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Foto do escritorRevista O Cristão

Paz e a Aparição do Senhor (Janeiro de 2021)

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Revista mensal publicada originalmente em janeiro/2021 pela pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


J. N. Darby

Bible Treasure, vol. 8 (adaptado)

F. W. Lavington (adaptado)

F. C. Blount (adaptado)

J. C. Trench (adaptado)

W. J. Prost

J. N. Darby (adaptado)

G. C. Willis

W. J. Prost

J. N. Darby

The Christian Friend, 1874

Selecionado

 

Paz e a Aparição do Senhor


Qual é o segredo da infelicidade e inquietação de muitos santos? Um ardente desejo de descanso aqui. Deus é, portanto, obrigado a disciplinar e exercitar essa alma – para permitir, talvez, alguma circunstância para detectar o verdadeiro estado do coração, tocando naquilo que a vontade esteja interessada. As circunstâncias não incomodariam se não encontrassem em nós algo contrário a Deus; elas soprariam como a brisa. Deus lida com aquilo em nós que impede a comunhão, e impede nossa busca de descanso, a menos que n’Ele somente. Sua disciplina é o exercício contínuo e incansável de amor, que não descansa agora, para que possamos entrar em Seu descanso. Se Ele destrói nosso descanso aqui, se Ele transforma nossa comida em veneno, é apenas para que Ele possa nos levar ao Seu próprio descanso, para que possamos ter aquilo que satisfaça Seus desejos, não os nossos. [Ele] descansará no Seu amor” (Sf 3:17). Se tivermos a consciência de gostar de algo que Deus não gosta, não podemos ficar em paz. Mesmo que tenhamos encontrado paz de consciência sobre nossos pecados, pelo sangue da cruz, isso destruirá nossa comunhão e paz de coração se gostarmos de algo que Deus não gosta. Se houver alguma coisa não

abandonada na vontade, não pode haver paz; se tivermos Sua paz, e Deus Se apresenta, nossa paz permanecerá.


J. N. Darby

 

Paz – Sua Paz


Em João 14:27, há duas características de paz apresentadas a nós: “Deixo-vos a paz” e “A Minha paz vos dou”. Precisamos de paz, antes de tudo, para a consciência, e este foi o principal objetivo da vinda de nosso Senhor aqui – especialmente em Sua morte. Como nos é dito em outro lugar, Ele fez “a paz pelo sangue da Sua cruz” (Cl 1:20). E assim, quando Ele ressuscita dos mortos, Ele diz a Seus discípulos: “Paz seja convosco!” – uma paz que transborda tanto que nosso Senhor a repete quando os estava enviando. “Paz seja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20:19, 21).


A primeira paz bendita é entre Deus e nossa alma, paz no que diz respeito à questão de nossos pecados. Mas isso não é tudo. Quando a encontramos, é absolutamente necessário para o bem-estar de nossa alma que conheçamos a paz de Cristo. Isso imediatamente mostra a diferença. Cristo nunca precisou da paz que precisávamos por estarmos em inimizade com Deus, mas Ele a teve para desfrutar de uma paz que nunca havia antes. Portanto, Ele acrescenta: “A Minha paz vos dou” – a paz que reinou n’Ele e iluminou tudo ao Seu redor.


A Paz de Cristo

Em Colossenses 3:15 (AIBB), temos a expressão: “E a paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em [governe – JND] vossos corações”. Ele, a cabeça do corpo, estava sempre no gozo perfeito e ininterrupto dessa paz, como Aquele que nada jamais poderia inquietar. Ele pôde sofrer, lamentar, gemer, chorar – tudo isso Ele conhecia – mas ainda em tudo isso Sua paz habitou n’Ele.


Sem dúvida, na cruz houve uma experiência totalmente diferente. Não podemos falar de paz lá. Mas o que Ele provou lá, nunca somos chamados a saber mesmo no menor grau. Houve um sofrimento ali que era totalmente peculiar a si mesmo, e aquela hora permanece sozinha para sempre. Mas em Seu trato comum com Deus, havia uma coisa que nunca mudava. Tudo estava em seu devido lugar, porque nosso bendito Mestre esperou em Deus e recorreu aos infinitos recursos de Deus para cada momento.


Assim, embora Ele pudesse ocasionalmente arder de indignação, mostrar terna compaixão sobre tristeza, repreender os discípulos por sua incredulidade ou mostrar justo descontentamento com o orgulho e a hipocrisia dos homens, havia uma coisa que nunca falhava: Sua paz. Que pensamento que tal é a paz que Ele nos dá! Jesus a deixa conosco, como um último legado que nos vem de Sua morte, a paz – a porção conquistada com justiça para a alma que crê em Seu nome.


"Minha paz"

Mas “Minha paz” parece ser uma mais profunda, pessoal e revigorante bênção de Seu próprio coração, que sempre foi cheio dela até transbordar. Isso compreende a paz que Ele fez para nós pelo sangue de Sua cruz a qual nos deixou, mas também nos coloca maravilhosamente em comunhão com Ele, desfrutando agora da paz que Ele mesmo desfrutou. Ele nos dá Sua paz – Ele, o Senhor da paz, que andou nela como ninguém jamais andou. Oh, que possamos valorizar Sua paz!


O Senhor da Paz

Há outra Escritura à qual gostaria de me referir brevemente – 2 Tessalonicenses 3:16: “Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda maneira”. Ouvimos repetidamente que Deus deu a Si mesmo o título de Deus de paz, mas “o Senhor da paz” é uma expressão muito mais incomum. Não creio que signifiquem exatamente a mesma coisa, por mais que estejam intimamente ligados. “O Deus de paz” aponta para Ele como a fonte dela, pois somente Ele O poderia ser. A paz é o que uma criatura pecadora não conhece, pois tem medo de ver as coisas como elas são. Ele se afasta do Deus que ele desprezou e para cuja presença ele não é adequado. Que mudança quando Deus é conhecido por aquela alma como o Deus de paz! Ele é libertado de seu antigo eu e, portanto, é colocado em Cristo – Aquele que baniu todo o seu mal e o trouxe para o Seu próprio bem.


Mas “o Senhor da paz” é outra fase da verdade que tem sua própria bendita importância, pois nos direciona ao próprio Cristo. Não é apenas que “Ele é a nossa paz”, o que é bem verdade, mas Ele é “o Senhor da paz” também. Com isso entendo que Ele é Aquele que sabe trazer a paz – Aquele que está acima de todas as circunstâncias que tendem a perturbar.


Neste capítulo, então, o Senhor Jesus nos deixou a paz como fruto de Sua morte – a paz que recebemos pela fé n’Ele. Mas então Ele nos dá o mesmo caráter de paz que Ele mesmo desfrutou. A paz que Cristo dá é a paz em comunhão com Ele depois que recebemos a paz por meio de Sua morte. É uma coisa maravilhosa que coração como o nosso seja capaz de tal comunhão com Ele, naquilo que naturalmente contrasta com a nossa própria condição. A razão é esta: sabemos que Deus agora substituiu o primeiro homem pelo Segundo, e quanto mais simplesmente aplicarmos isso a nossa própria alma, mais calmos ficaremos em meio a coisas que tendem a perturbar. Podemos contar com Ele.


