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Opinião versus Verdade (Julho de 2024)

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Revista mensal publicada pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          W. T. P. Wolston (adaptado)

        W. J. Prost

          W. T. P. Wolston (adaptado)

         C. H. Mackintosh

         W. J. Prost

         Dicionário Bíblico Conciso, G. Morrish

         J. Timley (adaptado)

         Bible Treasury, Vol. 4

          J. Wilson Smith ,adaptado)

          Bible Treasury, Vol. 4

          J. N. Darby

          H. B., Present Testimony (adaptado)

          W. Cowper

 

Opinião versus Verdade 


Lembro-me de que há muitos anos um dos professores da Universidade, de quem eu era muito próximo e em cuja casa eu estava uma noite, depois de uma longa conversa, virou-se e me disse: “Olha aqui, doutor, estou buscando sinceramente a verdade”. “Eu entendi, senhor”, respondi. “O que você quer dizer com isso?” ele perguntou. Ao que respondi: “Quero dizer o seguinte: Eu tenho Cristo, e Ele é a Verdade”.

 

Cristo é a Verdade, e quero chamar sua atenção para as preciosas palavras do Salvador - proferidas por Ele quando estava cercado por tudo o que a inimizade do homem poderia trazer contra Ele, quando foi traído, negado, vendado e passado de um sumo sacerdote descuidado para outro, e depois levado para o tribunal de Pilatos, um homem sem Deus.

 

Pilatos disse: “Que é a verdade?” e depois virou as costas para a Verdade personificada. Ah! Meus amigos, há muitos homens fazendo isso hoje. Pilatos não é o único homem que virou as costas à Verdade.

 

W. T. P. Wolston (adaptado)

 

Opinião versus Verdade


Frequentei a Universidade de Toronto durante a década de 1960 e, todas as semanas, uma edição do jornal estudantil chamado “The Varsity” era publicada. Ainda está em circulação, e sempre foi um jornal independente, publicado totalmente por estudantes da Universidade de Toronto desde 1880. Durante meus dias de estudante, lembro-me de notar que quase sempre havia uma citação no topo da primeira página, relacionada às nossas opiniões. Uma delas era assim: “Permitam-se ser culpados, presos, condenados – sejam enforcados – mas publiquem suas opiniões”. E outra: “Publique suas opiniões; não é apenas um direito: É uma obrigação”.

 

Sessenta anos depois, vemos perguntas na Internet como: “Existem plataformas onde posso escrever minha opinião?”. Ou alguém pergunta: “Como faço para publicar meu artigo de opinião?” Voltando alguns anos, muito antes da Internet, um ato do parlamento na Inglaterra em 1872 instituiu a “esquina dos oradores” no Hyde Park para estar disponível das 18h00 às 22h00, às quartas e domingos, para qualquer pessoa falar publicamente sobre qualquer assunto. De uma forma mais ampla, agora temos um grande número de influenciadores de mídia social que, por causa de seu suposto conhecimento e experiência em várias áreas, são capazes de criar grande número de seguidores que ouvem suas opiniões. Eles dão conselhos sobre como criar filhos, administrar finanças, perder peso e praticamente qualquer outra coisa que possa atrair seu interesse. Todas são suas próprias opiniões, é claro! No momento, grandes protestos públicos estão sendo realizados nas principais cidades do mundo, onde as pessoas que se sentem fortes sobre um determinado ponto de vista estão fazendo suas vozes serem ouvidas. A maioria desses protestos diz respeito ao conflito entre Israel e Palestina, em Gaza. Antes dos meios modernos de comunicação, era mais difícil espalhar amplamente os pensamentos, mas ao longo da história do homem, as pessoas sempre quiseram dar a conhecer suas opiniões.

 

Propósitos dos “influenciadores” 

Para muitos dos chamados “influenciadores” de hoje, devemos admitir que esta seja provavelmente uma “viagem do ego” para eles, embora possam dar bons conselhos. No entanto, esses conselhos podem estar misturados com um desejo de ganho pessoal, ou podem abraçar alguma ideia particular que o influenciador deseja impor à sociedade, a fim de (esperançosamente) mudar a opinião pública. As perguntas que surgem com frequência são: “Posso ouvir com segurança este conselho ou é suspeito?” “Este indivíduo é confiável e me diz a verdade?” Ou “a verdade está sendo distorcida por segundas intenções?” Na mídia, todos estamos familiarizados com as chamadas “notícias falsas” e com a distorção da verdade por aqueles que inclinam suas reportagens enfatizando certos detalhes enquanto omitem outros. Como indivíduos que vivem em um mundo confuso, enfrentamos essas questões constantemente, mas como Cristãos também devemos decidir a quem ouvir, e especialmente em questões morais e espirituais. A Internet está cheia de sites que prometem ensino bíblico, mas obviamente nem todos são confiáveis.

 

O título deste artigo é “Opinião versus Verdade”, e me lembro de um ditado frequente de um irmão mais velho, agora com o Senhor. Ele disse: “Sempre que você diz ‘eu penso’ sobre qualquer assunto moral ou espiritual, você pensa errado, a menos que seu pensamento seja fundamentado na Palavra de Deus”. Esta é uma boa declaração, pois o Senhor Jesus poderia dizer: “Santifica-os na (Tua – KJV) verdade: A Tua Palavra é a verdade” (Jo 17:17). A Palavra de Deus nos dá a verdade absoluta sobre questões morais e espirituais, e todas as opiniões sobre esses assuntos devem estar sujeitas à luz da Palavra de Deus. Deve ser nosso desejo nos tornarmos tão familiarizados com a Palavra de Deus que, sempre que uma questão moral é enfrentada, imediatamente pensamos: “O que a Bíblia diz sobre isso?”

 

Uma maneira de contornar a verdade 

Mesmo que saibamos o que a Escritura diz, é fácil racionalizar nosso caminho e dizer: “Sim, eu sei que a Bíblia diz isso, mas minhas circunstâncias são diferentes e, portanto, essa passagem não se aplica a mim”. Devemos lembrar que nunca somos mais sábios do que a Escritura. A Palavra de Deus é para todos os tempos, para todas as culturas e para todas as circunstâncias. É uma coisa maravilhosa tê-la em nossas mãos, saber que ela é a verdade, e sempre nos aponta para Cristo, que é a verdade.

