top of page
Foto do escritorJ. G. Bellett (1795-1864)

Os Patriarcas - Jacó 2 - Parte 10/18

Baixe esta parte do livro digital nos formatos:

Baixe o livro digital completo nos formatos:

Compre o livro impresso clicando AQUI 

 

ÍNDICE


 

Os Patriarcas

John Gifford Bellett

 

Jacó

Parte 2

  

Uma palavra a tempo 

As coisas, no entanto, estão agora no pior. Estamos prestes a fazer, pela graça de Deus, um feliz escape de tudo isso, juntamente com Jacó, para encontrar uma feliz libertação de Siquém e de todas as suas contaminações.

 

“A palavra, (dita) a seu tempo, quão boa é!” Muitas vezes nós mesmos provamos isso. Às vezes, uma palavra fará mais por nós do que discursos longos e cuidadosos. Pois “o poder pertence a Deus”. O “segue-Me”, vindo dos lábios de Cristo, tinha poder para separar Levi do recebimento dos impostos; enquanto, no mesmo capítulo, um discurso foi ouvido por Pedro sem efeito, sendo deixado por ele, como havia sido antes, o Pedro fácil, bondoso, amável e prestativo. (Veja Lucas 5.) “O Teu povo se apresentará voluntariamente no dia do Teu poder”, até mesmo aquele próprio povo, de quem havia sido dito: “Todo o dia estendi as Minhas mãos a um povo rebelde e contradizente”.

 

Um exemplo desse poder é encontrado na história de Jacó, justamente nesta época, em Gênesis 35:1. “Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugiste diante da face de Esaú, teu irmão”.

 

Nessas poucas palavras havia poder. Elas formaram, creio eu, a grande época na vida de Jacó, ou melhor, na história de sua alma. Elas foram poucas e simples, não acompanhadas de nada estranho ou surpreendente, nenhuma visão ou milagre as acompanhando; mas elas aconteceram num dia de poder. Ele já havia saído da visão da escada em Betel, da visão magnífica do exército de anjos em Maanaim e da luta do divino Estranho em Peniel, quase sem ajuda ou avanço na energia real de sua alma. Mas agora o poder o visita; e o poder de Deus pode usar um instrumento tão fraco quanto desejar; isso não importa. A mão de Deus pode fazer a obra de Deus, embora tenha apenas uma funda e uma pedra, ou a queixada de um jumento, ou tochas e cântaros; e o Espírito de Deus pode fazer a obra de Deus com as almas, embora Ele use apenas uma palavra, ou um olhar, ou um gemido.

 

A graça traz santidade 

Estas poucas palavras que abrem Gênesis 35 prevalecem sobre Jacó. “Levanta-te, sobe a Betel”. Betel foi reescrita em seu coração e consciência como se fosse pelo dedo de Deus. Ele cai sobre o seu rosto diante dela, como Abraão, em Gênesis 17, caiu sobre seu rosto diante do nome do “Deus Todo-Poderoso”, ou como Pedro, muito depois, em Lucas 22, caiu diante do olhar de Jesus.

 

O poder é sempre sua própria testemunha, assim como a luz. Estas palavras, carregando consigo o poder de Deus, são agora tudo para a alma do nosso patriarca. Elas manifestam sua virtude imediatamente, assim como fez o toque da mulher na multidão. Assim que Jacó as ouviu, sem alguma ordem mais específica para fazê-lo, ele purifica sua casa e suas tendas de todas as abominações que eles trouxeram consigo de Padã. Em espírito ele já estava em Betel, o lugar onde Deus o encontrou nas riquezas da Sua graça, no dia da sua degradação e miséria. Betel havia sido reintroduzida em seu coração – sim, manifestada em sua alma com maior nitidez do que nunca. Ele agora leu a história da graça com mais clareza do que nunca; e a graça demanda santidade. A festa dos pães asmos aguarda pela Páscoa. A graça de Deus que traz a salvação nos ensina a negar a impiedade e as concupiscências mundanas. Pois a graça, repito, demanda santidade. E assim, Jacó, agora ouvindo Betel no poder do Espírito, sem mais ordenanças, exigências ou ordens, terá sua casa e sua família limpas.

 

Isso é cheio de beleza e significado. A poluição não pode ser permitida por alguém que está na percepção e gozo da graça abundante. Deuses e brincos, ídolos e vaidades, são enterrados juntos sob um carvalho em Siquém, e Siquém é deixada para trás. O patriarca se levanta com tudo o que era seu e rapidamente segue para Betel. Ele havia celebrado a festa dos pães asmos juntamente com a Páscoa, como Israel fez depois no Egito; mas, como Israel também, ele está imediatamente, com cajado na mão e sapato nos pés, deixando o seu Egito para trás. E o Senhor o acompanha, como faria com Israel no dia de seu futuro êxodo; e o acompanha em força também; pois, assim como a vara de Moisés abriu o caminho de Israel diante dos inimigos, e Aquele que estava na nuvem olhou e alvoroçou o exército de Faraó, assim agora, lemos sobre Jacó e sua família, “Então partiram; veio o terror de Deus sobre as cidades que lhes eram circunvizinhas, e não perseguiram os filhos de Jacó” (TB).

