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Foto do escritorJ. G. Bellett (1795-1864)

Os Patriarcas - Isaque 2 - Parte 8/18

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ÍNDICE


 

Os Patriarcas

John Gifford Bellett

 

Isaque

Parte 2


Céu ou o mundo? 

Mas devemos inspecionar um pouco mais de perto esse cenário familiar, esse círculo familiar em Gênesis 27. Há outros além de Isaque para serem observados.

 

O servo de Abraão em Gênesis 24 trouxe consigo duas coisas diferentes da casa de seu senhor, quando visitou a casa de Betuel. Ele trouxe um relato de tudo o que o Senhor havia feito por Abraão e presentes.

 

Essas coisas tornam-se testes para aquela família na Mesopotâmia. O relato tratava de coisas futuras e distantes, e tinha Deus necessariamente conectado a ele – os presentes poderiam ter sido independentes d’Ele e eram um ganho atual. Rebeca foi movida pelo relato. Ela aceita as joias, é verdade; mas as notícias que o servo trouxe são mais importantes para ela. O relato do que a esperava entre um povo distante que o Senhor havia abençoado teve o poder de desconectá-la. Não foi apenas Isaque, ou apenas a riqueza de Abraão. Seu pai era rico e ela não precisava ir muito longe para assegurar a si mesma um lar e seus prazeres. Mas o Senhor abençoou Abraão e agora prosperou a jornada de seu servo. Não era uma questão para Rebeca se ela aceitaria Isaque e uma parte da riqueza de Abraão, ou se permaneceria pobre e solitária. A questão era esta: ela aceitaria a porção que o Senhor estava lhe trazendo agora, ou permaneceria naquela que sua família e as circunstâncias do mundo lhe haviam proporcionado?

 

E assim é conosco, amados. Não é uma questão entre o céu e o nada, mas entre o céu e o mundo, entre tomarmos a felicidade que o Senhor, em Suas promessas, tem para nós ou as atuais circunstâncias humanas. Estamos desejosos do gozo divino e das riquezas celestiais? Podemos dizer ao Senhor Jesus: Tu “escolherá para nós a nossa herança”? Será a terra distante, da qual recebemos um relato, o nosso objetivo? Esta era Rebeca. Ela poderia responder a essas perguntas. Estaríamos cometendo uma injustiça se julgássemos que, para ela, era a riqueza de Abraão e a mão de Isaque ou nada. Não foi assim. Como dissemos antes, e certamente a história o justifica, ela tinha grandes expectativas de todo tipo, se permanecesse em casa. Ela não precisa fazer uma viagem longa e nunca experimentada com um estranho e para um povo estranho. Mas tudo se tornou nada para ela, quando, pela fé, ela recebeu o relato. Ela se apresenta ao chamado de Deus.

 

O Espírito de carne 

Rebeca era uma genuína filha de Abraão. Abraão cruzou o deserto ao chamado do Deus da glória, e Rebeca agora atravessa o mesmo deserto ao ouvir o relato do que o Deus da glória havia feito por Abraão. Eles tinham “o mesmo espírito de fé”. Podemos encontrar a expressão mais forte disso em Abraão, mas era “o mesmo espírito de fé”. Abraão partiu na fé em um chamado não atestado; Rebeca agora parte com base em um relato credenciado. Não houve nenhum Escol[1] trazido de Canaã para Ur para encorajar Abraão a embarcar na viagem; mas “este é o fruto da terra” (TB) foi dito a Rebeca por meio dos servos e dos camelos e do ouro e das joias – um ramo com um cacho realmente rico e abundante. O relato está agora selado para Rebeca, como não estava para Abraão. Abraão experimentou um caminho nunca experimentado; Rebeca apenas seguiu os passos do rebanho. Mas eles estavam no mesmo caminho e chegaram ao mesmo lugar.

[1] N. do T.: אֶשְׁכֹּל ('eshkôl) ou cacho (de uvas).

 

Caráter familiar 

Isto é simples e belo em Rebeca e no caminho da fé até hoje. Mas, amados, há mais, e isso também é de outro tipo. O caráter de Rebeca já havia sido formado – como, posso dizer, acontece com todos nós, antes de sermos vivificados por Deus. Chega o momento de Seu poder – então somos vivificados com vida divina – o chamado de separação também é atendido; mas nos encontra com um certo caráter, um certo feitio e disposição mental. Encontra-nos, talvez, como os cretenses (Tt 1), ou os irmãos e irmãs de Labão, ou algo que carregue a forte marca de uma perversidade peculiar da natureza. E então o caráter e a mente, derivados da natureza ou da família ou da educação e coisas do gênero, levamos conosco depois que nascemos do Espírito, e os carregamos em nós através do deserto, de Padã-Arã até a casa de Abraão.

 

Isso é sério. É sério que, com a vivificação do Espírito, a natureza, ou a força dos primeiros hábitos e educação, ou do caráter familiar, ainda se apegará a nós. “Os cretenses são sempre mentirosos”.

