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ÍNDICE
Os Patriarcas
John Gifford Bellett
Céu e Terra
Parte 1
“No princípio Deus criou o céu e a Terra”. A cena da obra divina foi dupla; e, consequentemente, “na dispensação da plenitude dos tempos”, Deus Se manifestará novamente, tanto no céu como na Terra.
Eu começaria minha meditação sobre esse assunto divino com Gênesis 1-47, que apresenta, creio eu, uma bela visão do Senhor agindo, alternadamente, no céu e na Terra, até que, no final, os encontramos juntos em uma forma figurada de como será a conexão deles e, ainda assim, a distinção entre eles naquela vindoura dispensação da plenitude dos tempos. Que nossas meditações sejam sempre submetidas à Sua verdade e Espírito, e conduzidas com o temperamento de adoradores.
Gênesis 1-2
Foi somente da Terra que Adão foi feito senhor. O jardim era sua residência e ele deveria encher e sujeitar a Terra. Estes eram os limites de sua herança e de seus prazeres. Ele conhecia o céu apenas quando o via acima de si e pelas suas luzes que dividiam seu dia e sua noite. Mas ele não tinha pensamentos que o ligassem, pessoalmente, ao céu.
Gênesis 3
Mas Adão transgrediu e perdeu o jardim, e tornou-se um trabalhador braçal na Terra, em vez de ser o feliz senhor dela (Gn 3:17-19). Ele agora deveria obter dela uma subsistência mínima, até que se deitasse morto sobre ela.
Gênesis 4-5
Tal foi a sua nova condição. Agarrar-se à Terra agora como o seu deleite e porção era agir em ousado desafio ao Senhor do juízo. E tal era o espírito de Caim e de sua família. Ele achava que a Terra era boa o suficiente para Deus e não desejava nada melhor para si mesmo. Ele deu a Deus o fruto dela e construiu uma cidade para si mesmo sobre a face da mesma, provendo-a com coisas desejáveis de todos os tipos, e indiferente ao pensamento do sangue com que sua própria mão a havia manchado, e da presença do Senhor, a Quem ele havia virado as costas. Mas tal não era Adão, ou Abel, ou Sete, ou aquela linhagem de adoradores que invocam “o nome do Senhor”. Eles têm na Terra apenas um lugar de sepultura. Mas tendo a graça provido um remédio para eles como pecadores, e tendo a justiça os separado de uma Terra amaldiçoada, eles creem no remédio e não buscam nenhum lugar ou memorial na Terra, e o Senhor lhes dá uma herança mais elevada e mais rica, até mesmo no céu Consigo mesmo, conforme significado na trasladação de Enoque.
Gênesis 6-9
Mas embora o Senhor esteja assim transferindo o cenário de Seus conselhos e as esperanças de Seus eleitos da Terra para o céu, ainda assim a Terra não foi abandonada. Sabemos que ela está destinada a regozijar-se, em breve, na liberdade da glória; ou, como já citei, na “dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:9-10). E, consequentemente, esse propósito o Senhor às vezes repetirá e ilustrará, como faz agora, no devido tempo, na história de Noé.
A família celestial, como acabamos de ver, morreu somente para a Terra e na Terra. Eles poderiam falar, é verdade, tanto sobre o julgamento dela quanto sobre sua bênção que se aproximava. Enoque predisse o julgamento e Lameque a bênção (Jd 14; Gn 5:29). Mas nenhum deles esteve nas cenas de que falaram. Mas Noé, que vem depois deles, é novamente um homem da Terra. Nos seus dias, a Terra reaparece como cenário de cuidado e deleite divino. Deus tem comunhão com o homem sobre a Terra novamente. Ela passou pelo julgamento da água, e Deus faz um concerto com ela, tem o profeta, o sacerdote e o rei sobre ela, provendo para sua continuidade e governo piedoso. A conexão de Noé com ela era bem diferente da de Caim ou da de Sete. Ele não a adornou e dela desfrutou, como Caim, desafiando a Deus; nem, como Sete, tomando apenas um lugar de sepultura nela; mas ele desfrutou de toda ela sob o Senhor. O Senhor sancionou sua herança, seu domínio sobre ela e seu prazer nela.
Gênesis 10-11
Assim, a Terra, por sua vez, retoma a história maravilhosa e é o cuidado e o objeto do Senhor. Mas novamente torna-se corrompida diante d’Ele. O próprio Noé, como Adão, inicia esta triste história, e os construtores de Babel, como outra família de Caim, aperfeiçoam a apostasia, procurando encher a Terra de si mesmos, independentemente de Deus. Eles eram caçadores poderosos diante do Senhor. Eles vasculharam a face da Terra, como se perguntassem, com orgulho infiel: “Onde está o Deus do juízo?”
Gênesis 12-36
Isso, no entanto, não foi permitido. Outro julgamento cai sobre eles. Eles são dispersos e toda a ordem social humana é terrivelmente desfeita. Mas Abrão é chamado a encontrar a sua comunhão com Deus, à parte do mundo. Sua família morava na Mesopotâmia, além do Eufrates. Ele veio da linhagem de Sem, mas era um adorador de ídolos, como eram todas as nações. Mas a graça soberana o distingue, e o Deus da glória o chama para fora de sua parentela, de sua casa e de sua terra.
