dado o reino à casa de Davi por “um pacto de sal”.
“Porventura não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania sobre Israel, a ele e a seus filhos, por um pacto de sal?” (AIBB)
Havia verdade nisso, pois Deus havia prometido a Davi que sempre haveria uma luz de sua família para se sentar no trono de Israel. O Senhor tinha dito: “Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre” (2 Sm 7:13). Isso se refere a Salomão, mas notamos que Abias convenientemente deixa de fora o próximo versículo, que diz, “e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens e com açoites de filhos de homens” (v. 14). Salomão realmente transgrediu, e Deus de fato o havia visitado, permitindo que adversários viessem contra ele na última parte de seu reinado. Além disso, após a morte de Salomão, foi o Senhor Quem deu parte do reino a Jeroboão, embora ele tenha provado ser um homem infiel.
No entanto, estamos nos ocupando com a expressão “um concerto de sal”. A expressão foi usada pela primeira vez pelo Senhor quando Ele falou a Arão sobre as ofertas do povo prometidas a ele e sua família, e essa mesma expressão foi buscada por Abias e usada contra Jeroboão, a quem Abias considerava ser um usurpador. Como vimos, isso era apenas uma meia-verdade.
O caráter de conservação do sal
Vimos em outros artigos desta edição que uma das funções do sal é seu caráter conservador. A expressão significa, então, que o que foi feito e selado não poderia ser alterado. O que o Senhor disse a Arão não pode ser mudado, e o que Deus disse sobre a família de Davi e o trono de Israel também não pode ser mudado.
Sabemos que, no dia milenar, o sacerdócio será restabelecido em Israel e que a família de Arão servirá naquele dia diante do Senhor. Sabemos também que os propósitos de Deus a respeito da família de Davi serão cumpridos em Cristo, embora a família de Davi tenha sido um fracasso em sua responsabilidade, perante o Senhor, ao governar Israel. Finalmente, todo o Israel foi levado ao cativeiro, e o último rei de Judá (Zedequias) foi culpado de fazer um juramento em nome do Senhor e, em seguida, quebrar sua palavra. Mas tudo será aperfeiçoado em Cristo, pois, embora Davi tenha sido compelido a dizer no final de sua vida: “Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus”, ele também pôde continuar dizendo: “contudo, estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado” (2 Sm 23:5).
Quão abençoado é saber que Deus pode fazer um concerto que nunca será mudado e que Ele fez tal concerto com Israel. Ele também não mudará Suas promessas para conosco, pois embora, como Igreja, não estejamos em um relacionamento de concerto com Deus, ainda assim “todas quantas promessas há de Deus são n’Ele sim; e por Ele o Amém, para glória de Deus, por nós” (2 Co 1:20).
W. J. Prost
Dois Fatos Solenes
“Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal” (Mc 9:49).
Nesse breve versículo temos duas classes distintas de pessoas e dois fatos solenes trazidos à tona. Em primeiro lugar, é dito que “cada um será salgado com fogo”. E, em segundo lugar, que “cada sacrifício será salgado com sal”. Pode parecer um versículo bastante difícil de entender, mas é simples quando vemos o contexto em que nosso Senhor Jesus fala essas palavras.
Primeiramente nos é dito que “cada um será salgado com fogo”. Isso diz respeito a todos os homens, pois inclui até mesmo nosso bendito Senhor Jesus quando Ele estava neste mundo como um Homem. Aqui fala do sal como aquilo que testa tudo de acordo com o santo padrão de Deus e julga tudo sob essa luz. A afirmação traz as santas reivindicações de Deus diante de nós e nos lembra que “cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14:12). Nesse sentido, nosso Senhor Jesus passou por testes no deserto, quando Ele foi tentado pelo diabo antes de iniciar Seu ministério terreno. Satanás fez todo o possível para fazer o Senhor Jesus pecar, a ponto de citar a Escritura para Ele. No entanto, nosso Senhor simplesmente respondeu a ele com a Escritura, e Satanás foi obrigado a se afastar d’Ele na ocasião, pois não podia atraí-Lo para o pecado.
