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J. H. Smith (1903-1978)

Obediência e Submissão - Princípios de Cura



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ÍNDICE


 

Obediência e Submissão – Princípios de Cura

James Harrison Smith

 (1903-1978) 

 

Obediência e Submissão


A obediência e a submissão são os princípios de cura para a humanidade. Quão constantemente eles foram exemplificados na vida de nosso Salvador! Pela graça, somos ensinados por Deus a nos curvar. Eu não digo “aprovar” sempre, mas respeitar a autoridade divinamente constituída em seu lugar, em reverência para com Aquele que a deu, enquanto espero pacientemente no Senhor, se Ele notar um abuso de autoridade, para corrigir o culpado em Seu próprio tempo e maneira. “É-Me dado todo o poder, no céu e na Terra”.

 

Na Palavra temos a revelação da autoridade sendo delegada em pelo menos cinco aspectos, a saber: ao marido, ao pai, às “autoridades que há”, ao empregador e à assembleia.

 

A Autoridade do Marido 


A expressão formal da autoridade do marido foi feita à esposa de Adão imediatamente após a queda. Isso foi revelado àquela que deveria estar no lugar de submissão: “e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”.

 

Será que algum marido será ousado o suficiente para afirmar que nunca abusou de sua autoridade como marido? Tenho certeza que não. Será que o Espírito de Deus não previu que os maridos Cristãos muitas vezes falhariam em seu exercício de autoridade, quando Ele disse estas palavras incisivas: “Maridos, amai vossa esposa e não a trateis com amargura”? (Cl 3:19 – ARA). Quando cessa a autoridade dada por Deus de um marido sobre uma esposa? Quando ele falha no exercício dela? Não! Somente quando a morte intervém é que a esposa se liberta da lei do marido. Qual é o remédio divino, prescrito pelo Senhor, para a esposa quando abusamos de nossa autoridade? SUJEIÇÃO! (Ef 5:22-33). Isso cura! A insubmissão leva a uma ação de divórcio.

 

A Autoridade do Pai


A autoridade do pai é complementar à do marido e, combinadas entre si, investe um homem de autoridade como cabeça de uma casa. Sua existência é assumida e seu exercício é claramente retratado desde os primeiros capítulos de Gênesis até o momento da entrega da lei (Êx 20). Então, os filhos foram formalmente ordenados a honrar o pai e a mãe (ela sendo vista como uma com o pai no cuidado conjunto dos filhos). Isso por si só implica submissão, que é ordenada aos filhos de pais Cristãos (e também a outras crianças que leem ou ouvem a Palavra de Deus). “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor” (Cl 3:20).

 

Será que há algum pai será ousado o suficiente para afirmar que nunca abusou de sua autoridade como pai? Tenho certeza que não. Será que o Espírito de Deus não previu que os pais Cristãos muitas vezes falhariam em seu exercício de autoridade, quando Ele fez com que essas palavras de advertência fossem escritas: “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo”? (Cl 3:21). Quando cessa a autoridade dada por Deus a um pai sobre seus filhos? Quando ele falha no exercício dela? Não, apenas quando os filhos deixam pai e mãe para assumir novos relacionamentos reconhecidos por Deus na natureza. Qual é o remédio divino prescrito pelo Senhor para os filhos quando abusamos de nossa autoridade? SUJEIÇÃO! “Tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos... na verdade... nos corrigiam como bem lhes parecia” (Hb 12:9-10). A insubmissão é uma característica moral dos “últimos dias”, como está escrito, “desobedientes a pais e mães” (2 Tm 3:2).

 

A Autoridade dos “Poderes que há” 


A autoridade para lidar com a violência contra a vida do homem é encontrada em Gênesis 9:6: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a Sua imagem”. A autoridade dada por Deus para punir a maior violência feita ao próximo inclui autoridade para lidar com todos os atos menores de ilegalidade. Com o advento do Cristianismo, tornou-se necessário definir as obrigações dos crentes neste mundo, um povo tomado de entre os judeus e os gentios para o nome de Deus, para com os “poderes constituídos”. Qual é a responsabilidade de um povo para com as autoridades civis, que tendo sido feito participante de um chamado celestial, cujas associações de vida estavam no céu e cuja caminhada neste mundo (nos pensamentos de Deus) deveria ser uma expressão viva desse chamado? Romanos 13:1-7 nos dá essa instrução (observe que é a questão da submissão que é abordada): “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus”. Em Tito 3:1 (ARA), o dever é reiterado: “Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades”, e novamente em 1 Pedro 2:13: “Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor”.