É um chamado, porém, que não interfere na ordem da Terra ou no governo entre as nações. Ele é chamado a ser um estranho, e não um rival dos “poderes”, ou um novo modelo de governador de qualquer povo. Ele anda com Deus como o Deus da glória – um caráter mais elevado do que aquele por Quem “as autoridades que há foram ordenadas”. Ele é um peregrino e estrangeiro na Terra e caminha como um homem celestial. Ele tem a promessa que sua semente e herança na Terra se tornariam unidas em breve; mas ele, com Isaque e Jacó, habita em tendas todos os seus dias, e a vida na tenda é a de um estrangeiro aqui, de alguém que não está em casa e em repouso.
Aqui, então, temos um povo celestial novamente – celestial no caráter de sua caminhada, e celestial, como Enoque ou Lameque, em sua inteligência sobre a história futura da Terra e a promessa à sua semente de herança nela no devido tempo. Mas temos mistérios ainda mais profundos e completos na história daquele que vem depois deles.
Gênesis 37-47
Por causa da maldade de seus irmãos, como todos sabemos, pois é uma história favorita, José é afastado do cenário da herança prometida e pactuada, e torna-se primeiro um sofredor, e depois um marido, um pai e um governador, no meio de um povo distante; até que finalmente seus irmãos, que antes o odiavam, e os habitantes da Terra, sejam alimentados e governados por ele em graça e sabedoria.
Nada pode ser mais expressivo do que tudo isso. É uma manifestação impressionante do grande resultado pretendido por Deus “na dispensação da plenitude dos tempos”. José é lançado entre os gentios; e ali, depois do sofrimento e da escravidão, torna-se o exaltado, e o chefe e o cabeça de uma família com tanta alegria, que seu coração por um tempo consegue esquecer seus parentes segundo a carne. Este certamente é Cristo no céu agora, exaltado após Seus sofrimentos, e com Ele a Igreja tirada dentre os gentios, tornou-se Sua companheira e regozijo durante o período de Seu afastamento de Israel. Mas com o passar do tempo, José se tornou o depositário e o dispensador dos recursos do mundo; seus irmãos, assim como todos os demais, tornam-se dependentes dele; ele os alimenta e os governa de acordo com sua vontade. E isto tão certamente é Cristo, como Ele será na Terra em breve, com Israel trazido ao arrependimento e assentado na porção mais bela da Terra, e com todas as nações sob Seu cetro, quando Ele as governará de acordo com a Sua sabedoria, as alimentará com Seus tesouros e as restabelecerá em sua herança em paz e retidão.
Certamente os céus e a Terra são, em figura, vistos aqui, como realmente serão na “dispensação da plenitude dos tempos”, quando todas as coisas, tanto no céu como na Terra, serão reunidas em Cristo. Certamente este é um relato detalhado do grande resultado, e os céus e a Terra manifestam juntos o mistério de Deus!
E não posso deixar de observar a sujeição voluntária e sem murmurações que os egípcios demonstram a José. Ele os move de um lugar para outro, e os acomoda como quer, mas tudo é bem-vindo para eles; e assim, nos dias do reino, o mundo inteiro estará pronto para dizer: Jesus “tudo tem feito bem”. Que bem-aventurança! Sujeição a Jesus, mas uma sujeição voluntária e feliz! Seu cetro obtendo aprovação e as boas-vindas de todos sobre quem Ele acena e afirma Seu poder!
E novamente observo que todo esse poder de José é mantido em pleno consentimento da supremacia do Faraó. O povo, o gado e as terras foram todos comprados por José para o Faraó. Ainda é o reino de Faraó, embora esteja sob a administração de José – como no reino do qual este é a figura, toda língua confessará Jesus como Senhor, para a glória de Deus Pai.
Esses aspectos dão expressão e caráter claros à imagem. Mas há um outro toque (o toque da mão de um mestre, eu diria com reverência) nesta imagem que não é inferior em significado ou em beleza a qualquer outro. Quero dizer que em toda esta colonização da terra, Asenate e os filhos não recebem nenhuma porção. Eles não são vistos; não há sequer menção a eles. Jacó pode ficar com Gósen; mas Asenate, Efraim e Manassés, não recebem nada. Será que a esposa e os filhos foram menos amados, e o pai e os irmãos mais? Não, isso não pode ser. Mas Asenate e os filhos são celestiais e têm sua parte naquele que é o senhor e dispensador de tudo isso, e eles não podem se misturar nos interesses e arranjos da terra. Até mesmo Gósen, a parte mais bela e fértil da terra, não é digna deles. Eles são a família do próprio senhor. Eles compartilham o lar, a presença e os carinhos mais íntimos daquele que é o feliz e honrado cabeça de toda essa cena de glória.