 

O Deus da graça e da salvação 

Isto é certamente cheio de beleza e significado, posso dizer novamente. Há misericórdia e bênção aqui, mas também há humilhação. Israel havia perdido o poder do nome de Deus, e Jacó deve agora aprender que havia perdido também a honra de seu próprio nome. Mas tudo lhe será devolvido. “Deus Todo-Poderoso”, “Israel” e “Betel” são revelados novamente, neste momento de avivamento.

 

Deus deve ser adorado como o Deus da salvação. Com certeza Ele deve fazê-lo, num mundo como este. Tal adoração é a única adoração “em verdade” (Jo 4:23). Em Levítico 17 e em Deuteronômio 12 o zelo divino em relação a isso é fortemente expresso. É como “Salvador”, que Ele registra Seu nome em uma cena de pecado e morte. Como Ele diz por Seu profeta: “Não há outro Deus senão Eu; Deus Justo e Salvador, não há fora de Mim” (Is 45:21). Esta é a revelação d’Ele; e nisso toda adoração se baseia. Nisto Ele registra Seu nome, e ali está Sua casa de louvor. Em Betel, Deus registrou Seu nome desta forma, e ali estava Sua casa, e ali Jacó agora traz seus sacrifícios. Ele levanta seu altar e o chama de El-Betel. Para Jacó, esse era o tabernáculo do deserto, ou o templo no Monte Moriá, o templo na eira de Ornã. E isso era infinitamente aceitável, e Deus deu testemunho fervoroso e imediato de tal aceitabilidade; pois Ele apareceu-lhe imediatamente no altar ali, e o abençoou, e disse: “não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel será o teu nome. E (Ele) chamou o seu nome Israel. Disse-lhe mais Deus: Eu Sou o Deus Todo-poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti, e reis procederão de ti. E te darei a ti a terra que tenho dado a Abraão e a Isaque e à tua semente depois de ti darei a terra. E Deus subiu dele, do lugar onde falara com ele”.

 

Esta foi a expressão da aceitação divina e deleite no altar de Jacó em Betel. Isto foi como a glória enchendo o tabernáculo em Êxodo 40, e novamente enchendo o templo em 2 Crônicas 5. Este era o Deus da graça e da salvação com anseio ocupando a casa e aceitando a adoração que um pobre pecador, que havia provado da graça abundante, havia levantado e oferecido a Ele. Nada pode exceder o interesse de tal momento. Salomão sentiu o poder de tal momento; pois ao ver a glória encher a casa que ele construiu, ele expressa seu coração nestas palavras admiráveis: “O SENHOR tem dito que habitaria nas [densas – JND] trevas. E eu Te tenho edificado uma casa para morada e um lugar para a Tua eterna habitação”. O templo, onde a misericórdia triunfa sobre o juízo, tinha poder para fazer o Senhor Deus sair das densas trevas, o retiro da justiça, para o meio de Seu povo adorador.

 

O que poderia exceder isso? E, nos dias patriarcais, isto foi visto neste altar ou templo em Betel. A glória estava lá. O Senhor apareceu ali e falou ali com Jacó, como depois com Salomão. Luz era como a eira de Ornã, e cada uma delas se tornou a casa de Deus. E Jacó chamou o lugar, pela segunda vez, de Betel, mas sem nenhuma das apreensões que mancharam seu espírito quando ele esteve lá pela primeira vez. Ele está agora no espírito de Salomão diante da glória no templo, conhecendo o retorno de Deus para ele e Sua proximidade e presença com ele.

 

Jacó restaurado 

Depois, na liberdade e na força de tudo isto, o nosso patriarca retoma o seu caminho. Ele vai de Betel a Belém, e daí, pela torre de Edar (Migdal-Éder), até Manre, na região sul, onde morava seu pai Isaque. Mas em nenhum desses lugares lemos novamente sobre casa ou pedaço de campo. É a tenda, o altar e a coluna, a jornada ainda em frente, o sepultamento de seu pai idoso e, finalmente, como um com seus pais, habitando na terra onde habitaram antes dele. (Veja Gênesis 37:1).

 

Esta foi de fato uma jornada diferente, em seu caráter moral, daquela que ele havia feito antes de Padã-Arã ao Monte Gileade, e de lá até Siquém, passando por Maanaim e Sucote. Jacó não foi repreendido agora. Não temos luta como em Peniel, nenhuma voz imperativa convocando para longe como em Siquém. Nenhum temor é despertado em nosso coração a respeito dele, quanto a tenda ficar novamente deserta ou o chamado de Deus ser esquecido. A palavra “Betel”, nos lábios do Senhor e nos ouvidos de Jacó, fez maravilhas. Certamente podemos lembrar novamente que: “a palavra, (dita) a seu tempo, quão boa é!”. “Eis que Deus é excelso em Seu poder; quem ensina como Ele?” (ACF). E Ele certamente poderia ter desafiado Seu filho errante, mas convencido, após esta segunda cena em Betel, e dizer-lhe nas palavras de Isaías: “Eu Sou o SENHOR, o teu Deus, que te ensina o que é útil e te guia pelo caminho em que deves andar”.