 

Labão – Fermento 

Labão, com quem Rebeca cresceu, era um homem astuto, sabichão e mundano. É claro que, por ocasião da visita de Eliezer, ele ficou comovido apenas com os presentes. Eles prepararam um caminho para o servo de Abraão; como lemos: “O presente do homem alarga-lhe caminho [cria-lhe espaço – JND] (Pv 18:16). Labão evidentemente era a pessoa ativa, importante e influente na casa de seu pai, Betuel. Ele gostava de ocasiões que exigiam gerenciamento. E tudo isso é um sintoma muito ruim. É um sintoma ruim quando se carrega a bolsa. É ruim encontrar alguém prematuramente gerindo e sendo esperta, ou, em qualquer época, apreciador de ocasiões em que habilidade desse tipo deve ser exercida, tendo aptidão para conduzir assuntos de Estado ou interesses familiares. E exatamente esse era Labão; e Labão era irmão de Rebeca. Rebeca passou toda a sua vida, até o casamento, com ele; e o carácter familiar, nesta única grande ação em que ela é chamada a participar, infelizmente se revela.

 

Se Abraão e Sara trouxeram o pacto vil e impuro entre eles, quando deixaram a casa de seu pai para andar com Deus, Rebeca também trouxe consigo esse caráter familiar, esse fermento de Labão.

 

Temos conosco a natureza em sua perversidade após a nossa conversão; e também temos nossas próprias características carnais, bem como a perversidade comum da natureza. E temos que repreendê-las severamente, para que possamos ser sãos, isto é, moralmente saudáveis, na fé (Tt 1:13). E esta lição é novamente imposta a nós, a partir da história desta distinta mulher neste capítulo.

 

Enganador Jacó 

Mas há mais do mesmo tipo. Jacó, assim como sua mãe, Rebeca, teve sua mente formada por essa mesma influência inicial. Ele foi todos os seus dias – quero dizer, todos os seus dias práticos e ativos – um homem calculista e de coração lento; e nesta cena familiar, em Gênesis 27, descobrimos que ele era uma pessoa assim – um aluno pronto e inteligente de sua mãe, irmã de Labão, e de quem ele era filho favorito dela desde o nascimento. Assim como Labão estava corrompendo sua irmã Rebeca. Rebeca estava corrompendo seu filho Jacó.

 

Contaminação Familiar 

E ainda mais, como este mesmo capítulo nos diz, Isaque, cuja mente e caráter, como vimos, foram tão notavelmente formados em sua infância na tenda de Sara, mergulhou na indulgência de alguns dos desejos inferiores da natureza. Ele amava seu filho Esaú, porque comia da sua caça. Isto era realmente pobre, e algo pior que pobre. E esse amor pela carne da caça, podemos certamente sugerir, deve ter encorajado Esaú na caçada; assim como a astúcia de Rebeca, obtida e trazida da casa de seu irmão em Padã, formou a mente e o caráter de seu Jacó favorito. E desta forma um dos pais ajudava a corromper um dos filhos e o outro pai corrompia o outro filho.

 

Que dano, que triste contaminação se revela aqui, em todo esse cenário familiar! Mas podemos continuar a expô-lo ainda mais, pois o coração não só é capaz de tal contaminação, mas é ousado o suficiente, às vezes, para levar a sua maldade para o santuário. “Quase que me achei em todo mal que sucedeu no meio da assembleia e da congregação (Pv 5:14 – ARA).

 

A palavra para Arão, muito depois disso, foi: “Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação” (Lv 10). A natureza não deve ser animada para esperar pelo serviço de Deus; não deve ser colocada em ação por seus próprios recursos para o cumprimento dos deveres do santuário. A bebida forte pode exaltar e causar agitação nos espíritos naturais, mas isso não é qualificação para um sacerdote da casa de Deus.

 

Mas mesmo Isaque parece ter sido revelado numa contaminação como esta: “Agora, pois”, disse ele a Esaú, “toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça, e faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma, e para que minha alma te abençoe, antes que morra”. Ele ia realizar o último ato religioso de um sacerdote patriarcal, e pede vinho e bebida forte, o alimento da mera vida natural, para levantá-lo e dotá-lo para o serviço!

 

Isso foi realmente triste, deliberar sobre a caça em um momento assim. Todos nós podemos estar conscientes de quanto da natureza mancha nossas coisas santas, quanto da mera animação da carne pode ser confundida com a corrente calma e forte do Espírito. Podemos estar conscientes disso, no lugar da comunhão. E esta deve ser a nossa tristeza e a nossa humilhação: devemos confessá-la como um mal, ou pelo menos como uma fraqueza, e vigiar contra ela. Mas para se preparar para isso, misturar cuidadosamente o vinho e a bebida forte, tomar um gole completo, dessa maneira, isso excede em contaminação.