Todo sacrifício salgado
É por essa razão que lemos em Levítico 2:13 que “toda a oferta dos teus manjares salgarás com sal”. Nosso bendito Senhor teve que ser provado que era perfeitamente imaculado e sem pecado em Sua vida aqui embaixo antes que Ele pudesse ir à cruz do Calvário e sofrer a penalidade do pecado. Durante o Seu ministério terreno, Ele poderia dizer com confiança aos líderes judeus e às pessoas ao Seu redor: “Quem dentre vós Me convence de pecado?” (Jo 8:46). Ninguém aceitou o desafio, pois “n’Ele não há pecado” (1 Jo 3:5).
Quanto à humanidade, todos também devem ser salgados com fogo. Para aqueles que rejeitam Cristo como Salvador, esse fogo permanecerá por toda a eternidade — o terrível julgamento de Deus pelo pecado. O Senhor Jesus pôde solenemente advertir àqueles que O ouviram que no inferno “o fogo nunca se apaga”. Isso é repetido três vezes neste capítulo (Mc 9). O julgamento do pecado será eterno, e aqueles que continuam sem Cristo serão de fato “salgados com fogo” para sempre.
No entanto, o que dizer de tudo isso para nós que somos crentes? Não estamos salgados com fogo? Sim, estamos, e talvez possamos dizer que isso acontece de duas maneiras. Em primeiro lugar, todos podemos estar gratos por termos sido salgados com fogo na cruz, embora não em nós mesmos; tudo foi feito por nós na Pessoa de Cristo. Visto que todo verdadeiro crente está agora “em Cristo”, estamos onde o fogo já queimou. Não há mais nada para o fogo de Deus queimar, pois Cristo suportou todo o julgamento por nós. Como é precioso saber que o julgamento está atrás de nós e não à nossa frente! A santa natureza de Deus foi completamente satisfeita, e “agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1).
A prova da realidade
Mas então, esse mesmo salgar com fogo tem um efeito sobre você e eu, pois o Senhor nos testa de tempos em tempos, a fim de provar a realidade da nossa salvação. Isso não significa, de modo algum, que possamos perder a nossa salvação; pelo contrário, o Senhor nos “salga com fogo” para provar que somos verdadeiramente salvos. Lemos isso em 1 Pedro 1:7 “para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo”. Depois, em 1 Pedro 4:12, Pedro se refere à “ardente prova que vem sobre vós”. Essas provas são circunstâncias pelas quais o Senhor faz com que passemos, a fim de provar, por um lado, a realidade da nossa fé e, por outro lado, para nos purificar daquilo que não é d’Ele. Naqueles que são verdadeiros, o fogo só queima o que não é de Deus, enquanto que aquilo que provém de Si mesmo permanece. O Senhor quer que sejamos santos, pois Ele diz: “Eu Sou Santo”, e Ele muitas vezes nos “salga com fogo” para realizar isso em nós. Podemos ser gratos por essa purificação que o Senhor faz em nós, embora às vezes não seja agradável no momento. Todos sabemos como o sal às vezes pode arder e irritar, mas pode ser necessário.