 

Não é que tudo esteja aperfeiçoado ainda. A iniquidade de Rúben pode nos dizer isso de maneira muito dolorosa. Mas o abandono do lugar da natureza e a libertação moral do seu coração do espírito do mundo ocorreram. Nem é que ele ainda esteja além do lugar da disciplina. Isso não é assim. Ele não encontra Rebeca com Isaque em Manre. Ele nunca mais vê sua mãe, a mãe que tanto o preservou e cuidou dele. Ele sepulta a ama de sua mãe; e mais do que isso, ele perde sua amada Raquel. Ele realmente tem o penhor de força no “filho da (sua) destra”, mas esse mesmo filho falou da tristeza que tocou Raquel. E então ele ainda está sob disciplina. Mas ele está no caminho de Deus e assim como sob a mão de Deus. Essa é a novidade. A disciplina está surtindo efeito nele e atingindo o seu objetivo. O caminho está brilhando, e sua última hora logo será considerada a mais brilhante.

 

Parte 4 – Crescente exercício de alma 

Quando entramos em Gênesis 37, encontramos José como o principal na ação e o principal nos pensamentos do Espírito de Deus. Isto fica evidente no segundo versículo: “Estas são as gerações de Jacó: Sendo José de dezessete anos”, etc. Mas temos notícias isoladas de Jacó deste capítulo até o final do livro, e que nos dão a última parte de sua história.

 

Ele era agora, como posso chamá-lo, viúvo. Ele aparece diante de nós como um homem solitário e aposentado, com mais lembranças do que atividades atuais sobre ele. Ele era de fato o patriarca, o cabeça e pai comum de todas as famílias de seus filhos, e assim reconhecido por eles. Mas os assuntos da família estavam nas mãos deles; e ele estava passando pela viuvez sem procurar ser novamente o homem vigoroso e enérgico que fora antes.

 

Seu aposentamento, porém, não foi como o de seu pai. Isaque, durante os últimos quarenta anos de sua vida, não é visto. Ele parece ter sido deixado de lado, como um vaso impróprio para uso, como observei dele, não se desgastando, como diz a palavra, mas enferrujando. (Veja “Isaque”.) Mas estes não foram os últimos anos de Jacó. Ele já não era um homem de negócios, mas seu aposentamento não foi inativo. Os exercícios mais ricos, mais felizes e mais puros de sua alma parecem ser agora, e aumentam e se aprofundam à medida que avançam; castigado e disciplinado como vimos, sua alma está agora rendendo o fruto do cultivo divino. Não podemos dizer plenamente que Jacó alguma vez alcançou a elevada dignidade de ser um servo de Deus; mas podemos dizer, quando chegamos ao fim de sua história, que ele foi frutífero para Ele.

 

Frutificação 

Pois há uma diferença entre serviço e frutificação. O serviço é mais manifestado e ativo; a frutificação pode estar oculta. A mão ou o pé podem servir, e deveriam servir. Guarnecidos com o sangue e com o azeite, serão instrumentos nas mãos do Senhor da casa; mas é nos lugares mais profundos e secretos do coração que a lavoura do santo, no poder do Espírito por meio da verdade, deve estar produzindo fruto para Deus. A frutificação é conhecida no cultivo daquelas graças e virtudes que conferem caráter real e intrínseco ao povo de Deus – aqueles hábitos, temperamentos e propriedades do homem interior que, com Deus, são de grande valor. É do interior, ou “vindas do coração”, que aquelas ervas, úteis para Aquele por Quem a alma é revestida, crescem perfumadas e belas, de modo a indicar a virtude daquela chuva do céu que caiu sobre ele.

 

É esta frutificação, a meu ver, que se encontrará no nosso Jacó, nesta última cena da sua peregrinação. Tivemos uma indicação mais fraca disso, enquanto ele ainda permaneceu em Canaã, e antes de iniciar sua jornada para o Egito, mas a colheita mais rica dessa lavoura é colhida durante os dezessete anos que ele passou naquela terra, antes de ele próprio ser reunido aos seus pais. Pois esta participação da santidade de Deus, este fruto da disciplina do Pai dos espíritos, é comumente gradual – e descobriremos que é assim em Jacó – a luz brilhando cada vez mais até o dia perfeito; a última hora sendo a mais brilhante.

 

Recuperação parcial 

No decorrer de Gênesis 37, que cheguei agora, somos informados de que os irmãos de José foram alimentar seus rebanhos em Siquém. Mas por que houve esse retorno a Siquém? Será que o pedaço de campo comprado, a propriedade da família, estava lá? (Este pedaço de campo, finalmente, torna-se apenas um lugar de sepultura, como Macpela; mas a princípio não foi comprada como tal, como foi Macpela.) Era um lugar perigoso para se estar conectado. Isso provou ser uma armadilha para toda a família, e o Senhor os chamou para fora dela. Se Jacó tivesse sido tão vigilante como deveria, não teríamos ouvido falar novamente de Siquém, dos rebanhos e dos irmãos ali. Mesmo assim, é bom ver que havia sintomas de desconforto em sua mente a respeito dela; pois ele envia José para verificar como os rebanhos e os irmãos estavam ali, como se houvesse alguma dúvida em seu coração sobre eles em um lugar tão suspeito. E isso pode ser recebido como a pulsação de um estado vivificado de alma em nosso patriarca, embora essa vivificação seja apenas fraca.