 

E nada resulta de tudo isso além de desonra e perda. Toda esta contaminação familiar é julgada na santidade de Deus, porque esta era uma família de Deus na Terra. “De todas as famílias da Terra a vós somente conheci; portanto, todas as vossas injustiças visitarei [punirei – ARA] sobre vós”. Isaque é posto de lado, Rebeca nunca mais vê Jacó, e o suplantador calculista se vê no meio de labutas, injustiças e dificuldades, suplantado e enganado repetidas vezes; durante vinte longos anos fora da casa de seu pai. Nada resulta de tudo isto, quer olhemos para a política tortuosa de um partido, quer para o favoritismo carnal do outro; tudo é decepção e vergonha, sob a repreensão da santidade do Senhor.

 

Bênção patriarcal 

Há, no entanto, um alívio, e um alívio muito importante, no meio desta cena corrompida e sombria. “Pela fé, Isaque abençoou Jacó e Esaú, no tocante às coisas futuras”. Esta é a própria referência do Espírito Santo a este capítulo em Hebreus 11.

 

Mas antes de falar do alívio ou conforto que isso traz para nós quando pensamos em Isaque, aproveito a oportunidade para perguntar: Qual foi a natureza ou o caráter dessa bênção dos patriarcas sobre seus filhos, que encontramos repetidamente no Livro do Gênesis?

 

Uma bênção estava nas mãos de Melquisedeque em Gênesis 14; como novamente, muito tempo depois, houve uma bênção nas mãos de Arão em Números 6. Esses casos podemos facilmente entender – essas bênçãos foram conferidas ou pronunciadas em razão do cargo. Elas foram pronunciadas por meio do sacerdócio ordenado por Deus. Não havia nada profético ou oracular nelas. As palavras que estes sacerdotes usaram foram mais preparadas do que inspiradas; palavras já prescritas pela provisão divina, em vez de comunicadas no momento pela iluminação divina, pelo menos no caso de Arão.

 

Com a bênção patriarcal, porém, foi claramente o contrário. Houve uma profecia ou um oráculo nas palavras de Isaque sobre Esaú e Jacó aqui em Gênesis 27; e o mesmo ocorreu posteriormente nas palavras de Jacó sobre seus filhos em Gênesis 49, e em suas palavras sobre os filhos de José em Gênesis 48; e o mesmo aconteceu antes, nas palavras de Noé, em Gênesis 9, sobre Sem, Cam e Jafé.

 

Mas por que, pergunto eu, esse grande assunto foi confiado aos patriarcas?

 

Se não me engano, alguns dos segredos da religião patriarcal, da adoração e do ministério patriarcal estão envolvidos na resposta a isto. A religião tinha, nestes primeiros dias, as mesmas grandes verdades que ainda tem como espírito e princípio. A “queda” e a “recuperação” do homem, ou a “ruína” e a “redenção”, foram então divulgadas e recebidas pela fé. Os altares dos pais e a ordenança dos limpos e impuros nos falam de fé e das apreensões de fé naqueles dias. A tenda dos patriarcas vivos e a Macpela dos patriarcas falecidos nos dizem que eles entenderam o chamado do estrangeiro e uma ressurreição vindoura; e o bosque [a tamargueira – TB] de Abraão em Berseba (Gn 21), e sua aliança com os gentios no poço do juramento, nos dizem também, em linguagem clara, embora simbólica, que eles entenderam alguns dos segredos brilhantes e felizes da era milenar, ou do “mundo vindouro” ou “século futuro”.

 

E a adoração e o ministério, naquela época inicial, estavam em suas formas mais simples. Posso dizer que a natureza sugeria que o pai ou cabeça da casa deveria ser o profeta, o sacerdote e o rei ali. Em tempos posteriores, quando a condição das coisas se espalhou, e quando, com o crescimento e a idade, a corrupção entrou, a santidade de Deus exigiu um povo separado ou circuncidado; e, relacionado com isso, um sacerdócio separado ou ungido. Agora, em nossos dias, no dia do reino de Deus, que, como sabemos, “não consiste em palavras, mas em virtude [poder – ARA], é necessário que o ministério seja algo mais do que a natureza sugeriria, ou do que a santidade demandaria; deve haver poder, tal como o próprio Espírito prepara e transmite. Mas nos primeiros dias de Gênesis, naqueles dias da família – aqueles primeiros dias iniciais – a voz da natureza foi ouvida, e de maneira adequada e oportuna; e, consequentemente, o cabeça da família era o ministro de Deus para a família, e tanto as dignidades quanto os serviços dos profetas, sacerdotes e reis, dentro do alcance da propriedade familiar, ou no templo da família, centralizavam-se no pai.