Não é este o grande resultado, em miniatura ou em figura? Não temos em tudo isso a promessa da “dispensação da plenitude dos tempos”, quando Deus reunirá todas as coisas em Cristo, tanto as que estão no céu como as que estão na Terra? Os céus e a Terra aqui não são vistos e ouvidos juntos em sua ordem milenar? Eu certamente julgo que sim. “Conhecidas por Deus são todas as Suas obras, desde o princípio do mundo” (KJV).
O lugar terrenal de Israel
Mas à medida que avançamos no curso das dispensações divinas, cenas e propósitos terrenais e celestiais ainda se revelam. Israel, por sua vez, e depois destas cenas do livro do Gênesis, torna-se testemunha de Deus e um povo terrenal. Uma parte do mundo é santificada para ser novamente possuída e habitada por Deus. Assim como o dilúvio purificou toda a Terra para o poder e presença divinos nos dias de Noé, assim a espada de Josué agora purifica uma parte dela para o mesmo poder e presença divinos em Israel. Deus tem Seu santuário e Seu trono na terra de Canaã. Ele é adorado em Jerusalém, e ali Sua lei é dispensada. A glória está novamente na Terra. Como Senhor da Terra, o Deus de Israel mantém a corte e governa a Terra novamente. Mas tudo está corrompido novamente, Canaã foi contaminada pela apostasia de Israel, assim como a Terra de Noé foi contaminada pela torre de Babel. Ezequiel, que foi colocado como vigia no dia desta apostasia, vê, portanto, a glória a caminho de Jerusalém para o céu. Ela não procura nenhum outro lugar na Terra, mas, sendo perturbada em Jerusalém pelas contaminações de lá, retira-se para o céu (Ezequiel 11).
O movimento da glória
Até esse dia de Ezequiel a glória comunicou-se com Israel em poder. Foi uma glória, ou presença divina, que julgou o Egito, guiou o arraial pelo deserto, derrotou as nações de Canaã, dividiu suas terras entre as tribos e depois assentou-se no templo e no trono em Jerusalém. Tudo isso foi a glória em poder. Mas, como vimos, Israel agora a perdeu e ela retorna ao céu. Mas ela tinha outro caráter para se mostrar a si mesma. Esta mesma glória, ou a presença divina, o próprio Deus, retorna velada na Pessoa de Jesus; em Quem, como Galileu rejeitado, ou Filho de carpinteiro, não tendo onde reclinar a cabeça, em pior situação no mundo do que os pássaros ou as raposas, andou pela terra de Israel na mais plena graça, curando, pregando, trabalhando arduamente, vigiando; pobre, mas enriquecendo a outros; sedento e faminto, mas alimentando milhares, e em tudo tão simples e seguramente declarando-se ser a própria glória, como fez quando dividiu as águas do Jordão ou derrubou os muros de Jericó. Só que agora era a glória em sua graça, como havia sido a glória em seu poder naquela época. Nesta forma, porém, Israel, ou a Terra, também a perdeu, embora ela não tenha deixado a Terra da mesma maneira. Anteriormente, quando rejeitada em seu poder, ela deixou a Terra, por si mesma, em justa ira, ressentida com a afronta feita à sua majestade, e retirando-se em juízo (Ezequiel 1-11); mas agora, sendo rejeitada em sua graça, é finalmente mandada embora em vez de retirar-se. No entanto, quer vejamos a glória em poder ou em graça, a Terra a perdeu e ela está agora oculta nos céus (Veja Atos 7:55).
Esta é a história da glória desde Ezequiel 11 até a ascensão de Jesus. E é novamente onde o profeta de Deus a viu se movendo naquele capítulo, ou seja, no céu. Só que agora ela está reunindo ali a plenitude dos gentios, recebendo para si mesma os “irmãos santos, participantes da vocação celestial”. O Espírito Santo veio para nos contar aqui sobre a glória ali, para nos associar à sua própria história maravilhosa, ou para fazer da porção dela a nossa porção.
Tal é o lugar e tal a ação da glória agora.
A glória retorna
Mas ainda há outra etapa em sua história. Ezequiel a vê retornar ao mesmo lugar de onde partiu (Ezequiel 43). Ela nunca havia procurado algum outro lugar na Terra. Se Sião não estiver preparada para Jesus, a Terra deverá perdê-Lo, pois somente de Sião Ele disse: “Este é o Meu repouso para sempre”. Mas a glória retorna como vemos naquele capítulo de Ezequiel. E então surgirá aquele sistema comumente conhecido pelo nome de “o Milênio”, quando Jesus Se tornará o centro, a verdadeira escada que Jacó viu, o Sustentador de todas as coisas no céu e na Terra, reconciliando tudo pelo Seu sangue, e então reunindo tudo em Si mesmo para espalhar Suas glórias sobre todos (Veja Isaías 4:5-6).
Desta forma, as duas partes do reino futuro, a celestial e a terrenal, foram prometidas repetidas vezes desde o início; uma testemunha após outra, convocada nas dispensações, tem, como vimos, contado Seus conselhos; e o Milênio será o reconhecimento destas promessas e o cumprimento das promessas destas testemunhas celestiais e terrenais.
