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Revista mensal publicada pela pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Faithful Words for Young and Old, vol. 25 (adaptado)
Present Testimony, vol. 6 (adaptado)
W. Trotter
G. C. Willis (adaptado)
W. Kelly (adaptado)
C. H. Mackintosh
J. G. Bellett (adaptado)
G. Gardner (adaptado)
C. H. Mackintosh
The Young Christian, vol. 25
Autor desconhecido
Ressurreição
O propósito de Deus em relação ao homem não pode ser devidamente entendido à parte da encarnação do Senhor Jesus Cristo, nem o mistério da humilhação de nosso Senhor como Homem, pode ser devidamente reconhecido, à parte da majestade da glória de Sua ressurreição e ascensão, como Homem, ao trono da Majestade divina no alto. Como ressuscitado dentre os mortos, a morte “já não tem domínio sobre Ele” (ARA); Ele “já não morre”. Ele é o Homem que subiu ao céu, firmado em glória e honra, acima dos anjos, e acima de tudo na criação de Deus. As hostes dos anjos e o espírito dos justos veem a glória do Homem Cristo Jesus no céu e contemplam n’Ele um testemunho da glória que logo irradiará sobre os homens que Ele redimiu. Para Sua glória, cada membro redimido de Seu corpo participa de Sua vitória sobre a morte, pois cada um recebeu vida “com abundância”, tendo Sua vida de ressurreição e a habitação do Espírito de Deus.
Faithful Words for Young and Old, vol. 25 (adaptado)
Vitória Sobre a Morte
“Pois eles ainda não conheciam a Escritura que dizia que Ele devia ressuscitar dentre os mortos” (Jo 20:9 – JND).
Ressurreição dentre os mortos é a vitória sobre a morte e a sepultura. É um mistério o qual, por muitas vezes, foi achado estar além dos pensamentos dos discípulos. Ao desceram do monte após a transfiguração e depois, quando estavam juntos a caminho de Jerusalém, eles revelam como eram inaptos a respeito desse mistério e mostram que seus pensamentos nunca caminharam sob a luz dele. E, no entanto, isso foi relatado na Escritura. O sinal de Jonas, o profeta, entre outras testemunhas, havia mostrado isso, pois, de acordo com esse sinal, o Filho do Homem estaria somente três dias no coração da Terra. De forma geral, a ressurreição era entendida, mas essa forma especial dela não era.
Uma ressurreição para a perdição ou para a vitória?
No entanto, a ressurreição em seu caráter comum, ou a ressurreição do último dia, é apenas um reaparecimento para julgamento. Não é vitória, como foi a ressurreição do Senhor e como está destinada a ser a ressurreição dos justos. É antes a derrota, ou a confirmação da condenação dos ímpios. E essas verdades ou mistérios (quando assim corretamente colocados em seus lugares) nos fazem ver que a ação de uma alma tão amorosa como Maria Madalena nesse capítulo é, em certo sentido, algo desprovido, enquanto a unção que Maria de Betânia fez, em João 12, ao contrário, torna-se, aos nossos olhos, algo muito abençoado. Havia uma inteligência divina na atitude de Maria, em Betânia. Aquela unção nos diz que ela conhecia o segredo da vitória de seu Senhor sobre a morte. A quebra do vaso de nardo puro era sua maneira de celebrar essa vitória antes que ela fosse realizada, assim como a inscrição na cruz era a maneira de Deus antecipar e celebrar a mesma vitória.
Preeminência e poder de Cristo
Os santos compartilharão esse triunfo com o seu Senhor, mas ainda assim a conquista e o dia pertencem a Ele. Ele é as Primícias da colheita, o Primogênito dentre os mortos. Ele deve ter a preeminência nisso, como em tudo. E essa preeminência é impressionante e finamente vista, como em uma figura, quando olhamos para o sepulcro vazio neste capítulo.
Os lençóis que tinham sido enrolados sobre o corpo do Senhor estavam lá, e havia também o lenço que tinha estado sobre Sua cabeça. Tudo o que O predia foi afrouxado, nada que O amarrava permaneceu. Sua ressurreição havia feito isso. Não foi assim quando Lázaro ressuscitou, pois não havia vitória sobre a morte no corpo de Lázaro. Mas aqui, no horto do sepulcro, havia a ressurreição de Alguém que não podia ser retido pela morte (At 2:24). As faixas mortuárias de Lázaro foram desatadas, mas aqui, a ressurreição as soltou.
E mais do que isso, não há qualquer sinal de esforço aqui. Os lençóis estavam deixados de lado em ordem. Não houve distúrbio. A vitória, evidentemente, havia sido obtida sem luta. Na verdade, ela já havia sido alcançada no Calvário, quando o Fiador entregou o espírito. A vitória agora deve ser declarada em vez de ser conquistada. Ainda assim, no entanto, em toda essa maravilhosa cena, podemos encontrar o Senhor no lugar de preeminência, pois, como lemos, o lenço que estava sobre Sua cabeça é visto estando num lugar à parte. Todos os lençóis estavam lá. O corpo foi libertado da cabeça aos pés. Mas ainda assim, o lenço que estava sobre a cabeça encontra-se num lugar à parte. Assim, isso é preeminente e perceptível, mesmo em meio a outras glórias, outros despojos da guerra gloriosa, e testemunha a completa e pacífica vitória. E assim, seguindo esse padrão, acontece o mesmo com o mistério. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja, o corpo de Cristo. Ela compartilha da vida do Filho de Deus, e as portas do Hades não podem prevalecer. Mas toda essa virtude que pertence à Igreja vem de ela ter essa vida. Tudo é encontrado nessa vida e só aí. Mas quanto a Ele, não era possível que Ele fosse retido pela morte. O corpo pode participar do triunfo, e assim será, mas a vida e o poder, que asseguram e vencem o dia sobre a morte, são todos d’Ele.
Contemplado por anjos
Os anjos aprendem suas lições pelo que veem, como lemos: “visto dos anjos”, e novamente: “para as quais coisas os anjos desejam bem atentar”. E junto com isso, quando olham e aprendem a lição, não há nenhum obstáculo moral neles. Esse é o lugar deles na escola de Deus. Eles não estão pessoalmente interessados na lição, como nós; eles são meros espectadores. Mas então, o poder de visão que eles têm é perfeito – não obscurecido por qualquer depravação moral.
De acordo com isso, eles são vistos neste capítulo. Eles aprendem o mistério da ressurreição – ressurreição dentre os mortos ou vida em vitória – por vista, mas eles aprendem de uma só vez. Eles não aprendem a lição como nós. Aprendem isso como espectadores admirados; nós aprendemos por meio de nossas necessidades e misericórdias. Eles podem aprender mais rapidamente do que nós, mas não podem aprender segundo um método tão precioso e tão cheio de gratidão Àquele que é o mesmo Mestre.