 

No entanto, há aqueles que usam a Palavra de Deus e, ainda assim, corrompem a verdade. A Escritura pode ser citada fora de contexto ou fora de equilíbrio com outras passagens. Paulo chama isso de “erro sistematizado” (Ef 4:14 – JND). Isso traz à tona o fato de que o Espírito de Deus é o Intérprete da Escritura e que há o que Paulo chama de “a unidade do Espírito”, à qual o Espírito de Deus procura levar cada Cristão, de acordo com a Palavra de Deus. Nossa mente natural pode querer agir em coisas espirituais, e então nossas vontades podem ser envolvidas, de modo que distorcemos o significado da Palavra de Deus. É somente pelo Espírito de Deus que podemos interpretar a Escritura de maneira correta e equilibrada.

 

O lugar certo para opiniões 

Tudo isso, então, talvez leve a uma pergunta: “As opiniões em questões morais e espirituais estão sempre fora de lugar?” Não, pois a própria Bíblia registra aqueles cujas opiniões eram valiosas e dignas de serem ouvidas. Citaremos dois exemplos.

 

Quando Davi era rei, ele tinha um conselheiro chamado Aitofel. Está registrado que “era o conselho de Aitofel... como se a Palavra de Deus se consultara” (2 Sm 16:23). Observe que não é dito que ele havia perguntado a Deus, apenas diz que era “como se” ele tivesse feito isso. Ele tinha um dom incomum de olhar para as situações e dar bons conselhos. Nem sempre eles foram sobre uma questão moral e espiritual, e não eram um substituto para buscar conselho do Senhor, mas eram dignos da atenção de Davi.

 

No Novo Testamento, Deus achou por bem incluir em Sua Palavra a opinião do apóstolo Paulo, quando os coríntios lhe fizeram perguntas sobre o casamento. Paulo fala sobre “o meu parecer [a minha opinião – ARA] (1 Co 7:25, 40), e a palavra “parecer” tem o pensamento de uma opinião. Como um homem piedoso e apóstolo, a opinião dele sobre um assunto era muito valiosa. Parte do que ele disse aos coríntios era do Senhor, enquanto parte era sua opinião ou parecer sobre um assunto.

 

Assim, a opinião de alguém que caminha com o Senhor e que talvez tenha experiência pode ser muito útil quando enfrentamos uma pergunta difícil. Mas o Senhor deve ser sempre o ponto de referência final. Sempre que recebemos conselhos, é bom levá-los ao Senhor e perguntar-Lhe se é um bom conselho. Apenas tenhamos cuidado para não rejeitar bons conselhos simplesmente porque não concordam com nossos próprios pensamentos.

 

A verdade vem de Deus 

Resumindo, então, devemos lembrar que a verdade sobre tudo deve, em última análise, vir de Deus. Isso é especialmente verdadeiro em qualquer questão moral e espiritual. No entanto, o conselho de outras pessoas que estão preparadas para dá-lo pode ser muito valioso, e não devemos desprezá-lo. Às vezes, nossos próprios pensamentos podem substituir os pensamentos de Deus, e outro que olha para a situação pode ver mais claramente. Mas nunca busquemos o conselho de alguém simplesmente porque pensamos que ele ou ela concordará com o nosso ponto de vista. Em vez disso, procuremos alguém que ande com o Senhor e que conheça a Palavra de Deus.

 

W. J. Prost

 

A Verdade de Deus


Eu acredito que a Escritura é a Palavra de Deus, é uma revelação vinda de Deus, de Sua mente, Seus pensamentos, Seus propósitos e Seus conselhos. Temos na Escritura a verdade escrita, e na Pessoa do Senhor Jesus Cristo temos a verdade encarnada. O resultado é que o homem que recebe a verdade da Escritura no poder do Espírito Santo será invariavelmente colocado em contato com Cristo, que é a Verdade.

 

Primeiro, então, você pode me perguntar: “O que é a verdade?” A verdade é a expressão e delineação exata, perfeita e absoluta daquilo que é. A Escritura não diz que Deus é a Verdade. Deus é verdadeiro, mas do Senhor Jesus Cristo é dito: “A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1:17). Ele mesmo disse: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14:6). Ele era a Verdade, e Ele era a Verdade sobre todas as coisas – a Verdade sobre Deus, a Verdade sobre o homem, a Verdade sobre o coração de Deus, a natureza de Deus e as reivindicações de Deus, e a Verdade, além disso, sobre o homem em todas as relações possíveis de seu ser.

 

Ele não era um mero Homem, pois também era verdadeiramente Deus. No entanto, Ele era um Homem real, verdadeiro e perfeito, e como Homem Ele estava neste mundo para declarar Deus e encontrar o homem divinamente. “Eu para isso nasci”, Ele disse, “e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade” (Jo 18:37). Ninguém poderia revelar Deus e ninguém poderia desvendar o amor de Deus ou declarar o coração de Deus a não ser Aquele que veio de Deus. Não havia ninguém que conhecesse as reivindicações de Deus e pudesse atender a essas reivindicações, exceto Aquele que veio de Deus. Ele teria que vir de Deus se quisesse trazer Deus até nós, e Ele teria que ser um Homem, um Homem de verdade, para nos levar a Deus, porque somos homens e pecadores. O pecado carrega suas consequências e merece julgamento, e a verdade quanto a isso por si só é vista plenamente em Cristo.

 

A verdade absoluta 

No Senhor Jesus Cristo, a verdade absoluta sobre tudo é formosamente combinada. A verdade perfeita e completa sobre todas as coisas é vista em cada parte, sem que um lado da verdade se destaque mais do que outro. Recebemos a verdade de que “Deus é amor”, por exemplo, e vemos a realidade da verdade do amor de Deus no sacrifício próprio de Cristo, pois Ele Se entregou para revelar o coração de Deus a nós e nos levar a Deus por meio de Sua morte.

 

Jesus disse que Ele era o Filho de Deus. Somente o Filho poderia tornar o Pai conhecido. Certamente, como Ele mesmo disse: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu” (Jo 3:13). Essa afirmação deve ser aceita ou rejeitada. Devo aceitar o que Ele diz, devo reconhecer a verdade de que Ele veio do céu, ou devo me recusar absolutamente a acreditar nisso e proclamar que Cristo é Aquele que conscientemente falou o que não era verdade. Se Ele disse uma única palavra que não era verdade, então Ele não pode ser a Verdade. Digo isso da maneira mais direta possível, pois devo reconhecê-Lo ser o que Ele disse que era ou então negar-Lhe todo o direito à lealdade do meu coração e consciência.