Interação do céu e da Terra
Foi grato à minha própria alma pensar no relacionamento do céu com a Terra, no progresso desta história variada e maravilhosa. Quero dizer nas visões, ou nos sonhos, ou nas visitas angélicas, que às vezes o povo de Deus tem desfrutado. As audiências dos oráculos divinos também são desse caráter. Tudo isso mostra que os céus tinham acesso à Terra e só precisavam passar por um fino véu para encontrá-la ou alcançá-la.
Enquanto a Terra estava imaculada, o Senhor Deus andava no jardim. E depois, embora Ele estivesse de certa forma afastado da Terra, ainda assim Ele estava sempre pronto para visitá-la em favor de Seus eleitos, como nas histórias de Abraão, Josué, Gideão e outros. A escada que Jacó viu, com o topo no céu e o pé na Terra; as idas e vindas de Moisés entre o Senhor e o povo; os anciãos subindo e vendo o Deus de Israel; A ascensão de Salomão de sua própria casa até a casa do Senhor são indícios do relacionamento entre os céus e a Terra nos dias do reino. Assim, aquela hora brilhante e memorável, quando Jesus foi transfigurado, na companhia de Moisés e Elias, aos olhos de Pedro, Tiago e João. Assim, as aparições ocasionais de Cristo aos Seus discípulos depois que Ele ressuscitou. E assim a visão do lençol descendente e ascendente. As coisas celestiais, em tais momentos, revelam-se aos olhos do homem e nos dão uma doce nota de sua proximidade. Ainda não percebemos esta proximidade, pois a glória ainda não está em seu lugar milenar sobre a cidade dos Judeus; mas a fé lê esses indícios dessa proximidade e os entende (Is 4). A fé, em Eliseu, sabia que o Senhor dos Exércitos estava próximo e orou para que seu servo pudesse ter os olhos abertos para ver que as montanhas ao seu redor estavam cheias de carros e cavalos do céu; e no reino milenar tudo isso estará à vista. A glória celestial, ou glória da cidade dourada, brilhará sobre a Jerusalém da terra de Israel. Ela será uma cobertura para todas as suas habitações. A escada será erguida, com a cabeça nos céus e o pé na terra; o mesmo bendito Senhor será o centro de todas as coisas; e, como nas diferentes partes de um mesmo templo, serão celebrados os serviços de louvor e regozijo, cada língua confessando Jesus como Senhor, para glória de Deus Pai.
Felicidade Moral
A pura felicidade moral que será desfrutada por meio desse relacionamento também é docemente retratada em diferentes figuras e profecias. Como no encontro de Jetro e Moisés, de Salomão e da rainha do Sul; como em Isaías 60, ou no Monte Santo, ou na Santa Jerusalém. Que afeições corretas encontramos em todos esses relacionamentos! Que puros prazeres sociais são, como eu disse, retratados diante de nós! No monte de Deus, com que naturalidade Moisés imediatamente ocupa o lugar do inferior, e Arão também; e com que graça Jetro, representando o homem celestial, cumpre os deveres e ostenta as honras de seu superior! E com que gozo de coração e com que louvor nos lábios ele ouve a história da misericórdia de Deus para com Israel! Na rainha do Sul testemunhamos uma generosidade de alma sem inveja nem ressentimento, e em Salomão uma prontidão para fazê-la feliz! Ele conta a ela tudo o que estava no coração dela e muito mais, enchendo-a de tanta luz e regozijo que, como dizem, não houve mais espírito nela; e ela volta para casa, não para invejar sua grandeza, mas para espalhar a notícia. Em Isaías 60 aprendemos com que alegria todas as nações, no dia do reino, esperarão em Jerusalém com seus tesouros. Assim como o voo das pombas para suas janelas serão as viagens voluntárias dos dromedários de Midiã, ou as viagens dos navios de Társis, com seus tesouros e despojos, para nutrir o regozijo e a glória de Sião. Eles terão prazer em homenageá-la, e tudo estará com o brilho e o fervor de uma oferta voluntária. Como depois, no caso de Pedro no Monte Santo; quando ele acordou para a visão e a percepção da glória celestial, tal gozo encheu sua alma que, imediatamente, e por sua própria necessidade, expulsou todo egoísmo de seu coração. Não foi Pedro propriamente quem falou, mas a virtude do lugar, o espírito da cena. Ele estava, como num piscar de olhos, tão cheio do ar e do sopro do céu, que estava pronto para trabalhar e deixar que outros homens participassem de seu trabalho. “Senhor, bom é estarmos aqui”, disse ele; “façamos aqui três tabernáculos, um para Ti, um para Moisés, e um para Elias”. E novamente, na Santa Jerusalém, qual é o relacionamento entre as famílias de Deus? Tudo isso é abençoadamente do mesmo caráter grande e generoso. Os reis trazem sua glória e honra à luz da cidade, considerando ser seu lugar e seu gozo prestar-lhe honra, não se aproximando levianamente dela, mas, reconhecendo sua santa dignidade, trazendo apenas sua glória e sua honra para ela. E ela distribui seus tesouros com a mesma graça. As folhas de sua árvore, a luz de sua glória, as correntes de seu rio vivo, estão todas à bem-vinda disposição das nações.
