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Foto do escritorRevista O Cristão

Pestilências e Pragas (Julho de 2020)




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Revista mensal publicada originalmente em julho/2020 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


A. H. Rule (adaptado)

W. J. Prost

W. J. Prost

W. J. Brockmeier

M. Allan

J. G. Bellett (adaptado)

J. N. Darby (adaptado)

F. B. Hole (adaptado)

W. T. P. Wolston

A. H. Rule, 1896 (de uma carta)

G. S. Byford (adaptado)

J. T. Mawson

C. P. H.

 

Pestilências e Pragas


Não tenho dúvidas de que o Senhor tem algo a dizer sobre essas coisas e que é necessário exercício para entender qual é a Sua mente. Viver como Cristão é uma coisa séria, e precisamos diariamente, a toda hora, nos colocar sob os cuidados do Senhor, pois nunca sabemos a que perigos invisíveis podemos estar expostos. Em Filipenses 2:12-13, lemos: “Operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade”. Esta não é a salvação da alma, mas sim das dificuldades do caminho, etc. Deus trabalha em nós para que queiramos fazer e para que cumpramos a Sua boa vontade e, quando nos entregamos inteiramente a Ele e à Sua vontade em simples obediência, seguimos em frente. Caso contrário podemos entrar em sérios problemas, e temor e tremor não são palavras sem sentido. Sempre é necessário ter um temor santo, bem como a busca da ajuda e do cuidado de Deus. E precisamos ter cuidado e nos proteger da imprudência, e continuar com Deus, na percepção de dependência d’Ele. “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti” (Is 26:3). Existe um cuidado divino com o qual podemos contar. Nada pode acontecer conosco que Ele não permita, e se Ele permite algo, Ele tem um propósito nisso. E, portanto, precisamos buscar Sua face e aprender o que Ele quer dizer.


A. H. Rule (adaptado)

 

Pestilência e Praga – Um Aviso


Pestilências e pragas são mencionadas várias vezes na Palavra de Deus, e sempre há um aviso relacionado a elas. Deus não deseja causar males aos homens, pois lemos em Lamentações 3:33: “Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens”. Contudo, inúmeras vezes na história do homem, Deus permitiu pestilências e pragas neste mundo.


As palavras “pestilência” ou “peste” ocorrem 54 vezes na Bíblia, enquanto a palavra “praga” ocorre 90 vezes (na versão Almeida corrigida). As palavras “pestilência” ou “praga” têm um significado amplo que abrange qualquer tipo de doença, mas a palavra “praga” é mais geral e pode incluir coisas como guerras, fome, doenças e animais selvagens do campo. O termo “bestas do campo” geralmente se refere a animais selvagens maiores, mas pode incluir todas as criaturas no reino animal.


Razões para pestilências e pragas

A Escritura nos dá várias razões pelas quais Deus permite pestilências e pragas neste mundo, mas elas sempre são uma voz de Deus, pois nada pode acontecer neste mundo sem antes ser cuidadosamente medido em Seu santuário. Satanás pode ter o seu caminho nesses eventos, mas ele não pode fazer nada além do que Deus permite. Quando uma peste atingiu Israel no reinado de Davi, lemos em 1 Crônicas 21:1: “Satanás se levantou contra Israel”, mas no registro do mesmo incidente em 2 Samuel 24:1, lemos: “E a ira do SENHOR se tornou a acender contra Israel”. Quando o julgamento caiu, era o Senhor quem tinha o total controle.


Antes de tudo, Deus usa a peste para falar com aqueles que resistem diretamente à Sua vontade que é conhecida. Vemos isso no Egito, quando o faraó se recusou a deixar ir o povo de Israel. Por meio de Moisés e Arão, Deus o ameaçou, dizendo: “Porque esta vez enviarei todas as Minhas pragas sobre o teu coração [...] para te ferir a ti e ao teu povo com pestilência” (Êx 9:14-15). Isso aconteceu, pois pragas de crescente gravidade tomaram conta do Egito, culminando com a morte dos primogênitos em todas as casas na noite da Páscoa.


Mais tarde, quando Israel foi levado em cativeiro, Deus levantou a nação da Babilônia sob Nabucodonosor e ameaçou que “E acontecerá que, se alguma nação e reino não servirem o mesmo Nabucodonosor... visitarei com espada, e com fome, e com peste essa nação, diz o SENHOR, até que a consuma pelas suas mãos” (Jr 27:8). O mesmo julgamento também é profetizado para o futuro, quando a Rússia ousar atacar Israel depois que o Senhor os restabelecer para Si mesmo em sua terra. Eles serão recebidos pelo Senhor “por meio da peste e do sangue” (Ez 38:22), bem como outros meios de destruição, como “grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre”.


A pandemia de coronavírus

Certamente Deus tem uma mensagem para todos nós nas dificuldades atuais, mas é significativo que a pandemia de coronavírus tenha suas origens na China. Sob o comunismo, eles negam a existência de Deus há 70 anos e perseguem incansavelmente os Cristãos, muitas vezes condenando-os à prisão, campos de trabalho e morte. Nos últimos 25 anos, a China se gabou de seu progresso e agora é a segunda maior economia do mundo. Estariam eles talvez colhendo o que plantaram (Gl 6:7)?


O mundo em pecado

Segundo, o Senhor usa pestilências e pragas para falar a um mundo que continua em pecado e esquece Suas reivindicações. O julgamento está à frente, mas Deus é misericordioso e nunca traz o julgamento sem aviso prévio. Isso é explicado claramente por Eliú, quando ele fala com Jó: “Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso... Também na sua cama é com dores castigado, e com a incessante contenda dos seus ossos... Desaparece a sua carne a olhos vistos... e a sua alma se vai chegando à cova” (Jó 33:14, 19, 21-22). Mas tudo isso tem em vista a bênção: “Então, abre os ouvidos dos homens... para apartar o homem do seu desígnio e esconder do homem a soberba” (Jó 33:16, 18). O próprio Senhor Jesus poderia lembrar Seus ouvintes que “os galileus cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios” não eram “mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas” (Lc 13:1-2). Antes, Ele lembrou-lhes: “se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lc 13:5). Deus em Sua soberania tem o direito de fazer um exemplo de alguns, a fim de advertir outros.


Em nossa atual pandemia, o homem de repente se depara com aquilo que ele não pode controlar e com o futuro do qual ele não pode prever com precisão. Alguns aspectos do que estamos experimentando têm uma forte semelhança com o período da tribulação em um dia futuro, embora a tribulação seja muito pior. Estamos ouvindo uma voz do Senhor, talvez como um chamado final para este mundo antes que Ele feche o dia de Sua graça.


Uma voz aos santos

Terceiro, estamos ouvindo uma voz alta do Senhor para aqueles que são Seus. É triste dizer que a Igreja tendeu a se estabelecer neste mundo e, especialmente no Ocidente, tornou-se complacente demais. Como aqueles mencionados em 1 Tessalonicenses 5 e como as dez virgens de Mateus 25, tendemos a dormir mais do que a vigiar. O Senhor está nos chamando a lembrar de que “a noite vai adiantada, e o dia está próximo” (Rm 13:12 – TB). Devemos lembrar de que não somos deixados neste mundo simplesmente para levar uma vida boa e moralmente correta, e depois ir para o céu no final. Também devemos ser testemunhas vivas da graça que nos trouxe para Ele mesmo. A parte mais importante desse testemunho é o nosso estilo de vida, pois o que nós somos é muito mais importante do que aquilo que dizemos. Se estivermos despertados para o fato de que nosso Senhor está chegando em breve, seremos “semelhantes aos homens que esperam o seu senhor... para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe” (Lc 12:36).