 

Então, mais tarde, em Gênesis 43, quando ele envia seus filhos, pela segunda vez, ao Egito para comprar comida, ele os entrega nas mãos do Senhor como “Deus Todo-Poderoso”. “E Deus Todo-Poderoso”, diz ele, “vos dê misericórdia diante do varão, para que deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim”. Isso também fala de uma maneira feliz a respeito da condição da alma de Jacó – que pelo menos em certa medida ele havia recuperado o poder daquele nome que uma vez havia perdido, e que, como vimos, todo o exercício pelo qual ele passou em Peniel não tinha devolvido isso a ele.

 

A partir desses testemunhos podemos dizer que Jacó estava sob exercício piedoso, pela mão do Pai do seu espírito, naqueles primeiros dias. Além disso, não preciso notá-lo, até que o vejamos se preparando para descer para ver seu filho no Egito, antes que ele morra. Mas aquele momento foi realmente muito importante no progresso da sua alma – e devemos meditar sobre ele.

 

A natureza e o espírito 

Ao ouvir que José ainda estava vivo e era governador de toda a terra do Egito, lemos que seu coração desmaiou, pois ele não acreditou. Foi obra do Senhor – pois assim foi – mas foi maravilhoso aos olhos de Jacó. Ele “não crendo ainda por causa da alegria e estando maravilhado”; pois isso foi receber José vivo dentre os mortos. No início, isso foi demais para ele, mas quando ele viu os carros que o Faraó havia enviado para transportá-lo, e tudo o que lhe pertencia, até o Egito, seu espírito reviveu e ele disse sem mais demora: “Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que eu morra”.

 

A natureza falou imediatamente em Jacó, assim que a mensagem foi crida; e sem mais questionamentos ele começa sua jornada para o Egito. Mas um momento mais calmo, como veremos agora, sucede a esta irrupção ou agitação da natureza, e então o caminho da natureza é desafiado.

 

“E partiu Israel com tudo quanto tinha, e veio a Berseba, e ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai”.

 

Isto é notável. Por que esses sacrifícios em Berseba? Não houve nenhum em Manre, antes de Jacó partir. Por que, então, esta parada em Berseba e este serviço ao Deus de Isaque?

 

Isto pode, à primeira vista, ser questionado; mas descobrir-se-á que é bastante comum (eu quase disse “necessário”) nos caminhos do povo de Deus.

 

A natureza agiu em Jacó em Manre, assim que ele acreditou no relato sobre José, e o colocou imediatamente a caminho para o Egito. Mas agora as sensibilidades espirituais despertaram e estão desafiando as conclusões e os caminhos da natureza. Isso é muito comum. O santo agora está se sentindo reservado, onde o pai não sentia nada. Jacó não havia tratado com o Senhor sobre esta jornada, quando a estava iniciando; mas a mente de Cristo nele, sua consciência no Espírito Santo, por assim dizer, está agora assumindo a liderança, e o julgamento da natureza é revisto, e revisado à luz do Senhor.

 

Muitos anos antes disso, o Senhor havia dito a Isaque: “Não desças ao Egito” (Gn 26:2); e isso foi dito a Isaque num dia de fome, como no presente. E Jacó se lembra disso assim que chega a Berseba, o último ponto na região sul da terra, que ficava no caminho para o Egito, e à vista do qual se estendia aquele país ao qual Isaque havia sido daquela maneira avisado para não ir.

 

Deus encoraja a alma que retorna 

Tudo isso me explica os sacrifícios que Jacó fez em Berseba ao Deus de seu pai Isaque. E tudo isso tem um grande significado moral. Foi uma grande agitação na alma de Jacó e foi muito aceitável ao Senhor. Como encontramos no dia do cerco de Samaria. Os pobres leprosos fora da cidade imediatamente se alimentam e tomaram para si das tendas dos sírios. Era natural, quase necessário, que o fizessem. Mas logo depois outra mente começa a se agitar neles, como aqui em nosso patriarca, e eles dizem: “Não fazemos bem; este dia é dia de boas-novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; pelo que agora vamos e o anunciemos à casa do rei” (2 Reis 7). Esta foi a ação de uma mente melhor, como esta agitação atual no espírito de Jacó. E este despertar em Jacó é tão aceitável ao Senhor, que Ele vem imediatamente a ele com estas palavras de consolação: “Eu Sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer ao Egito, porque Eu te farei ali uma grande nação. E descerei contigo ao Egito e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos”.