Todas essas vagas expressões dos deleites sociais dos tempos milenares serão profundamente valorizadas por nós, se amarmos o exercício de afeições puras e interessadas no bem-estar dos outros.
O céu desceu à Terra
Mas neste relacionamento são os céus que visitarão a Terra, e não a Terra os céus – as pessoas de um descerão para o outro, mas não o contrário – as pessoas da Terra terão apenas que receber e acolher os visitantes do céu.
O reino da natureza, como podemos chamá-lo, demonstra isso. Porque a Terra nada dá ao céu, mas dele recebe; assim como a luz do Sol e a chuva descem para abençoar a Terra, mas a Terra não acrescenta nada em troca. (Os santos da era atual, sendo celestiais em sua vocação, deveriam ser celestiais também no espírito de sua mente, e conscientemente, em todos os seus gostos e desejos, apenas como estrangeiros, e não em casa, na Terra; um povo, como alguém disse uma vez, não como olhando da Terra para o céu, mas olhando do céu para a Terra).
Velando a glória
Mas nesse futuro relacionamento entre os céus e a Terra, quando o povo dos céus sobe e desce a escada mística ou milenar, pensei que a Escritura nos leva a julgar que haverá mudança de vestimenta, ou um certo véu de sua própria glória, quando eles descem e têm comunhão com a Terra abaixo deles e sob eles.
A expressão disso encontramos nas aparições do Senhor depois que Ele ressuscitou dos mortos. Pois então Ele poderia assumir qualquer véu que se adequasse à atividade que tinha que fazer, fosse o de Jardineiro para Maria, o de Companheiro de viagem para os dois que iam para Emaús, ou o de um Estrangeiro cortês nas margens do lago para os pescadores. Nessas aparições, Ele não poderia ser visto no céu; mas Ele poderia velar-Se assim quando a ação que Ele tinha em mãos para realizar na Terra assim o exigisse. Desde a antiguidade, Moisés era o Moisés sem véu na presença de Deus, mas era o Moisés velado à vista de Arão e da congregação. Uma vestimenta era ajustada ao céu, outra à Terra. E como também, no caso dos sacerdotes, eles tinham as vestimentas que lhes convinham quando estavam dentro, e tinham outra vestimenta para aparecerem fora. Eles se adequaram de maneira diferente à presença de Deus e à do povo (Veja Levítico 6:11, 16:4, 23-24; Ezequiel 42:14; 44:19).
E, além disso, vemos esta aparência mutável do Filho de Deus nos tempos antigos. Ele tinha vários trajes onde Se mostrava, e onde velava a glória mais brilhante que era adequada apenas para as regiões mais altas. Ele estava em uma sarça ardente em Horebe, em um carro de nuvem pelo deserto e como Soldado armado diante das muralhas de Jericó (Josué 5:13). Os assuntos do reino, as preocupações da Terra, O chamaram aqui; e Ele apareceu de uma forma adequada ao assunto que tinha que tratar. E tudo isso são indicações da mudança de vestimenta, na qual aqueles que vão governar “o mundo vindouro” e cuidar dos assuntos do reino na Terra, podem esperar em seu ministério aqui, e então retornar para aparecer novamente sem véu, em seus lugares celestiais mais apropriados.
Regozijos e glórias únicas
Mas, além desta doutrina dos lugares e povos celestiais e terrenais, nos dias da glória vindoura, e além da verdade de haver um relacionamento abençoado e maravilhoso entre eles, como resumidamente tenho afirmado, poderíamos meditar sobre alguns dos regozijos e glórias peculiares a cada um deles.
Subir e encontrar o Senhor nos ares é a esperança mais imediata no coração do crente; depois ir com Ele para as mansões da casa do Pai. Como Ele diz: “virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também”. E essa casa proporcionará o exercício a todas aquelas afeições familiares que o coração tão bem entende. O Pai estará lá, e o Primogênito entre muitos irmãos, e os próprios muitos irmãos. E para ampliar esses relacionamentos, e despertar ao máximo as afeições, ali haverá o casamento, e a Igreja agora desposada se tornará a noiva do Cordeiro (Ap 19).
Há também cenas de glória e ocasiões de outros regozijos que acompanham isso. Naqueles céus haverá a “Santa Jerusalém”, a morada dos santos como povo sacerdotal real, o local de governo e de adoração. E ali estará a árvore da vida, e o rio da vida, e a luz, e o trono de Deus e o Cordeiro. E os santos estarão lá como harpistas, não tendo címbalos e tamboris de habilidade meramente humana, adequados para elevar as alegrias da Terra (Sl 98), mas tendo “harpas de Deus”, instrumentos de obra divina, adequados para despertar melodia digna do próprio céu. E os anciãos entronizados estarão lá, lançando suas coroas diante do trono, e os anjos deleitando-se em atribuir todo o poder e autoridade ao Cordeiro que foi morto. (Alguém observou uma vez que o momento de maior arrebatamento no céu não é quando os santos usam suas coroas, mas quando as lançam diante do trono, como visto em Apocalipse 4:10).