Maria no sepulcro
Ainda temos neste belo capítulo mais destaques. Os anjos aprendem a ressurreição do Senhor ao verem o sepulcro vazio. Eles se assentam lá, e contemplam, se maravilham e adoram, conhecendo o mistério de uma só vez e sem esforço, ao verem o lugar onde o Senhor tinha estado, mas a pobre Maria Madalena era tardia em ouvir, e muitos de nós somos ainda mais, pois Satanás e a natureza têm um poder ofuscante em nós, mas Satanás e a natureza não se interpõem no caminho dos anjos. Maria tem que aprender a lição com uma repreensão, mas ainda assim ela aprende isso como alguém que estava pessoalmente preocupada com isso, e isso provoca nela um interesse por Aquele que estava ensinando a lição, para além daquilo que os anjos poderiam ser despertados. Ela era como alguém num naufrágio a quem um gracioso Libertador estava resgatando; os anjos eram apenas como a multidão admiradora na praia. O divino Libertador pode obter deles o Seu louvor, mas ela é o Seu prêmio.
Essa é a diferença – uma diferença de não pequeno valor na avaliação da graça, nos cálculos de um coração “que se deleita na misericórdia” e encontra maior gozo na ovelha recuperada do que nas noventa e nove que não se desgarraram.
E o Senhor, satisfeito com tais discípulos de Sua graça, é visto neste capítulo como paciente e gracioso em ensinar essa lição do sepulcro vazio, ou o mistério da ressurreição dentre os mortos, seja para os discípulos de coração tardio, para Maria no horto, para a companhia reunida dentro de portas fechadas em Jerusalém, ou para o alheio Tomé oito dias depois. E Ele ensina a eles de modo a encher cada espírito com a lição, e isso significa aprender mistérios de fato, ou com um testemunho divino. Madalena O segue em espírito para o céu; os discípulos, recebendo Sua vida ressuscitada, saem para publicá-la, e Tomé O adora em Suas glórias, na convicção e satisfação de Seu coração iluminado.
Assim, seguindo esses caminhos, vemos as diferenças. Diante de nós estão Maria de Betânia, os discípulos deste capítulo e os anjos.
Maria de Betânia
Maria de Betânia já tinha conhecido esse mistério da vida em vitória, ou ressurreição dentre os mortos, e em espírito havia praticado ou vivido essa lição. Ela ungiu o Senhor para a Pascoa, precisamente quando estava a caminho de Seu sepultamento, antecipando Sua ressurreição, ou movendo O diante de Deus como o molho (ou feixe – ARA) das primícias (Lv 23:10-11). Ela olhou para Ele como se já estivesse do outro lado da morte e da sepultura e O ungiu por Suas glórias vivas e eternas. Ela falava da vida no meio da morte, da vitória do Filho de Deus, antes que Ele encontrasse o inimigo para lutar a batalha. Com seu vaso de nardo puro ou seu palácio de marfim, ela havia saudado ou alegrado o consagrado Rei e Sacerdote de Deus. Os discípulos aprendem isso com lentidão de coração, alguns mais, outros menos, sob o paciente ensinamento de seu divino Mestre. Mas eles aprendem como precisando disso para si mesmos.
Assim é com essas diferentes classes na escola de Deus. Mas posso acrescentar como sendo a moral de tudo isso, que é melhor viver nossas lições do que meramente aprendê-las; melhor como Maria de Betânia, praticá-las no poder e na experiência de nossa alma do que estar colhendo-as repetidas vezes a partir das palavras de nosso divino Mestre. Todavia, assim é Sua graça e o gozo que Ele encontra em Sua própria misericórdia. E, em Sua avaliação, é melhor que aprendamos Suas lições como pecadores do que como anjos – melhor aprender a maravilha do sepulcro vazio, o mistério da vida em vitória ou ressurreição dentre os mortos por meio de nossas próprias necessidades e misericórdias do que como meros espectadores.
Os anjos podem aprender, de forma segura, as grandes coisas de Cristo olhando para o que está acontecendo, como vimos neste capítulo. Eles não têm escola de consciência para ir, nenhuma necessidade pessoal, em meio a qual possam descobrir e reunir as misericórdias de Deus. Mas, de forma alguma podemos aprender as mesmas lições (pelo menos, na avaliação de Deus), se não as aprendermos na consciência, por meio de nossas necessidades e nossas misericórdias, não como anjos espectadores, mas como pecadores interessados – como aqueles que sabem que não podem enfrentar a eternidade a não ser a partir das lições que aprendem no sepulcro vazio de Jesus.
A resposta à fé desde o princípio
A verdade que foi desde o princípio é aprendida ali, e essa é a vitória do Filho de Deus por nós pecadores. Por causa disso, o sangue no altar de Noé no passado e o ainda mais distante cordeiro de Abel agiram para com Deus do modo como fizeram. Por causa disso, a verga da porta aspergida abrigou Israel no lugar da morte e no dia do julgamento. E por causa disso, no decorrer de todas as gerações, a fé dos pecadores encontrou paz com Deus. A ressurreição dentre os mortos nos diz que a Semente da mulher, embora ferida no calcanhar, esmagou a cabeça do inimigo. Fala do mistério da vida em vitória, da vida recuperada para os pecadores, da presença de Deus restaurada para nós em paz e liberdade.
Nada além da ressurreição dentre os mortos poderia ter feito isso. Se Cristo não tivesse ressuscitado, ainda estaríamos em nossos pecados. A ressurreição no último dia, novamente eu digo, é derrota. Veja isso em Apocalipse 20. Isso não é digno de ser chamado de ressurreição. É o culpado levado a julgamento. Mas uma ressurreição como a de Cristo é vitória, e assim é a ressurreição de 1 Coríntios 15. É antes do último dia, na “vinda de Cristo”, e é uma ressurreição dentre os mortos, como a d’Ele foi, pois ela é somente dos “que são Seus”.
Que possamos esperar por isso, queridos irmãos!
Present Testimony, vol. 6 (adaptado)
A Primeira Ressurreição
Talvez não haja nenhum ponto em que a Igreja em geral tenha se afastado mais amplamente daqueles hábitos de pensamento, sentimento e expressão, que caracterizaram o Cristianismo apostólico, do que o lugar dado à morte, por um lado, e à ressurreição, por outro. Com os apóstolos e com os Cristãos daqueles dias, a morte foi, por assim dizer, deixada para trás. A Ressurreição, ou melhor, a vinda d’Aquele que eles conheciam como “a Ressurreição e a Vida”, era o único objeto de seu regozijo e triunfante esperança.
O que torna a morte realmente terrível é o fato dela ser a sentença justa de Deus sobre a humanidade como pecadora, e também, a conexão dela com aquela morte eterna que, para os incrédulos, é tanto o tipo quanto o portal, e sua importância como a expressão da escravidão a Satanás que “tinha o poder da morte” contra todos os que eram seus escravos.
Os primeiros Cristãos sabiam como a morte tinha sido suportada por Cristo a favor deles, e assim, tinham sido poupados de todo o seu terror. A sentença contra seus pecados havia sido executada em Jesus; e para eles, a entrada para a morte eterna havia sido assim fechada por Aquele que eles conheciam como o Libertador da “ira vindoura”. Quanto a Satanás, a ressurreição de Cristo foi para os Cristãos a demonstração de que pela morte Ele havia vencido aquele que tinha o poder da morte.