 

Quando consideramos isto por um momento, podemos muito bem dizer: Que comunicação foi esta! Quão completamente isso permitiu a Jacó saber que o Senhor havia lido todo o seu coração, seus atuais temores e suas anteriores afeições, a mente do pai e a mente do santo, os desejos da natureza e as sensibilidades do espírito. “Não temas descer ao Egito” acalmou a presente inquietação de sua mente renovada; “José porá a sua mão sobre os teus olhos”, satisfez o antigo desejo de seu coração por seu filho há muito perdido. Como tudo isso foi completo! Quão perfeitamente isso provou a realidade da empatia de Cristo por tudo o que estava acontecendo em Seu eleito!

 

Jacó encontrou piedade n’Ele e graça para ajuda oportuna. “Quando dentro de mim esmorece o meu espírito, então Tu conheces a minha vereda” (AIBB), foi dito por Davi, e aqui certamente é entendido por Jacó. O gemido que não foi proferido por ele aos ouvidos do homem, havia, em todo o seu significado, entrado nos ouvidos d’Aquele que sonda o coração. E depois disso, Jacó não pode mais parar em Berseba, nem questionar sua futura viagem ao Egito.

 

O afetuoso Jacó 

Ele conclui sua jornada; e sua primeira visão de José, como poderíamos esperar e como o Senhor teria garantido plenamente que fosse assim, foi a ocasião da maior alegria para seu coração há muito enlutado. E gostaria de observar aqui que senti, quanto a Jacó nestes seus últimos anos, que ele se tornou um velho muito afetuoso; e esta é uma impressão feliz, outro testemunho de um melhorado estado de coração. Pois um homem calculista, tal como foi nos hábitos e atividades de sua vida, é comumente, e um tanto por necessidade moral, carente de consideração e desejo em relação aos outros. Ele mesmo é por demais, é claro, o seu próprio objeto. Mas agora não é assim com Jacó. Sua dor pela perda de José foi intensa. Ele também lamenta amargamente Simeão e parece pronto para enfrentar os horrores da fome, em vez de arriscar a perda de mais filhos. E então, no final desses anos, sua adoção dos filhos de José, sua empatia por José em sua tristeza pela preferência do mais jovem, sua referência a Raquel e seu sepultamento em Efrata, e sua menção a Leia, e de seus pais e suas esposas em conexão com Macpela, tudo vem de um coração amoroso. E a dor geral que sua morte ocasionou nos diria que ele tinha sido, no meio do povo, um velho amado e afetuoso. É um regozijo notar tudo isso.

 

Um estrangeiro separado 

Mas, com tudo isso, nós o encontramos, em sua própria pessoa e em seus modos, praticamente o mesmo homem viúvo e solitário no Egito, como o vimos ter sido durante anos em Canaã antes de sair de lá. Apenas que aconteceu assim sob forte tentação de que fosse de outra forma; pois ele manteve seu caráter de estrangeiro, embora agora tivesse a oportunidade de fazer da Terra novamente o cenário de seus esforços e expectativas. Pois gostamos da dignidade refletida. Conhecemos muito bem os encantos disso. Se a natureza seguisse seu caminho, estaríamos aproveitando ao máximo nossa ascendência e conexões, e estabelecendo diante dos outros nossa aliança com aquilo que é honroso em nossa geração. Jacó, no Egito, teve algumas das melhores oportunidades para satisfazer seu coração dessa maneira. Seu filho era então o orgulho daquela terra. José era o segundo homem no reino e José era filho de Jacó. Aqui estava uma tentação para Jacó aparecer e se mostrar ao mundo. O pai de José teria sido um objeto. Não estariam todos os olhos voltados para ele? Não lhe seria dado um lugar e um caminho preparado para ele, sempre ou onde quer que ele aparecesse? A natureza teria dito: Se Jacó tiver tais oportunidades, deixe-o mostrar-se ao mundo. O espírito do mundo deve ter sugerido isso; muito tempo depois, para Alguém maior que Jacó, que não tinha glórias refletidas para exibir, mas todas as glórias pessoais. “Se fazes essas coisas, manifesta-Te ao mundo” (Jo 7:4). Mas, no espírito de alguém que, à sua maneira, venceu o mundo, Jacó continua sendo um homem em seu aposentamento durante toda a sua vida de dezessete anos no Egito. Ele era um estrangeiro, onde todas as atrações humanas se uniram para tentar fazer dele um cidadão.

 

Para mim, reconheço, isso é fruto extraordinário de uma mente sob disciplina, fruto da disciplina divina, o testemunho de uma grande participação da santidade de Deus, a santidade que se adequava ao chamado de Deus, o chamado que fez de Jacó um estrangeiro e peregrino na Terra. Em Siquém ele nos lembrou Ló em Sodoma, mas aqui ele nos lembra Abraão em sua vitória sobre todas as ofertas do rei de Sodoma.