 

Ele é Quem disse que era 

Embora eu fale assim, tenho prazer em reconhecer e crer de coração que Ele é Quem Ele disse que era. Eu provei que Ele era o que Ele disse que era - o Salvador. Se você nunca O conheceu como seu Salvador, mas aceita a verdade do que Ele diz sobre Si mesmo, descobrirá que precisa de um Salvador e que Ele é esse Salvador, e somente Ele. Sei muito bem que os homens gostariam de deixar de lado Sua exigência com o argumento de que não precisam ser salvos. Mas temos que ir para a eternidade! Temos que encontrar Deus, e como vamos encontrá-Lo? Você está preparado para encontrá-Lo? O Senhor disse: “Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz” (Jo 18:37).

 

Chego, portanto, à pergunta, uma pergunta importante para você e para mim: “Eu tenho a verdade?” Se eu não sou da verdade, não ouvi a voz d’Ele. O homem que não ouviu a voz do Filho de Deus não possui a verdade. Você pode ouvir outras vozes, pois há muitas vozes hoje em dia. A voz da verdade é a d’Aquele que poderia dizer: “Eu Sou a verdade”, e que poderia dizer ao homem que Lhe disse que tinha poder para matá-Lo: “Nenhum poder terias contra Mim, se de cima te não fosse dado; mas aquele que Me entregou a ti maior pecado tem” (Jo 19:11). Ele é Aquele que disse: “Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz”. Você já ouviu a voz d’Ele?

 

W. T. P. Wolston (adaptado)

 

A Inspiração Absoluta da Escritura Sagrada


Ao ponderar o caminho de nosso Senhor, ao considerar Sua vida maravilhosa, há um ponto que exige nossa profunda e reverente atenção, e essa é a maneira pela qual Ele sempre usou a Palavra de Deus – o lugar que Ele sempre deu à Escritura Sagrada. Consideramos que este é um assunto de grande importância no momento presente. A Palavra de Deus obtém seu próprio lugar supremo como a única regra, o único padrão, a única autoridade para o homem. Ela o encontra em cada posição, em cada relacionamento, em cada esfera de ação e em cada estágio de sua história moral e espiritual. Ela lhe diz o que deve fazer e o que não deve. Fornece-lhe ampla orientação em cada dificuldade. Ela desce, como veremos, aos detalhes mais minuciosos – detalhes que, de fato, nos enchem de espanto pensar que o Alto e Poderoso que habita a eternidade poderia ocupar-se com eles – pensar que o onipotente Criador e Sustentador do vasto universo poderia Se inclinar para legislar sobre o ninho de um pássaro (Dt 22:6).

 

Tal é a Palavra de Deus, aquela revelação inigualável, aquele volume perfeito e inimitável que é único na história da literatura. E podemos dizer que um encanto especial do livro de Deuteronômio é a maneira pela qual ele exalta a Palavra de Deus e nos impõe o santo e feliz dever de obediência incondicional e sem hesitação.

 

Obediência 

Sim, repetimos, e enfatizamos fervorosamente as palavras – obediência incondicional e sem hesitação. Gostaríamos que essas palavras soassem aos ouvidos dos Cristãos professos em todo o comprimento e largura da Terra. Vivemos em um dia especialmente marcado pelo estabelecimento da razão do homem, do julgamento do homem, da vontade do homem. Em suma, vivemos no que o apóstolo inspirado chama de “dia do homem” (1 Co 4:3 – JND). De todos os lados, nos deparamos com palavras altivas e arrogantes sobre a razão humana e o direito de todo homem de julgar, raciocinar e pensar por si mesmo. O pensamento de ser absoluta e completamente governado pela autoridade da Escritura Sagrada é tratado com soberano desprezo por muitos que são os guias religiosos e mestres da Igreja professa. Para qualquer um que afirme sua crença reverente na inspiração plena, na total suficiência e autoridade absoluta da Escritura, isso é suficiente para rotulá-lo como um homem ignorante e de mente estreita, no julgamento de alguns que ocupam as posições mais altas na Igreja professante. Em nossas universidades, faculdades e escolas, a glória moral do volume divino está desaparecendo rapidamente e, em vez disso, nossos jovens são levados e ensinados a andar à luz da ciência e à luz da razão humana. A própria Palavra de Deus é impiamente colocada no tribunal do julgamento do homem e reduzida ao nível do entendimento humano. Tudo o que se eleva além da fraca visão do homem é rejeitado.

 

Julgamento humano 

Assim, a Palavra de Deus é virtualmente colocada de lado, pois claramente, se a Escritura deve ser submetida ao julgamento humano, ela deixa de ser a Palavra de Deus. É o cúmulo da loucura pensar em submeter uma revelação divina e, portanto, perfeita, a qualquer tribunal seja ele qual for. Ou Deus nos deu uma revelação ou não. Se Ele nos deu, essa revelação deve ser primordial, suprema, acima e além de qualquer dúvida, absolutamente inquestionável, infalível, divina. Todos devem se curvar à sua autoridade sem uma única pergunta. Supor por um momento que o homem é competente para julgar a Palavra de Deus, capaz de se pronunciar sobre o que é ou o que não é digno de Deus dizer ou escrever, é simplesmente colocar o homem no lugar de Deus. E é precisamente isso que o diabo visa, embora muitos de seus instrumentos não estejam cientes de que estão ajudando nos desígnios dele.

 

Mas nos sentimos persuadidos de que a resposta mais digna e eficaz à infidelidade, em cada uma de suas fases, será encontrada no repouso calmo do coração que descansa na bendita certeza de que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3:16 – ARA). E novamente, “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm 15:4). A primeira dessas preciosas citações prova que a Escritura veio de Deus; a segunda, que veio até nós. Ambas, juntas, provam que não devemos acrescentar nem tirar nada da Palavra de Deus. Não há nada faltando e nada supérfluo. O Senhor seja louvado por esta sólida verdade fundamental e por todo o conforto e consolo que flui dela para todo verdadeiro crente.

 

C. H. Mackintosh

 

A Irracionalidade do Relativismo Moral


Durante os últimos anos, o relativismo moral tornou-se muito em moda, especialmente no mundo ocidental. Embora a visão tenha permeado toda a sociedade, ela é mais prevalente entre os mais jovens, pois uma pesquisa feita nos Estados Unidos há alguns anos revelou que 83% dos adolescentes americanos afirmaram que a verdade moral depende das circunstâncias. Apenas 6% dos adolescentes disseram que existem valores morais objetivos. Além disso, 75% dos adultos (de 18 a 35 anos) afirmaram abraçar o relativismo moral. À medida que a tendência continua, os membros mais velhos da sociedade estão adotando a mesma perspectiva.