 

A bênção dos filhos parece fluir disso. Foi um ato realizado nas virtudes combinadas de profeta e sacerdote, que, como vemos, os pais de família carregavam em suas próprias pessoas. Eles receberam uma comunicação da mente divina e depois a proferiram como “oráculos de Deus”; e, sendo representantes separados ou sacerdotais de Deus para seus filhos, pronunciaram sobre eles Sua bênção, a bênção de Deus.

 

Eles parecem sustentar esse caráter por todo o Livro do Gênesis.

 

O favoritismo de Isaque 

Em nosso Isaque, é realmente triste ver como esse caráter foi exercido, ou melhor, abusado – como tais dotes elevados têm sido constantemente, a dignidade sacerdotal, por exemplo, na pessoa de Eli (velho piedoso como ele era), e a autoridade real, em um caso tremendo, até mesmo por alguém como o profundamente amado e honrado filho de Jessé.

 

Portanto, Isaque teria feito seu cargo servir não apenas às suas parcialidades particulares, mas também aos seus próprios apetites. E isso também, diante da solene advertência divina. A palavra já havia sido transmitida aos filhos de Isaque (Esaú, o maior, e Jacó, o menor): “o maior servirá o menor”. Mas o favoritismo e os apetites carnais de Isaque o tornaram descuidado e esquecido disso, e ele estaria inclinado a fazer do maior, Esaú, o herdeiro da promessa.

 

E aqui podemos lembrar que Caifás, em sua época, era alguém como Isaque, combinando o profeta e o sacerdote em sua própria pessoa. E Caifás estaria inclinado a abusar de seu cargo e de seu dom para seus próprios miseráveis propósitos e desejos. Ele proferiu uma profecia verdadeira com um desígnio sobre a vida do Senhor Jesus (Jo 11). E nos dias de antigamente, o profeta Balaão era da mesma geração. Ele procurou de todas as maneiras, usar seu dom a serviço de seus desejos. Deus, porém, tirou-o de suas próprias mãos e forçou seus lábios a proferirem a sentença da justiça, o julgamento da verdade. E, embora seja triste reunir tais homens, mesmo em uma única ação, ainda assim é; pois tal foi Isaque em Gênesis 27. Embora fosse um vaso santificado e cheio, ele teria servido ao desejo de seu tolo coração, no uso do tesouro que carregava; mas Deus o tirou de suas próprias mãos e o usou como oráculo de Seu propósito soberano e estabelecido. Mais uma vez digo que é triste unir desta forma homens como Isaque e Balaão numa ação moral comum. Mas sabemos que “o que é nascido da carne é carne”. Como diz um antigo escritor: “A água que é suja do poço não será limpa no balde”. A carne de Isaque é como a carne de Balaão; e o mundo no coração de cada um deles é o mesmo mundo.

 

A fé de Isaque 

Mas eles não são iguais até o fim. Este é o conforto, o conforto gracioso, do qual falei antes. Balaão ainda é Balaão, o homem que amou o prêmio da injustiça e correu avidamente atrás de seu próprio erro em busca de recompensa. Ele continua como Balaão, aconselhando Balaque a lançar uma pedra de tropeço diante do povo de Deus; e finalmente ele caiu, como Balaão, com os incircuncisos, morto à espada, como os que descem à cova. Mas Isaque se arrependeu com tristeza segundo Deus, para um arrependimento do qual não se arrepende. Quando seus olhos são abertos, e ele descobre o que estava fazendo e como Jacó obteve a bênção que havia preparado para Esaú – quando isso o confronta na cara, que ele estava resistindo a Deus, mas que não podia prevalecer, sua alma parece despertar como do sono, e ficar viva para tudo isso, pois lemos sobre ele, que ele estremeceu de um estremecimento muito grande (v. 33). A visão, o senso moral do lugar que ele estava ocupando, assusta sua alma. Ele treme por si mesmo. A carne que ele estava nutrindo não poderia suportá-lo naquele momento – e ele não a busca – ela foi exposta a ele; e na luz e energia de uma vida melhor, ele age de acordo com a fé e diz, falando agora de Jacó, e não mais de Esaú: “abençoei-o e ele será bendito”.

 

Não houve nada disso em Balaão; Balaão não voltou atrás. Quando o anjo o resistiu no caminho estreito, e seu jumento caiu debaixo dele, não houve nada dessa tristeza segundo Deus operando o arrependimento. Mas nosso Isaque está restaurado. Ele procura outro caminho e assume e segue o objetivo de Deus a partir daquele momento. Não é “a loucura do profeta” que o Espírito registra em Isaque como teve que fazer em Balaão, mas a fé do profeta. Pois nesta hora de feliz e restaurada comunhão com a mente de Deus, depois de seu tremor, “um estremecimento muito grande”, o caminho de Isaque é selado e sinalizado pelo Espírito. “Pela fé, Isaque abençoou Jacó e Esaú, no tocante às coisas futuras”. E este é o único assunto na vida de Isaque que é notado pelo Espírito em Hebreus 11.