O Deus de Paz

Se há coisas fora do nosso controle, nas mãos de Quem elas estão? Sabemos que estão nas mãos de Deus, e o nosso Deus é o Deus de paz. Do que temos que nos guardar é da nossa própria vontade, não agirmos com base em nossa própria natureza, pois não devemos ser governados pelas circunstâncias. Somos trazidos à luz da presença de Deus; é lá que caminhamos, e crer nisto e repousar nela é precisamente o ponto de fé para nós dia após dia. Que libertação de tudo como engano ou caminhos não Cristãos, nos quais certamente cairemos se O perdermos de vista. Se não estivermos andando conscientemente com Ele, então o eu certamente se manifestará nas várias formas do Adão caído.


Temos o Senhor da paz para fixar nosso olhar, que está no comando do leme e que não apenas preserva o navio, mas controla os elementos. Não contamos com as circunstâncias, nem com as pessoas, pois muitas vezes temos a mais profunda tristeza daqueles com quem mais contamos. Deus não permitirá que façamos um ídolo de algo ou de alguém. Temos Deus acima de tudo, e não apenas isso, temos um Homem acima de tudo – um Homem glorificado e colocado sobre todas as obras das mãos de Deus. Esse Homem é nosso Senhor, e nosso Senhor é o Senhor da paz. Que benção! Certamente está em Seu poder, e “Fiel é O que vos chama, O qual também o fará” (1 Ts 5:24).


Bible Treasure, vol. 8 (adaptado)

 

Uma Grande Bonança


Em Marcos 4:26-29, encontramos uma semelhança do reino não mencionada pelos outros evangelistas. Segue a parábola do semeador e a explicação do Senhor a Seus discípulos. Devemos ter em mente que este evangelho apresenta nosso Senhor Jesus Cristo como o Profeta-Servo, o Ministro da Palavra. Em seguida, o capítulo termina com eles entrado no barco e atravessando o lago.


Dormir e levantar

Temos primeiro, na parábola do semeador, o novo lugar que o Senhor assume em consequência de Sua rejeição. Ele traz aquilo que tem vida em si, em vez de buscar frutos dos homens. Ele explica a parábola e depois dá a semelhança do reino que mostra o que sucederia ao tempo de semeadura pelo Senhor pessoalmente – o tempo em que Ele Se ausentaria da cena do trabalho. De acordo com todas as aparências, Ele não apenas não tomaria parte ativa em cuidar da semente, mas também pareceria não ter interesse nela. É como se Ele dormisse, e Se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo Ele como” (Mc 4:27). Observemos, de passagem, a expressão “dormir e levantar”, pois esse pensamento parece se repetir no final do capítulo. A terra produz frutos por si mesma, mas na época da colheita o Senhor pessoalmente reafirma Seu lugar e coloca a foice. Assim será no fim dos tempos. Segue-se a parábola da árvore de mostarda, que desenvolve o pensamento do que a Cristandade se tornaria no mundo durante a ausência de Cristo. Brotando da menor das sementes, tornar-se-ia grande. Torna-se “a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos”, de modo que as aves do céu (os poderes do mal) podem alojar-se à sua sombra.


Agora, isso é o que achamos verdadeiro hoje. A Cristandade tornou-se um poder mundano e, para a fé, muitas vezes há o profundo exercício: “Onde está Cristo em tudo isso?” Que consolo saber que, quando eles estavam a sós, “tudo declarava em particular aos Seus discípulos”. Se cultivássemos mais a comunhão somente com Cristo, entenderíamos melhor as Suas coisas. A negligência está conosco, nunca com Ele.


O outro lado

Em nosso capítulo, a noite chegou ao final do dia de trabalho e, da mesma forma, o dia da semeadura e da salvação está rapidamente chegando ao fim. O que tem o coração do discípulo para firmá-lo em um mundo como este, que se torna um elemento estranho para ele quando conhece a Cristo? Oh! Estas abençoadas palavras: “Passemos para a outra margem” (Mc 4:35). Que segurança elas transmitem! Que gozo! Apesar do fato de que o mundo não O vê, nós O vemos (Jo 14:19), e em toda a confusão do momento presente, Sua Palavra fortalece os fracos e reivindica a fidelidade de todos. “Passemos para o outro lado”.Como poderia haver espaço para temor no coração dos discípulos se eles tivessem visto o que as palavras implicavam? Elas queriam dizer que Ele Se encarregou da segurança deles até a outra margem. E, no entanto, eles gritam com a manifestação do perigo, com o pensamento incrédulo de que Ele não Se importava se eles perecessem!


Ele dormiu e Se levantou

Sim! Mas talvez você possa dizer que Ele estava dormindo. Amados, depois daquela palavra: “Passemos” o que quer que acontecesse, eles estavam seguros. Foi apenas para ver e sentir que Ele parecia não Se interessar pelo bem-estar deles, mas nem as tempestades da vida nem todos os poderes do mal podem nos submergir se confiarmos n’Ele. Ele dormia, mas ao seu clamor Ele Se levantou (compare v. 27) e repreendeu os elementos; os discípulos viram o poder e o amor que estavam com eles o tempo todo, embora eles não soubessem disso. “Houve grande bonança” (v. 39). É demais dizer que espiritualmente tal conjuntura como esta ocorre na história de cada um de nós? O poder da morte amedronta a alma, mas a familiaridade com a Palavra de Cristo e o conhecimento de Sua presença acalma todo medo da jornada. É apenas na incredulidade que Ele não Se importa . E quando nosso coração O conhece assim e sabe que Ele está conosco “todos os dias, até a consumação do século” (Mt 28:20 – ARA), que temor pode permanecer? Não há uma “grande bonança” na alma?


Em meio a todos os perigos, ao levantar, sacudir e ameaçar das ondas, conhecemos aquela voz que fala não apenas silenciando os elementos, mas com grande calma ao coração, pelo mesmo poder onipotente? O Senhor deu-Se a conhecer melhor a todos os Seus santos dessa maneira.


F. W. Lavington (adaptado)

 

Tende Paz entre Vós


“Tende paz entre vós” (1 Ts 5:13). Quantas vezes o oposto disso é visto em assembleias. Muito frequentemente há um estado de inveja e conflito. “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros” (Gl 5:15). Não tem sido o inimigo de fora; nós perecemos em matança mútua. “No mundo tereis aflições” (Jo 16:33), mas temos o direito de esperar coisas melhores na assembleia.


A palavra “Jerusalém” significa “uma morada em paz”, e cada assembleia deve ser uma espécie de uma pequena Jerusalém. Alguns dirão: “A sabedoria que vem do alto é, primeiro, pura, depois pacífica” (Tiago 3:17). Mas aquele que permite que a carne corrija o mal está permitindo exatamente aquilo contra o qual está lutando e busca a purificação de outro com as mãos sujas. Para usar a “água da separação”, você deve ser “uma pessoa limpa” (Nm 19). Além disso, não diz: “A sabedoria que vem de cima é apenas pura”, mas primeiramente pura”, implicando claramente que tem outras qualidades. É “pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia”. É triste que os traços de gentileza e misericórdia muitas vezes faltem naqueles que lutam pela pureza. Deus uniu essas coisas; devemos separá-las? A verdade tem como sua companheira a virtude, pois “pela misericórdia e pela verdade se purifica a iniquidade” (Pv 16:6).