Salgado com sal
Mas agora chegamos à segunda parte do versículo: “cada sacrifício será salgado com sal”. Já apontamos como a oferta de manjares (farinha) deveria sempre ser salgada e como o Senhor Jesus, como a Verdadeira oferta de manjares, teve que ser salgado com fogo. Mas aqui, nesta segunda parte do nosso versículo, o significado é um pouco diferente. O Senhor Jesus foi de fato “salgado com fogo” antes de começar Seu ministério terreno, e isso era necessário para provar Quem Ele era. Mas então, quando Ele esteve entre os homens, vemos Sua vida como o sacrifício perfeito em submissão e serviço. Por essa razão, notamos que a frase diz: “salgado com sal”, não “salgado com fogo”. Cada passo de Seu caminho era uma manifestação de Deus em graça, mas também era “temperado com sal” (Cl 4:6). Suas palavras e Suas obras todas manifestaram Deus em graça, mas a santidade de Deus também foi apresentada. É por isso que Ele foi rejeitado, não por Sua graça, mas sim porque Ele podia dizer: “porquanto dele [do mundo] testifico que as suas obras são más” (Jo 7:7). O sal nunca faltou no sacrifício diário do Senhor Jesus, estivesse Ele no templo, com uma multidão na rua, sozinho com um indivíduo, com Seus discípulos, ou numa casa. Onde quer que Ele estivesse, essa graça santa estava lá, e a mistura adequada de graça temperada com sal era evidenciada. Como nosso coração olha com admiração e louvor ao vermos tudo isso manifestado em nosso abençoado Mestre!
Um sacrifício vivo
Isso deveria ser o mesmo para nós. Também nós devemos “apresentar o nosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12:1) e, nesse sentido, também nós precisamos ter todo sacrifício salgado com sal. É fácil não se dar ao trabalho de fazer isso, mas simplesmente demonstrar graça e amor a este mundo. O mundo vai gostar disso, pois aprecia aqueles que são honestos, íntegros, prestativos, graciosos e generosos. O mundo gosta daqueles que parecem querer “tornar este mundo um lugar melhor” e, como diz o ditado, que querem “fazer a diferença”. Sim, devemos desejar “fazer a diferença”, mas essa diferença, se for para ser de acordo com a mente de Deus, deve trazer sal — a energia da santidade junto com a graça de Deus. O tipo de diferença que Deus procura é a salvação das pessoas deste mundo, não melhorar o que está sob julgamento.
Como vimos, o sal pode tender às vezes a irritar e arder, e descobriremos que o mundo em geral não se importará com isso. No entanto, se Cristo está diante de nós e as reivindicações de Deus têm um domínio sobre nossa alma, então vamos querer honrá-Lo diante dos homens, bem como adverti-los do julgamento vindouro. Se negligenciarmos isso, somos como o sal que “perdeu sua salinidade” (Mc 9:50 – KJV), e então nada pode temperá-lo. Nós realmente não somos úteis neste mundo se negligenciarmos o sal em nosso sacrifício pelo Senhor. Isso é cada vez mais importante, à medida que as trevas aumentam no mundo e a vinda de nosso Senhor se aproxima.
W. J. Prost
Graça em Energia Espiritual
O sal é graça em energia espiritual; isto é, os santos devem ser testemunhas no mundo do poder do amor santo, em vez do egoísmo. O sal é o princípio consagrador de graça: Se isso acabar, o que há para preservar? O sal é mais propriamente graça no aspecto de santa separação para Deus do que nos aspectos de bondade e mansidão, embora, é claro, estes também sejam inseparáveis da graça. Se o sal perder seu sabor, como isso pode ser restaurado? Se eu tiver carne sem sal, posso salgá-la, mas se não houver salinidade no sal, o que posso fazer? Que caráter temos aqui de uma Igreja não espiritual, ou de um santo não espiritual! Como a videira que representa Israel, de nada serve senão desonrar o Senhor (que é seu dono) e ser destruída. A misericórdia, é verdade, pode nos recuperar, mas como santos devemos ter o sabor de Cristo. Tudo o que enfraqueça o apego a Cristo destrói o poder. Não é o pecado grosseiro que causa isso, pois, é claro, ele será encontrado e julgado, mas são as pequenas coisas da vida cotidiana que são passíveis de serem escolhidas antes do que Cristo. Quando o mundo sorrateiramente penetra em nós, o sal perde seu sabor e mostramos que um Cristo rejeitado tem pouco poder aos nossos olhos.
J. N. Darby
Graça com Sal
“Vós sois o sal da terra” (Mt 5:13).