 

Com a rejeição de Deus, e do Cristianismo em particular, a verdade absoluta está sendo abandonada. Parece que a sociedade ocidental quer evitar a ideia de que realmente existe um certo e um errado. Isso é evidenciado em nossos sistemas judiciais deteriorados que têm cada vez mais dificuldade em punir criminosos, em nossos meios de entretenimento que continuam a empurrar a tolerância da imoralidade e da indecência, e em nossas escolas que ensinam evolução e “tolerância social”. O relativismo moral está encorajando a aceitação por todos da homossexualidade, da pornografia, fornicação, e de uma série de outros “pecados” que antes eram considerados errados, mas agora estão sendo aceitos e até promovidos na sociedade. Mais grave, se você se aventurar a falar contra essa filosofia do “vale tudo”, você é rotulado como um fanático intolerante, culpado de crime de “ódio”.

 

Exemplos de relativismo 

Considere as seguintes citações, retiradas de livros populares e sites da Internet:

  •  “Quem é você para impor seus valores morais à outra pessoa?”

  •   “A cultura ocidental é imperialista e deve ser interrompida.”

  •   “Quem é você para dizer que os valores dos outros estão errados?”

 

“Na sociedade atual, os valores morais são relativos. A sociedade muda constantemente do que é aceitável para o que não é. Absolutos não funcionariam porque a sociedade está mudando o tempo todo. As pessoas tendem a ir contra o que lhes é dito e o que deve ser feito. As verdades absolutas simplesmente não funcionarão. … Decidir o que é certo ou errado depende de VOCÊ e de suas crenças. Isso não é algo que alguém possa responder de maneira simples”.

 

“A moralidade é sempre relativa e nunca absoluta. No âmbito de nossa sociedade, escolhemos nosso próprio código pessoal de conduta moral.”

 

“Se alguém acredita que há um conjunto global de moral absoluta que todos devem seguir, então as perguntas imediatas surgem: O que é essa moral e como sabemos? Uma vez que nenhuma religião na história jamais concordou com um conjunto de morais absolutas, e mesmo membros da mesma religião muitas vezes discordam também, pensamos que o conceito de moral absoluta é inútil. Uma vez que qualquer um poderia declarar que suas crenças morais particulares são absolutas (e muitos o fazem), e ninguém pode demonstrar a validade dessas afirmações, a coisa toda é arbitrária. Vale tudo nesse sistema de crença, pois qualquer regra pode ser declarada absoluta.”

 

“TUDO nesta vida é relativo, inclusive a verdade!”

 

Poderíamos multiplicar citações, mas estas servirão para mostrar o tipo de pensamento que está gradualmente dominando a sociedade, não apenas nos países ocidentais, mas também em outras partes do mundo. Neste artigo, gostaríamos de demonstrar a irracionalidade do relativismo moral.

 

A verdade não é relativa 

Em primeiro lugar, o termo relatividade moral é em si ilógico, pois a moral, para ser correta e, portanto, aplicável, deve ser verdadeira. Além disso, o que é verdade deve ser absoluto, ou não é verdade. Uma das citações acima representa uma visão bastante comum, a saber, que “tudo nesta vida é relativo, inclusive a verdade!” Se essa afirmação se sustentar, então você pode ter “sua” verdade e eu posso ter “minha” verdade, mesmo que elas se contradigam. Se a verdade é reduzida a ser relativa e sujeita à mera opinião, ela deixa de ser verdade. Duas proposições contraditórias não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.

 

Em segundo lugar, aqueles que afirmam acreditar na relatividade moral realmente acreditam na verdade absoluta! Por exemplo, um “relativista moral” pode muito bem dizer: “Todas as opiniões são igualmente aceitáveis” ou “Você não deve impor sua moralidade aos outros”. No entanto, essas afirmações, por definição, são absolutas, uma vez que o relativista moral afirma que elas são verdadeiras para todos, não apenas para ele. Em uma pergunta diferente, frequentemente ouvimos a afirmação: “Você pode fazer o que quiser, desde que não machuque ninguém”. Mas então um verdadeiro relativista pode perguntar: “Por que é errado machucar alguém?” E se está errado, então isso é, em si mesmo, constituir um padrão moral absoluto. Eles estão realmente tentando usar a verdade absoluta para apoiar a relatividade moral.

 

Uma crença de conveniência 

Em terceiro lugar, aqueles que se orgulham de ser “relativistas morais” são muitas vezes bastante seletivos na escolha de seus assuntos; seu pensamento relativista geralmente diz respeito a Deus, religião e questões de certo e errado. Por que isso acontece? Simplesmente porque trazer Deus para nossa vida ameaça nosso desejo básico de exercer nossa própria vontade. A Escritura diz: “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rm 8:7). O relativista moral raramente questiona coisas cotidianas que não o julgam, como questões de saúde, geografia e regras de trânsito. São as questões morais que causam o problema. Mas então, mesmo em questões morais, a maioria dos relativistas é seletiva. A maioria dos relativistas condenaria coisas como oprimir mulheres, genocídio ou limpeza étnica, negar direitos civis a certas raças e terrorismo. Se alguém se atrever a fazer isso, não poderá afirmar que acredita na relatividade moral. Parece que a relatividade em questões morais é uma crença de conveniência. A realidade é que a verdade absoluta atravessa a vontade do homem e incomoda sua consciência. É aqui que o homem recorre ao relativismo moral.

 

Aliado a essa seletividade está o fato de que todos os relativistas são inconsistentes quando suas teorias afetam suas próprias pessoas. Há algum tempo, um crente falava no alojamento estudantil de uma universidade americana. Após o discurso, um estudante chamou o orador para seu quarto para uma discussão mais aprofundada e fez a afirmação: “Tudo o que é verdade para você é verdade para você e o que é verdade para mim é verdade para mim. Se algo funciona para você porque você acredita, isso é ótimo. Mas ninguém deve forçar seus pontos de vista sobre outras pessoas, já que tudo é relativo.” Quando o crente estava saindo do quarto, ele despreocupadamente desligou o aparelho de som do aluno e começou a sair pela porta levando o aparelho. Quando o estudante protestou, o crente comentou: “Certamente você não vai me forçar a acreditar que é errado roubar!” (Como resultado desse encontro, o aluno mais tarde aceitou a Cristo.)

 

Deus e a consciência 

Finalmente, não podemos fugir à verdade. Ignorar verdades absolutas é viver em um mundo irreal, é negar o que, para uma mente imparcial, é óbvio. Elementos como a AIDS, a pobreza e a fome, para citar alguns, não podem ser descartados dizendo que podem ser um problema para você, mas não para mim. Mais do que isso, a consciência do homem, embora contaminada pelo pecado, de forma inata lhe diz que certas coisas estão erradas. Finalizando: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos” (Sl 19:1). O homem não pode logicamente escapar do fato de que existe um Deus, e um Deus diante do Qual ele é responsável. O conhecimento de que existe um Deus torna a relatividade moral impossível.