Um inimigo conquistado
Assim, a morte era considerada por aqueles Cristãos como um inimigo conquistado. Eles estavam acostumados a falar de Jesus como Aquele “que anulou a morte e trouxe à luz a vida e a incorruptibilidade pelas boas novas” (2 Tm 1:10 – JND). Participantes conscientes da vida ressuscitada de Cristo – Cristo ressuscitou sendo, de fato, a vida deles – eles olharam para trás para a Sua morte por eles como tendo esvaziado todas as demandas sobre eles, seja da lei ou da justiça divina ou de Satanás ou da morte. Assim, sendo um com Cristo em Sua vida e participando de Sua vitória, eles alegremente procuraram manifestar “o poder de Sua ressurreição” ao morrer, praticamente, para si mesmos, para o pecado, para o mundo e para todas as esperanças ou pensamentos de qualquer descanso ou porção aqui.
O pecado apresentou as suas tentações? Como podemos, nós que estamos mortos para o pecado, vivermos ainda nele? A carne implorou por complacência? “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne” (Rm 8:12). De onde é tirada essa conclusão? Da declaração que imediatamente a precede: “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, está morto por causa do pecado, mas o Espírito é vida, por causa da justiça” (v. 10 – JND)
O mundo convidou para um caminho mais fácil? Eles se gloriavam unicamente na cruz de Cristo, e por ela foram crucificados para o mundo e o mundo para eles. Havia a consideração do perigo de as ordenanças do Velho Testamento retomarem seu poder sobre a mente? “Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo”? (Cl 2:20).
A posição Cristã
Em suma, toda a posição deles e caminhada era a de homens mortos e ressuscitados. “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra. porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a Terra” (Cl 3:1-5).
Os Cristãos ainda estavam na Terra, é verdade, e eles tinham más tendências que precisavam ser colocadas no lugar de morte. Havendo Deus, em Sua graça, os identificado em vida e glória com o próprio Cristo, ressuscitado e ascendido, tornou-se o privilégio deles pensar somente naquelas coisas às quais foram assim introduzidos, considerando-se mortos para todas as demais. Isso levou, necessariamente, a um caminho de renúncia própria que parecia loucura para aqueles que não conheciam o segredo da esperança deles a respeito da ressurreição. Na verdade, o próprio apóstolo diz: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15:19). Mas, a ressurreição era a esperança deles. Cristo, as primícias, havia ressuscitado, e eles sabiam que nunca seriam deixados aqui.
Nem todos dormiremos
Isso não quer dizer que eles não pensaram sobre a certeza da morte no sentido literal. “Nem todos dormiremos”, diz o apóstolo, “mas todos [isto é, adormecidos ou acordados] seremos transformados” (1 Co 15:51). Eles contavam com a ressurreição. Eles poderiam adormecer [morrer], como já ocorrido com alguns de seus irmãos, mas morrendo ou não, o mundo era para eles já selado com o caráter da morte. O que eles procuravam era a comunicação da vida ao corpo, vida já desfrutada pela alma deles em sua unidade com o Cristo ressuscitado e ascendido.
Eles esperavam o aparecimento de Cristo, a Ressurreição e a Vida, quando a mortalidade seria tragada pela vida. Eles sabiam que era por Ele que seus irmãos que haviam partido estavam esperando. E embora os apóstolos e os primeiros Cristãos considerassem melhor partir e estar com Cristo, ausentes do corpo e presentes com o Senhor, eles não consideravam a morte e a felicidade individual, após a morte, como o objeto das esperanças que tinham. Muito menos ela poderia ser o objeto de temores.
Morte como uma serva
A morte pertencia a eles, e eles sabiam isso de tal forma que, em vez de considerar a morte como um oficial de justiça, com poder absoluto sobre eles, puderam vê-la como uma serva que poderia ser empregada por seu Senhor para retirá-los dos conflitos e tristezas da cena atual, e para o descanso com Ele até o momento de Sua vinda. Mas foi para este momento que eles olharam e esperaram. Ou seja, para vê-Lo e ser perfeitamente conformados a Ele, no corpo, bem como no espírito, para que Ele pudesse ser, assim, de acordo com o propósito eterno de Deus, o Primogênito entre muitos irmãos.
Foi essa expectativa viva que tornou os apóstolos, e os primeiros Cristãos, o que eram. Foi por isso que eles foram inspirados com coragem, armados com fortaleza, dotados de mansidão, e se alegraram em perder o que os outros viveram para obter. Isso lhes permitiu o abundante regozijo em meio a aflições que parecem bastante severas para a mente natural. Tinham em si mesmos a sentença de morte, para que não confiassem em si mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos.
Incerteza atual
Por que o Cristianismo dos dias de hoje se assemelha tão pouco ao deles? Por que a incerteza e a falta de confiança se apresentam como uma queixa quase universal? Por que o medo da morte, o afastamento da cruz, o amor do prazer e da facilidade, e o temor até mesmo da censura do mundo, nos caracteriza tanto nestes dias? Sem dúvida tem havido um grande afastamento da simplicidade de Cristo. Estando o Espírito Santo entristecido, o tom geral do caráter e da experiência Cristã é prejudicado, e o poder da verdade divina, como um todo, grandemente diminuído. Existe uma necessidade solene de juízo próprio e humilhação pessoal em todos esses aspectos.
Embora admitindo isso e orando para que agrade a Deus insistir no sentido disso em nossa alma, não devemos também indagar se as verdades pelas quais os primeiros Cristãos foram tão poderosamente influenciados são mantidas por nós? Ou se, sem dúvida, elas são mantidas por nós quanto à teoria geral, se elas também são mantidas nas mesmas relações e proporções que pelos apóstolos e seus companheiros Cristãos daquela época?
A Igreja tem a sua existência em virtude da morte e ressurreição de Jesus. A vida pela qual ela é animada é a vida d’Ele, como ressuscitado da morte que Ele sofreu pelos nossos pecados, pela infinita eficácia de tal morte esses pecados são aniquilados. Em Efésios 1-2, onde o Espírito Santo revela uma verdade além disso, essa verdade é mais notavelmente desenvolvida. A verdade ali, especialmente revelada, é a da associação da Igreja com Cristo, não apenas como ressuscitado, mas como ascendido também. Mas a ascensão implica ressurreição, e nossa participação na ressurreição de Cristo é, além disso, expressamente declarada.
A sobreexcelente grandeza de Seu poder
“a sobreexcelente grandeza do Seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do Seu poder, Que manifestou em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos, e pondo-O à Sua direita nos céus” (Ef 1:19-20 – ACF). “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo Seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com Ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef 2:4-6).
Assim, mesmo agora, a Igreja é participante da vida ressurreta, bem como da exaltação celestial de Jesus. Essa vida ainda não foi comunicada ao nosso corpo e, portanto, ela é em espírito, ainda não estamos de fato nos lugares celestiais. “Carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção [incorruptibilidade – JND]” (1 Co 15:50). A ressurreição de nosso corpo nos colocará realmente onde nossa unidade com Cristo, pelo Espírito Santo, agora nos coloca espiritualmente – nos lugares celestiais para onde nosso Senhor ressuscitado ascendeu e onde Ele Se assentou.