Cheia de misericórdia

Não erremos, “cheia de misericórdia”. Jamais lutaríamos pela tolerância do mal, pois a santidade convém à casa do Senhor para sempre. Mas a santidade é garantida e Sua glória mantida ao sacrificar a graça que Ele ordena – mansidão, gentileza e misericórdia? O que estamos considerando não é uma proposição fria e abstrata; isso envolve consciência e coração, e nosso comportamento diante de Deus. Sua honra não está tão ligada à minha conduta em consertar as coisas quanto à conduta daquele que já errou? Amados irmãos, em muitos que são muito zelosos pela verdade a esse respeito, há espaço para julgamento próprio; de fato, o pó convém a cada um de nós. Se Satanás pode estragar uma ação levando-nos além da verdade ao lidar com o pecado (e é difícil não fazer isso), ele triunfou.


Você não pode lavar os pés de um irmão com um bastão, nem é uma ação de longa distância, como por um esfregão. Você deve estar aos pés dele para limpá-los adequadamente. E não se esqueça da ação da toalha. A coisa deve ser feita tão completamente que nada seja deixado sequer para sugerir que o irmão alguma vez precisou de purificação; caso contrário, você está cedendo à falta de confiança e a brecha permanece. Ao ouvir outro dizer: “Não tenho confiança nesse irmão”, aquele a quem se falou respondeu: “Você tem alguma em si mesmo?” A verdade tem uma ação reflexa, então, quando você a dirige para o outro, você mesmo pode, e deve, sentir o fio dela.


O espírito de mansidão

“se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai [restaurai – TB] o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado” (Gl 6:1). Se há um lugar mais do que outro qualquer onde evidenciamos nossa falta de espiritualidade, é em nossa incapacidade de restaurar aqueles que são surpreendidos. Acredito solenemente que o Senhor tem uma controvérsia conosco, não apenas pelo que permitimos nos outros, mas pelo que permitimos em nós mesmos no espírito e temperamento de nossa ação para com aqueles que falham. Podemos ponderar com proveito no Salmo 103:8-14 . Devemos “permanecer firmes” quanto à verdade, mas permanecer onde Sua luz perscrutadora brilha sobre nós assim como sobre nosso irmão; devemos manter a verdade, “como está a verdade em Jesus”, que era “manso e humilde de coração”. Ele foi o grande Pacificador, e isso Lhe custou muito caro. Pode nos custar algo fazer paz, mas nela somos abençoados.


A paz de Cristo

“A paz de Cristo” deve presidir em nosso próprio coração (Cl 3:15 – JND) se for para se espalhar para outros. “O fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz” (Tg 3:18). Deve ser escrito diante de nossa alma em letras em negrito e claras: “DEUS É RICO EM MISERICÓRDIA”, embora ela nunca deva se degenerar para tolerar o mal em nós mesmos ou nos outros. Para aqueles que foram tratados com disciplina fiel, que possamos cultivar o espírito de: “depois que falo contra ele, ainda me lembro dele solicitamente” (Jr 31:20).


A glória do Senhor

Estamos reunidos em torno do Senhor da glória. Que nivelador este título carrega! Não tenho dúvidas de que o Espírito de Deus adota isso como adequado à linha de coisas diante d’Ele em Tiago 2. Qualquer que seja minha posição, o que sou em tal presença? Somos salvos igualmente pelo mérito de Outro; nossa posição em Cristo é a mesma – “não há ... servo ou livre”. Quão docemente é acrescentado: “Mas Cristo é tudo em todos” (Cl 3:11). O homem que é mais culto é aquele que está mais com Deus. Isso destrói nossos rudes padrões humanos, mas o que é tão refinado quanto o mais santo de todos? Não é deplorável que o sentimento pessoal às vezes seja coberto com a tela da preocupação com a glória de Deus? “Vossos irmãos, que vos odeiam e que para longe vos lançam por causa do meu nome, disseram: Seja glorificado o Senhor”. Ao que se acrescenta: “mas eles serão confundidos” (Is 66:5).


Nisso, eu não forneceria alívio para aqueles que colhem o fruto de seu pecado, mas exporia aquele mal sutil que muitas vezes passa despercebido e que não apenas falhou em proteger Seu nome contra a reprovação, mas mergulhou a assembleia em confusão, rompendo o fluxo livre de amor e comunhão até que tudo se torne algo menos um convívio pacífico.


Que o Senhor Se compadeça de nós em nossa fraqueza e fracasso. Que possamos andar de cabeça baixa e espírito corrigido, atentos aos Seus interesses, enquanto cultivamos aquele amor que cobre uma multidão de pecados, em vez de expô-los aos outros. Permitirmos a nós mesmos aquilo que condenamos nos outros significa desastre.


O amor verdadeiro

O verdadeiro amor, e não mero sentimento, tomará forma de acordo com o estado do objeto dele. Nem sempre será uma coisa afável. Ele buscará a bênção, e não meramente a gratificação, de seu objeto. Mas a frouxidão não deve ser enfrentada com legalismo. Quando Timóteo perdeu a coragem, Demas foi para o mundo e todos se afastaram, Paulo escreve: “fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1). Ele “amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela”. Mas, em meio ao fracasso dela, Ele está “cingido pelo peito com um cinto de ouro”; Seu amor é contido, retido corretamente. Comentando a expressão “retido corretamente”, alguém recentemente me escreveu: “Devo ter certeza de que é isso que quero dizer quando digo isso. Precisamos evitar que uma frase seja usada por hábito. Já vi isso ser usado, inconscientemente, sem dúvida, como um disfarce para impaciência e sentimentos pessoais.”


Um bom teste pode ser: isso me gratifica ou me entristece? Eu sinto isso no amor? Eu carrego isso como uma tristeza? Conto isso para os outros ou para Ele?


F. C. Blount (adaptado)

 

A Paz Conforme Apresentada no Evangelho de Lucas


Paz profetizada

“hás de ir ante a face do Senhor ... para dar ao Seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados, pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, com que o oriente do alto nos visitou, para alumiar os que estão assentados em trevas e sombra de morte, a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” (Lc 1:76-79).


Foi assim que Zacarias, sendo cheio do Espírito Santo, falou de seu filho João. Quão grandes e maravilhosas são as bênçãos que ele profetizou que viriam aos homens pelo advento do Senhor Jesus Cristo ao mundo; bênçãos tendo como fonte a ENTRANHÁVEL MISERICÓRDIA DE NOSSO DEUS.


Essas bênçãos são:

  1. LUZ para os que estão nas trevas e na sombra da morte.

  2. REMISSÃO DE PECADOS.

  3. O CONHECIMENTO DA SALVAÇÃO, e estas três conduzem ao que não pode ser conhecido sem elas, a saber:

  4. O CAMINHO DA PAZ.

Sabemos que nossos pecados estão todos perdoados, com o seguro conhecimento disso? Se assim for, fomos guiados no caminho da paz! Poderia algo ser mais abençoado do que ter certeza da posse de todas essas coisas, no Senhor Jesus Cristo? Era missão de João anunciar o advento do Senhor Jesus, Aquele que traria essas bênçãos aos homens.