E durante tudo isso não haverá nada que perturbe ou atrapalhe. Assim como na Terra, naqueles dias, “Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da Minha santidade”, assim, nos céus, não entrará nada que contamine. Não pode haver inimigos, pois foram julgados; nenhuma serpente, pois ela foi esmagada sob os pés. Não haverá cansaço de coração, nem frieza ou apatia de alma, nem desânimo de espírito; mas os servos servirão sem falha, e noite e dia haverá a adoração feliz: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus Todo-Poderoso”.
Este céu também será um cenário do próprio descanso ou sábado de Deus; e os santos, em sua medida experimentando o mesmo refrigério, habitarão naquele descanso em corpos transformados como o corpo glorioso de Cristo. Eles serão como Ele em Sua glória, vendo-O como Ele é. Eles resplandecerão “como o Sol” no reino de seu Pai. Na mente, no corpo e no estado, eles serão conformados com o Amado. E haverá a visão ou entendimento de toda a preciosa revelação de Deus, não como por espelho em enigma, mas veremos face a face, conhecendo como somos conhecidos. E ali estará a pedra branca; o maná escondido; a estrela da manhã; as compridas vestes brancas, para permanecer diante do trono de Deus; os vestidos brancos, para caminhar com o Senhor pelos domínios; e as vestes brancas, para se assentarem em seus próprios tronos (Ap 2-3). Tudo isso será nosso então.
O futuro para os santos celestiais
Mas isso leva a uma Escritura que é muito frutífera em instruções de gozo e glória celestiais. Refiro-me a Apocalipse 2 e 3. Creio que as promessas feitas ali revelam diante de nós, em ordem santa e exata, as coisas que aguardam os santos dos céus naqueles dias vindouros.
Éfeso
“Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus”.
Os que estão de fora terão as folhas desta mesma árvore para cura (Apocalipse 22), mas os santos dos céus terão mais – o próprio fruto da própria árvore, colhido, por assim dizer, imediatamente dela, onde cresce no meio do próprio jardim de Deus; não os frutos que lhes foram trazidos, mas colhidos pelas próprias mãos da própria árvore. Forte sugestão do frescor, do frescor constante daquela vida que é deles. Como Jesus diz (e o que pode passar além de tais palavras?), “Porque eu vivo, vós também vivereis” (ARA). Aqui, nesta promessa a Éfeso, está a árvore da vida partilhada imediatamente pelos santos celestiais. Pois esta é a sua porção: receber vida das próprias fontes e raízes e ali também alimentá-la e nutri-la.
Esmirna
“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida... O que vencer não receberá o dano da segunda morte”.
Isto é algo além do que foi dito a Éfeso. A vida era considerada transmitida em sua forma mais rica a Éfeso; mas aqui vemos que ela foi conquistada por Esmirna. Pois Esmirna foi duramente provada. Alguns foram lançados na prisão e todos passaram por tribulações. Eles deveriam sofrer muitas coisas, mas lhes foi prometida uma coroa de vida, se fossem fiéis até a morte. Como diz Tiago da mesma maneira: “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam”. Aqui a coroa da vida é prometida aos que suportam provações. E isso é belo em sua época. O Senhor Se deleita em reconhecer a fé de Seus santos; e se eles demonstraram que não amaram sua vida neste mundo até a morte, será como se a tivessem ganho no mundo vindouro. A vida será uma coroa para eles lá, como a recompensa gloriosa por não terem se importado com ela aqui.
Pérgamo
“Ao que vencer darei Eu a comer do maná escondido e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe”.
Temos outra fonte de gozo revelada aqui. A vida é possuída, e é possuída de forma abundante e honrosa, como vimos, em Éfeso e Esmirna; mas há aqui a promessa de outro regozijo – a percepção do favor e da afeição pessoal do Senhor; comunhão com Ele de uma tal natureza que só é conhecida por corações intimamente unidos naqueles deleites e lembranças com os quais um estranho não poderia se intrometer. Isto é aqui falado ao remanescente fiel em Pérgamo. Eles mantiveram Sua fé em meio às dificuldades e se apegaram ao Seu nome; e isso deve ser recompensado com aquilo que é sempre mais precioso – sinais de afeição pessoal, despertando a gratificante sensação e segurança de que o coração do Senhor está unido ao seu coração. Ele beijará o santo “com os beijos da sua boca”; ou, no meio de tudo isso, dará aquele sinal que confirmará essa afeição. É o maná escondido que aqui é o alimento; e a pedra aqui recebida tem um nome que ninguém conhece, exceto aquele que a recebe. Isto, como alguém disse, expressa afeição individual. Não é regozijo público, mas deleite na possessão consciente do amor do Senhor. Quão abençoado é esse caráter de gozo nos dias vindouros! Já vimos vida possuída em abundância e honra em Éfeso e Esmirna; mas aqui em Pérgamo avançamos para outra possessão – não a glória ainda, em qualquer forma dela, mas a bendita certeza e consciência da afeição pessoal do Senhor.