É certamente de toda a importância ter tal testemunho de que a ressurreição da Igreja é, em um princípio comum com o de sua Cabeça glorificada. E isso é em virtude de sua associação com Ele na vida, na herança e na glória!
W. Trotter
“Para Conhecê-Lo”
Em Filipenses 3:10, Paulo expressa o desejo de “conhecê-Lo, e a virtude [o poder – ARA] da Sua ressurreição”. Mas o desejo do apóstolo não era apenas “conhecê-Lo”. No texto original grego, não há ponto, nem mesmo uma vírgula, depois do termo, “conhecê-Lo”. Está escrito: “para O conhecer e o poder da Sua ressurreição e a participação dos Seus sofrimentos” (TB). Alguém disse: “A essência de conhecer a Cristo consiste em conhecer o poder de Sua ressurreição”. Todo Cristão sabe que o Cristianismo tem sua raiz e fundamento na morte de nosso bendito Salvador. Mas se fosse possível que a morte mantivesse o Salvador em seu poder, a morte, em vez de ser o fundamento do gozo e a certeza da salvação, teria sido a fonte de um profundo desespero que nada poderia ter dissipado. É a ressurreição que lança seus raios brilhantes até mesmo no sepulcro escuro de Cristo – aquele sepulcro que parecia significar vitória para o adversário. É a ressurreição que explica a razão daquela submissão momentânea ao poder do diabo e à sujeição ao julgamento necessário de Deus.
O fundamento das esperanças Cristãs
É pela ressurreição e glória que se seguirá, que o fundamento e as esperanças do Cristão estão unidos. É pela ressurreição que a justificação, e aquilo que é o poder da vida do Cristão – a santificação – estão unidas. Ele não só ressuscitou para a nossa justificação, mas em Cristo ressuscitado, estamos n’Ele como ressuscitados e santificados no poder de uma nova vida.
Assim, podemos ver que Paulo encontrou na ressurreição não somente a evidência do fundamento de sua fé (Rm 1:4) e a prova da consumação da expiação do pecado (1 Co 15:17), mas muito mais. A ressurreição foi para Paulo, como foi para Pedro, o objeto e a fonte de uma esperança viva, o poder da vida interior. Então, Paulo procurou conhecer o poder da Sua ressurreição.
Com exceção de João, em Apocalipse, Paulo é o único dos apóstolos de quem está registrado que ele viu o Senhor Jesus Cristo em Sua glória em ressurreição: “uma luz do céu, que excedia o esplendor do Sol” (At 26:13). Será que ele não conhecia “o poder da Sua ressurreição”? Sim, certamente, mais e melhor, talvez, do que qualquer outro homem vivo, mas ele queria conhecer esse poder ainda mais e ainda melhor. Foi a visão do Deus da glória (At 7:2) que manteve Abraão verdadeiro e fiel por cem anos (Gn 12:4; 25:7), e essa visão ensinou a ele algo sobre “o poder de Sua ressurreição”. E foi a visão do “Senhor da glória” (1 Co 2:8) em ressurreição que também ensinou a Paulo algo sobre o “poder da Sua ressurreição”.
Um amigo meu me disse, que quando ele veio pela primeira vez para a China, ele pregou: “Cristo morreu por nossos pecados”, e as almas foram salvas, mas os novos Cristãos não permaneceram. Em sua angústia, ele procurou rever sua pregação e percebeu que não havia pregado “e que ressuscitou ao terceiro dia”. Agora ele pregava não apenas a morte de seu Senhor, mas também a Sua ressurreição. Assim, muitos mais foram salvos, mas agora eles permaneceram firmes e verdadeiros. Eles também aprenderam algo sobre o “poder da Sua ressurreição”.
Paulo nunca esqueceu aquela visão, do Senhor da glória, na estrada de Damasco, no poder da Sua ressurreição e glória. Mas essa visão só deu a ele um desejo mais profundo de conhecer melhor “o poder de Sua ressurreição”. “Mas todos nós, com rosto sem véu, contemplando como em espelho a glória do Senhor, somos transformados na mesma imagem de glória em glória, como pelo Senhor o Espírito” (2 Co 3:18 – TB).
Mas há mais nesta maravilhosa frase: “Conhecê-Lo e o poder da Sua ressurreição e a comunicação de Suas aflições”. Tendo visto o Senhor em glória, o apóstolo entendeu o caminho que o levava até lá – um caminho de sofrimento e de morte, e desejou segui-Lo também nesse caminho, se necessário fosse, para estar onde está o seu Senhor e na glória com Ele. Os dois são inseparáveis.
Sendo feito conforme a Sua morte
“Sendo feito conforme” (summorphoō em grego) é um termo notável e fala de um processo que está acontecendo continuamente. Ao contemplarmos nosso Salvador sofredor, somos gradualmente conformados à Sua morte. Filipenses 3:10 é o único lugar no Novo Testamento que o termo aparece como um verbo. Mas, como substantivo, encontramos isso novamente em duas outras passagens: Romanos 8:29 e em Filipenses 3:20-21, que diz: “esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o Seu corpo glorioso”(summorphos em grego). Certamente isso deve ser motivo suficiente para fazer com que as glórias deste mundo desapareçam, para que nosso desejo mais profundo seja, que cada um de nós esteja dia a dia “sendo feito conforme a Sua morte”.
As palavras iniciais do versículo 11,– “para ver se, de alguma maneira” – nos falam de dificuldade. Eu não creio que elas tenham a intenção de sugerir a menor dúvida na mente de Paulo quanto à sua chegada a essa ressurreição. Pelo contrário, ele está preparado para trilhar qualquer caminho que seja necessário para chegar a ela, incluindo o caminho que vai por meio da morte.
Ressurreição dentre os mortos
Quando Cristo ressuscitou, Sua ressurreição foi dentre os mortos. Naquela manhã de ressurreição, Ele saiu do sepulcro, enquanto ao redor havia milhares de sepulcros intocados pela ressurreição. Ele saiu “dentre os mortos” ao seu redor. E essa é uma amostra da ressurreição na qual Paulo fixou seus olhos. Essa é a ressurreição que Paulo ansiava, “para ver se, de alguma maneira” ele poderia chegar a ela. “Para conhecê-Lo, e a virtude da Sua ressurreição, e a comunicação de Suas aflições, sendo feito conforme a sua morte” (Fp 3:10)
G. C. Willis (adaptado)
Como os Mortos São Ressuscitados?
1 Coríntios 15:35
O apóstolo aqui passa das advertências ao enfrentamento das objeções, por meio de perguntas a respeito do corpo, assim como nosso Senhor enfrentou a dificuldade social levantada pelos saduceus. Rapidamente, Paulo expõe o verdadeiro caráter das objeções. Nossa sabedoria está em conhecer as Escrituras e, assim, Sua mente, sem questionar Seu poder de torná-las eficazes.