 

Empatia da natureza superada 

Mas isto tinha caráter, e o Espírito o distinguiu. As vitórias da fé que Moisés obteve foram excelentes. Ele respondeu tanto à atração quanto aos terrores do Egito; recusando ser chamado de filho da filha do rei e abandonando o país, não temendo a ira do rei. Foram vitórias esplêndidas; e assim são até hoje, quando alcançados no santo. Mas há conquistas muito menos notáveis, que, no entanto são conquistas, registradas neste capítulo que celebra os feitos da fé. Eles podem ser vistos em Isaque e em Jacó. Cada uma dessas testemunhas de fé, em sua época, abençoou os filhos diante deles de acordo com Deus, embora isso fosse contrário à natureza. Isaque teria preferido Esaú e Jacó teria preferido Manassés; mas Isaque persistiu em abençoar Jacó, e Jacó em abençoar Efraim, e com isso a natureza foi conquistada. Não foi, podemos admitir, o mundo, seja em suas armadilhas ou em seus perigos, que se destacou para testar a força da fé no santo – mas ainda assim foi um opositor. Foi a natureza; as sugestões ou empatias ou parcialidades da natureza – e embora possamos admirar o esplendor das vitórias de um Moisés ou de um Abraão, vamos lembrar e olhar para isso, que lutamos a luta da fé com a natureza, e ganhamos o dia nesse campo, com Isaque e Jacó.

 

Falta de paciência 

Quanto ao papel de Jacó neste cenário familiar que estamos vendo, podemos certamente dizer, se ele tivesse deixado seus assuntos nas mãos do Senhor, onde estiveram desde o início, desde antes de seu nascimento, e não tivesse permitido que sua mãe os tomasse nas mãos dela, ele teria se saído muito melhor. Quantas vezes muitos e muitos Jacós desde os dias de Gênesis 27 provaram o mesmo! O Senhor lhe havia prometido a bênção sem qualquer condição. “O maior servirá o menor”. Mas ele não poderia, na paciência da fé, esperar o tempo e o método do Senhor para cumprir Sua própria promessa. Portanto, a promessa fica carregada de reservas, dificuldades e fardos. Certamente será cumprida. A promessa do Senhor é certa e “nunca foi confiscada”. Ele é capaz de fazê-la resistir. O maior servirá ao mais jovem – mas agora, por causa da própria incredulidade e política de Jacó, o maior causará alguns problemas ao menor: porque o menor pensa bem em lidar com a promessa conforme sua própria astúcia e habilidade, ele será obrigado a alcançá-la depois de atraso, tristeza e vergonha.

 

Profecia certa, mas não apreciada 

Assim, o próprio Esaú recebe uma promessa do Senhor, por meio de seu pai Isaque nesta ocasião, uma promessa que o propósito e a graça divinos para com Jacó, a princípio, nunca haviam contemplado. “Então respondeu Isaque, seu pai, e disse-lhe: Eis que a tua habitação será nas gorduras da Terra e no orvalho dos altos céus. E pela tua espada viverás, e ao teu irmão servirás. Acontecerá, porém, que quando te assenhoreares, então sacudirás o seu jugo do teu pescoço” (vs. 39-40 – ACF).

 

Tudo isso acontece. Davi, que veio de Jacó, estabelece guarnições em Edom, e os edomitas tornam-se seus servos e trazem presentes. Jeorão, que também vem de Jacó, depois perde os edomitas como seus servos e tributários; eles se revoltam e continuam assim até hoje. (Veja 2 Samuel 8:14; 2 Crônicas 21:8).

 

Em breve virão salvadores a Sião e julgarão o monte de Esaú (Ob 21). O tabernáculo de Davi, que agora está caído, será levantado, e Israel possuirá Edom e o restante dos gentios (Am 9). Isto será cumprido a seu tempo, pois o maior servirá o menor – a promessa é sim e amém. Mas agora, e desde os dias de Jeorão, filho de Josafá, da casa de Davi, da linhagem de Jacó, Esaú ou Edom tem estado em revolta; e a promessa é, portanto, adiada, complicada e sobrecarregada de maneira que a graça de Deus e o dom pela graça nunca planejaram, e que Jacó nunca teria passado, se sua fé tivesse sido mais simples.

 

E há muito disso na experiência Cristã. (Veja os discípulos no Mar da Galileia, em Marcos 4.) O Senhor lhes disse: “Passemos para a outra margem”. Esta foi uma promessa para eles de que certamente alcançariam o outro lado. Eles não precisariam temer. Eles poderiam, se quisessem, deitar-se para dormir com seu Mestre. Mas não – eles temem e consultam a carne e o sangue. E, portanto chegam ao outro lado com tremores, espanto e vergonha. Seus medos carregaram seu espírito com esses fardos, os quais, se tivessem deixado o cumprimento da palavra para Aquele que a deu, teriam sido salvos. E assim, a incredulidade de Jacó em Gênesis 27, ao colocar a promessa de Deus nas mãos de sua mãe, carregou a história de sua casa com aquelas perplexidades, contradições e mudanças que, como mencionamos, eram todas estranhas à promessa, como o simples dom da graça, no início, havia proposto e cumprido.