Proposta de paz (Lc 2:1-20)

Todo o mundo foi colocado em movimento por um decreto de Augusto, mas ele pouco imaginava que era para trazer o cumprimento da Palavra de Deus por Seu profeta, pois Jesus nasceria em Belém de acordo com Miqueias 5:2.


Aquele Bebê desprezado e despercebido era o Filho Eterno do Pai – o Filho de Deus – o Criador e Sustentador de todas as coisas! Deus desceu aos homens, e para ser um Homem para alcançá-los!


Aos humildes pastores nas encostas da Judeia apareceu uma multidão de anjos louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus na maior altura, e na Terra paz, bom prazer nos homens” (Lc 2:14 – JND).


Glória é atribuída a Deus na maior altura, e PAZ é anunciada para a Terra em conexão com a vinda do Senhor Jesus Cristo. Mas “na Terra, paz” dependia da Terra aceitar o Senhor Jesus como Salvador e Senhor, e a paz duradoura é impossível de outra forma. Tem Ele sido recebido desta forma pelo mundo? Certamente não. Em suma, “Sua vida é tirada da Terra” (At 8:33). E com Ele também foram levadas todas as esperanças de paz para a Terra, até que Ele venha novamente em julgamento. Só então Ele estabelecerá a paz com base na justiça.


A paz possuída (Lc 2:25-32)

Mas permanece o fato de que a paz que o mundo recusou pode ser obtida e desfrutada por todo indivíduo pronto para receber o Senhor como Salvador. Como exemplo disso, a paz entrou na alma de Simeão, quando o Menino Jesus foi levado pelos pais ao templo. Simeão O tomou em seus braços e louvou a Deus e disse: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o Teu servo, segundo a Tua Palavra, pois já os meus olhos viram a Tua salvação” (Lc 2:29-30). Assim será com todos os que recebem o Senhor Jesus como seu Salvador. N’Ele se encontram tanto a salvação como a paz.


A paz fingida (Lc 11:14-22)

Apesar de os judeus não O receberem, Jesus andava fazendo o bem entre eles, mas os fariseus atribuíam Seus milagres ao diabo. Mas o fato é que o homem estava sob o poder de Satanás, e o Senhor Jesus veio para destruir o poder de Satanás. “Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem. Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava e reparte os seus despojos” (Lc 11:21-22).


Aprendemos com isso que existe um tipo de paz que o diabo ministra a seus enganados. Ele é “o valente... armado”, o mundo é “a sua casa” e os pecadores perdidos são “tudo quanto tem”. O Senhor Jesus veio para dar paz, mas eles blasfemaram contra Ele. A verdade é que “Os ímpios, diz o meu Deus, não têm paz” (Is 57:21).


Paz impedida (na Terra - Lc 12:49-53)

A rejeição manifesta do Senhor em Lucas 11 nos prepara para a surpresa em Lucas 12:49-53, onde parece haver uma contradição do anúncio do anjo em Lucas 2, “Paz na Terra”. “Cuidais vós que vim trazer paz à Terra? Não, vos digo, mas, antes, dissensão [divisão – ARA].


Isso é surpreendente, mas confirma que a rejeição do Senhor é totalmente incompatível com a realização da paz na Terra. Portanto, quando Sua rejeição veio claramente à vista, o Senhor repudia claramente qualquer ideia de que a paz na Terra como sendo possível. Para aqueles que O recebem, há de fato paz para ser desfrutada, mas esta pobre “Terra” pode procurá-la em vão até que o julgamento tenha removido de Seu reino “tudo o que causa escândalo e os que cometem iniquidade” (Mt 13:41). É somente “havendo os teus juízos na Terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9).


Paz perpetuada (no céu - Lc 19:37-44)

“E, quando já chegava perto da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! PAZ NO CÉU e glória nas alturas!”.


Agora não era mais “paz na Terra”, mas “paz no céu”. E por que essa mudança marcante? Porque o Senhor estava indo para lá depois que ressuscitou dos mortos. A paz O segue, e onde quer que Ele seja recebido, a paz deve estar.


Paz adiada (Lc 19:41-44)

“E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos ... pois que não conheceste o tempo da tua visitação”.


Pobre Jerusalém! A hora de sua visita pelo Príncipe da Paz havia chegado, mas ela permaneceu obstinada e inacessível. Ela não conheceu a hora de sua visitação, e nisso ela era como o mundo de hoje! O terno coração do bendito Senhor encheu-se de pesar quando Ele olhou do Monte das Oliveiras para a cidade culpada, e chorou por ela.


Mas podemos confortar nosso coração com a contemplação do fato de que em um dia futuro será diferente, e Jerusalém não apenas conhecerá o Senhor (a cidade onde Ele foi crucificado) como Senhor e Rei, mas daquele local abençoado fluir a paz para o mundo inteiro?


Então, certamente Jerusalém saberá “AS COISAS QUE PERTENCEM À TUA PAZ”.


Paz proclamada (Lc 24:36)

Antes de Jesus proferir as alegres palavras “paz seja convosco”, Ele fez a paz “pelo sangue da Sua cruz”, satisfazendo todas as reivindicações justas de um Deus santo. Deus, em consequência disso, O ressuscitou dentre os mortos. Ele foi entregue por nossas ofensas e ressuscitou para nossa justificação, para que, sendo justificados pela fé, tenhamos PAZ COM DEUS por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Para que o que o mundo perdeu pela rejeição do Senhor, o crente individual possa ter e desfrutar pela fé no bendito Salvador, que subiu ao céu e Se assentou à direita da Majestade nas alturas.


Para resumir, então, o que temos diante de nós, conforme extraído do evangelho de Lucas:


PAZ:

  • Foi profetizada por Zacarias,

  • Foi proposta pelos anjos,

  • Foi possuída por Simeão,

  • É fingida por Satanás,

  • É excluída da Terra durante a rejeição de Cristo,

  • É perpetuada no céu,

  • É adiada para Jerusalém até que ela receba o Rei que voltará,

  • É proclamada aos crentes agora que Cristo ressuscitou;

  • E pode-se acrescentar, é personificada no céu, onde a paz é estabelecida, pois “ELE É A NOSSA PAZ” (Ef 2:14).

J. C. Trench (adaptado)

 

Justiça em Paz


A expressão “fruto de justiça” (ou “frutos de justiça”) ocorre três vezes no Novo Testamento. Em Filipenses 1:11, está relacionado com nossa aprovação de “coisas excelentes”, pelas quais seremos cheios dos “frutos de justiça” até que sejamos manifestados em glória no dia de Cristo. Em Hebreus 12:11, está relacionado com nossa conduta para com Deus, ao aceitar a correção e aproveitar-se dela. Em Tiago, no entanto, está conectado com nossa conduta para com os outros e, assim, a paz é trazida a ela; “o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz” (Tg 3:18 – AIBB).


O custo para fazer a paz

Não é fácil, em um mundo caracterizado pelo pecado, unir justiça e paz. Nosso bendito Salvador fez isso na cruz, pois foi só então que se pôde dizer: “A justiça e a paz se beijaram” (Sl 85:10). Mas fazer esta paz custou ao nosso Senhor e Salvador Sua vida e os indizíveis sofrimentos nas três horas de trevas. Agora desfrutamos de paz com Deus quanto aos nossos pecados, pois “o Filho do Seu amor” fez “a paz pelo sangue de Sua cruz” (Cl 1:13, 20), a fim de que “a graça reinasse pela justiça para a vida eterna” (Rm 5:21).