“Mas Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer e a cada semente, o seu próprio corpo” (1 Co 15:35-38). O apóstolo aqui dirige uma repreensão que seria profundamente sentida por aqueles que se orgulhavam com sua sabedoria, mas foram tolos o suficiente para ignorar as analogias da natureza diante de seus olhos, e refutam a semelhança assumida entre o corpo como ele é, e como ele será. “Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer”. A morte, portanto, não era uma barreira para a ressurreição, mas sua antecedente. Pode haver mudança, como mostrado adiante, mas não há ressurreição a menos que a morte venha primeiro. Há decomposição na morte, mas não aniquilação. Há uma desorganização na morte que antecede outro modo de ser. Mas a semente morre como tal para se transformar em uma planta; e assim ele acrescenta: “quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer e a cada semente, o seu próprio corpo”.
O que brota difere do que foi semeado
O que brota difere amplamente do que foi semeado, mas cada semente produz sua própria planta. Existe algo como a espécie, e esta fixada desde o início, como Deus quis. A “seleção natural” não é apenas contrária aos fatos, mas sem sentido; ainda assim, é o ídolo dos materialistas modernos. Não há dúvida de que existe uma origem ou princípio de vida; mas o que aqueles que se opõem sabem disso? Se ele desconhece totalmente isso, inclusive quanto à semente, ele está em posição de se questionar quanto ao corpo?
“Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, e outra, a carne dos animais, e outra, a dos peixes, e outra, a das aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes, e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do Sol, e outra, a glória da Lua, e outra, a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela. Assim também a ressurreição dos mortos” (1 Co 15:39-42). O apóstolo mostra quão vã é a suposição de uma condição para o corpo na ressurreição semelhante ao estado atual, baseada na diversidade até mesmo da carne no presente mundo animal. Não há monotonia na criação de Deus. A carne é inegavelmente diferente nos homens, gado ou quadrúpedes, pássaros, peixes. Então, quão irracional seria presumir que o corpo deva ser como o que é agora, em uma condição tão distinta quanto a ressurreição! Muito mais sensato seria alguém imaginar a mais marcante diferença.
Corpos celestiais – Corpos terrenais
“Há corpos celestes e corpos terrestres”, e a glória de um difere da do outro; e não apenas isso, mas os celestiais, Sol, Lua, estrelas, variam uns dos outros, como os de baixo. No entanto, o objetivo não é provar diferentes graus de glória no céu, como dito por muitos antigamente e modernamente, mas sim contrastar o ressuscitado com o estado natural. “Assim também a ressurreição dos mortos”. Isso fica claro a partir do que se segue. Eles estão completamente errados quando fazem a glória ser exclusivamente celestial ou terrenal. Ambas serão encontradas no reino de Deus (veja João 3:12).
“Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção [incorruptibilidade – JND]. Semeia-se em ignomínia [desonra – JND], ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal [natural – ARA], há também corpo espiritual” (1 Co 15:42-44). O corpo do crente é semeado em desonra, corrupção e fraqueza; como todos veem; mas em que cremos? Ele é ressuscitado em incorruptibilidade, glória e poder – não um mero corpo etéreo, mas um corpo movido com vida espiritual, como uma vez teve vida animal da alma, portanto, não um espírito, mas um corpo espiritual, não limitado por condições terrenais, mas capaz de passar por uma porta fechada, ou de ser sentido, capaz de comer, embora não necessitando de nada, se considerarmos a partir d’Aquele que, ressuscitado como a grande Cabeça, exemplo e poder, declarou que um espírito não tem carne e ossos, como eles viram que Ele tinha.
A adequação disto para o céu é evidente. “Se há corpo animal (ou natural), há também corpo espiritual”. Tão certo como há o corpo que temos agora, adequado à Terra e à vida que agora existe, há também um corpo espiritual, que teremos quando o Senhor Cristo vier para ressuscitar aqueles que são Seus (veja 1 Co 15:20-23). Deus, que constituiu um para a esfera de responsabilidade e de provação, certamente adaptará o outro às condições de glória, onde a vida eterna que agora é exercida em cenas de tristeza, em si mesma em fé, esperança e amor, desfrutará então do repouso, sem nuvens, de Deus nas alturas.
Um espírito vivificante
Agora, o apóstolo chega à prova decisiva da Escritura e ao teste pessoal de Cristo. “Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” (1 Co 15:45-49). É a maneira do apóstolo, e de fato dos homens inspirados em geral, rastrear tudo até às suas fontes. Adão e Cristo estão diante de nós, o primeiro homem Adão foi feito apenas uma alma vivente, o último Adão um espírito vivificante. Assim, como de costume, primeiro se vê o homem falhando em sua responsabilidade, depois o Homem obediente, sofredor e vitorioso.
Deve-se notar também que a grande ocasião em que a Escritura nos mostra que o Senhor Se tornou um Espírito vivificante foi quando Ele ressuscitou dentre os mortos. Então, não antes, Ele soprou sobre os discípulos e disse: Recebei o Espírito Santo. Não foi o novo nascimento simplesmente, mas a vida mais abundante, por causa do poder da ressurreição; e isso se encaixa perfeitamente com a doutrina do capítulo, que não olha nem para a encarnação nem para a ascensão, por mais importante que sejam, nem aqui em Sua morte, embora isso seja, sacrificialmente e em poder moral, o fundamento de tudo para nós, bem como para a glória de Deus.
Tal foi a ordem, e este o triunfo, não ainda em nossa ressurreição, mas na d’Aquele que ressuscitará os santos adormecidos em Sua vinda. Não é que Adão não tivesse uma alma imortal, ou que Cristo não pudesse dar a Sua vida; mas um no princípio foi feito em alma vivente, o Outro, depois de ter sido manifestado no final dos tempos para anular o pecado pelo Seu sacrifício, foi feito em Espírito vivificante como ressuscitado. “Aquele que veio do céu” não é mais inconsistente com isso, do que “aquele que veio da terra” com foi Adão sendo feito uma alma vivente, mas cada um, pelo contrário, mais adequado.
Tal como o terrenal
E agora podemos dar um passo adiante em cada caso. Tal como o terreno (feito do pó – JND) – Adão, tais também os terrenos (os feitos do pó – JND) – a raça; e como O celestial, tais também os celestiais (Cristãos); e assim como levamos a imagem de um feito do pó, também levaremos a imagem de Um celestial. Nós éramos, e somos, naturalmente a família do primeiro homem, e levamos a sua imagem (Gn 5:3); nós, estando agora em Cristo, também levaremos a imagem de Cristo no dia que está chegando. Deus nos predestinou para sermos conformes à imagem de Seu Filho, para que Ele seja o Primogênito entre muitos irmãos. Entretanto, não é uma questão de nos transformar de acordo com a mesma imagem pelo Espírito, que é verdadeira e importante dia a dia; mas aquela conformidade completa e final que não pode existir até que Cristo consuma a salvação e transforme nosso corpo de humilhação em conformidade com Seu corpo de glória, de acordo com a operação de Sua capacidade de subjugar todas as coisas a Si mesmo.