Tiatira
“Ao que vencer e guardar até ao fim as Minhas obras, Eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de Meu Pai, dar-lhe-ei a estrela da manhã”.
Aqui chegamos a cenas públicas, cenas de poder e glória. Isto não é apenas vida, embora nunca desfrutada de forma tão abençoada, nem simples afeição pessoal e gozo individual, mas aqui está algo demonstrado em honra e força por toda parte; aqui estão poder e glória no primeiro caráter em que as glórias dos santos estão destinadas a serem reveladas no futuro; isso significa que eles são companheiros do Senhor no dia em que Ele vier para fazer de Seus inimigos o escabelo de Seus pés; ou, de acordo com o decreto do segundo Salmo, quebrá-los com vara de ferro, para despedaçá-los como a um vaso de oleiro. Este será o Seu poder assim que Ele tomar o reino. Esta será a Sua eliminação de tudo o que seria inconsistente com o reino. Este será o cinto da espada sobre a coxa, como Davi, antes de ter subido ao trono, e como Salomão (Sl 45). Será a ação do Cavaleiro, antes que comece o reinado dos mil anos (Ap 19). E nesse exercício de poder e demonstração de glória, os santos (como somos instruídos e prometidos aqui) estarão com Ele. Isto é abençoado em seu lugar e nos é dado no devido tempo; pois, depois da vida e do gozo pessoal e oculto, as glórias públicas começam a ser apresentadas.
Sardes
“Algumas pessoas... Comigo andarão de branco, porquanto são dignas disso... O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos”.
Este é um estágio adiante nas cenas de glória. A vingança foi executada, a espada d’Aquele que está assentado no cavalo branco prestou o seu justo serviço, os vasos do oleiro foram quebrados e o reino chegou. Jesus aqui promete aos Seus fiéis que os confessará diante de Seu Pai e de Seus anjos. Isto não é redimi-los do julgamento, ou salvar a alma deles (como falamos), mas reconhecê-los publicamente diante das dignidades reunidas do reino. Ele lhes promete que andarão com Ele vestidos de branco, pois são dignos. Aquela mão que agora em graça lava seus pés, então os tomará em uma intimidade santa e feliz, e terá plena companhia com eles nas esferas da glória. Eles caminharão com Ele.
Que caráter de gozo é esse! Ser publicamente reconhecido, como antes (como lemos sobre Pérgamo) e ainda acariciado de forma privada e pessoalmente. De quantas maneiras o Espírito de Deus traça o regozijo vindouro dos santos! A vida, o amor, a glória que lhes estão reservados; a árvore da vida e também a sua coroa; a pedra branca, que leva, nos sentidos mais profundos do coração, a promessa do amor; e então companheirismo com o Rei da glória em Suas caminhadas por todos os Seus domínios resplandecentes e felizes. Mas ainda mais do que isso o mesmo Espírito ainda tem para contar.
Filadélfia
“A quem vencer, Eu o farei coluna no templo do Meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do Meu Deus e o nome da cidade do Meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do Meu Deus, e também o Meu novo nome”.
Acabamos de ver o herdeiro do reino como o companheiro do Senhor do reino, por toda a luz da glória, caminhando ali de branco com Ele, reconhecido diante do Pai e diante dos anjos. Aqui a promessa é que o fiel terá seu lugar no próprio sistema de glória, que ele pertencerá àquela ordem gloriosa de reis e sacerdotes que então formarão o caráter da cena, cada um deles sendo um pilar no templo, e cada um inscrito na cidade. Altas e santas dignidades! Cada um dos fiéis ocupa o seu lugar no templo e na cidade, um membro necessário daquele sacerdócio real então estabelecido no seu santo governo nos céus, onde a Nova Jerusalém habita e resplandece. Que honra é dada a eles aqui! Reconhecido por toda parte em companhia do Senhor, caminhando pela rica e ampla cena de glória; e também reconhecido interiormente, como portador, cada um em si mesmo, de uma parte da glória, cada um deles um vaso necessário para a plena expressão da luz da Nova Jerusalém, e formado como a parte vital da plenitude d’Aquele que deve preencher tudo em todos! Um rei e um sacerdote, cada um deles ocupando seus diversos postos e posições no templo e na cidade, a Salém do verdadeiro Melquisedeque. Que lugar de dignidade! Certamente o amor tem prazer em mostrar o que pode fazer e fará. Se tivéssemos apenas corações para valorizar essas coisas, principalmente por nos falarem desse amor que assim se aconselhou em nosso favor! Pois que pensamento mais elevado e mais feliz podemos ter, até mesmo da própria glória, do que a maneira pela qual o amor nos permite saber o que fará pelo seu eleito. Pobre, pobre coração que é tão pouco tocado com essas coisas, enquanto a mente agita a concepção delas!
Laodiceia
“Ao que vencer, lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono”.