Acabei de ler uma declaração de um escritor Cristão no sentido de que o sal da terra precisa ser esfregado, mesmo que doa.
Ouvi e li muitas explicações sobre o tema do sal. Geralmente, o esboço segue o mesmo curso: ele tempera, purifica, conserva. Mas alguém deveria nos lembrar de que o sal também irrita. O verdadeiro Cristianismo vivo irrita o mundo. “O mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo” (Jo 17:14). A vida piedosa é em si mesma uma repreensão a esta era, e este mundo ressente-se da luz que expõe a sua corrupção.
Alguns Cristãos estão passando por vários problemas nos dias de hoje, desenvolvendo um estilo de Cristianismo que não vai irritar este mundo. O único sal que não irrita é o “sal sem sabor”, e nosso Senhor disse que esse sal, seja sal de cozinha ou sal espiritual, “para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens”.
Christian Truth, Vol. 35
O Lugar de Conservação do Sal
Havia algo que deveria ser incluído em todos os sacrifícios. Era sal. Se você ou eu tivéssemos feito a escolha, teríamos escolhido mel em vez de sal, mas os pensamentos de Deus não são nossos; sempre descobriremos que devemos deixar de lado nossos pensamentos para obter os de Deus. O sal era comumente usado para conservar ou guardar as coisas naqueles dias, e seria uma figura para nós do fato de que tudo relacionado à vida e à morte do Senhor Jesus será preservado para a glória de Deus. A lembrança e as bênçãos que fluem delas permanecerão eternamente. Todos esses sacrifícios são figuras de Cristo, e certamente agora e para sempre nos lembraremos e nos regozijaremos no fruto do que Ele realizou. A graça perfeita n’Ele sempre foi “temperada com sal” e será preservada, mas conosco há muito do ego que está conectado até mesmo com nossas “coisas santas”, e a graça em nós nem sempre é “temperada” como deveria ser de modo a permanecer para a glória de Deus. Em tudo o que dissermos, em todos os nossos contatos com os outros, salvos ou não salvos, que possamos deixar com cada um algo que permaneça para a glória de Deus. Pode doer um pouco, como o sal faz, e assim, às vezes por causa disso, e para escapar do desprezo do mundo, não confessamos o Senhor. Talvez possamos mostrar a graça de Cristo, mas uma pequena palavra ou um folheto evangelistico pode, como o sal, permanecer e ser preservado, sendo fruto para a eternidade; ou uma pequena palavra dita a um companheiro crente pode trazer bênção duradoura para sua alma. Isso é o que significa quando a Escritura diz, “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um” (Cl 4:6).
H. E. Hayhoe
O Teste do Sal
O mundo era tão contrário a Cristo, que aquele que não era contra Ele era por Ele. O Filho do Homem devia ser rejeitado. A questão era a fé em Sua pessoa, não o serviço individual a Ele. Triste! os discípulos ainda pensavam em si mesmos: “... o qual não nos segue” (Mc 9:38). Eles deviam compartilhar Sua rejeição; e se alguém lhes desse um copo de água fria, Deus Se lembraria disso. O que quer que os fizesse tropeçar em sua caminhada, mesmo que fosse seu próprio olho ou mão direita, eles fariam bem em cortar; pois não eram as coisas de um Messias terreno que estavam em questão, mas as coisas da eternidade.
“Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal” (Mc 9:49).