 

Mas com esta separação do mundo não há nada de falsa humildade. No meio de todo esse caráter prático de estrangeiro, ele conhece e exerce sua dignidade sob Deus. Ao Jacó entrar e ao sair da presença do Faraó (Gn 47), ele o abençoa. Isto deve ser observado. Enquanto estava ali na presença real, ele se considerou um peregrino na Terra, um tanto pobre e cansado também; mas na sua introdução e na sua saída ele o abençoa, como alguém que sabia o que ele era na eleição e na graça de Deus; pois “sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior”. Não foi isso que o velho Simeão fez quando tinha o Bebê de Belém nos braços, mas é isso que o velho Jacó faz agora, quando tem diante de si o maior homem da Terra. Ele não fez nenhum pedido ao rei, embora pudesse razoavelmente esperar tudo o que ele pedisse. Ele ficou em silêncio sobre tudo o que o Faraó ou o Egito fariam por ele, mas ele fala como o maior abençoando o menor repetidas vezes. Isto foi como o prisioneiro acorrentado de Roma diante dos dignitários e oficiais de Roma. Paulo deixou Agripa saber – ele deixou o governador romano saber – que ele, seu prisioneiro, carregava e possuía a coisa boa, e que não poderia desejar melhor para todos eles do que que fossem como ele era. E esta é a fé que glorifica a graça – a própria atividade da fé – fé realmente preciosa, seja em um apóstolo-prisioneiro ou em um patriarca estrangeiro exilado. Roma e o Egito possuem a riqueza e o poder do mundo, tais como os homens invejarão e louvarão, mas Paulo e Jacó carregam consigo um segredo que os faz falar outra língua.

 

Tudo isso está cheio de significado em nosso Jacó. A glória está escondida num vaso de barro, mas está lá, e o vaso sabe que ela está lá. Jacó não fez nada naqueles anos no Egito, para fazer história para o mundo. Ele não participa de suas mudanças; seus interesses e progresso estão perdidos para ele; ele está à disposição dos outros, aceitando o que eles lhe podem dar e sendo o que eles podem fazer dele; mas ele conhece um segredo que eleva seu espírito acima deles. Outros podem florescer no Egito, ele só passa o resto de seus dias lá (Veja Gênesis 47:27-28).

 

Velhice fecunda 

Reconheço, de fato, que admiro este caminho do Senhor, do Espírito de Deus, com Jacó. Para uma vida como a dele havia sido, o mais adequado era um fim como este agora. É uma pena que precisemos de uma pausa como esta, no final da jornada; mas, se for preciso, é belo vê-lo frutífero dessa maneira. Durante aquele longo cultivo de sua alma sob o “Pai dos espíritos”, naqueles dezessete anos no Egito, quão frequentemente, ouso supor, Jacó assentado diante do Senhor, meditando nos últimos anos, com alguma confusão no rosto; e o fogo acenderia então, e o trabalho do refinador continuaria.

 

Mas quando esses anos de silêncio e de retiro estão prestes a terminar, nós o encontramos, de forma um tanto abrupta, agitada e séria. É com José a respeito de seu enterro. Ele fará com que José não apenas prometa, mas jure que o enterrará na terra de seus pais (Gn 47:30). Isso também é muito bonito. Nunca o achamos insistente sobre as condições de sua vida no Egito; ele parece disposto, como eu disse, a aceitar o que lhe dão e a ser o que eles fazem dele; mas quanto ao seu enterro, ele está, agora, com toda a insistência e decisão. Ele terá confirmado por juramento que seu filho levará seu cadáver para aquela terra que testemunhou a promessa de Deus para ele. Ele é sério e impositivo agora, como era indiferente antes. Pois a fé gosta de ler seu título de forma clara, completa e irrevogável. Abraão teria a herança por concerto, bem como por palavra (Gn 15). Jacó agora terá o sepultamento, um tal sepultamento digno das esperanças de um filho de Abraão, tanto por juramento quanto por promessa.

 

Tudo isso nos mostra outro Jacó diferente daquele que antes conhecemos. Ele agora é participante da santidade de Deus; sua mente e caráter estão em consistência com o chamado de Deus. Ele é um estrangeiro com Deus na Terra, mas tem esperança segura e certa da herança prometida. Isto é frutificação; Não digo que seja serviço; mas é uma bela frutificação no homem interior.

 

A fé aceita a graça 

Em Gênesis 48 a seguir, temos aquele ato em sua vida que é sinalizado pelo Espírito como o ato de fé (Veja Hebreus 11:21). Mas todo o capítulo é belo. Tudo é graça da parte de Deus e tudo é fé no coração de Jacó. Pois é tarefa e dever da fé aceitar as decisões da graça, e é exatamente isso que a graça está fazendo aqui. Graça adota os filhos de José, que não tinham título na carne, e os leva para a família de Abraão. A graça dá o lugar e a porção dos primogênitos, a porção dupla, como se fossem Rúben e Simeão. Graça coloca o mais jovem acima do mais velho. E a graça dá a José, ou ao primogênito adotado, um penhor de sua herança futura. A tudo isso Jacó se curva e é obediente. Na fé ele aceita as decisões da graça. A natureza pode ficar ressentida com isso; mas Jacó é fiel à palavra da graça que lhe foi confiada. José ficou comovido quando Jacó colocou Efraim acima de Manassés. Jacó sente por ele; mas ele cumpre a palavra de Deus que lhe foi confiada, por mais que a natureza seja surpreendida ou ferida. Ele não ouve a natureza em seu filho José, como a ouviu em ocasião semelhante, anos e anos atrás, em sua mãe Rebeca (Na obtenção dos direitos do primogênito por José, há algo além da graça; mas não comento isso aqui).