Uma voz à Cristandade

Finalmente, eu sugeriria que a voz mais alta de toda essa calamidade atual é à Cristandade, e especificamente àqueles que são mencionados em Apocalipse 3:1: “Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto”. Essas pessoas estão em muitas partes do mundo, mas na Europa Ocidental, na América do Norte e, em certa medida, na América do Sul, há muitos que se chamam Cristãos, mas ainda não possuem uma realidade interior. Essas terras têm a Bíblia há centenas de anos e têm conhecido o evangelho da graça de Deus. No entanto, muitos permanecem sem vida eterna, sem Cristo e sem qualquer certeza para onde irão quando deixarem este mundo. No passado, essas pessoas confiavam no fato de que frequentavam a “igreja”, participavam de várias formas de benefício social e talvez vivessem uma vida razoavelmente correta. Mais recentemente, porém, a participação na igreja diminuiu acentuadamente, e muitas vezes os edifícios tiveram que ser vendidos por falta de participação.


Cristandade apostata

É significativo que das 54 vezes em que pestilência ou peste é mencionada no Velho Testamento, mais de 40 delas estejam relacionadas à Israel – um povo que conhecia o Senhor e que possuía “os oráculos de Deus”. Em consequência, o Senhor poderia dizer: “De todas as famílias da Terra a vós somente conheci; portanto, todas as vossas injustiças visitarei sobre vós” (Am 3:2). Da mesma forma, bem mais da metade das vezes que a palavra “praga” ou “pragas” é usada na Palavra de Deus, está relacionada a Israel ou ao julgamento de Deus sobre a Cristandade apóstata. Isso é muito solene, pois Deus nos responsabiliza de acordo com a luz que nos foi dada, e “a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá” (Lc 12:48). À luz da nossa situação atual, vale ressaltar que alguns países europeus e certamente os Estados Unidos já relataram mais casos de coronavírus do que a China.


Avisos anteriores

Como Ele estava com Israel, Deus tem sido Bondoso com aqueles que tiveram a luz de Sua Palavra, e Ele deu avisos no passado. Em particular, as duas guerras mundiais do século XX devastaram grande parte do chamado mundo Cristão. A Primeira Guerra Mundial, por pior que tenha sido, foi seguida pela pandemia de gripe espanhola que afetou mais de 25% da população mundial. As estimativas das mortes variam de 20 a 50 milhões, o que provavelmente é mais do que aqueles que morreram na guerra. Dois dos países que sofreram pesadas perdas nessa guerra foram a Grã-Bretanha e a Alemanha. A Grã-Bretanha, outrora defensora da Reforma, produziu um Darwin, que tirou a glória de Deus como Criador. A Alemanha, que nos deu Martin Lutero, acabou se tornando o epicentro da chamada Alta Crítica, iniciada por Julius Wellhausen. Este ensinamento destruiu a glória de Deus como Redentor. Mais uma vez, aqueles países chamados Cristãos colheram o que semearam?


Padrões e moralidade

Nos últimos anos, no Ocidente, rápidos avanços foram feitos para longe da moralidade e dos padrões da Palavra de Deus. Nos últimos 50 anos, o aborto foi legalizado na maioria dos países ocidentais e, mais recentemente, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A imoralidade sexual é tida como algo correto, o divórcio é galopante e a Bíblia foi amplamente proibida em uso público. Quem se atreve a falar contra tudo isso é calado. Será que é algo de se admirar que Deus esteja falando mais alto?


W. J. Prost

 

Pestilência e Praga – Encorajamento


No artigo anterior desta edição, discutimos as sérias advertências que Deus está trazendo diante de nós na atual pandemia de coronavírus. No entanto, também há encorajamento, assim como no Livro de Judas – um livro cheio de avisos solenes. Alguém comentou o Livro de Judas da seguinte forma: “Não há uma porção da Palavra de Deus mais calculada para nos fazer cantar do que esta epístola. Quanto maior a provação, mais Deus diz: ‘Estou com você’. ... Quanto maior o privilégio, pior a corrupção. Desde o início das relações de Deus com o homem até o fim, não há um período em que o depósito seja tão grande quanto o que nos foi dado, ou a corrupção seja tão profunda. Mas Judas passa por isso, e ele soa uma segunda nota de misericórdia em conexão com a comum salvação – Deus entrando e a segurança das pessoas que tinham fé” (G. V. Wigram).


“Doce como mel”

Quando vemos a propagação da COVID-19, as mortes que ela causou, a enorme interrupção na economia mundial e o medo e pânico resultantes que são produzidos, nós que conhecemos o Senhor podemos olhar para cima e dizer: “A vinda do Senhor está próxima” (Tg 5:8). Não sabemos quando o Senhor virá e levará Sua Igreja para casa, para estar com Ele mesmo, mas Sua promessa é: “virei outra vez” (Jo 14:3). Isso deve ser uma esperança presente e viva para o crente, não importa em que época da dispensação ele possa viver. Mas nos é dito que devemos ver “aproximando aquele Dia” (Hb 10:25) – o dia do julgamento. Desde que o Arrebatamento dos santos precede o dia do julgamento, sabemos que estamos chegando ao dia em que o Senhor nos chamará para o lar. Nos últimos dias, falamos em 2 Timóteo 3 e, como vemos eventos cataclísmicos ao nosso redor, é evidente que o dia do julgamento está realmente se aproximando. Para os crentes, essa percepção tem um duplo significado. Nas palavras de Apocalipse 10:9, o livrinho de juízo deixou o ventre do apóstolo amargo, por causa dos terríveis julgamentos que viriam sobre o mundo. Mas estava em sua boca “doce como o mel”, ao ver eventos se desenrolando que dariam ao Senhor Jesus Seu lugar de direito. Da mesma forma ocorre conosco. Lamentamos por um mundo que continua a rejeitar a Cristo, mas nos alegramos por nossa “redenção estar próxima” (Lc 21:28).


A proteção do Senhor

Mas alguns podem dizer: “Estamos no meio de uma crise! Não podemos esperar alguma ajuda para o presente?” Sim, pois o Senhor prometeu cuidar de nós, e podemos contar com Ele quanto à Sua proteção. “Ele te livrará… da pestilência destrutiva” (Sl 91:3 – JND). Isso não significa que não seremos afetados por ela, mas que podemos olhar para o Senhor para colocar Sua mão sobre nós. Diante da pandemia, existe uma maneira razoável e ordenada para o Cristão prosseguir.


Quando a peste bubônica se repetiu em partes da Alemanha em 1527 (a principal pandemia havia ocorrido no século XIV), Martin Lutero dizia o seguinte: “Portanto, peço a Deus misericordiosamente que nos proteja. Então fumigarei, ajudarei a purificar o ar, administrar remédios e a tomá-lo. Evitarei lugares e pessoas em que minha presença não seja necessária para não ser contaminado e, assim, porventura infectar e poluir a outros, e assim causar sua morte como resultado da minha negligência. Se Deus quiser me levar, ele certamente me encontrará e eu fiz o que Ele esperava de mim e, portanto, não sou responsável pela minha própria morte ou pela morte de outros. No entanto, se meu vizinho precisar de mim, não evitarei lugar ou pessoa, mas irei livremente.