 

Muitas experiências semelhantes tiveram os discípulos, por meio de sua incredulidade, ao terem a companhia do Senhor Jesus durante todo o tempo em que Ele entrava e saía entre eles – e muitos deles são conhecidos por nós, Seus santos, até hoje. Nosso espírito fica surpreso e envergonhado, quando poderíamos ter conhecido apenas os regozijos calmos e brilhantes da fé, olhando, se assim fosse, para um Jesus adormecido e sabendo Sua suficiência para todas as promessas, embora os ventos e as ondas se oponham.

 

Foi assim com Jacó, conforme o papel que ele desempenhou nessa triste cena familiar. Esaú não era o culpado aqui. Ele foi antes a parte lesada; e, portanto, nas mãos d’Aquele por Quem “são as obras pesadas na balança”, Esaú é o único que ganha. Todos os demais precisam aprender onde terminará o caminho de seus próprios corações. Isaque, Rebeca e Jacó provam isso. É Esaú, até agora o ferido, quem ganha, como vimos, alguma coisa com tudo isso. Pela sua espada ele vive e, com o tempo e por um tempo, quebra de seu pescoço o jugo de seu irmão mais novo. (Jeroboão em sua época seguiu seu próprio caminho para alcançar a promessa de Deus referente ao reino das dez tribos, feita pelo profeta Aías – e ele adiou sua própria misericórdia; assim como Jacó faz neste capítulo. Não, ainda mais. Jeroboão teve que ser exilado no Egito até a morte de Salomão, por essa causa; assim como Jacó esteve exilado em Padã por vinte anos, pelo mesmo mal. Leia mais sobre isso em 1 Reis 11).

 

Depois de tudo isso, bem no fim de seus caminhos, embora não de seus dias, por desejo da desconfiada e aterrorizada Rebeca, Isaque manda Jacó embora. E esta ação é feita com uma expressão de tristeza, vergonha e decepção, o fruto amargo que o seu próprio caminho preparou para eles. Na verdade, tudo teria sido diferente se o espírito e a obediência da fé os tivessem mantido no caminho do Senhor (Gn 27:42; 28:5).

 

O fim de Isaque 

E aqui chegamos, como dissemos, ao fim, ao fim prático, da vida do nosso patriarca. Ele vive, é verdade, quarenta anos depois disso; pode ser mais – mas ele está perdido para nós. Ele é como se não existisse.

 

No final de Gênesis 35, lemos: “E Jacó veio a Isaque, seu pai, a Manre, a Quiriate-Arba (que é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e Isaque. E foram os dias de Isaque cento e oitenta anos. E Isaque expirou, e morreu, e foi recolhido aos seus povos, velho e farto de dias; e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram”.

 

Abraão havia se apossado cuidadosamente de Macpela, por ocasião da morte de Sara; e ali ele sepultou Sara, e ali o sepultaram Isaque e Ismael; e ali, neste momento, Jacó e Esaú sepultaram Isaque e ali depois seus doze filhos sepultaram Jacó.

 

A compra de pedaço de campo e o cuidado que os patriarcas manifestaram na questão de serem sepultados ali, nos falam de sua fé em sua própria feliz ressurreição e na consequente herança da terra. Isso nos diz que a esperança estava na alma deles tão certamente quanto a fé estava – que assim como eles descansaram, sem dúvida, na certeza de seu chamado e adoção, assim o fizeram, com igual segurança, na vida e na herança preparada para eles no mundo vindouro.

 

Eles viveram em fé e morreram em fé. Eles eram um povo que conhecia e desfrutava da vida de fé e de esperança na alma de cada um deles. Eles evidenciam a natureza repetidas vezes; eles erram, desviam-se, tramam e às vezes enganam a Deus por incredulidade; incorrem em disciplina e repreensão e às vezes são humilhados diante dos homens; mas eles parecem nunca duvidar dos fatos abençoados, de que foram adotados e doados pelo Deus da glória. A fé e a esperança viviam na alma deles. Não digo que eles tivessem o que nós temos. Existe agora uma unção, um penhor e um testemunho, fruto do Espírito dado e que habita, transmitindo não apenas o poder, mas o caráter deste nosso dia. Mas os patriarcas, nos seus primeiros dias, parecem nunca duvidar. E isto é precioso – que Deus, mesmo nas primeiras comunicações de Si mesmo – comunicações de Si mesmo aos Seus eleitos, mesmo em sua simplicidade, ou, nos primórdios de Gênesis – fosse conhecido por eles como Alguém em Quem se podia confiar tanto para o presente quanto para o futuro.