É maravilhoso desfrutar desta paz interior, que todo verdadeiro crente tem o direito de desfrutar. Mas a respeito deste mundo, nosso próprio Senhor poderia dizer: “Cuidais vós que vim trazer paz à Terra? Não, vos digo, mas, antes, dissensão [divisão – ARA] (Lc 12:51). Vivemos em um mundo injusto e, como tal, nunca haverá paz real até que nosso abençoado Mestre tenha Seu lugar de direito. Este mundo rejeitou o Príncipe da paz e, em vez disso, escolheu um homem que combinava em seu caráter quase todos os pecados violentos – homicídio, insurreição, sedição e roubo. Não é de surpreender que nem a justiça nem a paz tenham caracterizado este mundo desde então. A paz nesta Terra, com justiça, virá somente com o julgamento, pois “havendo os teus juízos na Terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9). Ao mesmo tempo, no Milênio, lemos que “o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança, para sempre” (Is 32:17). Justiça e paz serão vistas naquele dia. E agora?


Justiça com graça

A divisão à qual nosso Senhor Se referiu em Lucas 12:51 é a divisão entre crentes e incrédulos – entre aqueles que aceitam o Senhor Jesus e aqueles que O rejeitam. Não pode haver comunhão real entre os dois grupos, pois “que comunhão tem a luz com as trevas?” (2 Co 6:14). Como já apontamos, o mundo é caracterizado pela falta de justiça e também pela falta de paz. Mas isso nos leva aos crentes que, tendo uma nova vida em Cristo, devem exibir justiça e paz. Isso nem sempre é fácil de conseguir! Certamente um crente deve sempre ser justo em seus negócios, mas uma ênfase exagerada na justiça sem a graça pode falsificar nosso Cristianismo e atrair o eu. Como alguém disse: “A justiça, especialmente quando ligada ao caráter e à honra, é rígida e repulsiva, porque tem medo de si mesma e por si mesma”. A fim de ter justiça com paz, a graça deve ser introduzida. Novamente, para citar o mesmo autor: “A graça que habita em perfeita justiça, estando acima do pensamento de si mesmo, porque é divina em sua natureza e sendo segura em perfeita justiça. por dentro, tem um tom gracioso por fora, pode pensar pelos outros. Assim era Cristo”.


É esta graça, ativa no coração de um crente, que permite que a justiça exista com paz, e quando isso é assim, como temos em Tiago 3:18 (AIBB), “o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz” É a graça que fez a paz para nós, em Cristo, na cruz do Calvário; é essa mesma graça que, operando nos crentes, faz a paz entre eles, e também mantém a justiça. O eu não é introduzido, pois a graça pensa nos outros, não em si mesmo. A justiça está ali, pois a graça de Deus foi manifestada em perfeita justiça, mas não é a justiça reinando; antes, “reine a graça pela justiça” (Rm 5:21 – TB), como vimos. A graça de Deus, embora mantendo plenamente a justiça, o faz de uma maneira que se refere a Cristo, e não ao eu próprio.


O fruto aparece

No entanto, notamos que o “fruto da justiça em paz” é “semeado”; ou seja, o fruto pode não aparecer imediatamente. Nas coisas naturais, pode decorrer muito tempo entre a semeadura e a colheita. No caso do Senhor Jesus, apesar de Sua manifestação de graça incomparável ao homem, Ele foi rejeitado. O fruto dessa graça veio depois, e ainda não foi totalmente manifestado, pois ainda é no futuro que Ele verá “o trabalho de Sua alma” e “ficará satisfeito” (Is 53:11). Muitas vezes é assim para os crentes. Existem aqueles que fazem a paz, agindo tanto em justiça como em paz, mas descobrem que o fruto que deveria ser visto não aparece imediatamente. Assim como o homem não regenerado rejeitou a verdade, a graça e o amor no Senhor Jesus, um crente, se a carne estiver ativa, pode fazer a mesma coisa. A inveja e a contenda, junto com outros sentimentos pessoais, podem atuar nos objetivos daqueles que promovem a paz e impedirem que “o fruto da justiça em paz” amadureça como deveria.


Isso é potencialmente desanimador, mas lembremo-nos de que não devemos nos cansar “de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido” (Gl 6:9). Se Deus graciosamente semeou a semente para nós, podemos depender d’Ele para trazê-la ao proveito. De fato, o uso da palavra “fruto” no versículo implica que o resultado abençoado de fazer a paz aparecerá. Às vezes, pode aparecer imediatamente, pelo que podemos ser gratos e encorajados. Como é maravilhoso ver o fruto da justiça em paz manifestado entre os santos de Deus! Mas se o fruto tarda, descansemos no fato de que, se agirmos com justiça em paz, pela graça, a semente foi semeada, e o fruto certamente chegará.


W. J. Prost

 

O Conselho da Paz


Zacarias 6 foi escrito após o retorno dos judeus da Babilônia e tinha como objetivo incentivá-los no trabalho de reconstrução do templo. Mas “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação”, e assim a glória do Senhor Jesus Cristo é esperada como a verdadeira consumação. Então aqui, depois de uma alusão à história da providência de Deus nas quatro grandes monarquias e ao julgamento da Babilônia, o profeta conforta o coração daqueles que retornaram com uma profecia direta de Cristo.


O Espírito de Deus na Escritura sempre olha para Cristo, vendo todas as coisas que dizem respeito a Ele e à Sua futura glória. Os muitos libertadores levantados por Deus para os judeus em tempos de necessidade eram apenas figuras do “Salvador”. E assim aqui: “Ele mesmo edificará o templo do SENHOR, e levará a glória, e assentar-Se-á, e dominará no Seu trono, e será sacerdote no Seu trono, e CONSELHO DE PAZ haverá entre ambos” (Zc 6:12-13). “Eis aqui o Homem cujo nome é Renovo” é Quem fará tudo isso; Zorobabel é meramente uma figura. Quer afete os destinos do homem, de Israel ou da Igreja, tudo se centra em Jesus. Os pensamentos de Deus sobre Jesus estão marcados em todos.


Glórias futuras

Deve ter sido um grande conforto para os santos do passado ter glórias futuras assim reveladas a eles, pois sempre que o Espírito Santo despertava desejos espirituais em qualquer coração, esses desejos não podiam ser satisfeitos com libertação ou bênção temporal. Eles tinham muito pelo que agradecer ao Senhor, mas sempre havia a presença real do mal ou o medo do perigo e do mal.


Assim é com a Igreja agora. De fato, temos bênçãos maiores e revelações mais claras, mas ainda existe o mal. Nos tempos dos maiores avivamentos, sempre houve aquela mistura com eles que tendiam ao mal. Nunca, até que Ele apareça, todos os desejos de nosso coração nos serão concedidos; nunca, até que despertemos em “Tua semelhança”, estaremos realmente “satisfeitos” (Sl 17:15). Nada menos servirá, porque o Espírito de Cristo está em nós. Nossas esperanças se dirigem para o propósito final de Deus de bênção plena.