Essa é uma fé que teme a Deus, porque não é ousada nem imprudente e não tenta a Deus. Embora alguém deva ajudar [seu vizinho] em seu tempo de necessidade, por sua vez, após sua recuperação, deve agir em relação aos outros, para que ninguém se torne desnecessariamente ameaçado por sua causa. Se as pessoas em uma cidade se mostrassem ousadas em sua fé quando as necessidades de um vizinho o exigirem, e cautelosas quando não houver emergência ... então o número de mortos seria de fato moderado. Mas se alguns estão em pânico demais e abandonam seus vizinhos, e se alguns são tolos a ponto de não tomarem precauções... então o diabo tem um apogeu e muitos vão morrer. Em ambos os casos, isso é uma ofensa grave a Deus e ao homem; aqui está tentando a Deus; lá está levando o homem ao desespero. Então, quem foge, o diabo perseguirá; quem ficar para trás, o diabo o manterá em cativeiro, para que ninguém escape dele”. Embora tenha quase 500 anos, esse conselho ainda é bom hoje.


Oração – O trono da graça

Em sua oração na dedicação do templo, há mais de 3.000 anos, o rei Salomão previu um dia em que Deus poderia permitir pestilências e outras pragas em Israel. Se a oração era oferecida por causa da praga, ele pedia ao Senhor que “ouve e perdoa... a fim de que te temam, para andarem nos Teus caminhos” (2 Cr 6:30-31). Ele orou para que esta fosse a resposta de Deus a “toda oração, e toda súplica que qualquer homem fizer ou todo o Teu povo de Israel, conhecendo cada um a sua praga e a sua dor e estendendo as suas mãos para esta casa” (2 Cr 6:29). Hoje, não olhamos para uma casa física, mas podemos chegar “com confiança ao trono da graça” (Hb 4:16). Qualquer que seja o nosso fracasso, o trono de Deus é sempre um trono de graça. Podemos vir diante do Seu trono por nós mesmos, mas também podemos interceder por outros, e especialmente pelos que neste mundo não conhecem o Senhor.


Também é uma boa oportunidade de falar pelo Senhor, pois em um momento como esse, o coração costuma ser terno e pronto para ouvir. Muitos hoje têm medo, pois o futuro é incerto. Podemos lembrá-los do julgamento vindouro, mas também devemos falar sobre o amor de Deus e como Ele providenciou uma maneira de escapar. A permissão de Deus para esta pandemia é realmente Seu amor por este mundo, pois Ele não está disposto a que alguém pereça. Quando o perigo está próximo, devemos emitir um aviso, mesmo que alguns se ressintam. Um homem que tenha sido violentamente acordado à noite porque sua casa estava pegando fogo não iria reclamar que seu sono havia sido perturbado.


As promessas de proteção

Finalmente, alguns podem sofrer dificuldades econômicas, e isso é algo muito real. Enquanto escrevo, muitos perderam o emprego, pois várias empresas tiveram que demitir grande parte de sua força de trabalho. Com bocas para alimentar, hipotecas ou aluguel para pagar e dinheiro necessário para outras despesas, a situação para alguns parece muito sombria. Nos países mais pobres do mundo, onde muitos vivem “da mão para a boca” ou que nada têm além de sua subsistência, o fechamento de empresas e a colocação de pessoas sob “lockdown” causaram angústia generalizada. Nós que conhecemos o Senhor podemos contar com Suas promessas, tais como: “Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13:5). Em Seu ministério comumente chamado de “o sermão da montanha”, nosso Senhor poderia lembrar Seus seguidores a não pensarem, dizendo: “Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos?” (Mt 6:31) Ele lembrou a eles de que “vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas” (Mt 6:32). Nossa parte é buscar primeiro “o Reino de Deus, e a Sua justiça”, pois, se fizermos isso, a promessa de Deus é de que “todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Ele prometeu cuidar dos Seus e, embora possa testar nossa fé, nunca a desapontará.


Ajudar-se mutuamente

Para equilibrar essas exortações, devemos lembrar de que, embora aqueles gravemente afetados por uma desaceleração econômica devam olhar para o Senhor em primeiro lugar, também cabe a nós ajudar uns aos outros. Não é algo Cristão dizer: “Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos” se não estivermos prontos “e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo” (Tg 2:16). Mais do que nunca, é o momento de trabalharmos juntos e procurarmos encorajar um ao outro nas coisas naturais e também espiritualmente.


Em resumo, então, devemos nos lembrar das exortações do final do Livro de Judas. Devemos continuar a edificar nossa santíssima fé (v. 20). Vamos abrir a Palavra de Deus diante de nós da maneira que pudermos. Sejamos encontrados “orando no Espírito Santo” (v. 20), pois isso expressa nossa dependência. Mas não façamos exigências a Deus, mas contemos com o Seu amor e, assim, sejamos encontrado mantendo-nos “no amor de Deus” (v. 21). Se nosso coração tiver uma percepção constante de Seu amor, as nossas petições serão “em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças” (Fp 4:6). Então, em vez de todos os nossos problemas serem eliminados, teremos algo melhor – “a paz de Deus, que excede todo o entendimento”. “esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (v. 21). Por um lado, esperamos a Sua vinda, porque desejamos ver o Seu rosto; por outro lado, a condição deste mundo tornará Sua vinda por nós uma grande misericórdia. “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20).


W. J. Prost

 

Elias Orou – Ele Orou Novamente


“Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra. E ele orou novamente, e o céu deu chuva, e a terra produziu seus frutos” (Tg 5:17-18).


A passagem a que Tiago se refere (1 Rs 17-18) ocorreu durante o reinado do ímpio rei de Israel Acabe, quando, de uma perspectiva nacional, o culto a Jeová havia sido efetivamente substituído pela idolatria. Moisés havia advertido fielmente Israel das consequências de não obedecer aos mandamentos de Jeová e se voltar para outros deuses (Dt 28:14). Mas Israel fez exatamente isso, e por muitos anos. Agora Elias, agindo no seu papel de profeta e de acordo com a Escritura, que diz: “O SENHOR, por chuva da tua terra, te dará pó e poeira” (Dt 28:24), declara que não choveria por três anos e meio, a não ser por sua palavra. A Escritura não nos diz se Elias orou de modo sincero antes ou depois de ter feito seu pronunciamento corajoso a Acabe (Pv 28:1). Ele provavelmente orou antes e depois, mas o ponto que quero enfatizar dessa parte, no que se refere à atual aflição global, é a relevância das ações de um homem solitário.


Deus longânimo

É reconfortante reconhecer o valor que o Senhor atribui a Seus filhos e às distâncias que Ele percorrerá para alcançá-los. O Senhor causou uma fome mundial a fim de forçar os irmãos de José a descerem ao Egito, o que acabou levando ao seu arrependimento e restauração. Ele enviou uma tremenda tempestade afetando um navio inteiro, a fim de recuperar um homem, seu servo Jonas, que havia fugido de Sua presença. Não está além dos caminhos do nosso Deus causar estragos nas economias do mundo se esse é o meio de alcançar e restaurar um dos Seus.


Intercessão de um homem

Mas em nossa passagem, foi a ação da fé de apenas um homem que transformou a sorte de todo o Israel em mal e depois em bem. A Escritura frequentemente aponta para a humanidade dos servos de Deus. Eles não eram super-humanos. Elias era um homem “sujeito às mesmas paixões que nós”. Ou seja, ele experimentou os mesmos sentimentos que experimentamos. Ele conhecia medo, isolamento, frustração, indignação e muito mais. A Escritura é clara que Elias nem sempre agiu corretamente, assim como nós, e ainda assim, ele foi um homem que mudou o curso da história pela oração individual.