 

W. J. Prost

 

Verdade 


A verdade não pode ser separada do Senhor Jesus, que é objetivamente “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Isso é objetivamente; subjetivamente, o Espírito é a verdade vindo do Cristo glorificado.

 

Dicionário Bíblico Conciso, G. Morrish

 

O Tratamento da Verdade


A maneira como a verdade e as opiniões estão sendo tratadas pelos homens nestes tempos de Laodiceia está preparando o caminho para os dias vindouros de maior trevas e erro. A Escritura fala de alguém cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Como a revelação Cristã superou a todas as outras revelações em plenitude e profundidade, e a atitude dos homens quanto a ela tem sido de extrema oposição, assim é que o erro alternativo ao qual eles se entregaram será o mais tenebroso já conhecido. “E por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniquidade” (2 Ts 2:11-12). Envolvidos nisso também estão os judeus que estarão na Terra naquele momento – aqueles que possuíam uma definida revelação escrita de Deus. Eles também experimentarão a retribuição que merece a sua arrogante recusa da verdade. A mentira é composta dos elementos adequados a cada um – gentio e judeu – pois eles mesmos forneceram os ingredientes para a taça do seu erro. Tudo isso é um terrível ponto culminante para a história do erro no mundo. A verdade, também, terá o seu dia, quando a sua extensão por toda a Terra será tal que fará jus à expressão, “como as águas cobrem o mar” (Is 11:9). Quão graves e vitais são as questões de julgamento e bênção, que seguem caminhos que não podemos seguir agora, mas o faremos no futuro, na própria eternidade!

 

A influência da verdade e do erro 

A verdade e o erro são duas forças em ação no mundo, exercendo seu domínio sobre a mente e coração dos homens, seus pensamentos e palavras sendo constantemente acionados e motivados por qualquer um deles. Cada um deles tem uma história por trás e um futuro à sua frente. No caso da verdade, aqueles que a receberam de Deus com simplicidade tiveram luz e comunhão com Ele. Seu caminho é como “a vereda dos justos... que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4:18). Ao adulterá-la ou desviar-se dela, os homens se expõem ao engano do inimigo, cujo erro facilmente suplanta a verdade para a qual eles não têm interesse. Em tudo isso, se cercam de faíscas que eles próprios acendem.

 

Em um dia de atividade mental tão incomparável como o atual, convêm aos homens considerarem por qual dessas forças, verdade ou erro, estão sendo controlados. Quão variadas foram as atitudes que os homens tiveram ao assumir opiniões em relação à Sua verdade! Não será comum hoje em dia a atitude de Pilatos? (veja João 18:38). Os filhos de Eva não seguiram a mãe em muitas ocasiões? Na vertiginosa impiedade do mundo, quantos buscam um refúgio onde a voz da verdade possa ser afogada! Assim, a estranha história do homem continua. Se o homem renuncia e desobedece, é tão estranho que agora ele procure desacreditar uma revelação divina? A Escritura é agora o único repositório da verdade, sendo a Palavra de Deus que vive e permanece para sempre. Ela é inspirada por Ele, sendo absolutamente infalível em cada detalhe e digna, portanto, de toda confiança. Ela deve ser ouvida e recebida, e pela fé em Deus é o meio, pelo poder do Espírito Santo, de novo nascimento e reconciliação. Para os santos, é a voz do próprio Deus, revelando Seus conselhos e propósitos a respeito de Cristo, a respeito deles mesmos e de tudo mais, e ao mesmo tempo é a expressão de Sua mente e vontade para eles em seu caminho aqui. Que a verdade seja valorizada por Seu povo e mantida. Lembremo-nos de que os homens são avisados de seu ponto de afastamento da verdade pela atitude que assumimos em relação a ela!

 

J. Timley (adaptado)

 

Cansaço e Indiferença Quanto à Verdade


Há um perigo especial de a mente se tornar cansada e indiferente na busca do que é vital e, assim, refugiar-se na pergunta: “O que é a verdade?”, como se isso não permitisse nenhuma resposta definitiva ou suficiente. Esse estado de espírito, em certa medida, pode contaminar a Igreja, bem como se tornar a loucura predominante do mundo. As causas que geram isso são encontradas na própria constituição da mente humana, quando afetada pelas influências características dos dias atuais.

 

Além disso, há muitas coisas aquém da aversão evidente à verdade que podem fazer com que a mente seja mantida em um estado de equilíbrio hesitante. A verdadeira solução de muitos casos desconcertantes e duvidosos pode ser encontrada nas palavras de Cristo: “Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a honra que vem só de Deus?” (Jo 5:44), ou na declaração mais severa: “Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Lc 16:13). O mundo está em oposição direta com o Pai e, portanto, na medida em que o mundo, sob qualquer forma, tiver um domínio ininterrupto sobre meu coração, ficarei indisposto a ouvir as comunicações do Pai por meio do Filho. Não me oponho; não desacredito, somente duvido. Duvido do significado aqui, duvido da aplicação ali, duvido da possibilidade de realizá-lo neste lugar.

 

Mas devemos reconhecer isto, que a verdade nunca será verdade para nossa alma até que seja traduzida em ação! A verdade pode apelar à nossa consciência, às nossas afeições, ao nosso dever, com toda a autoridade do Deus da verdade. Em um primeiro momento, ela trata conosco sobre ruína ou redenção. Em seguida, afirma ser formadora de nossos motivos, ser a guia de nossas ações, a que dirige nossos pensamentos, a animadora de nossas esperanças, a supervisora de toda a nossa vida interior, e exterior. Mas, se recusarmos a verdade em nossa obediência e nosso coração, ela não existe para nós.

 

Bible Treasury, Vol. 4

 

A Boa Confissão de Cristo


Paulo, ao dar a seu filho Timóteo uma ordem solene para guardar “este mandamento sem mácula” (1 Tm 6:14), o encarregou “diante de Deus” e de “Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos deu o testemunho de boa confissão”. Ele relaciona Cristo Jesus a Deus no texto dessa solene imposição. Deus é mencionado como o Vivificador [ou Sustentador] de todas as coisas, e a única característica que marca o Senhor Jesus Cristo é a “boa confissão” que Ele fez diante do governador romano. Nenhuma referência é feita à Sua gloriosa ressurreição ou ascensão, nem mesmo a qualquer um dos milagres que Ele fez, prestando, como faz cada um deles, um testemunho tão rico de Seu poder e graça, mas é dada uma atenção especial à Sua conduta perante o juiz. “Eu para isso nasci”, Ele disse, “e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz” (Jo 18:37). E assim, com certeza, chegamos à “boa confissão”.