 

Um vaso preparado 

Certamente isto é belo: a fé aceitando as decisões da graça como esta. Mas nisso Jacó também foi o oráculo de Deus. Por fé, ele não apenas foi obediente ao propósito ou conselho da graça, mas foi usado por Deus como um vaso de Sua casa, usado para declarar Sua mente, para representar e executar Seus propósitos nestes mistérios da graça, a adoção, a herança e o penhor.

 

E como este vaso estava dessa forma se comprovando totalmente apto para uso do Mestre, ele ainda é usado. Ainda o vemos e ouvimos como oráculo de Deus, quando entramos em Gênesis 49. Ele chama seus doze filhos e os abençoa. Ele entrega, sob o Espírito, as palavras e julgamentos de Deus que os tocam. Mas este foi um momento muito difícil para ele. Excede tudo no que lhe custou. Ao preferir Efraim a Manassés, ele sofreu algo. Mas aquele que não prestou atenção à natureza em seu filho, não cuidará agora dela em si mesmo. Ele passa por essa cena triste e humilhante, sentindo-a amargamente em certos estágios dela; mas ele ainda continua com isso e através disso. Ele tinha agora que reconstituir, sob o Espírito, e como o oráculo de Deus, e na presença deles, os caminhos de seus filhos nos dias passados, e o fruto desses caminhos nos dias ainda por vir. Ele teve que fazer muito disso com o coração ferido e com lembranças que poderiam muito bem ser profundamente humilhantes. Pois essas palavras dirigidas a seus filhos foram uma espécie de julgamento sobre si mesmo por seu descuido passado para com seus filhos. Mas ainda assim ele continua e termina seu serviço, como oráculo de Deus, e isso também com empatias e afeições que nos dão mais algumas belas testemunhas de seu estado purificado de alma.

 

Jacó, o oráculo 

A iniquidade de Levi e Simeão tem que vir diante dele. Mas ele se ressente disso agora de uma forma que não encontramos nele nenhum vestígio no dia em que aquela iniquidade foi cometida. Isso o perturbou então por causa dos danos que poderia causar a ele entre seus vizinhos. “Tendes-me turbado”, disse ele, “fazendo-me cheirar mal entre os moradores desta terra, entre os cananeus e ferezeus; sendo eu pouco povo em número, ajuntar-se-ão, e ficarei destruído, eu e minha casa” (Gn 34:30). Esta era a mente que ele tinha quando era cidadão em Siquém. Mas agora é em um terreno totalmente diferente, mais elevado e mais puro, que sua alma tanto repulsa essa iniquidade. Foi iniquidade; é suficiente; e ele não permitirá que sua honra se una a ela. Então ele abre os olhos para a contaminação de Rúben, apenas para ficar chocado com isso. E então, quando a apostasia de Dã é trazida diante dele, toda a sua alma é comovida, e ele é lançado na esperança da salvação de Deus, sua única fuga, a única fuga que ele reconhecia, de tudo o que estava ao seu redor, atrás dele ou diante dele. “Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo e faz cair o seu cavaleiro por detrás. A Tua salvação espero, ó SENHOR!”.

 

Que afetos e energias estão aqui! Quão bem este vaso prestou seu serviço na casa de Deus! O pobre Davi conheceu mais do que tristeza pela perda de Absalão no dia da queda de Absalão. A morte de seu filho trouxe a lembrança do pecado. E aqui Jacó entrou, com total empatia pessoal, nos conselhos de Deus, e teve sua própria parte e participação nas lembranças que devem ter agitado a consciência.

 

Ele não apenas anunciou esses julgamentos de Deus, mas também os sentiu. Ele não era um mero vaso, mas um vaso vivo. E ele foi fiel Àquele que o designou, embora o serviço fosse, dessa maneira, cheio de humilhação e amargura.

 

Vimos Jacó “mudo por um tempo”. Percebemos isso como o caráter dos muitos anos da vida final de nosso Patriarca. Mas a sua boca tinha sido agora aberta pela fé; e uma vez aberto, Deus o usa abundantemente como Seu oráculo. Isto é como Zacarias - o  Zacarias de Lucas 1. Ele também, como sabemos, ficou mudo por um tempo; mas com fé ele escreveu o nome de seu filho numa tabuinha de escrever, e então o Senhor o usou como Seu profeta.

 

O incansável Senhor

Aqui termina a história; mas acredito que recolhemos a moral disso. A mão do Senhor com Jacó nos diz quão incansável Ele é com aqueles Seus tolos e rebeldes. É também variedade e paciência que vemos neste constante cultivo moral. Jacó teve que aprender diferentes lições; e Ele, com Quem Jacó tinha que lidar, colocou-Se em paciente graça para ensiná-las todas a ele. Betel, Peniel, Betel novamente e Berseba testemunham isso, como vimos. E então, ao longo de uma trajetória mutável, na terra e fora dela, na juventude e na idade adulta, entre estranhos ou ao lado de seu pai e de sua mãe, Jacó revelou muitas coisas que precisavam de correção, e a lição lhe foi ensinada repetidas vezes.