 

Deus deu esperança 

E novamente eu digo: isso é precioso. O Espírito forma esperança na alma dos eleitos, tão certamente quanto a fé. Macpela nos diz isso, quanto aos patriarcas. Mas ela foi achada antes deles, e tem sido achada desde então. Adão era um homem esperançoso e crente. Assim que ele teve fé, ele teve esperança. Ele caminhou como um estrangeiro na Terra, bem como na consciência da vida. E com ele, e como ele, caminharam os santos antediluvianos.

 

Posteriormente, Israel celebrou a última noite de sua estada no Egito com o cajado na mão e sapatos nos pés, tão simples e tão certo quanto colocaram o sangue na verga da porta. Esperavam algo além do Egito, tão certamente como contavam com a segurança no Egito.

 

Moisés testemunhou esta posição de Israel, esta posição adequada no arraial de Deus no poder de fé e de esperança, quando depois disse a Hobabe: “Nós caminhamos para aquele lugar de que o SENHOR disse: Vo-lo darei”. E assim Paulo, em suas palavras diante do rei Agripa: “à qual (promessa) as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia”.

 

O azeite nos vasos das virgens prudentes é a expressão do poder da esperança. Elas se precaveram para a espera d’Aquele por Quem vigiavam e esperavam, fosse aquele retorno próximo ou distante.

 

E para dar à esperança a sua mais elevada e brilhante glória moral, somos informados de que o atual céu de Jesus é um céu de esperança. Embora esteja assentado à direita da Majestade nas alturas, Ele está, sabemos, “esperando até que Seus inimigos sejam postos por escabelo de Seus pés”. E a mente da Igreja glorificada será, em breve, semelhante a essa mente de seu Senhor glorificado; pois o céu de Apocalipse 5 também é um céu de esperança. “Digno és”, dizem as criaturas viventes e os anciãos entronizados daquele céu, “de tomar o livro e de abrir os seus selos; porque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo e língua, e povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra”.

 

Nesta vida de fé e esperança, os pais do Livro do Gênesis são vistos como um só. Fico feliz em saber disso. Eles ilustram diferentes mistérios e nos falam diferentes lições morais; mas nesta vida de fé e esperança eles são um; e cada um em seus dias, Abraão, Isaque e Jacó, são igualmente reunidos ao seu povo (Gn 25, 35, 49) – cada um é “um punhado de pó santo” na cova no campo de Efrom, o Hitita, ali depositado com esperança segura e certa de uma ressurreição para a vida e para a herança.

 

Existe um ditado: “É melhor desgastar-se do que enferrujar-se”. Mas esse algo melhor não pertencia a Isaque. Ele enferruja. E esse foi o fim natural de tal vida.

 

Isaque colocado de lado 

Isaque, pergunto, era um vaso arruinado na roda do oleiro? Ele foi um vaso deixado de lado por não ser adequado para uso do Mestre? Ou pelo menos não está mais apto para isso? Sua história parece nos dizer isso. Abraão não tinha sido assim. Todas as características distintivas do “estrangeiro aqui”, todos os frutos próprios daquela energia que o vivificou no início, foram carregados nele e por ele até o fim. Já vimos isso na caminhada de Abraão. (Veja “Abraão”.) A folha de Abraão não murchou. Ele deu frutos na velhice. O mesmo aconteceu com Moisés, com Davi e com Paulo. Eles morrem vestindo seus jugos, no arado ou na batalha. Erros e mais do que erros cometeram no caminho, ou na sua causa, ou no seu trabalho; mas eles nunca são colocados de lado. Moisés está aconselhando o arraial perto das margens do Jordão; Davi está ordenando as condições do reino e colocando-o (em sua beleza e força) nas mãos de Salomão; Paulo está com sua armadura, seus lombos cingidos. Quando, como posso dizer, estava próximo o momento de sua partida, o Mestre, como lemos em Lucas 12, encontrou-os “fazendo assim”, como os servos deveriam ser encontrados. Mas não foi assim com Isaque, Isaque é deixado de lado. Durante quarenta longos anos nada sabemos sobre ele; ele estava, por assim dizer, decaindo e definhando. O vaso estava enferrujando até enferrujar por completo.

 

Certamente há sentido em tudo isso, sentido para nossa admoestação.

 