Tem sido frequentemente apontado que, para que a chuva fosse retida, Elias orou sinceramente ou “orou com oração” (JND). Isso não foi uma menção casual ao baixo estado de Israel ou uma queixa de corrupção nos altos escalões, mas uma súplica sustentada e específica para Deus reter Sua bênção, a fim de levar o povo ao arrependimento, a chave para a bênção final. O Senhor Jesus lembrou a Seus discípulos de que o Pai deles enviava chuva “aos justos e injustos” (Mt 5:45). Não é Seu desejo reter Suas misericórdias, mesmo para com os iníquos. No entanto, Deus ouviu a voz de um homem que sofria com a desonra a Jeová e que orava sinceramente.


Ele orou novamente

Mas, após o confronto de Elias com os profetas de Baal no Monte Carmelo, quando o povo finalmente reconheceu que Jeová era realmente Deus, ou “seu” Deus (efetivamente o significado do nome de Elias), ele orou “novamente”. No entanto, a Escritura não registra que ele orou “fervorosamente”. Tal é o coração de Deus – sempre pronto para abençoar, assim que o fim que Ele previu fosse alcançado. Elias, no teor dos pensamentos de Deus, viu uma “pequena nuvem ... como a mão de um homem” e disse a Acabe para descer para que a chuva não o apanhasse. A fé vê o que pode ser considerado irrelevante aos olhos do homem; além disso, a fé reconhece que quando Deus inicia uma obra, por mais imperceptível que seja, resultará em grandes bênçãos.


Então, novamente, assim é em nossos dias. A descrença nos levará ao fatalismo e ao desespero ou nos fará dobrar em esforços frenéticos para conter a maré. Em contraste, a fé se volta para Deus em uma oração sincera, específica e sustentada. Não somos nada, e este é exatamente o lugar que Deus quer que cheguemos, para que “todos os homens conheçam Sua obra” (Jó 37:7).


W. J. Brockmeier

 

O que Parou a Praga? Um Cheiro Suave a Deus

Nos últimos dias, este mundo foi confrontado com um vírus que virou tudo de cabeça para baixo e colocou o medo no coração de milhões. Em minhas leituras pessoais, gostei muito de alguns pensamentos da passagem de 1 Crônicas 21, a respeito da peste que devastou Israel nos dias do rei Davi. Enquanto eu lia, ponderei duas perguntas. O que parou a praga? Por que Davi ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas?


A história é abordada em 2 Samuel 24 e 1 Crônicas 21. A ira do Senhor se acendeu contra Israel por causa de seus pecados. Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi. Davi diz a Joabe que numere Israel. Mais de um milhão de homens são contados em Israel e Judá. Deus ficou descontente e então fere Israel. Gade, o profeta, vai a Davi com três opções. Davi escolhe: “caia eu, pois, nas mãos do SENHOR, porque são muitíssimas as Suas misericórdias” (1 Cr 21:13). Então o Senhor envia uma praga a Israel e 70.000 homens morrem. Então Deus envia o anjo a Jerusalém para destruí-la. Três pessoas diferentes veem o anjo, e a história sofre uma mudança dramática.


O Senhor observou

Primeiro, em 1 Crônicas 21:15, “o SENHOR o viu” e vê o anjo. Algo sobre a visão de Deus do anjo naquele lugar perto da eira de Ornã, o jebuseu, fez com que o Senhor mudasse de direção, e Ele disse ao anjo para conter sua mão! O que seria? Este foi o lugar onde Deus disse a Abraão que oferecesse seu único filho como holocausto (Gn 22:2). Este também era o lugar onde Salomão construiria o templo (2 Cr 3:1). Esta era a cidade onde o Senhor Jesus seria o sacrifício perfeito para Deus (Jo 19:20). Algo nessa visão era tão precioso que a praga é interrompida. Será que o coração de Deus se comoveu como que por um cheiro suave vindo daquele lugar, ao Ele olhar adiante para a cruz? “Holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR” (Lv 1:17). Isto era para Deus.


Davi levantou os olhos

Segundo, em 1 Crônicas 21:16, “levantando Davi os seus olhos” e viu o anjo. Sua resposta é muito diferente. Ele havia pecado. Ele estava com medo. Davi e os anciãos de Israel caíram em seus rostos. Ele assume a culpa e confessa ao Senhor: “Não sou eu o que disse que se contasse o povo? E eu mesmo sou o que pequei e fiz muito mal” (1 Cr 21:17). O anjo do Senhor ordena que Gade diga a Davi que suba e levantasse um altar na eira de Ornã. Ele sabia a profundidade do significado que este lugar tinha no coração de Deus. Davi obedece. A comunhão precisava ser restaurada por causa do pecado de Davi. “Então, do sacrifício pacífico oferecerá ao SENHOR por oferta queimada... manjar é da oferta queimada, de cheiro suave. Toda a gordura será do SENHOR” (Lv 3:9, 16). Isso foi para Deus e o homem, pois Deus Se deleita em comunhão com os Seus.


Ornã viu o anjo

Finalmente, em 1 Crônicas 21:20, “virando-se Ornã, viu o anjo”. Ele e seus filhos se esconderam. Eles estão impressionados com a magnitude da visão. Davi chega a Ornã e pede para comprar a eira. O significado do que aconteceu foi tão grande que ele oferece a Davi não apenas a terra, mas os instrumentos de trilhar e o trigo “para oferta de manjares; tudo dou” (1 Cr 21:23). Quando nos alimentamos do que o Senhor Jesus fez por nós, percebemos que devemos apresentar “tudo” a Deus como nosso culto racional (Rm 12:1). “E, quando alguma pessoa oferecer oferta de manjares ao SENHOR, a sua oferta será de flor de farinha... cheiro suave ao SENHOR” (Lv 2:1-2).


Não parece que essa oferta de manjar (ou cereais – TB) tenha sido realmente oferecida, pois Davi substituiu uma oferta de holocausto pela oferta de manjar sugerida por Ornã. Mas é bonito ver que Ornã, que naquele momento não sabia nada sobre a conversa entre Gade e Davi, estava pronto para dar para ele tudo o que tinha disponível, como um presente gratuito, a fim de facilitar um sacrifício ao Senhor.


Neste lugar

Foi neste lugar que Davi ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas, e invocou o Senhor, e Ele lhe respondeu. Então, a praga é interrompida. “E o SENHOR deu ordem ao anjo, e ele meteu a sua espada na bainha” (1 Cr 21:27). A praga acabou!


Confio que, durante esses tempos, procuraremos nos lançar sobre as misericórdias do Senhor e permanecer em comunhão com Ele (oferta pacífica), enquanto nos lembramos do perfeito sacrifício (oferta queimada). O que aconteceu na cruz do Calvário com nosso Senhor Jesus Cristo, o perfeito Filho de Deus, ascende a Deus como um cheiro suave, e isso impede que a pior praga de todos os tempos caia sobre mim!


M. Allan

 

Dia da Visitação – Betsaida


A Escritura contempla um dia ou tempo da visitação (Jr 8:12; Lc 19:44; 1 Pd 2:12). Esse dia pode chegar a um indivíduo (1 Pe 2), a uma cidade (Lc 19) ou a uma nação (Jr 8). É em misericórdia (Lc 19; 1 Pe 2) ou em juízo (Jr 8). E, novamente, pode ser usado para glorificar a Deus por ele (1 Pe 2) ou pode ser para desprezo (Lc 19). A visitação em misericórdia é anterior à visitação em julgamento, e o intervalo pode ser longo ou curto. Vemos isso na história moral de diferentes nações, como Egito, Israel e o próprio mundo.