Aqui o ponto mais alto da glória é alcançado. Esta é a elevação brilhante e luminosa até a qual esta passagem pelos gozos e honras do reino nos conduziu. Aqui o fiel entra no gozo de seu Senhor, compartilhando o Seu trono; não apenas reconhecido por Ele em toda parte, e estabelecido com Ele interiormente, andando de branco com Ele, ou estabelecido como uma porção necessária e honrada do grande sistema do sacerdócio real, mas com Ele assentado no lugar supremo.
Estas promessas e compromissos podem agora terminar. Eles falaram de bem-aventurança, de fato.
Glória revelada nos santos
Grandes coisas certamente passaram diante de nós nesta Escritura maravilhosa, Apocalipse 2 e 3. A árvore e a coroa da vida – a pedra branca – a estrela da manhã – a caminhada com Jesus através dos reinos – a residência no templo e na cidade – um lugar no próprio trono! Certamente, se o próprio Jesus é valorizado, então daremos as boas-vindas a tudo. E então, como nos é dito mais adiante, a alegria de dispensar à Terra as correntes daquele rio vivo e as folhas daquela árvore viva que nasce e cresce em nossos céus (Ap 22); com acesso, além disso, à escada que fica entre as regiões superior e inferior, para, como já observei, tratar os assuntos do reino, em consciente dignidade real e plena santidade sacerdotal.
A glória também será revelada em nós, cada santo a carregará ou será um vaso dela, e cada um deles será filho da luz e filho do dia, e cada um deles, filho da glória, glorificado juntamente com Cristo, de modo a unir-se a Ele no derramamento de luz, além daquela do Sol ou da lua, sobre a criação abaixo, para que a atual e ardente expectativa daquela criação possa ser satisfeita na então manifestação dos filhos de Deus.
“E verão o Seu rosto, e na sua testa estará o Seu nome”. Eles estarão intimamente perto d’Ele, falando face a face, como um homem fala com seu amigo, sem medo ou suspeita, pois o título deles estará assinado e selado como que pela Sua própria mão. Ele os terá apropriado para Si mesmo; e isto eles saberão, porque o Seu nome estará sobre eles. E lá, como dentro de todos os véus, eles caminharão em seu templo celestial e olharão para seu Senhor, amarão e ficarão maravilhados.
Tudo ficará bem então
E a tudo isso, podemos acrescentar, que tudo estará de acordo com a nossa mente, como falamos; tudo estará bem aos nossos olhos; tudo nos agradará igualmente e inteiramente, e será exatamente como gostaríamos que fosse. Vemos isso no livro do Apocalipse, em cujo progresso a família celestial, onde quer que seja vista ou ouvida, sempre se encontra em plena concordância com a ação que está acontecendo. Em Apocalipse 4, o trono está se preparando para o julgamento – relâmpagos, trovões e vozes procedentes dele; mas os anciãos e os seres viventes têm suas doxologias em nome do Senhor Deus Todo-Poderoso, que está assentado e ordena tudo. Em Apocalipse 5, o Cordeiro toma o livro, e eles novamente se regozijam, pegando suas harpas para celebrá-Lo e para se alegrarem com a perspectiva que esta visão lhes abre. Em Apocalipse 11, o sétimo anjo anuncia o julgamento, mas eles só precisam prostrar-se, adorar e dar graças. Em Apocalipse 12, a guerra no céu e o seu resultado são exatamente como eles gostariam que fosse; e em alta voz publicam “Salvação!” Em Apocalipse 15, as obras e os caminhos de Deus, todas as coisas de Seu conselho ou Sua força, formam o tema de seu cântico. E em Apocalipse 19, o julgamento da mulher que corrompeu a Terra evoca repetidamente a aleluia da família glorificada. Portanto, tudo, do começo ao fim, é igualmente e totalmente certo aos olhos deles; tudo está exatamente como eles gostariam. Eles triunfam tão ruidosamente no Parente Vingador (Ap 19), quanto no Parente Redentor (Ap 5). Tudo é formoso para eles em seu tempo. As bodas do Cordeiro e o julgamento da grande prostituta estão igual e inteiramente de acordo com a mente deles.
Nada está totalmente certo agora
Diferente, muito diferente, na verdade, do que agora é sentido pelo crente. Na medida em que ele é espiritual, nada está totalmente certo ao seu redor aqui. E isso apenas aumenta cada vez mais, à medida que o mundo fica mais cheio de suas próprias invenções e cresce com o aumento do homem. E isso proporciona um julgamento sobre o estado de nossas afeições. Pois podemos nos perguntar: Como somos tocados pelo atual avanço nas melhorias do mundo? Estamos parabenizando a nós mesmos e à era por elas, ou elas estão enojando nosso coração? Esta pode ser uma pedra de toque da condição de nossa alma, quer Cristo seja nosso Objetivo ou não. A grande torre nas planícies de Sinar teria sido o orgulho de um Ninrode, mas Abrão teria se afastado dela para chorar. Assim como os mercadores da Terra lamentam sobre aquilo que alegra os céus (Ap 18).
J. G. Bellett
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