 

O mandamento que Paulo ordenou tão fervorosamente a Timóteo foi que ele deveria guardar a verdade, e que o Cristianismo em sua natureza pura e celestial, em sua estreita relação com a nova criação e em sua fonte e caráter não mundanos, deveria ser vigorosamente mantido por ele.

 

A coluna e firmeza da verdade 

A Igreja é “a coluna e a firmeza da verdade” – o  testemunho dela – de modo que, se não for encontrada nela, ela não pode ser encontrada em lugar algum. Timóteo também tinha um papel individual a desempenhar neste testemunho sagrado. Agora, diz o Senhor “Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade”. Isso, em meio a mil outros objetos mais graciosos, foi o único grande ponto em Seu nascimento e entrada no mundo. É bem verdade que Ele “nasceu Rei dos Judeus”, mas Ele nasceu verdadeiramente como testemunho da verdade.

 

Confissão de Cristo diante de Pilatos 

Para vir ao mundo, Ele deve ter existido antes dessa vinda. E assim temos Sua Divindade declarada tão simplesmente. Temos o “EU” que nasceu, e o “EU” que veio – o “EU” de Belém e o “EU” que foi antes de Abraão (Jo 8:58). No entanto, Ele foi Quem permaneceu em forma humana e em humilde graça diante de Pôncio Pilatos. E ninguém tinha olhos para ver, naquela forma humilde, Aquele que era infinitamente mais do que o Homem Cristo Jesus”, que fora enviado pelo Sumo Sacerdote como Prisioneiro ao juiz? Um olho aberto era certamente necessário.

 

Ser “da verdade” é necessário para isso, então, e somente então, Sua voz é ouvida.

 

“Que é a verdade?” disse Pilatos, ao se afastar de Sua presença, que era a Verdade.

 

A mesma firmeza silenciosa marca nosso bendito Senhor em dar testemunho da verdade, como O marcou ao reconhecer Seu reinado. Sua confissão diante de Pilatos foi inabalável; ela foi “boa”.

 

Um estímulo à fé 

E agora, podemos ver, talvez, por que Paulo enfatizou a Timóteo o exemplo da confissão do Mestre diante de Pilatos, como um incentivo ao seu próprio testemunho. O exemplo brilhante de Jesus é sempre o mais verdadeiro incentivo e estímulo à fé de Seus seguidores. “Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna” (ARA), diz Paulo. O combate é bom, embora difícil, e a vida é verdadeira e preciosa e eterna, “para a qual”, ele acrescenta, “também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas” (1 Tm 6:12). Estas são palavras de conforto e ânimo (não de lisonja) para o coração frequentemente provado desse jovem soldado fiel.

 

É importante lembrar que Cristo Jesus testemunhou uma “boa confissão” diante de Pôncio Pilatos, como um exemplo para nós mesmos de que devemos fazer o mesmo. Que possamos segui-Lo!

 

J. Wilson Smith ,adaptado)

 

A Interpretação da Verdade


“Disse-lhe Jesus: Eu Sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim” (Jo 14:6).

 

O homem, sob a orientação do Espírito de Deus, é apenas o intérprete dos oráculos celestiais. Daí surge um limite no serviço da verdade. Devo deixar de interpretar quando deixar de entender. Pode ser que eu não entenda como consequência da minha negligência. Que assim seja. O reconhecimento disso pode ser um estímulo à minha diligência (especialmente se eu tiver em mente a palavra “àquele que tem se dará”); mas certamente não há justificativa para encobrir a ignorância com a pretensão de conhecimento. Quantas exposições da Escritura podem ser encontradas, cujas contradições entre si mostram que não é a verdade que é apresentada, mas as noções incertas e sempre variadas dos homens. O que, então, na escrita ou no ensino oral, traz proveito? A precisão da verdade; verdade, sem dúvida aplicada pelo Espírito Santo à consciência e ao coração - ainda assim, a precisão da verdade. Não nego que possa haver uma consequência onde isso está ausente. Mas qual é a consequência? O fato de fazer com que as pessoas pensem, se é que pensam, que a Escritura seja tão vaga e sem sentido quanto qualquer exposição de suas declarações. Ainda assim eu afirmo que a verdade é precisa, ou ela não é a verdade. Ilimitada em sua extensão e infinitamente variada em sua aplicação, mas sempre precisa. Quando essa precisão não é apreendida, a incerteza e o despreparo para a ação são os resultados inevitáveis. Uma profissão ortodoxa descontraída pode ficar satisfeita com imprecisão e generalidade, ou melhor, com superficialidade e indiferença, mas se a verdade é separar as almas do mundo, trazer paz e liberdade e direcionar para a esperança justa de um Cristão, ela deve ser precisa.

 

Bible Treasury, Vol. 4

 

Como Está a Verdade em Jesus


“Como está a verdade em Jesus”, não é doutrina, embora a doutrina esteja contida nela. A verdade, tal como está em Jesus, do novo – o que foi feito pela fé. Em seguida, é dito: “E vos renoveis no espírito da vossa mente” (ACF). O despojamento e o revestimento não estão no tempo presente, ao passo que ser renovado no espírito de seu entendimento (ou mente) está. A verdade é que você se despojou do velho homem, mas precisa de renovação. Em Colossenses (cap. 3) é diferente: “não mintais uns aos outros, tendo-vos despido do homem velho com os seus feitos, e tendo-vos revestido do homem novo” (TB)

 

Na epístola aos Efésios, Paulo não está dizendo diretamente a eles o que eles fizeram, mas dizendo qual é a verdade em Jesus. Então é mais abstrato. A verdade em Jesus é o havendo sido despojado e o havendo sido revestido. Ser renovado está no presente – a renovação do espírito de seu entendimento é algo que está sempre acontecendo.

 

J. N. Darby

 

Tolerância e Verdade


Há hoje um grande clamor contra a intolerância e o fanatismo, e um impulso proporcional de tolerância e liberalidade. Diz-se que o progresso na busca do que o mundo chama de verdade é prejudicado por opiniões ou ensinamentos dogmáticos. O que o homem acreditava no passado é bastante inadequado para esta era mais avançada. Dizem-nos que é presunção para qualquer homem expressar convicção em uma opinião estabelecida sobre qualquer questão religiosa ou doutrina. Muitos, de fato, estão perguntando: “O que é a Verdade?” e “Quem nos mostrará algo bom?” Mas poucos esperam por uma resposta.