Misericórdia

Quanto ao Egito, José foi dado a essa terra em misericórdia; por ele Deus fez deles a cabeça das nações e o celeiro de toda a Terra. Mas José foi esquecido, a misericórdia foi menosprezada, e então Moisés e as pragas foram enviados. Quanto a Israel, Jesus foi dado, o Messias foi enviado, a cura foi dispensada e as bênçãos da aliança foram trazidas à porta. Mas Jesus foi rejeitado, e agora a desolação e o cativeiro vieram. Quanto ao mundo, a morte de Cristo é agora pregada em sua virtude salvadora, como aquilo que satisfaz plenamente a Deus quanto ao pecado. Mas, sendo menosprezada, a mesma morte de Cristo será visitada em juízo sobre o mundo que é culpado por ela. Que simples consistência e perfeição moral são encontradas nos caminhos de Deus! Que alívio descobrir isso, em meio a toda confusão terrenal!


Julgamento

Como já notei, a visitação em juízo pode não ocorrer até depois de um longo intervalo, pois os dias atuais da graça têm sido realmente longos. Mas, novamente, o intervalo pode ser curto. No entanto, se esse dia for menosprezado, esse dia de visitação deixa o local ou a pessoa em uma condição pior do que antes. Acredito que Betsaida, na história do evangelho, ilustra isso.


Aquela cidade teve um dia de visitação. Foi muito favorecida. As poderosas obras do Senhor foram feitas lá além da medida comum, e André, Pedro e Filipe, três dos apóstolos do Senhor, pertenceram a essa cidade (Jo 1:44). Mas esse favor havia sido menosprezado. O lugar não havia se voltado para ele; não se arrependeram (Mt 11:20). Ainda assim, não está completamente fora do alcance da abundante graça de Cristo. Depois de tudo isso, o Senhor a visita e tem consigo os recursos de Sua graça e poder. No entanto, a maneira pela qual esses recursos são trazidos agora, depois de terem sido menosprezados, é cheia de significado e tem uma grande lição moral para nós (Mc 8:22-26).


Fora da cidade

Um cego em Betsaida é levado ao Senhor, e eles O pedem para tocá-lo. Certamente um toque ou uma palavra seria suficiente, e a cura teria seguido imediatamente. Mas há reserva e atraso – um processo mais gradual do que o poder de Cristo teria exigido. Temos que notar isso com cuidado. Ele pega o cego pela mão e o leva para fora da cidade. Isso foi significativo; Betsaida havia perdido o título ao ver as obras de Cristo. Ele já havia feito Suas obras ali, e eles não se arrependeram. Ele agora tira o cego da cidade, como Moisés anteriormente havia retirado o tabernáculo do arraial (Êx 33). Ambos os atos foram judiciais. Eles falavam de uma distância que o Senhor agora tomara em justiça, seja do arraial ou da cidade. Mas essa reserva ou distância deixou cada israelita em liberdade para buscar o Senhor no tabernáculo fora do arraial, e aqui esse cego pode encontrar o poder curador de Cristo fora da cidade. Que consistência nos caminhos de Deus! Quão brilhantes eles brilham! Como a glória divina está estampada na Escritura!


Misericórdia desprezada

Mas embora este homem de Betsaida fosse encontrar a virtude curadora do Senhor, deve ser de uma maneira que se distinga eminentemente. Ele cuspiu nos olhos, colocou as mãos sobre ele e depois perguntou-lhe “se via alguma coisa” (Mc 8:23). Isso foi algo peculiar. O Senhor já havia hesitado antes sobre a perfeição de Seus atos? Não – nem neste caso. Mas Ele deve dar caráter a esta ocasião. Ele gostaria que agora se soubesse que a misericórdia menosprezada é sensível. Deveria ser assim; e assim é conosco. Repetiríamos nossas gentilezas com aqueles que já nos desprezaram, sem ao menos deixar saber que sentíamos alguma coisa? Que a bondade seja exercida com certeza, mas é moralmente apropriado que algumas expressões a acompanhem. E se é assim conosco, também é com Deus. Toda a corrente do livro de Juízes nos permite saber disso. Cada libertador subsequente é levantado em favor de Israel com maior reserva, porque Israel havia pecado contra as misericórdias anteriores. E o mesmo acontece com o Senhor Jesus em Seus feitos nesta cidade da Galileia.


A segunda vez

A cura prossegue lentamente. Para a pergunta, se o homem via alguma coisa, ele respondeu: “Vejo os homens, pois os vejo como árvores que andam” (Mc 8:24). Como isso é estranho! Não foi assim com o cego em Jericó, e o mendigo cego em João 9 tem apenas que dizer: “fui, e lavei-me, e vi”. Mas aqui a cura é tardia e trabalhosa. Jesus ainda tem que trabalhar. Ele colocou as mãos uma segunda vez sobre ele e depois o fez olhar para cima. E somente no final desse processo prolongado sua visão foi restaurada. Antes deste ponto, ele não havia sido totalmente levado à graça e poder do Filho de Deus, pois essa é a nossa restauração – tornando-se nada menos do que aquilo que essa graça e poder nos tornariam. “E já via ao longe e distintamente a todos”.


Não diga isso na cidade

Narrativa valiosa, séria e pesada! Oh, a maravilhosa variedade moral e plenitude que são encontradas na Escritura! Betsaida não era um material novo na mão de Cristo. Tinha sido falsa para com Ele, e deve saber que isso é sentido por Ele, embora Sua graça seja abundante. E quando a misericórdia é aperfeiçoada e o cego vê todos os homens com clareza, o Senhor encerra a cena dizendo: “Nem entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia” (Mc 8:26 – ACF). Como cidade, o dia de Betsaida já tinha passado; sua condição estava selada. O julgamento por causa do desprezo da misericórdia estava diante dela, e o Senhor já o havia dito claramente em Mateus 11:22. Portanto, agora é dito: “Nem entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia”.


Novo material

Em contraste com este caso, que conforto pode ser encontrado em um novo material! O próprio Senhor achou isso em Samaria. Quão livre e feliz Ele estava lá, seja na fonte de Jacó ou na aldeia de Sicar. Ele ficou lá, como em casa, por dois dias, pois o solo tinha sido novamente arado e visitado. Os pecadores estavam aprendendo a salvação, e a fé deles preparou um banquete para Ele. Ele tinha comida ali para comer, que não Lhe seria fornecida nem mesmo pela diligência daqueles que estavam constantemente com Ele.


O Espírito ainda acha isso. Ele sempre nos quer “como bebês recém-nascidos” – chegando com frescura de sabor e desejo ao leite da Palavra que Ele mesmo preparou e providenciou para nós (1 Pd 2:22). E nós mesmos achamos isso em nossa experiência dos dias atuais, pela qual estamos passando, na graça de Deus.


O Senhor Jesus Se convidou para a casa e a hospitalidade de Zaqueu, que estava então no seu frescor, com o desabrochar das primeiras afeições sobre ele, mas “Ele fez como quem ia para mais longe” (Lc 24:28), quando Ele chegou à casa daqueles que estavam há muito tempo caminhando com Ele, mas que acabavam de raciocinar com pensamentos surgindo em seus corações. Certamente, novamente, posso dizer: Que maravilhosa variedade moral pode ser encontrada na Palavra de Deus! E que expressões dos segredos divinos, os segredos da graça e da sabedoria, que indicações das simpatias e sensibilidades divinas, encontramos no caminho do Espírito do Senhor pelas circunstâncias da vida, como Ele entra neles dia após dia!