W. Kelly (adaptado)
Ressurreição Dentre os Mortos
Em Filipenses 3:11 lemos: “para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição dos [dentre os – ARA] mortos”. A glória da ressurreição é o ponto para o qual os anseios do verdadeiro Cristão sempre tendem. Não importa de que maneira ele deve chegar a esse ponto. Ele anseia alcançar a glória “de alguma maneira”.
Pode ser que encontremos dificuldade na palavra “se”, como se implicasse uma dúvida na mente do apóstolo quanto à segurança do fim a ser alcançado por ele. Não acreditamos que ele tivesse tal pensamento. A ideia é simplesmente esta: ele tinha o objetivo diante de si, e estava ansiosamente prosseguindo para isso. Sua visão estava cheia dela, seu coração estava voltado para ela, e ele era bastante indiferente quanto à “maneira” pela qual ele deveria alcançá-la.
Pode ser interessante observar que a palavra que é traduzida como “ressurreição” (“exanastasis” em grego) ocorre, tanto quanto sabemos, apenas nesta passagem, e significa propriamente “ressurreição dentre”. A palavra “anistemi”, ou ressurreição, ocorre cerca de quarenta e duas vezes no Novo Testamento, e é aplicada ao amplo fato da ressurreição. Mas a palavra usada aqui no versículo onze está moralmente ligada à expressão em Marcos 9:10 (ARA) – “perguntando uns aos outros que seria o ressuscitar dentre os mortos”. Os discípulos não teriam encontrado nenhuma dificuldade no pensamento da ressurreição como tal, visto que todo judeu ortodoxo acreditava nela. Mas uma “ressurreição dentre os mortos” era algo estranho para eles.
A esperança adequada do Cristão
Assim, a esperança adequada do Cristão não é meramente “ressurreição dos mortos”, mas “ressurreição dentre os mortos”. Isso faz uma diferença muito significativa. Ela deixa completamente de lado a ideia de uma simultânea ressurreição geral. Falar de uma ressurreição dentre os mortos obviamente implica que nem todos ressuscitarão juntos. Apocalipse 20:5 nos ensina que haverá 1.000 anos entre as duas ressurreições, mas é importante ver que a própria palavra “dentre”, usada pelo apóstolo para expressar aquela ressurreição que ele estava esperando, é bem diferente daquela geralmente empregada para estabelecer o pensamento geral da ressurreição. Por que isso acontece? Simplesmente porque ele quis dizer uma coisa especial e, portanto, usou uma palavra especial – uma palavra que, como dissemos, ocorre apenas neste lugar.
É profundamente solene lembrar que o povo do Senhor se levantará dos sepulcros e deixará para trás as cinzas dos ímpios mortos decompondo-se por mais 1.000 anos. Esse pensamento pode parecer loucura para o homem natural, mas a Escritura ensina isso, o que é suficiente para o Cristão. A ressurreição da Igreja será baseada no mesmo princípio e terá o mesmo caráter que a ressurreição de Cristo; será “uma ressurreição dentre os mortos”. Que o nosso coração esteja voltado para essa meta gloriosa!
C. H. Mackintosh
Fases da Ressurreição
Se olharmos para 1 Coríntios 15 como um todo, posso dizer que há uma ordem em sua divisão que é edificante descobrir e meditar. Pode ser intitulado: “A história da graça e da glória à luz da ressurreição”. Estou olhando, no entanto, mais particularmente para os versículos 20-28. O apóstolo nesses poucos versículos prossegue para nos ensinar as diferentes fases da ressurreição e as coisas que devem ocorrer, tanto durante como depois dela. É uma Escritura muito rica e bela em suas informações.
Cristo, as primícias
Em primeiro lugar, aprendemos que o Senhor Jesus estava sozinho no dia da Sua ressurreição. Não havia ninguém com Ele – nem um. “Cristo, as primícias”, como lemos aqui. Sua ressurreição tinha qualidades que eram singulares. Foi uma ressurreição dentre os mortos, uma ressurreição vitoriosa, forjada e vencida por Ele mesmo. Mas foi a única ressurreição que tinha nela essa qualidade ou caráter. A ressurreição foi devida a Cristo. Ele foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai (Rm 6:4). Ele mesmo também poderia dizer de Si mesmo: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2:19).
Ele tinha o poder disso em Si mesmo, em virtude do que Ele era. Isso foi figurado sob a lei, pela colheita de um molho no início da colheita (e antes que qualquer um dos novos grãos tivesse sido comido) e pelo movimento dele, assim como foi, diante do Senhor (Lv 23:9-14).
Cristo na Sua vinda
Mas Cristo sendo chamado de “as primícias” assegura uma colheita. Esse é o significado de tal título. Assim, na devida época, se segue a colheita e constitui a segunda fase da série de ressurreições. Assim lemos: “Depois, os que são de Cristo, na Sua vinda” (v. 23). E isso está longe de ser algo solitário. Incontáveis milhares estarão lá, pois todos eles são “filhos da ressurreição” (Lc 20:36). Eles ressuscitam dentre os mortos, ou em vitória, simplesmente porque eles “são de Cristo”, como lemos. Ele havia ressuscitado em Seu dia apenas por causa de Quem Ele era e o Quê Ele era; eles agora ressuscitam por causa de Quem eles são. “Se habita em vós o Espírito d’Aquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, Esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do Seu Espírito, que em vós habita” (Rm 8:11 – ARA).
A terceira fase da ressurreição
Tendo tudo isso acontecido em seus momentos, chegamos à terceira fase da ressurreição chamada “o fim” (v. 24). Mas aqui temos novos pensamentos sugeridos a nós. Essa é uma ressurreição não digna do nome, pois não é uma ressurreição vitoriosa. É simplesmente uma ressurreição dos mortos – aqueles cujos nomes não estão escritos no livro da vida. É uma ressurreição judicial, uma ressurreição não para a vida, mas para o julgamento, como é mostrado por João em Apocalipse 20:11-15. As estações ensolaradas da ressurreição, que vimos pela primeira vez, são agora sucedidas por uma que convoca os mortos ao julgamento e ao lago de fogo. Assim como devemos conhecer o gozo de antecipar a ressurreição dentre os mortos, devemos sentir as terríveis advertências que a Escritura nos dá sobre a condenação daqueles que, nesta era da graça de Deus, não aceitam a Cristo como Salvador. “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5:28-29).
O Reino entregue a Deus
No entanto, temos muitas coisas conectadas com esta terceira fase de ressurreição, pois agora o Senhor continua, pelo apóstolo, a nos ensinar o que deve acompanhar a terceira e última dessas fases. Aprendemos que o Senhor Jesus, tendo recebido um reino após a segunda fase da ressurreição, vai sustentá-lo e ordená-lo de uma forma a subjugar cada inimigo a Si mesmo, até mesmo a morte. Tendo sido fiel a essa grande administração, Ele a entregará “a Deus, o Pai”, para que “Deus seja tudo em todos”. O próprio Deus será então manifestado em uma forma de glória digna de Si mesmo e digna de Sua eternidade, quando toda a administração, nas mãos de Cristo, tiver sido completada.