 

A tolerância, então, é a ordem dos dias atuais, e os homens podem manter o que quiserem, desde que não interfiram nas opiniões de seus vizinhos e limitem a adequação de suas próprias opiniões a si mesmos. Mas isso nem sempre foi assim, nem sempre será, mas é o clamor do momento.

 

O que é, então, a tolerância, e por que e o que devemos tolerar? A própria palavra implica um estado de imperfeição. Se todos fossem de uma só mente, não haveria necessidade de tolerância. Se o bem prevalecesse universalmente, não haveria nada a tolerar.

 

Tolerância no sentido correto 

Em certo sentido e grau, a tolerância é correta, pois o próprio Deus tolera – exibe paciência e longanimidade. Sua própria Palavra e a experiência de cada homem ensinam isso. Mas com Deus, a tolerância tem um limite, e deve ser assim, pois embora na graça por um tempo Ele possa suportar “com muita paciência”, Ele nem sempre poderia fazê-lo sem uma negação de Seu caráter. Um Ser que tolerasse eternamente o mal não seria bom, santo ou justo, e um estado em que a tolerância fosse eternamente exigida não seria perfeito. A tolerância, mesmo da parte de Deus, deve, portanto, ser limitada, tanto em sua extensão quanto em sua duração.

 

Mas há um outro lado da questão. Embora, em paciência e em graça, um ser perfeitamente bom possa, por um tempo e por um objetivo, tolerar o mal, a tolerância exercida por seres que, em si mesmos, não são bons, mas maus, assume outro aspecto muito diferente. Se um ser que é perfeitamente bom tolera o mal, deve ser para um fim bom, ou ele não seria bom, mas se um ser imperfeito exerce tolerância, devemos suspeitar tanto do motivo quanto do fim. Falar de mal tolerando o mal parece contraditório, mas, na verdade, encontramos isso constantemente no mundo, e é o espírito daquilo que as pessoas chamam de “concordar em discordar”.

 

A tolerância, portanto, por parte de seres falíveis ou imperfeitos, decorre de vários motivos: primeiro, de uma condenação própria tal que torna impossível o julgamento de outros em circunstâncias semelhantemente duvidosas; segundo, da incapacidade de impor seus próprios pontos de vista e opiniões, devido a um equilíbrio de poder naqueles que se opõem a eles; ou terceiro, da falta de certeza e convicção sobre a verdade daquilo que eles sustentam.

 

Assim, embora o primeiro seja verdadeiro para o homem em seu estado natural (Rm 1:31, 2:1) e o segundo, sem dúvida, esteja implícito em a todas as formas de erro doutrinário, seja infiel ou supersticioso, o terceiro, acreditamos, é o motivo de muito do que é chamado de tolerância religiosa. Os homens são incertos em suas opiniões, eles não têm bases sólidas para a sua crença.

 

O poder de alguns que alegaram ser infalíveis em tudo o que acreditam está gradualmente diminuindo. Suas suposições não despertam mais medo no coração dos homens, mas sim um sorriso nos seus lábios. Outro espírito e um poder superior estão se desenvolvendo lentamente. A razão do homem está afirmando sua reivindicação, e a caridade e a tolerância de nossos dias são principalmente o fruto da coexistência. Dizemos principalmente, pois não negamos, mas dizemos que há também uma medida de verdadeira tolerância Cristã em exercício, e muitas vezes ela está combinada com motivos menos puros. O mundo ainda experimentará novamente a intolerância de um poder dominador do mal. À medida que a influência da superstição diminui ainda mais e a atual necessidade de tolerância mútua cessa (pois a tolerância sempre diminuirá à medida que o equilíbrio de poder tende cada vez mais em uma direção, e cessará quando tal poder puder se impor), a tirania e o egoísmo do homem não controlado pela religião, seja falsa ou verdadeira, se revelarão no anticristo – o homem do pecado, o iníquo, o perverso, mencionado na Escritura (Dn 8:23, 11:36; 2 Ts 2; Ap 13).

 

Até agora temos falado do caráter e do espírito da tolerância atualmente comum no mundo, mas também desejamos dizer algumas palavras para a ajuda daqueles que, desejando conhecer e fazer a vontade de Deus, ainda estão em dificuldades quanto ao que permitir e ao que recusar.

 

Nesse assunto, como em todos os outros em que diga respeito ao professo povo de Deus, não podemos ir a lugar algum para obter instrução, a não ser a Deus e à Sua Palavra. Seus caminhos devem ser o nosso exemplo, Sua Palavra o nosso preceito. Todos admitirão que, se houver alguma revelação de Deus, também deve existir, em conexão com ela, um padrão de retidão e de verdade, se ao menos for  apreendida. Mas, embora isso seja admitido de maneira geral, há a maior hesitação por parte dos homens apreenderem esse padrão para si mesmos ou admitir que outros possam tê-lo alcançado. A Cristandade reconhece o Cristianismo como a revelação de Deus, mas na maior parte argumenta como se a obtenção de uma certeza divina da verdade de Deus fosse impossível – como se, de fato, Deus, que deu a revelação, não tivesse pretendido ou fosse incapaz de trazê-la para o coração e entendimento daqueles para quem foi feita. Portanto, o dogmatismo é desaprovado e firmes convicções geralmente são contestadas.

 

Confiança 

Antes que possamos nos aventurar a ser tolerantes ou intolerantes, o primeiro ponto a ser estabelecido é a confiança e o fundamento da alma individual. A menos que saibamos e estejamos convencidos de que temos a verdade, é certamente impossível para nós, com alguma adequação ou poder, exibir intolerância às opiniões dos outros. Se, por exemplo, alguém não conhece para si mesmo a salvação como uma possessão, não pode honestamente ser intolerante com as opiniões defendidas por outros sobre o assunto. Pode-se não concordar com eles, mas é preciso tolerá-los.

 

Por outro lado, a alma que sabe, pela fé divina, que tem salvação de Deus unicamente com base na morte e ressurreição de Cristo, essa alma tem uma confiança positiva e um padrão nesse ponto, e isso a torna necessariamente intolerante a todas as opiniões que possam ser apresentadas contra ela. “Eu sei em Quem tenho crido” é a linguagem de tal pessoa. Há certas coisas em que a teoria não se sustenta contra a possessão, e essa é uma delas. Opiniões e teorias sobre a salvação podem ser tão claras quanto o dia, mas apenas aquele que tem a coisa em si pode julgar seu valor.