 

Ele nos lembra dos discípulos nos dias do Senhor. De quantas maneiras o Senhor teve que corrigi-los e instruí-los! E foi assim até o fim; e a paciência do seu divino Mestre foi a mesma até o fim. A ignorância, o egoísmo, os constantes erros morais que cometeram e revelaram, as diferentes formas como passaram pela mente do seu Mestre, todos glorificam a bondade que pairava sobre eles. E pode nos lembrar também d’Aquele que suportou os costumes de Israel no deserto por quarenta anos. E pode ser também uma lembrança para nós mesmos de grande parte daquela paciência e graça que experimentamos diariamente na mesma mão.

 

Disciplina saudável

A disciplina, a disciplina de uma criança, é ilustrada em Jacó, como observamos no início, antes de começarmos a considerar sua história, e como agora vimos que é. E a disciplina é saudável e faz bem como um remédio. Se precisarmos dela, é a única coisa para nós. Quando, nos dias de Samuel, Israel pediu um rei, teria sido bom para eles se o Senhor lhes tivesse dado Davi? O Senhor tinha Davi reservado para eles; mas teria sido oportuno, teria sido saudável para eles, se Davi lhes tivesse sido dado imediatamente, quando com uma vontade rebelde eles estavam pedindo um rei? Certamente, eles devem primeiro ser levados a conhecer a amargura do seu próprio caminho. Um Saul deve ser dado quando Israel pede um rei. Isso era disciplina e era a única coisa que teria sido saudável para eles. Mas quando eles provaram a amargura de seu próprio caminho, por compaixão de sua miséria, o Senhor trará à tona aquilo que Ele tem reservado para eles, o homem segundo Seu próprio coração que cumprirá todo o Seu prazer.

 

Como tudo isso foi perfeito! Se Davi tivesse sido dado a Israel no dia de 1 Samuel 11, toda a moral da história teria sido perdida para nós. Mas o amor é o mesmo, seja disciplina ou consolo, remédio ou alimento.

 

Esta é a lição característica que aprendemos da história do nosso patriarca.

 

Os dias dourados de Jacó 

Com Macpela e seu sepultamento, Jacó então termina esses discursos em seu leito de morte com seus filhos, como os havia começado (Gn 47:29; 49:29). Ele já tinha a palavra e o juramento de José sobre esse assunto, e agora ele deveria colocar todos eles sob os mesmos compromissos com ele sobre isso. A morte era mais importante para ele do que a vida. A vida o manteve no Egito, a morte o restaurou a Canaã. A morte o ligou a Deus e à promessa de seus pais. As esperanças da fé estavam além da vida e fora do Egito. Em espírito ele estava dizendo que estava ausente do corpo, presente com o Senhor; “Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor”. Até onde a fé patriarcal pôde expressar isso, Jacó o estava expressando. E no final lemos: “Acabando, pois, Jacó de dar mandamentos a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, e expirou, e foi congregado ao seu povo”.

 

Certamente não foi um período estéril ou infrutífero que ele passou no Egito. Embora para ele e para suas mãos as ocupações da vida estivessem encerradas, ele não estava enferrujando, como tivemos que dizer de Isaque. O silêncio de Jacó era um cultivo. Regozijamo-nos nestes últimos dias como os seus melhores dias. Regozijamo-nos ainda mais com a graça que lhe proporcionou esta pausa no final da sua jornada, para que, na linguagem do salmista, ele pudesse recuperar as forças antes de ir para lá e não ser mais visto.

 

É realmente gracioso para com todos nós, Seus eleitos, ter uma visão como esta, uma tal espécime (posso chamá-la assim?) da paciência, sabedoria e bondade divinas, como esta. É realmente peculiar ter seu próprio lugar em meio às infinitas formas e caracteres que a graça assume em relação à necessidade dos santos. Os últimos dias de Jacó foram seus dias dourados. Para outros, para seus rebanhos e manadas, o Egito era uma terra de Gósen; mas não era para os rebanhos e manadas de Jacó, pois não lemos que ele tivesse algum – mas foi para a alma de Jacó que o Egito era uma Gósen, a terra mais rica, mais bela e mais bem regada que seu espírito já desfrutou. Era mais realmente a porta do céu para ele do que Betel. Era mais a face de Deus para ele do que Peniel havia sido. Ele tinha o Senhor em segredo e em silêncio com ele ali, mas em poder real e vivo. Com tudo o que naturalmente o teria mantido como que em casa na Terra, ele era um estrangeiro. No Egito, Jacó era um homem liberto, desimpedido, assim como desde o começo e durante todo o tempo ele havia sido um escolhido e chamado.

 

Estamos aprendendo aquilo que Deus lhe estava ensinando ali? Estamos buscando, com mais sinceridade, a porção dos estrangeiros e peregrinos de Deus, pensando mais em Macpela do que no Egito, no arrebatamento que nos liga à promessa, do que em toda a crescente prosperidade diária deste presente século [mundo – ARA] mau?


J. G. Bellett

 


90 visualizações

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page