O grande trono branco
Ao mesmo tempo dessa entrega do reino e da grande ação final, ocorrerá a terceira fase da ressurreição. O julgamento ocorrerá diante do “grande trono branco”, e a condenação dos mortos, então julgados, será “o lago de fogo”. E essa ação estará em plena coerência com tudo o que a acompanha, porque será uma ação do “reino”, assim como o lançamento da própria morte no lago de fogo será outra ação. Tudo isso fala da plena sujeição daquele momento a Cristo em tudo, e que Ele foi competente em subjugar todas as coisas a Si mesmo. É um momento adequado para deixar de lado o poder e a administração e entrar na própria eternidade de Deus, quando “um cetro de equidade” cederá lugar à uma morada “em que habita a justiça” (Hb 1:8; 2 Pe 3:13).
Mas devemos notar duas ou três coisas relacionadas a isso mais particularmente. Cristo entrega o reino. Essa será a primeira vez, em todo o curso da história do mundo, que o poder foi devolvido à mão d’Aquele que o havia entregue. Dos animais de Daniel, um após outro, lhes foi tirado o reino recebido. Cada um tinha sido infiel ao que lhe foi confiado, e a administração lhes foi tirada. Nunca houve um reino “duradouro”, pois nunca houve um reino “fiel”. Isso vemos em Isaías 15-24 e em Jeremias 25, onde o cálice da indignação de Deus é enviado de um povo para outro, até que toda terra, toda nação, incluindo Israel, é obrigada a beber dele.
O Messias permanece não apenas preeminente, mas único em Seu reino. O reino do Messias não será tomado, mas Ele o entregará, como Aquele que tem sido infinitamente fiel, fiel até o mínimo jota ou til, Àquele que O designou.
A destruição da morte
Há um leve toque ou um traço de beleza, que também devemos notar, no meio das pesadas palavras desta passagem. Ou seja – que a morte é o único inimigo que é especificado como sendo destruído ou colocado sob os pés de Cristo. De um modo geral, aprendemos que todos os inimigos devem ser subjugados, mas só a morte é nomeada individualmente aqui.
Há um traço de beleza nisso, pois o grande assunto de todo o capítulo é a ressurreição. Outros profetas nos dirão da sujeição de outras coisas ao cetro do Senhor Jesus no dia de Sua realeza. Daniel nos diz que Ele quebrará em pedaços todos os outros reinos. O salmista nos fala de toda a criação reconhecendo a Ele em Seu senhorio universal. João pode chamá-Lo de, “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Mas não há nenhuma característica sinalizada aqui, a não ser a destruição da morte no poderoso alcance e domínio do reino de Cristo. E novamente eu digo, há um toque e um traço de beleza nisso, porque a ressurreição é o tema de todo o capítulo.
Tudo o que foi para o Senhor ou do Senhor entre os seus santos será reconhecido no Seu dia. Toda graça neles, todo amor, todo serviço, todo sofrimento para Ele ou para a justiça – todas as formas e medidas dessas coisas serão aceitas e honradas. A isto acrescento todo aprendizado de Sua mente terá sua aceitação e seu próprio gozo com Ele naquele dia. Pode ser pequeno em sua comparação, mas terá a sua medida. Servos, os que O amavam e mártires serão aceitos então, assim como serão os discípulos. Eu reivindico um lugar naquele dia em que “cada um receberá de Deus o louvor” (1 Co 4:5), para aqueles que, no meio de erros humanos e julgamentos errôneos, aprenderam e valorizaram e se apegaram aos pensamentos e princípios da sabedoria divina e da mente de Deus, no decorrer de Suas dispensações.
J. G. Bellett (adaptado)
O Molho das Primícias
O próprio Cristo é as Primícias da nova criação, onde tudo é de Deus. Se Cristo, como o verdadeiro Cordeiro Pascal, lançou o fundamento em Sua morte para a glória de Deus, é em Cristo ressuscitado dentre os mortos que Deus demonstra Sua justiça em poder e glória! Nisto, também, Cristo é enfaticamente declarado ser o cumprimento da figura como as Primícias na ressurreição. O grão de trigo é uma figura significativa, sendo usada pelo próprio Senhor, que como o semeador, Ele semeou para produzir o trigo, para ser devidamente colhido para o celeiro celestial. Em João 12, Ele, inequivocamente faz referência a Si mesmo ao responder a Filipe a respeito dos gregos que desejavam ver Jesus. O que estava, então, diante d’Ele era o momento solene de Sua cruz e morte, quando Ele deveria estar sozinho com Deus, pois Ele, o grão de trigo, deveria morrer, se outros devessem estar associados a Ele, o que Ele afirma definitivamente. “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”.
O molho aceito em seu favor
Esse fato por si só é o golpe mortal para aqueles que propõem o ensino errôneo da união com Cristo encarnado, pois claramente Ele esteve sozinho em Sua vida pura, santa e imaculada, como Ele esteve em Sua morte, onde Seu desejo era que o nome do Pai fosse glorificado, como o Pai O glorificaria. Sim, o grão de trigo que morre aponta não apenas para a morte da cruz, onde todas as necessidades do homem, até mesmo para o seu fim moral, foram satisfeitas. Não só isso, mas foi o caminho direto para Cristo Se tornar as Primícias e a realidade do que é apresentado, em figura, no molho da oferta, apresentado a Jeová, ao qual se acrescenta “para que sejais aceitos” (Lv 23:11).
Os discípulos do Senhor não estavam cientes, quando comeram a última Páscoa com Ele (Lc 22), que Ele deveria, então, Se tornar a realidade da figura dada na Páscoa – Ele era o Cordeiro de Deus. Além disso, eles ignoravam a respeito de Sua ressurreição como as Primícias, embora Ele lhes tivesse dito claramente que no terceiro dia Ele ressuscitaria, cumprindo assim a figura do que aconteceria no dia seguinte ao sábado. Muito cedo na manhã do que doravante seria chamado de Dia do Senhor, os entes queridos ignorantemente trouxeram especiarias para embalsamar seu Senhor. Mas acharam a pedra removida do sepulcro; e, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. No sepulcro foram desafiados, se não repreendidos, por vozes angélicas que diziam: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou”. A surpreendente verdade de que Aquele que morreu e foi sepultado havia se tornado as Primícias no campo da vida da ressurreição era a prova viva de que tudo estava acabado quanto à cruz e ao sepulcro, e que Cristo, as Primícias dentre os mortos, triunfou de uma vez por todas sobre o pecado e Satanás, a morte e o sepulcro. Embora Maria Madalena esperasse em vão no sepulcro, na esperança de encontrar o corpo morto de seu Senhor, seu coração dedicado foi recompensado por ser a primeira a contemplar seu Senhor e Salvador ressuscitado, embora não para tocá-Lo ou tê-Lo como antes.