E tudo deve ser provado pela perfeita santidade de Deus, e isso, por meio de julgamento, de uma maneira ou outra. Todos devem ser salgados com fogo — o bom e o mau. Onde houvesse vida, o fogo só consumiria a carne; pois, quando somos julgados, somos castigados pelo Senhor, para que não sejamos condenados com o mundo. Se o juízo alcança os ímpios – e certamente os alcançará – é condenação, um fogo que não se apaga. Mas, para o bom, também havia outra coisa – eles deveriam ser salgados com sal. Àqueles que foram consagrados a Deus, cuja vida foi uma oferta a Ele, não deve faltar o poder da santa graça, que liga a alma a Deus, e interiormente o preserva do mal. O sal não é a gentileza que agrada (o que, sem dúvida, a graça produz), mas a energia de Deus no interior, o que conecta tudo em nós com Deus e dedica o coração ligando-o a Ele, no sentido de compromisso e desejo, rejeitando tudo em si mesmo que é contrário a Ele; é um compromisso que flui da graça, mas que age ainda mais poderosamente por causa disso. Na prática, isso é graça inconfundível, a energia de santidade que se separa de todo o mal, mas por se separar para Deus. Bom é o sal (Mc 9:50) – que fala do efeito produzido na alma, a assim chamada condição da alma, bem como a graça que produz essa condição. Assim, aqueles que se oferecem a Deus, foram separados para Ele — eles são o sal da terra. Mas se o sal perder o sabor, com o que pode ser salgado? Ele é usado para temperar outras coisas, se o sal precisa dele para si mesmo, não há mais nada que possa salgá-lo. Assim é com os Cristãos; se eles que são de Cristo não prestam esse testemunho, onde poderia ser encontrado algo, a não ser nos Cristãos, para prestar ao mundo este testemunho e produzi-lo neles. Então, esse senso de compromisso para com Deus o qual se separa do mal, esse julgamento de todo o mal no coração, deve estar em si mesmo; não se trata de julgar os outros, mas de se colocar diante de Deus, tornando-se assim o sal, tendo-o em si mesmo. Em relação aos outros, deve-se buscar a paz; e a verdadeira separação de todo o mal é o que nos permite caminhar juntos, em paz.
Em uma palavra, os Cristãos deveriam manter-se separados do mal e perto de Deus, em si mesmos; e caminhar com Deus em paz uns com os outros. Nenhuma instrução poderia ser mais simples, mais importante, mais valiosa. Ela julga e dirige toda a vida Cristã em poucas palavras.
Present Testimony, Vol. 7
A Doutrina de Paulo e o Sal
Então, temos a doutrina de Paulo? Podemos nos vangloriar, como todos fazem, de que temos as Escrituras – e certamente isso é bom. Podemos ter confiança de que um sempre Fiel Senhor nunca deixará ou abandonará Seu povo, e que Ele conhece os que são Seus e os manterá até o fim. Mas podemos dizer que temos a doutrina de Paulo para a Igreja – o corpo de Cristo na Terra formado pela presença e batismo do Espírito Santo? Tendo isso, podemos dizer que estamos como membros vivos, agindo sobre a verdade disso por meio do infalível suprimento de graça que Ele dá? Ou nos colocamos sob o caráter daqueles que são descritos como os “que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”? – Aqueles a quem a verdade alcançou a mente e o intelecto, mas sem fé, e, portanto, sem nenhum valor prático na vida? Podemos dizer da verdade assim como da fé: “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem a verdade”? Se ele não tiver demonstrado que ele tem fé na verdade; e assim, aprendeu a agir sobre ela como algo em que ele acredita? Quando a fé tem seu efeito correspondente na vida do homem, isso é sempre um sinal de que ele tem fé na verdade que ele conhece – quando a fé foi posta em prática. Nenhum homem jamais teve o gozo e o poder de uma verdade divina até que a tenha aceitado e andado nela. Muitos estão, portanto, sempre aprendendo e nunca são capazes de chegar a um conhecimento divinamente confirmado da verdade porque a prática é deficiente. A verdade é aprendida no intelecto e a mente natural talvez seja tocada pela beleza e excelência divinas dela e que