J. G. Bellett (adaptado)

 

Lei e Graça Sacerdotal


Juntando Números 17 e 20, vemos a graça de Deus no governo sacerdotal, para trazer Seu povo redimido pelo deserto, e também o contraste entre lei e graça sacerdotal.


Essa graça é afastada de Israel pelo pecado, mas a graça, é claro, não permite o pecado. A lei não poderia trazer o povo para a terra. A lei manteve toda a nação fora, exceto Josué e Calebe, que seguiram o Senhor completamente. Vemos as ações da lei no capítulo 16, no julgamento que caiu sobre Corá e sua companhia. Se, quando redimidos, tivéssemos sido colocados sob a lei, não estaríamos melhor do que antes. Ainda assim, Deus não pode permitir o pecado. Tampouco poderia desistir do povo, pois, como Moisés implorou a Ele, não havia Ele redimido a eles (Nm 14:13-16)? Ele não pode desistir deles, Ele não pode permitir o pecado e, portanto, Ele traz a graça sacerdotal para enfrentar a dificuldade. Para tirar seus murmúrios, Ele não usa a vara de Moisés, mas a de Arão. A vara de Moisés só poderia julgá-los por seus pecados, e assim tirar seus murmúrios por julgamento. Mas Aarão faz isso pela graça sacerdotal.


A vara de Aarão – Graça sacerdotal

Deus torna muito manifesto por quem Ele agirá. A vara de Arão é escolhida dentre as 12 varas, e o notável sinal de ela florescer e produzir fruto mostrou que o sacerdócio estava conectado tanto ao poder de conceder vida quanto à intercessão. Ambos são necessários para sustentá-los e levantá-los quando falhassem. “O último Adão” foi feito “em espírito vivificante” (1 Co 15:45). Este é o cuidado e a autoridade pela qual somos guiados pelo deserto. Somente o sacerdócio de Cristo pode nos levar adiante. É também a vara da autoridade, pois “como Filho, sobre a Sua própria casa” (Hb 3:6). Mas vemos que a descrença não pode se valer disso: “Então, falaram os filhos de Israel a Moisés, dizendo: Eis aqui, nós expiramos, perecemos, nós perecemos todos. Todo aquele que se aproximar do tabernáculo do SENHOR, morrerá; seremos, pois, todos consumidos?” (Nm 17:12-13). Deus havia mostrado a eles que havia essa graça; eles haviam visto o poder em Arão correndo entre a congregação e cessando a praga. Eles tinham base para certeza plena, mas a incredulidade prevaleceu. Eles não conheciam a Deus, embora naquele exato momento Ele estivesse agindo por eles em graça sacerdotal.


Fé provada

As circunstâncias do capítulo 20 os colocam à prova, pois quando o poder aparente decai, a fé é posta à prova. Não há água! Eles estavam em um estado mental terrível – desejando ter compartilhado o julgamento que caíam sobre seus irmãos, pois não havia confiança em Jeová. No entanto, eles se chamavam congregação de Jeová. Eles tinham o orgulho, mas não o conforto dela. Moisés e Arão caíram com o rosto no chão. Não parecia haver remédio, mas Jeová apareceu; Ele era o único remédio, e Ele faz da vara de Arão o meio de aplicação desse remédio. Já havia sido indicado antes da ocasião do exercício. Havia uma necessidade real, e Deus nunca nega isso, mas Ele nos fará ir a Cristo para atender a essa necessidade. Não era para ser a vara de Moisés, pois então deveria haver julgamento. Nem a pedra deveria ser ferida novamente. Agora se podia beber água sem ferir a rocha, pois ela já havia sido ferida pela vara do julgamento.


Fale à Rocha

Da mesma forma ocorre conosco. Tudo chega até nós por meio de Cristo ter estado na cruz, e não precisamos mais da cruz, mas da obra sacerdotal. Era agora: “falai à rocha perante os seus olhos, e dará a sua água” (Nm 20:8). Todas as coisas são nossas; Aproximamo-nos agora, não para aceitação, mas para suprir nossas necessidades. Em Números 20:9-10, vemos que Moisés ficou irritado e falou imprudentemente. Ele não podia subir à altura da graça de Deus, e era por isso que ele não podia entrar na terra. Ele estava em uma mente melhor na primeira vez que Israel murmurou. Então ele disse: “Não é contra nós que murmurais, mas contra Jeová”; agora ele diz: “tiraremos água desta rocha para vós?” Ao fazer isso, ele estava se levantando juntamente com Arão, e usando a autoridade de Jeová para fazê-lo. Ele também fere a rocha. Realmente haveria mais glória em Moisés se ele tivesse falado em vez de ferir, mas ele não viu isso.


Santifique-O

Deus chamou a vara de Arão de “a vara”, pois a outra foi colocada de lado; eles nunca estariam debaixo daquela vara novamente. É Cristo por nós, ou nada. Algum outro princípio deve ter lidado com eles assim como com Corá. Ferir a pedra novamente seria o mesmo que dizer que, porque falhamos, Cristo deve morrer novamente. É negar a graça dizer que tudo é necessário agora, exceto intercessão. “Santificá-Lo” seria dar-Lhe crédito por tudo o que Ele é, como Ele Se revelou. “Santificá-lo em nossos corações” é creditar a Ele tudo o que Ele é. Mas Moisés não fez isso. Ele não contava com a graça de Deus, que era tudo o que era necessário. Mas Deus suspende Sua graça por causa disso? Ele interrompe o fluxo da água para saciar a sede deles? Não, não o faz! Se Moisés falhou em santificá-Lo diante do povo, isso fará com que Ele Se santifique mais diante deles. Ele mesmo entra em cena quando aquele que deveria agir, falha. Assim como quando os discípulos, que deveriam ter sido capazes de expulsar o espírito maligno do menino, falharam em fazê-lo, Jesus, descendo do monte da transfiguração, disse: “Traga-o para Mim”. Era errado que eles não pudessem expulsá-lo, mas Seu próprio envolvimento pessoal foi obtido com isso. Ele dá ao povo a água que eles precisam, apesar da incredulidade de Moisés e dos murmúrios deles. Ele agirá de acordo com a vara de Sua designação, se Moisés não o fizer.


Cristo Nunca Falha

Assim, Cristo nunca falha em realizar aquilo que, como Sacerdote, empreendeu. Israel deveria ter andado sob o poder e o conforto dessa vara. Eles viram as flores e os frutos, e deveriam ter contado com isso. Se há algo que queremos e duvidamos obter, porque dizemos que não o merecemos, isso está nos colocando sob a lei. É esquecer que é “Fale apenas a palavra”. Ele lida com todo o nosso mal, como Seus filhos, em graça. Veja o caso de Pedro. Foi porque ele se arrependeu que Jesus orou por ele para que sua fé não falhasse? Nós sabemos que não foi por isso. E foi porque Pedro chorou que o Senhor Se virou e olhou para ele? Foi depois que ele chorou. Quando erramos, a graça sacerdotal age por nós e obtém para nós a graça de ver, confessar e de nos afastarmos do erro. Cristo provou o coração de Pedro, mas não o deixou no mal. Este é o privilégio de Seus filhos.