A manhã da ressurreição
Não é uma alusão tocante e um aspecto precioso da apresentação do molho movido? O Senhor, após Maria tê-Lo confessado como Mestre, disse: “Não Me toque, pois ainda não subi para Meu Pai” (JND), (acrescentando também a verdade da associação com Ele mesmo como fruto de Sua morte), “mas vai para Meus irmãos e dize-lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus”. Não foi apenas a ascensão ao Pai depois que o Cordeiro foi morto, mas toda a vontade do Pai, na vida e na morte, havia sido totalmente concluída, de modo que Ele foi ressuscitado pelo poder de Deus como pela glória do Pai. Assim Ele é apresentado como o molho movido pelo qual Seus irmãos são separados e aceitos. A aplicação das Primícias a Cristo é mais positiva em 1 Coríntios 15:20 e também aos que são d’Ele como associados a Ele (v. 23). Assim, os mortos em Cristo que adormeceram serão ressuscitados e com os vivos serão transformados à Sua imagem, pois a ordem divinamente designada é: “Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo em Sua vinda”.
O Senhor ressuscitado
Quando eles moviam o molho das primícias, eles deveriam oferecer, naquele dia, “um cordeiro sem mancha, de um ano, em holocausto ao SENHOR. E sua oferta de manjares serão duas dízimas de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta queimada em cheiro suave ao SENHOR, e a sua libação de vinho, o quarto de um him. E não comereis pão, nem trigo tostado, nem espigas verdes, até àquele mesmo dia em que trouxerdes a oferta do vosso Deus; estatuto perpétuo é por vossas gerações, em todas as vossas habitações” (Lv 23:12-14).
Assim, a figura é estabelecida em sua verdadeira dignidade no Senhor ressuscitado, com sua apresentação, aceitação e aplicação divina, não omitindo o sacrifício que acompanha o holocausto, a oferta de manjares e a libação. Tais coisas devem ser oferecidas e aceitas com o molho movido antes que Israel pudesse comer do trigo da terra, declarando, inequivocamente, a reivindicação e a porção de Jeová primeiro, o que, na figura, é abençoada e importante. A Quem Se apresentará o Senhor, senão ao Seu Deus e Pai, que O deu? “Eu saí do Pai para o mundo; novamente deixo o mundo e vou para o Pai”. No período significativo de Sua vida e morte toda a vontade de Deus é realizada. Quem poderia avaliar toda a Sua devoção, expressa no holocausto e na oferta de manjares, como Aquele a Quem foi oferecido, com a libação, no gozo e prazer que Ele tinha em fazê-lo? Bendito seja Deus, a aceitação e a avaliação repousaram com Ele – por um lado, não com os anjos, nem por outro com aqueles que compartilham os benefícios eternos do molho movido e das variadas ofertas, embora seja o tema e a adoração dos redimidos por toda a eternidade. Mas Deus tem Seu próprio deleite e satisfação no Filho e em tudo o que Ele fez.
G. Gardner (adaptado)
Ressurreição no Velho Testamento
Embora a palavra “ressurreição” não possa ser encontrada nas escrituras do Velho Testamento, a doutrina da ressurreição do corpo foi claramente ensinada e o fato conhecido. Quando Nosso Senhor Se encontrou com os saduceus, que negavam que houvesse ressurreição. Ele Se voltou aos livros de Moisés, para estabelecer a doutrina da Escritura, e disse: “E que os mortos hão de ressuscitar também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele vivem todos” (Lc 20:37-38). Jó também disse: “E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus” (Jó 19:26). Abraão também disse que Deus era poderoso para ressuscitar Isaque dentre os mortos (Hb 11:18-19). No Salmo 16, a ressurreição de nosso Senhor – o caminho da vida após a morte – foi claramente predita: “a Minha carne repousará segura. Pois não deixarás a Minha alma no inferno [hades], nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção. Far-Me-ás ver a vereda da vida” (Sl 16:9-11). Sabemos que Sua carne não viu corrupção, e que “ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:4). Outras pessoas nos dias do Velho Testamento também estavam familiarizadas com o fato da ressurreição, pois não apenas um homem “reviveu e se levantou sobre os seus pés”, quando o lançaram e tocou os ossos de Eliseu no sepulcro (2 Rs 13:21), mas “mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos” (Hb 11:35), como, por exemplo, o filho da viúva e o filho da sunamita.
C. H. Mackintosh
O Corpo Ressuscitado
O homem não convertido odeia a ideia da ressurreição do corpo, pois isso significa que o mesmo corpo em que ele viveu sua vida, sem Cristo, deve ser reunido à sua alma perdida, para ser levado perante o tribunal de Deus. Consequentemente, hoje, há um esforço determinado e implacável por parte do inimigo para roubar das almas a simples verdade da ressurreição do corpo físico.
Mesmo os filhos de Deus às vezes têm ideias muito nebulosas sobre que tipo de corpo terão na ressurreição. Mas a verdade simples para nós é esta: teremos para a eternidade este mesmo corpo em que vivemos aqui embaixo. Deus não nos dará um corpo recém-criado, pois, se Ele o fizesse, não seria ressurreição de forma alguma. Ressurreição é o ressurgimento daquele que existia antes. É verdade que o corpo do Cristão será transformado na semelhança do corpo de Cristo (bendito seja Deus), mas será o mesmo corpo renovado.
Por outro lado, o corpo dos ímpios não será renovado como o Seu corpo de glória, mas serão ressuscitados no seu próprio corpo para serem lançados vivos no lago de fogo, e lá sofrerão a condenação dos eternamente perdidos.
“Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5:28-29).
The Young Christian, vol. 25
Eu Sou a Ressurreição
Jo 11:25
Levante-se com leveza, o dia desperta,
Não se preocupe com suas tristezas agora;
Logo a manhã sem nuvens acordará
E afastará a tristeza de sua face:
Ele está vindo –
Coração e joelho se curvam a Jesus!
Maria não entregou sua dor
Sob os pés do Mestre?
Sua ferida era profunda, e seu amanhã escuro
Roubou na Terra o amor tão doce:
Com sua carga
Assim ela veio encontrar seu Senhor.
Ah! ela não sabia de toda a glória
Escondida sob essa aparência humilde;
Não sabia que a triste história de seu coração
Logo terminaria em uma alegre surpresa:
Ressurreição
Irradiava de seus olhos extasiados!
É o grande EU SOU Quem está em pé
Agora ao lado daquele sepulcro rochoso;
É Sua voz que ordena com força
Que Lázaro volte dos mortos!
Assim, Sua glória
Brilha acima da mais profunda escuridão.
Precioso Salvador! por meio de Tua morte,
Os poderes das trevas do inimigo são vencidos;
E, ainda magnificando Teu nome,
A graça traz inesgotáveis tesouros:
Na Tua vinda,
Vida e incorruptibilidade são nossas.
Olhos para ver-Te, ouvidos para ouvir-Te,
Vozes afinadas para cânticos celestiais;
Assim, para sempre habitar perto de Ti,
Aprendendo todos os Teus caminhos maravilhosos;
A Ti, oferecendo,
Adoração, culto, louvor!
Autor desconhecido
“Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda”
1 Coríntios 15:23
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