 

Onde a tolerância é errada 

A tolerância ao pecado e à doutrina do mal são condenadas por Deus, como 1 Coríntios 5; 1 Timóteo 5:22; 3 João; e Apocalipse 2:14-16, 3:15-16. As advertências de Cristo às Igrejas são palavras solenes nos dias de hoje, quando os homens toleram toda forma de mal sob o nome comum de Cristianismo e protestam contra o julgamento de ensinamentos que são desonrosos a Cristo e à Sua obra. Como as palavras de Malaquias 2:17 se aplicam a isso: “Enfadais ao SENHOR com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que O enfadamos? Nisto, que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do SENHOR, e desses é que Ele Se agrada”.

 

Quando o coração e a mente são persuadidos e permeados pela verdade de Deus, não falamos de “minhas opiniões”, e não colocamos, nem devemos colocar nossas opiniões contra as dos outros. Não é que “eu penso uma coisa e você outra, e nunca concordaremos”, mas é que eu creio em Deus e me submeti à Sua Palavra, aceitei e adotei Seus pensamentos, Ele respondeu a cada pergunta do meu coração, e somente Ele pode responder verdadeiramente a qualquer pergunta de qualquer coração. Aquilo que possa ser apresentado contra isso não é apenas contra as opiniões do crente, mas contra a Palavra de Deus em Quem ele creu, e, portanto, falsas doutrinas ou opiniões contrárias à fé de tal pessoa não podem ser toleradas ou admitidas como tendo qualquer peso ou reivindicação. No entanto, ao lidar com essas questões, graça e sabedoria são necessárias, e o crente tem que julgar, e também tem a capacidade de julgar (1 Co 2:11-15) o espírito no qual essas questões possam ser apresentadas. Ele fará diferença entre o que ensina a doutrina maligna e aqueles ensinados e enganados por ela. Embora após a admoestação ele rejeite o primeiro e não tolere nem o que ensina nem a doutrina, mesmo assim ele terá compaixão do último – aquele que é ignorante e enganado e, embora recuse e corrija o erro, de modo algum rejeitará a pessoa. O crente irá “compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados”; levantará “as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados”, e fará “veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente, antes, seja sarado”. Em mansidão, também, ele se esforçará para instruir aqueles que se opõem entre eles. Aqui, no entanto, há perigo de falha. Muitas vezes nos falta paciência com aqueles cujo coração é verdadeiramente reto, mas que são inábeis na Palavra da justiça, ou que foram enganados por falsos ensinos. Ou, novamente, ao tolerar a pessoa que é ignorante, vamos longe demais e toleramos, ou parecemos tolerar, suas opiniões e caminhos e, portanto, somos infiéis à pessoa e a Deus e Sua Palavra. “qualquer que profere o nome de Cristo [do Senhor – JND] aparte-se da iniquidade”, e se o crente vir alguém em ignorância, mesmo ligado àquilo que em qualquer grau seja contrário à mente e à verdade de Cristo, ele não deve tocar no mal que ele sabe ser mal por qualquer consideração de amor pelo outro. Por exemplo, alguém que nos é querido pode estar ligado a um falso sistema de doutrina religiosa, que sabemos ser contrário a Deus. Devemos dizer que ele acredita nisso e, portanto, devemos reconhecer seu direito de praticá-lo e ajudá-lo nisso? Certamente não! Não devemos reconhecer ao outro o direito de acreditar e praticar o erro mais do que a nós mesmos.

 

Graça e verdade 

Em certo sentido, não há nada tão intolerante quanto à verdade, mas aquele que tem a verdade sabe que tanto graça quanto verdade vieram por Jesus Cristo”, e, portanto ele não separa o que Deus assim uniu na revelação de Si mesmo. Por outro lado, o erro não conhece a graça e não pode mostrá-la. Quando não controlado por um poder divergente, o erro se propaga pela força, fraude e crueldade. Para sermos persuadidos em nossa própria alma de que, até onde alcançamos (pois só conhecemos em parte; 1 Co 13:9; Fp 3:12-13), mantemos a verdade como o Próprio Deus, que nos capacita, embora implacáveis com o erro, procuramos manifestar a tolerância e longanimidade de Deus para com aqueles que são enganados pelo erro.

 

No que diz respeito à tolerância das opiniões religiosas dos outros, que é tão fortemente defendida hoje, observaríamos que nada é mais ressentido por muitos Cristãos professos do que ter sua profissão julgada. Há na Escritura um reconhecimento distinto dos de “fora” e os de “dentro”. Todos os que se autodenominam Cristãos ocupam o lugar dentro. “Não julgais vós os que estão dentro?”. Todo Cristão professo está, portanto, sujeito a julgamento, e tudo o que eles podem exigir é que sejam julgados pela Palavra de Deus, e não pela medida da consciência de outra pessoa, ou mesmo de sua própria consciência. Se pudermos suportar esse teste, poderemos dizer com o apóstolo que, para nós, é uma coisa sem muita importância ser julgado pelo julgamento do homem.

 

Finalmente, precisamos examinar nossa própria posição e prática quanto à tolerância e verificar se, em nosso próprio coração, estamos persuadidos e satisfeitos com a revelação de Deus (não dizemos com a interpretação do homem a respeito dela, mas com a própria revelação) – Cristo, o Filho do Deus vivo. Não é Ele que tem as palavras de vida eterna, Deus manifestado em carne, crucificado em fraqueza, declarado ser o Filho de Deus com poder pela ressurreição dos mortos, e agora exaltado pela destra de Deus? Ele é, de fato, o fundamento da nossa paz e confiança? A Palavra que O revela se apoderou de nossa alma de tal forma que podemos dizer: “Seja Deus verdadeiro”, embora (se necessário), “e todo homem mentiroso?”. Será que cremos em Deus em vez do homem, e conhecemos e reconhecemos a reivindicação imensurável que Ele tem, não apenas em nosso amor, mas em nossa obediência e vida?

 

H. B., Present Testimony (adaptado)

 

A Luz do Espírito 

 

O Espírito sopra sobre a Palavra,

E traz a verdade à luz;

Preceitos e promessas proporcionam

Uma visão santificadora.

 

Uma glória doura a página sagrada,

Majestosa como o Sol;

Dá uma luz a todas as eras...

Dá, mas não empresta nenhuma.

 

Então, pensadores, nesta era moderna,

À própria Palavra de Deus, preste atenção;

Proclamando a verdade de cada página,

Sua sabedoria atende às nossas necessidades.

 

W. Cowper

 

 

“Eu Sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida”

João 14:6 


 

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1 Comment


willian nascimento
willian nascimento
Jul 11

um pouco complexo de entender, mas compreendi alguns pontos


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