O sacerdócio da Igreja

A graça envia o evangelho ao mundo. A graça dá o sacerdócio à Igreja. Tudo se origina em Deus. Se eu peco, não sou eu quem vai ao sacerdote, mas Ele vai a Deus por mim. Não está escrito: Se um homem “se arrepende”, mas se “pecar”, “temos um advogado junto ao Pai”. Quando, pela ação da graça sacerdotal, me é dado uma percepção do meu pecado, vou a Deus em busca de força contra esse pecado. É Ele Quem obtém para mim aquilo que me traz de volta a Deus. Tudo isso é fruto de Sua graça não solicitada. Foi Deus Quem designou a vara. Ele é o Deus da graça, apesar de todo o nosso mal, e quando o vemos somos perplexos. Carregar-nos pelo deserto é tanta graça quanto redenção e perdão. Mesmo quando Israel lutou com Deus, Ele foi “santificado neles”. É muito triste ter “Meribá” (censura ou conflito) escrito em qualquer parte da nossa história, mas Ele faz disso uma oportunidade para a Sua graça. O povo conseguiu o que precisava, embora Moisés tenha sido excluído de Canaã. Deus os faria conhecer a extensão de Sua graça. Em outra ocasião, a graça pode agir de uma maneira diferente – castigando, talvez, se necessário, mas isso lhes ensinou qual era o caráter e a extensão da graça. É a mesma graça que falou em Isaías 43:22: “Mas te cansaste de Mim, ó Israel”. Mas então Deus diz: “mas Me deste trabalho com os teus pecados e Me cansaste com as tuas maldades” (Is 43:24). Que linguagem Deus precisou usar! Ele continua: “Eu, Eu mesmo, Sou o que apaga as tuas transgressões por amor de Mim” (Is 43:25). Nada pode nos deixar mais envergonhados de nossa incredulidade do que essa graça surpreendente. E tudo por causa de Cristo. Nada nos faz odiar o pecado assim.


J. N. Darby (adaptado)

 

Comovidos – Ainda Uma Vez


“Ainda uma vez comoverei, não só a Terra, senão também o céu” (Hb 12:26).


Nessas palavras, o escritor da epístola aos hebreus fez uma interpretação livre de uma predição proferida pela primeira vez pelo profeta Ageu, e a citou para enfatizar a palavra “uma vez”. Notemos isso bem! “Ainda uma vez” (ou, mais uma vez). Então, como não haverá mais agitação, será a coisa final. Será um ato de Deus e, portanto, o próximo versículo do capítulo explica que “E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneçam”. Sabemos, portanto, qual será o fim de tudo o que foi arruinado pelo pecado, e não precisamos nos surpreender se houver abalos hoje.


Quando um terremoto atinge uma parte da superfície da Terra, surge como um raio num céu azul. Sem o menor aviso, a catástrofe cai e as pessoas são arremessadas pela terrível convulsão da natureza que ocorre; então, por semanas e até meses depois, há tremores secundários. A Terra teve seus grandes deslocamentos, mas há uma série de solavancos menores antes de se estabelecer em sua nova posição. Esse é o caminho da matéria criada, mas o caminho de Deus ao lidar com os homens parece ser o contrário.


Juízo providencial

Quando, por exemplo, Deus sacudiu o Egito no seu ponto central pela morte dos primogênitos, Ele anunciou a aproximação desse abalo maior pelos nove abalos menores anteriores, que chamamos de “pragas”. Estes foram julgamentos providenciais com tendência a aumentar em severidade. Por fim, veio o grande choque quando, pelo anjo da morte, o próprio Deus desceu em julgamento.


Por isso, deve ser mais uma vez em uma escala mais vasta. O livro do Apocalipse é a previsão dos abalos, que crescem em intensidade, até atingirem os céus e a Terra, e culminam na gloriosa Aparição do Senhor Jesus em julgamento. Mas podemos nos sentir inclinados a perguntar: Por que sacudir os céus, assim como esta Terra pecaminosa?


Os céus

A resposta para essa pergunta é esta: que os céus são a sede do poder de Satanás. Ele é chamado de “o príncipe das potestades do ar” (Ef 2:2), e sob ele existem “principados” e “poderes”, “os governantes do mundo dessas trevas” e “hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes” (Ef 6:12 – TB). Os maus movimentos que enchem a Terra são em grande parte direcionados da sede do poder de Satanás nos céus. Deus vai tratar em juízo não apenas o pecado e os males que enchem a Terra abaixo, mas também os poderes satânicos acima, de onde tudo é direcionado.


Vemos a mão divina começando a sacudir as coisas na Terra, quando alcançamos Apocalipse 6. Quando chegamos a Apocalipse 12, descobrimos que os céus estão abalados e Satanás removido e lançado na Terra. Então este abalo final da mão de Deus chega ao fim em Apocalipse 19.


Preparativos para o abalo final

No momento presente, é manifesto que os assuntos dos homens estão em uma posição muito insegura. Houve algum momento na história do mundo em que o espírito de autoafirmação, inquietação e insurreição foi mais poderosamente manifestado em todos os cantos da Terra? O que podemos chamar de tremores de terra estão se tornando cada vez mais distintos. Nações, governos, organizações, todo o sistema mundial, de fato, tornaram-se como um edifício que mostra terríveis rachaduras e fissuras, aguardando, como sabemos, o abalo final – “ainda uma vez”.


Agora, o Cristão deve estar alarmado e desanimado? Na verdade ele não deve estar! Ele recebe “um reino que não pode ser abalado”, como declara o versículo 28 do nosso capítulo. Um leitor cuidadoso de toda a epístola [Hebreus] dificilmente deixa de notar os adjetivos que frequentemente ocorrem – “eterna salvação”“duas coisas imutáveis”“um sacerdócio perpétuo”“eterna redenção”“uma possessão melhor e permanente”“concerto eterno”. Por fé, já chegamos a uma região de realidades abençoadas, conforme estabelecido nos versículos 22 a 24 deste décimo segundo capítulo. No capítulo onze, a fé é fortemente enfatizada, pois somente pela fé essas realidades permanentes são realmente abraçadas por nós no presente momento.


Reverência e temor de Deus

Qual é a nossa ocupação, vivendo como vivemos no meio deste mundo instável? É claramente, como afirma o final de nosso capítulo, “sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade” (v. 28). Para ser aceitável, nosso serviço deve estar de acordo com Sua mente e vontade reveladas para o tempo presente. Não somos enviados para sustentar o sistema mundial em ruínas, já que Deus como “um fogo consumidor” lidará com ele em sua hora. O propósito expresso de Deus para este tempo é tomar das nações “um povo para o Seu nome” (At 15:14). E Seu propósito inclui ainda: “o aperfeiçoamento dos santos... a obra do ministério... a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:12).


Que Deus nos estimule a servi-Lo de maneira aceitável com reverência e temor piedoso, enquanto ainda nos encontramos em meio a essas agitações preliminares que marcam a atual era do mal!


F. B. Hole (adaptado)

 

Oração de Josafá


Josafá em sua oração lembra a Deus que Ele havia dado a terra da Palestina ao Seu povo Israel: “E habitaram nela e edificaram nela um santuário ao Teu nome, dizendo: Se algum mal nos sobrevier, espada, juízo, peste ou fome, nós nos apresentaremos diante desta casa e diante de Ti; pois Teu nome está nesta casa; e clamaremos a Ti na nossa angústia, e Tu nos ouvirás e livrarás. Agora, pois, eis que os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, pelos quais não permitiste que passasse Israel, quando vinham da terra do Egito, mas deles se desviaram e não o destruíram, eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos fora da herança que nos fizeste herdar. Ah! Deus nosso, porventura, não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em Ti. E todo o Judá estava em pé perante o SENHOR, como também as suas crianças, as suas mulheres e os seus filhos” (2 Cr 20:8-13). A casa de Deus em Jerusalém era então o local de reunião do Seu povo, e ali orações deveriam ser feitas em dias de dificuldade. Agora a casa do Senhor é a assembleia, e seu centro de reunião é o nome do Senhor Jesus Cristo. Você e eu temos o maravilhoso privilégio de hoje de levar, diante de Deus, tudo o que Lhe diz respeito, em nome de Seu próprio Filho abençoado, com a certeza de que Ele ouvirá e ajudará. Deus é um Deus de encorajamento, e o que Ele Se deleita em fazer por nossas almas é nos encorajar.