não podem ser negadas, mas não há fé nela. Não foi aprendida na consciência e na alma; e quando a tribulação ou a perseguição surgem por causa dela, o homem se ofende — talvez a considere não essencial — e renuncia àquilo a que nunca chegou: a um conhecimento divinamente dado. Se alguma vez houve um dia em que tenha existido algo como “sal que perdeu seu sabor”, esse é o dia presente. As mais comoventes, as mais elevadas verdades de Deus tornaram-se os tópicos da conversa do mundo. Elas são sustentadas por muitos de tal modo, no qual a sublimidade e o poder delas são perdidos. Caminhos e comportamentos mundanos são juntados ao conhecimento intelectual das mais altas verdades de Deus; e como o sal que perdeu sua salinidade, pode-se apenas perguntar: “Como restaurar-lhe o sabor? Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora” (Lc 14:34-35 – ARA). “Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência, perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou. E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém, permanece nas coisas que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (2 Tm 3:10-14). Que o Senhor abra o entendimento de Seu amado povo em tal dia mau, no meio da confusão e corrupção — quando os homens estão dizendo: “O que é a verdade?” E, ainda que não se importando com a resposta, que eles possam descobrir que existem tais princípios na Palavra de Deus como nenhuma quantidade de fracasso do homem pode jamais tocar, e que são sempre praticáveis para aqueles que desejam humildemente andar com Deus, e guardar a palavra da paciência de Jesus, até que Ele venha. Que eles aprendam a caminhar juntos em unidade, paz e amor na verdade, por causa do Seu nome. Amém.
F. G. Patterson
Sal
Usado por todos para o tempero diário
Sal! Encontrado facilmente se preciso for
“Tão útil e proveitoso” diz o usuário,
Sem tensão ou estresse e de baixo valor.
Não era assim em séculos passados,
Mas, envolta em batalhas sua aquisição.
No comércio, com lutas, seus caminhos trilhados
Pelo mar trazido, era tempo de ação.
Impostos sobre ele os países impunham
De tamanha importância para a vida na Terra;
Tratados foram feitos, impérios surgiram
No excesso a riqueza, na escassez, a guerra.
Mas o sal encontrado na Palavra da vida,
Da graça que é santa seriamente nos fala:
O amor precioso na graça contida,
Graça, que na face de Deus, convém temperada.
Na vida divina nos preserva também
Que possamos de toda a Terra ser o sal,
A graça, Senhor, que em nós seja o ‘amém’
Graça com sal comedida, fala de Ti, não do mal
Tu, Salvador, foste o Sal bendito,
Que trouxe ao mundo o caminho de Deus
Exemplo supremo – o Verbo predito
Crivado de insultos, sem culpa morreu.
Dê-nos, Senhor, mais de Ti conhecer,
De tudo o que foste diante do Pai.
E que nesse caminho nos conceda crescer,
Em palavras e obras, e em graça que atrai.
w.j.p (adaptado)
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um”
(Cl 4:6).
Notas do Tradutor:
[1] N. do T.: Sem sabor. [2] N. do T.: Esta palavra significa estritamente “aluno” ou “aprendiz”. O Senhor Jesus tinha Seus discípulos: os apóstolos que Ele escolheu para estar com Ele são chamados de Seus “doze discípulos” (Mt 11:1); mas em outros lugares o termo é aplicado a todos os que seguiram ao Senhor [3] N. do T.: “Worthy is salt”; expressão inglesa que significa “alguém competente que sabe o que está fazendo”. [4] N. do T.: “Chocarrices” (Ef 5:4) é a tradução da palavra grega morologia que significa divertir alguém com gracejos, expondo outros a desprezo – “o bobo da corte”. Efésios 5:4 também menciona “parvoíces” (eutrapelia) que significa brincadeiras vulgares e obscenas. [5] N. do T.: O significado antigo de “alqueire” era bolsas ou cestos que se colocavam atadas sobre o dorso de animais usados para transporte de carga e que pendiam para ambos os lados do animal. O conteúdo desses cestos servia como medida de grãos e que acabou designando a área de terra necessária para o plantio de todas as sementes contidas nessa medida
Graças a Deus