Variedade moral 

E, no entanto – tal é a frutificação e a instrução dos testemunhos de Deus – há outros, na Escritura, de outras gerações, que têm lições e advertências ainda mais solenes para nós. É humilhante ser colocado de lado por não ser mais adequado para uso; mas é triste ser deixado apenas para nos recuperarmos, e é terrível permanecer para nos contaminarmos. E temos ilustrações de toda essa variedade moral nos testemunhos de Deus. Jacó, nos seus últimos dias no Egito, não é como um vaso deixado de lado, mas está lá se recuperando. Sei que há algumas coisas verdadeiramente preciosas relacionadas com ele durante aqueles dezessete anos que passou naquela terra, e não poderíamos poupar a lição que o Espírito nos ensina da vida de Jacó no Egito. Mas ainda assim, a moral disso é esta: um santo, que esteve sob santa disciplina, recuperando-se e produzindo frutos dignos de recuperação. E quando pensamos um pouco sobre isso, isso é apenas uma coisa ruim. Mas Salomão é um caso ainda pior. Ele vive para se contaminar; triste e terrível contar isso. Este não era Isaque nem Jacó – não era um santo simplesmente deixado de lado, nem um santo deixado para se recuperar. Isaque foi, no grande sentido moral, imaculado até o fim, e os últimos dias de Jacó foram seus melhores dias; mas sobre Salomão lemos: “Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses”, e isso fez com que a inscrição sobre seu nome, a tábua em sua memória, fosse ambígua e difícil de decifrar até hoje.

 

Tais lições nos são ensinadas por Isaque, Jacó e Salomão, dessa maneira, amados – tais são as minuciosas e variadas instruções deixadas para nossa alma nas páginas frutíferas e vivas dos oráculos de Deus. Elas nos permitem ver, na casa de Deus, vasos úteis para uso e mantidos em uso até o fim – vasos colocados de lado, para enferrujarem em vez de se desgastarem – vasos cujo melhor serviço é ficarem limpos novamente – e vasos cuja desonra, no final do seu serviço, é contrair alguma nova contaminação.

 

Trazido a um Deus amoroso 

Maravilhosas e variadas as lições e os caminhos da graça, graça abundante! De fato, rapidamente a alma nutre pensamentos de Deus segundo as sugestões da natureza, em vez de conhecê-Lo segundo a fé. A natureza O mantém diante da alma como um Juiz, ou como um Legislador, ou um Exator da justiça, como Alguém que carrega balanças em Suas mãos para testar cada pensamento e obra – Alguém que é sensível e ressentido com o menor toque do mal. Mas a fé O mantém diante de olhos e corações que contemplam e adoram, como Aquele que sempre nos ama, fazendo ou dizendo o que quer que seja. Pois a fé opera pelo amor (Gl 5:6) – ela opera para com Deus como Amor e, portanto, é um espírito de confiança e liberdade. Se encontrarmos nossa alma sob a pressão do espírito de medo, escravidão ou incerteza, podemos ter certeza de que elas deixaram a mão gentil da fé e se permitiram ser guiadas por tutores e governadores que a natureza fornece. Isto não deveria ser assim. Devemos saber que sempre temos a ver com amor! Quando lemos, quando oramos, quando conversamos, quando confessamos, quando servimos, quando cantamos, quando procuramos por Sua mão em providência, ou pensamos em Seu nome em segredo, que a comunhão da fé com Deus seja nossa! Ele nos ama. A relação em que nos encontramos, e da qual o nosso Isaque foi a expressão, torna isto uma verdade necessária.

 

Foi “para Si mesmo” que Deus nos trouxe e nos adotou – e nos predestinou para a adoção de filhos por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito (ou o bom prazer) da Sua vontade (Ef 1:5). E estas palavras “para Si mesmo” revelam o próprio gozo de Deus na adoção dos eleitos, em torná-los filhos; assim como foi o gozo de Abraão com o desmame de nosso Isaque. Cristo apresenta a Igreja a Si mesmo (Ef 5:27), e o Pai reúne os eleitos como filhos por adoção para Si mesmo. Cada um tem interesse pessoal e deleite pessoal nos mistérios da graça. E de acordo com isso, o Espírito Santo, na Epístola aos Gálatas, à qual a história de Isaque se refere, defende a causa do Pai, bem como a causa de Cristo conosco. Ele nos ensina que somos redimidos por Cristo da maldição da lei e, por meio do Espírito que nos foi dado pelo Pai, da escravidão da lei. Tudo isso é cheio de bênçãos para nós; e tudo isso nos sugere o mistério de Isaque, filho da mulher livre.

 

A fé é aquele princípio em nós que dá ao Senhor Jesus o lugar ou privilégio (um lugar que só Deus pode preencher) de sustentar a confiança de um pecador inteiramente por Si mesmo, de ser o imediato, o único Objeto da confiança do pecador. Mas a fé, nesta dispensação, envolve relacionamento. Pela fé permanecemos na Pessoa e também na obra de Cristo – e Cristo sendo o Filho, somos filhos, assim como somos pecadores salvos. Somos todos filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus (Gl 3:26). E Ismael não dividirá a casa com Isaque. O espírito de escravidão gerado pela lei ou pela religião das ordenanças deve ser afastado, e somente o espírito de liberdade deve preenchê-lo. Pois a casa agora está colocada sob um filho e não um servo, sob Isaque e não sob Eliezer – e o relacionamento é o gozo de Deus assim como é o nosso. “O Pai procura a tais que assim O adorem” Palavras maravilhosas de graça abundante, amado! E o gozo em nosso Isaque garantiu isso nos dias patriarcais.



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