E aqui temos unidade de esperança com os judeus. Eles estão esperando a glória terrenal; nós também esperamos ver a Terra cheia “do conhecimento da glória do SENHOR” (Hc 2:14), enquanto nossa esperança é a própria porção de Cristo na glória celestial. Tanto as glórias terrenais quanto as celestiais se encontram em Jesus e serão manifestadas quando Ele vier. Ele é o Cabeça de ambos. “O conselho de paz” (Zc 6:13) é entre Jeová e o Messias.


Cristo no trono

Mas onde está Jesus agora? Como o “Sacerdote no Seu trono”, Ele ainda não governa, mas Se assentou no “trono do Pai”“à direita da Majestade nas alturas”. Lá está Ele como o Sumo Sacerdote de Seu povo. E assim nos é dada uma clara revelação do “conselho de paz” que nos pertence mesmo agora, em meio aos problemas atuais, mas ainda a paz de Deus. Posso ter meu espírito muito perturbado e conhecer provações de coração, mas ainda assim tenho o direito à perfeita paz em tudo; não apenas paz com Deus, mas paz em todas as circunstâncias, porque Deus é “por nós” em tudo.


Se Deus tivesse feito paz com Adão, isso não teria durado: a inimizade no coração do homem logo a teria destruído novamente. E seria sempre o mesmo, pois a própria vontade do homem é totalmente errada. “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8:7). Mas agora “o conselho de paz” é entre Deus e Jesus, em vez do homem, e, portanto, há segurança. A palavra “conselho” implica propósito deliberado. Que solidez deve haver naquela paz sobre a qual Deus tinha um “conselho” e todos os compromissos dos quais a mente de Jesus entrou e cumpriu plenamente! Quanto às nossas circunstâncias, Deus está cuidando de tudo o que nos diz respeito para fazer “todas as coisas contribuírem juntamente” para o nosso bem, e o conhecimento disso dá paz em todas as circunstâncias, mesmo nas provações, perplexidades e tristezas. “Considerai, pois, Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Hb 12:3); no entanto, Ele sempre teve paz. E nós também podemos: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti” (Is 26:3).


Conselho entre Deus e Jesus

Mas então é muito importante ver que “o conselho de paz” é inteiramente entre Deus e Jesus. No momento em que começamos a colocar nossa paz em qualquer coisa de nós mesmos, nós a perdemos, e é por isso que tantos santos não têm paz estabelecida. Só podemos estabelecer a paz tendo-a à maneira de Deus. Não devemos nos apoiar em nada, nem mesmo na obra do Espírito dentro de nós, mas no que Cristo fez. Somente em Cristo Deus encontra aquilo em que Ele pode descansar, e o mesmo acontece com Seus santos. O que Jesus é e o que Jesus fez é o único fundamento em que podemos descansar.


Jesus veio a este mundo e glorificou a Deus, onde faltava honra a Deus. Quando os olhos de Deus pousaram sobre Jesus, Ele ficou perfeitamente satisfeito. Nada foi encontrado n’Ele, exceto amor perfeito e devoção perfeita a Deus. Mesmo quando abandonado por Deus, Ele ainda O justifica – “Tu és Santo”. De acordo com “o conselho de paz”, Ele Se entregou; foi para nós que Ele “fez a paz pelo sangue da Sua cruz”, e assim Ele foi, para Deus, um “cheiro suave” de descanso para nós. Tudo está feito, e Jesus, como prova de que tudo está consumado, assentou-Se no trono de Deus. O assentar-Se é a prova de que Ele não tem mais nada a fazer por Seus amigos; agora Ele apenas espera “até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés”.


Seu sacerdócio

Mas, para que possamos desfrutar dessas coisas, Ele está agindo de outra maneira como Sacerdote. Tendo o Espírito de Cristo habitando em nós, consequentemente vemos muitas coisas em nós mesmos contrárias a Ele, que impediriam a comunhão com Deus. Precisamos de Seu sacerdócio para manter nossa comunhão com Deus; precisamos d’Ele em nossos pecados diários, como foi dito: “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 2:1). Em nosso favor diante de Deus, precisamos do Consumador do “conselho da paz”“Jesus Cristo, o Justo”.


Aqui, então, está “o conselho de paz” que foi proposto entre Deus e Jesus. Aqui só temos paz. Deus reconheceu publicamente Sua aceitação da obra de Cristo, assentando-O à Sua própria direita. O Espírito Santo é enviado para nos testemunhar que Jesus está agora “no trono de Deus”, pois “por uma oferta aperfeiçoou em perpetuidade os santificados” (Hb 10:14 – JND).


Não estejais inquietos

Podemos passar por muitas provações, mas ainda assim temos a perfeita certeza do favor de Deus, e “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8:31). “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4:6-7). A palavra é “Não andeis ansiosos de coisa alguma”: se uma única coisa fosse excetuada, Deus não seria Deus. Se estamos com problemas de espírito, vamos a Deus sobre isso.


Precisamos desse “conselho de paz”, porque tudo o que somos em nós mesmos é inimizade contra Deus. Não posso abandonar este “conselho” para olhar para o meu próprio coração por um momento: isso é “entre Ambos”.


Quem ou o que nos separará do “amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor?” Será tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo ou espada? Não, essas coisas devem, como meios para mortificar a carne, apenas ministrar para a glória de Cristo. Será a morte? Isso apenas nos levará à Sua presença. Será a vida? É por isso que desfrutamos de Seu favor. Ele está “no trono” como Testemunha eterna da paz realizada, e a partir daí Ele a ministra a nós.


J. N. Darby (adaptado)

 

O Senhor da Paz


“Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda maneira” (2 Ts 3:16).


“O Deus de Paz” e “O Príncipe da Paz” são expressões familiares, que se tornaram extremamente queridas para nossa alma, cada uma levando sua própria mensagem especial para nosso coração. Mas a expressão “O Senhor da Paz” talvez não seja tão frequentemente considerada, embora nestes dias de tristeza ela nos transmita uma mensagem particularmente preciosa.


No início de 2 Tessalonicenses, encontramos o apóstolo elogiando os santos tessalonicenses por seu amor uns pelos outros - "o amor de cada um de vós todos uns pelos outros é abundante" (2 Ts 1:3 – JND). Mas no terceiro capítulo, ao se aproximar do final da epístola, ele dá uma ordem solene: “Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que andar desordenadamente e não segundo a tradição [instrução – JND] que de nós recebeu” (2 Ts 3:6). A desordem em Tessalônica parece ter sido que havia alguns que estavam “não trabalhando, antes intrometendo-se na vida alheia” (v. 11 AIBB). Mas a Palavra vai ainda mais longe: “Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal e não vos mistureis [relacioneis – TB] com ele, para que se envergonhe. Todavia, não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão” (2 Ts 3:14-15). Entre as palavras dadas “por esta carta” encontramos o seguinte: “Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa” (2 Ts 2:15).


Nenhuma companhia com os desordenados

Esses mandamentos são muito profundos e solenes, e devem ter sido especialmente dolorosos para os santos de Tessalônica, onde "o amor de cada um de vós todos uns pelos outros é abundante" (2 Ts 1:3 – JND). O que causa mais verdadeira tristeza e dor do que ser compelido a “se apartar de” ou ter que “não se misturar com” um irmão muito amado? Não apenas os laços de coração desses queridos santos tessalonicenses devem ter sido feridos por tais mandamentos, mas a própria paz da assembleia parecia estar em jogo. No entanto, tais são os comandos claros e solenes: “que vos aparteis”, “não vos relacioneis com ele”.