W. T. P. Wolston

 

Cuidado Protetor de Deus


Não tenho dúvidas de que o Senhor tem algo a dizer sobre essas coisas e que é necessário exercício para aprender qual é a Sua mente. Se você ler em Hebreus 12, verá que há três coisas de que se fala em conexão com o castigo. Estes estão desprezar, desmaiar e ser exercitado por ele. Os dois primeiros estão no versículo 5 e o terceiro no versículo 11. Não devemos desprezar quando somos castigados, nem desmaiar sob Sua repreensão, mas devemos ser exercitados; e produziremos o fruto pacífico da justiça naqueles que são exercitados. Espero que você seja capaz de aprender algo com essas coisas e procure tirar proveito da maneira que o Senhor gostaria. É uma coisa séria viver como Cristãos, e precisamos diariamente e a toda hora nos colocar sob os cuidados do Senhor, pois nunca sabemos a que perigos invisíveis podemos estar expostos. Eu tive contratempos quando tinha a sua idade e um pouco mais velho, e pouco percebi o que isso significava na época, mas não sabia a verdade como você. E, pensando neles desde que vi como o cuidado de Deus estava sobre mim em meio a perigos terríveis, o pensamento dessas coisas muitas vezes serviu para me tornar mais cuidadoso desde então. Em Filipenses 2:12-13 temos: “Operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade”. Esta não é a salvação da alma, mas sim das dificuldades do caminho, etc. Deus trabalha em nós para que queiramos fazer e para que cumpramos a Sua boa vontade e, quando nos entregamos inteiramente a Ele e à Sua vontade em simples obediência, seguimos em frente. Caso contrário podemos entrar em sérios problemas, e temor e tremor não são palavras sem sentido. Sempre é necessário ter um temor santo, bem como a busca da ajuda e do cuidado de Deus. E precisamos ter cuidado e nos proteger da imprudência, e continuar com Deus, na percepção de dependência d’Ele. “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti” (Is 26:3). E novamente: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e n’Ele confiarei. Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas estarás seguro; a Sua verdade é escudo e broquel” (Sl 91:1-4). É bom perceber a verdade e a realidade de tais Escrituras. Existe um cuidado divino com o qual podemos contar. Se você ler 2 Reis 6:15-17, verá como o homem de Deus está protegido do perigo, quer haja olhos para vê-lo ou não. Cavalos e carros de fogo rodeavam Eliseu. Assim, o cuidado de Deus é visto no seu caso. Nada pode acontecer conosco que Ele não permita, e se Ele permite algo, Ele tem um propósito nisso. E, portanto, precisamos buscar Sua face e aprender o que Ele quer dizer.


A. H. Rule, 1896 (de uma carta)

 

Indiferença ao Pecado e à Graça


Uma questão mais séria do que a da pobreza vem agora à vista; ou seja, do pecado em toda a sua culpa e impureza, pois “muitos leprosos havia em Israel”; todavia eles eram indiferentes a essa manifestação do pecado no meio deles. O Senhor Jesus no dia de Sua visitação ao Seu povo testemunhou a excelência e a eficácia daquela graça na qual Ele veio a eles como o Enviado de Deus. Ele veio a Nazaré e, entrando na sinagoga deles, leu a profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor é sobre Mim”, etc., e disse: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lc 4:18; 21). No entanto, seus corações estavam fechados contra Ele, suas consciências não foram despertadas; recusaram-se a reconhecer sua condição de culpados e contaminados e sua própria necessidade profunda. “E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro. E todos, na sinagoga, ouvindo essas coisas, se encheram de ira” (Lc 4:27-28). Eles tropeçaram na graça soberana de Deus, e assim é agora. “Porque assim como vós [gentios] também, antigamente, fostes desobedientes a Deus, mas, agora, alcançastes misericórdia pela desobediência deles [judeus], assim também estes, agora, foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada” (Rm 11:30-31). O significado desta última frase é que os judeus recusaram a misericórdia mostrada aos gentios, para que, no final, eles também pudessem entrar com base na pura misericórdia.


A graça se mostra para os indignos, onde há a confissão de pecados e a submissão à justiça de Deus, em vez do estabelecimento da justiça própria (Rm 10:3), e o reconhecimento do senhorio de Cristo. O fato de haver muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu foi um testemunho da impureza da nação aos olhos de Deus. Mas não havia nenhum exercício de coração diante de Deus. Jeová disse: “Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de Seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos Seus mandamentos, e guardares todos os Seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque Eu sou o SENHOR, que te sara” (Êx 15:26).


Desde o momento em que o pecado encontrou uma entrada neste mundo, Deus nunca deixou de insistir com o homem, comprovando haver a bondade divina em Si mesmo, mas, na criatura, apenas a ingratidão e rebelião. Os muitos leprosos imundos em Israel nos dias de Eliseu; a grande multidão, nos dias de nosso Senhor, de gente impotente, cega, paralítica, mirrada, esperando o movimento das águas do tanque de Betesda; os dez leprosos de Lucas 17; todos davam testemunho inequívoco do estado e das condições reais da nação e da insuficiência da lei cerimonial que, embora contentando o povo, não encontrava a gravidade do pecado diante de Deus. Assim, com Eliseu, como vimos, houve um testemunho semelhante ao estado baixo do povo; no entanto, a bondade soberana de Deus estava lá para qualquer pessoa que confessasse verdadeiramente sua necessidade. Os grandes em Israel não o discerniram; todavia, no entanto, podia ser conhecido em sua liberdade e eficácia pelo “estrangeiro” que esperava a bênção.


G. S. Byford (adaptado)

 

A Praga de Seu Próprio Coração


O homem que se defrontou com o Deus vivo e verdadeiro desenvolve uma profunda convicção de sua própria insignificância e pecado; a condenação própria é uma característica marcante nele. Ele toma consciência de sua própria pecaminosidade, pois a luz divina e examinadora brilhou sobre ele.


Descrevendo essa experiência, Martin Lutero disse: “Quando um homem como eu conhece a praga de seu próprio coração, não fica miserável; ele é a própria miséria. Ele não é apenas pecador; ele é o próprio pecado absoluto”. E ele percebe que é necessária uma obra poderosa para que ele seja salvo e reconciliado a Deus.


J. T. Mawson

 

As Sombras


Tendemos a pensar nas sombras como uma semiescuridão.

Cantos escuros; a luz desapareceu de uma sala ensolarada.


Mas Deus a apresenta para nós como um local de descanso.

Um lugar tranquilo de segurança – um ninho com penas suaves.


Um lugar de contemplação, proteção, prazer –

Fora da luz do Sol, uma visão clara e tranquila.


Sob Sua sombra habitando – frutos tão doces para provar.

Sombra de uma grande rocha, em uma terra cansada de pressa.


Alegre-se, confie nas sombras! Elas abrigam, fornecem –

Um lugar para doce comunhão; ali com Ele habitar.


C. P. H.

 

“Deus é O que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade”

Filipenses 2:13

 


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