Qual é o consolo e a fonte de força que Deus dá para tal momento? “Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda maneira”, ou como outra tradução diz de uma forma muito bela, “em todo o tempo e em todas as circunstâncias”. Porque ELE é o nosso Senhor, nosso caminho é obediência implícita à Sua Palavra, embora às vezes possa ser doloroso. Quão precioso, então, é lembrar de que nosso Senhor é “O Senhor da paz” e que Ele pode dar paz, assim como gozo e coragem, em todo o tempo, sim, mesmo em nossos tempos! E em todas as circunstâncias, sim, mesmo nas nossas circunstâncias!


G. C. Willis

 

Paz Verdadeira e Duradoura


Mais de dez anos atrás, na edição de agosto de 2010 do The Christian , discutimos o assunto da Paz Mundial. Naquela época, os Estados Unidos e a Rússia haviam acabado de assinar outro tratado de desarmamento, com vistas a reduzir o estoque de armas nucleares de cada país. Outras nações elogiaram essa mudança e acharam que era mais um passo em direção à paz mundial. Mas nem é preciso dizer que, dez anos depois, a tão procurada paz está mais distante do que nunca. Mais e mais pontos problemáticos surgiram no mundo, e muitos desafiaram todos os esforços para eliminá-los. Dificuldades sérias e a guerra civil na Síria e no Líbano continuam a abalar o Oriente Médio, assim como as contínuas hostilidades entre Israel e os palestinos. (A pesada explosão no porto de Beirute, no Líbano, em 4 de agosto de 2020, com um grande número de baixas e tremendos danos estruturais, complicou ainda mais o processo de paz no Oriente Médio.) O Talibã está ganhando terreno no Afeganistão, enquanto O Iêmen é devastado pela guerra civil, resultando em milhares de vítimas tanto da guerra quanto da fome. Apesar da presença de tropas americanas, o Iraque continua instável e o Irã ameaça o mundo com sua pressão para adquirir novas armas nucleares. Vários países da África, como a Líbia, a Nigéria e a Somália, sofrem com inquietação.


China e Coreia do Norte

As maiores dificuldades, no entanto, dizem respeito à China e à Coreia do Norte. No mesmo ano em que os Estados Unidos e a Rússia assinaram o tratado de desarmamento a que nos referimos, a China ultrapassou o Japão para se tornar a segunda maior economia do mundo. Desde então, a China flexionou seus músculos econômica e militarmente e tentou dominar o Sudeste Asiático e o Mar da China Meridional. Suas manobras agressivas, como a criação de novas ilhas para construir pistas de pouso, irritaram outras nações e alimentaram as tensões na área. Sua recente restrição de liberdade em Hong Kong resultou em protestos generalizados e também indignou outras nações. Enquanto isso, a Coreia do Norte continuou seu desafio para o mundo, e para os Estados Unidos em particular, tendo persistido em construir e testar armas nucleares, enquanto empobrecia seu povo.


O hemisfério ocidental

Mesmo no Hemisfério Ocidental, as guerras das drogas no México entre gangues rivais aumentaram a ponto de o governo parecer incapaz de lidar com elas, e também há sérios focos de conflito na América do Sul, como Venezuela e Colômbia. Nos Estados Unidos, incidentes de alegada brutalidade policial e racismo eclodiram em graves motins e anarquia, e dividiram ainda mais o país. Parece não haver nenhuma área do mundo onde não existam problemas potenciais.


A pandemia

Soma-se a tudo isso a pandemia do coronavírus, que envolveu o mundo inteiro, prejudicou seriamente o comércio e os negócios e matou centenas de milhares de pessoas. Antes que a pandemia se acalme, muitos mais provavelmente morrerão, não apenas como resultado do vírus, mas também devido a interrupções no abastecimento mundial de alimentos, que já era precário em várias áreas. As tensões entre as nações aumentaram previsivelmente, pois cada uma procura proteger seus próprios interesses, proteger a saúde de seu povo e preservar sua economia. Muitos nos países mais pobres estão levantando as mãos em desespero, enquanto se perguntam o que é pior – morrer de colapso econômico e fome ou de pegar o vírus COVID-19. Onde a verdadeira paz pode ser encontrada em tal ambiente?


O Príncipe da Paz

Como apontamos no artigo sobre “Paz Mundial” dez anos atrás, a raiz da guerra é o egoísmo, e a raiz do egoísmo é o pecado. Muito poucos neste mundo realmente escolhem a guerra; antes, o homem escolhe o egoísmo, e o resultado é a guerra. Quando Deus enviou Seu Filho a este mundo como “o Príncipe da Paz” (Is 9:6), este mundo O rejeitou de comum acordo e escolheu um homem que combinava em seu caráter muitas tendências criminosas. O mundo não é diferente hoje. Dois anos atrás, durante uma entrevista, um arcebispo católico romano foi questionado por que o nome de Jesus Cristo não era invocado com mais frequência em discursos à ONU por representantes do Vaticano. O arcebispo defendeu sua abordagem dizendo que preferiam “usar a linguagem dos direitos humanos que é comum no sistema da ONU” para “tentar chegar a todas as pessoas, Cristãos, muçulmanos, budistas, pessoas de todas as convicções”. Essa atitude é geral, pois enquanto o homem pode, de maneira convencional, reconhecer a existência de Deus, seu coração natural odeia a revelação de Deus em Cristo.


Deus agora está oferecendo paz ao homem, como indivíduo, se ele se arrepender e vier a Cristo, e Ele enviou Seus servos “anunciando a paz por Jesus Cristo” (At 10:36). Como resultado abençoado de haver “paz no céu” (Lc 19:38), todos os que creem podem ter “paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). Nada que acontece neste mundo pode tocar a fonte dessa paz, e assim o crente no Senhor Jesus pode desfrutar “a paz de Deus, que excede todo o entendimento” (Fp 4:7), em todas as provações e dificuldades da vida neste mundo.


Paz mundial

Mas que dizer da paz duradoura para este mundo? Os conflitos, as guerras e o derramamento de sangue continuarão indefinidamente? Absolutamente não, pois Deus decretou solenemente: “Eu, porém, ungi o Meu Rei sobre o Meu santo monte Sião” (Sl 2:6). Mas duas coisas são absolutamente necessárias para a paz mundial – a exaltação de Cristo neste mundo e a ausência de pecado. Nenhum esforço do homem em si mesmo pode trazer a paz; deve vir da intervenção de Deus, e nosso Senhor Jesus Cristo precisa receber Seu lugar de direito. Somente “quando os Teus juízos estão na Terra” é que “os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9). Isso acontecerá durante os 1.000 anos do Milênio, quando nosso Senhor Jesus Cristo reinará em justiça. Durante esse tempo, “E a obra da justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre” (Is 32:17 – AIBB).


O Milênio

Mas haverá completa ausência de pecado durante o Milênio? Aparentemente não, pois haverá aqueles que se submeterão a Cristo por medo, mas sem nenhuma mudança real em seu coração. De tempos em tempos, o mal levantará sua cabeça, embora seja tratado todos os dias. “Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade do SENHOR todos os que praticam a iniquidade” (Sl 101:8). A justiça realmente reinará durante aquela era abençoada. Então, no final desse tempo maravilhoso, Satanás será novamente solto e liderará uma rebelião final de proporções impressionantes, com números “como a areia do mar” (Ap 20:8). Mil anos de governo perfeito e prosperidade não terão mudado o coração natural do homem; quando tiverem a oportunidade, eles se unirão mais uma vez contra o Senhor Jesus Cristo. Quando essa rebelião for destruída, Deus dará início a um tempo de bênção eterna – um reino onde habitará a justiça.


O Estado Eterno

Durante o estado eterno – o "dia de Deus" – nosso Senhor Jesus Cristo realmente terá Seu lugar de direito, não tanto em um reino visível na Terra, mas naquele reino eterno que realmente durará, não apenas por 1.000 anos, mas para sempre. Além disso, o pecado nunca mais será visto, pois o resultado completo da obra de Cristo será exibido. Como o “Cordeiro de Deus”, Ele terá tirado “o pecado do mundo” (Jo 1:29). Citemos outros que descreveram aquele dia:


“O reino de Deus é um vasto reino moral com o Filho do Homem à sua frente, Deus tendo-o confiado a Ele para sempre (2 Pe 1:11; Jo 5:22). Este reino eterno será distinto do reino milenar. No reino de Deus, todos terão uma nova natureza alegremente sujeita a Cristo e ao Pai, e a graça governará nossa alma em liberdade e paz”.


“Toda a humanidade e os anjos serão os habitantes deste reino; toda autoridade estará nas mãos de Cristo como Homem para sempre, com a Igreja (Ap 21:10). Cristo será o Cabeça do governo, sobre a criação como Homem. A Jerusalém celestial será a sede do governo. 'Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém!' (1 Tm 1:17).”


C. E. Lunden


'O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e de Seu Cristo, Ele reinará pelos séculos dos séculos' (Ap 11:15 – TB). Vozes no céu anunciam o fato do reinado de Jeová e de Seu Cristo de acordo com o Salmo 2, e que Ele (pois João, como sempre, une ambos em um pensamento) deve reinar para todo o sempre, e assim será. Mas tanto o reino terrenal quanto o reino eterno são celebrados, apenas no reino eterno a distinção do reino do mundo e da subordinação a Cristo são omitidas. Nas ações de graças dos anciãos, também é celebrado Jeová Elohim Shaddai [Senhor Deus Todo-Poderoso], como o grande Rei que toma para Si o Seu poder e reina; porque é o reino de Deus”.


J. N. Darby (comentando Apocalipse 11:15-17)


Paz eterna

Na presença do pecado e sem Cristo, a paz mundial sempre será uma meta impossível para a humanidade. Mas Deus a trará, em Seu tempo, e durará por toda a eternidade. O crente pode descansar nessa perspectiva, sabendo que nada pode frustrar os propósitos de Deus em Cristo.


Por fim - o reino final,

Sem limite, não tendo fim:

Quando o céu e a Terra –

Deus tudo em todos

Encherá com as maiores bênçãos.


Toda raiz do mal banida,

Nenhum sopro de pecado para fazer murchar,

Na Terra - no alto –

Nada mais que regozijo,

E paz bem-aventurada para sempre!

G. Gilpin


W. J. Prost

 

Não Estejais Inquietos


A Palavra de Deus nos diz: “Não estejais inquietos [ansiosos – ARA] por coisa alguma” (Fp 4:6). O que devo fazer então? Vá para Deus. “As vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças”. Então, em meio a toda a inquietação ou ansiedade, você pode dar graças. E vemos a grande graça de Deus nisso. Não é que você deva esperar até descobrir se o que você quer é a vontade de Deus. Não. “As vossas petições sejam em tudo conhecidas”. Você tem um peso em seu coração? Imediatamente vá com seu pedido a Deus: não é dito que você o receberá. Paulo, quando orava, tinha como resposta: “A minha graça te basta”.


Sua paz “guardará os vossos corações e os vossos pensamentos” não é que você manterá Sua paz. Ele está sempre preocupado com as pequenas coisas que nos incomodam? Elas abalam Seu trono? Ele pensa em nós, sabemos, mas Ele não Se preocupa; e a paz que está no coração de Deus é para guardar o nosso. Eu vou e levo tudo perante Ele, e encontro Ele tranquilo sobre isso. Está tudo resolvido. Ele sabe muito bem o que vai fazer. Coloquei o fardo no trono que nunca se abala, com a perfeita certeza de que Deus Se interessa por mim. A paz em que Ele está guarda meu coração, e posso agradecê-Lo antes mesmo que o problema tenha passado. Posso dizer: Graças a Deus, Ele Se interessa por mim. É uma coisa abençoada que eu possa ter Sua paz e, assim, ir e fazer meu pedido – talvez um muito tolo – e, em vez de meditar sobre as provações, que eu possa estar com Deus sobre elas.


Não é doce ver que, enquanto Ele nos carrega para o céu, Ele desce e Se ocupa de tudo o que é nosso aqui? Enquanto nossas afeições estão ocupadas com as coisas celestiais, podemos confiar em Deus para as coisas terrenais. Ele condescende com tudo. Como Paulo diz: “por fora combates, temores por dentro. Mas Deus, que consola os abatidos, nos consolou” (2 Co 7:5-6). Valeu a pena ser abatido para obter esse tipo de conforto. Ele é um Deus distante, e não um Deus próximo? Ele não nos dá para ver diante de nós, pois então o coração não seria exercitado; mas, embora não O vejamos, Ele nos vê e está próximo para nos dar todo esse tipo de conforto na angústia.


J. N. Darby

 

Ansiedade


Quando não estamos ansiosos, a mente está liberta e a paz de Deus está guardando o coração, Deus coloca a alma pensando em coisas felizes. “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco” (Fp 4:8-9). Deus é o Companheiro da alma; não apenas “a paz de Deus”, mas “o Deus de paz”.


The Christian Friend, 1874

 

Ele Dá Quietude


“Quando Ele dá quietude, quem então perturbará?” (Jó 34:29 – JND).


“Descansado do temor do mal,”

Senhor, dê-nos isto a conhecer,

Ouvir Tuas palavras abençoadas

E Tu concederás a paz;

Tua bendita paz, Senhor Jesus,

Tu realmente desejas transmitir

Aos que Te ouvem falar,

Que conhecem Teu amoroso coração.


Descansado em cenas de turbulência,

Pacífico em meio ao conflito;

Triste, mas regozijando;

Morrendo, mas encontrado em vida;

Não temendo más notícias,

Com o coração fixo em Ti apenas,

Confiando em Teu amor todo-poderoso,

Oh Fiel e Imutável.


Com problemas surgindo ao nosso redor,

Inquietação por todos os lados,

Tu manterás os Teus, Senhor Jesus,

Até que eles alcancem aquela terra –

Onde a tempestade nunca se levanta,

Onde não haverá noite,

Para habitar em bem-aventurança sem nuvens

Contigo em glória resplandecente.

Selecionado

 

“Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou”

João 14:27

 

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