 

Qual deve ser nossa atitude quando ocorre um abuso da autoridade dada por Deus, e somos nós que sofremos injustamente? Para tomar um caso extremo (que, para o princípio em questão, abrange todos os outros), suponha que eu seja preso por um homem com uniforme de policial cujo distintivo de autoridade e cujo mandado de prisão não são, pelo que eu sei, de boa-fé; além disso, ele está parcialmente embriagado. Sou absolutamente inocente do suposto crime. O que eu vou fazer? Devo lembrá-lo de que ele está bêbado? Devo dizer-lhe que não me sinto obrigado a obedecer à sua intimação, na medida em que não tenho certeza de que ele realmente representa sua declarada competência? Devo alegar minha inocência? Não, devo SUBMETER-ME, deixando o policial com toda a responsabilidade para com seus superiores para responder por si mesmo, entregando meu próprio caso nas mãos do juiz. Certamente nenhum de nós tem qualquer dificuldade em saber qual é o verdadeiro caráter da autoridade em condições como essa, nem quanto à retidão de se sujeitar à autoridade.

 

A Autoridade do Empregador


Não demorou muito para que, por causa do pecado, uma relação anormal se desenvolvesse: a da escravidão. Homens com suas esposas e filhos se tornando propriedade de senhores, que fizeram com eles o que quiseram. Na sabedoria de um Deus soberano, Ele permitiu que esse relacionamento anormal continuasse a existir. Sozinho, Abrão tinha nada menos que 318 servos, “nascidos em sua casa” (Gn 14:14). Não está registrado na Escritura que o Senhor lhe disse alguma coisa sobre libertá-los. A Lei (Êxodo 21) reconheceu a condição de escravo comprado, fazendo uma provisão para que o escravo comprado com dinheiro saísse livre no sétimo ano por si mesmo, o que raramente acontecia.

 

Sob a graça, a mesma condição de escravidão é conhecida, mas não é colocada de lado. Considerando, no entanto, as dificuldades encontradas por um escravo Cristão que buscava reconciliar a vontade de Deus com a de um senhor pagão, se a oportunidade de obter sua liberdade se apresentasse, ele deveria aproveitá-la (1 Co 7:21), mas isso também raramente acontecia. Os escravos Cristãos, portanto, têm uma lista mais numerosa de instruções dirigidas a eles do que a quaisquer outras pessoas colocadas por Deus na posição de submissão.

 

A partir das instruções dadas aos escravos, vemos o quão plenamente devemos reconhecer e respeitar a autoridade de um empregador. Embora não sejam escravos, a maioria de nós em nosso emprego está na posição de servo de nossos empregadores. Quão proveitosas são essas instruções, para nossa própria alma, por causa dos princípios divinos que estabelecem! “Vós, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor e não como aos homens, sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre” (Ef 6:5-8). “Vós, servos, obedecei em tudo a vosso senhor segundo a carne” (Cl 3:22-25). “Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. E os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes, os sirvam melhor, porque eles, que participam do benefício, são crentes e amados” (1 Tm 6:1-2). “Exorta os servos a que se sujeitem a seu senhor e em tudo agradem, não contradizendo, não defraudando; antes, mostrando toda a boa lealdade, para que, em tudo, sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tt 2:9-10). “Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor ao senhor, não somente ao bom e humano, mas  também  ao mau; porque é coisa agradável que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente... Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as Suas pisadas, O qual não cometeu pecado, nem na Sua boca se achou engano, O qual, quando O injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-Se Àquele que julga justamente” (1 Pe 2:18-23). Quão clara e abençoadamente essas passagens indicam que a glória é dada a Deus, por meio da submissão de todo o coração, para aqueles no relacionamento mais difícil de todos neste mundo, o de escravos! De fato, o próprio lugar de submissão foi glorificado pelo próprio Senhor, que “tomando a forma de Servo” (Fp 2:7).

 

A obediência e a submissão não são, de fato, os princípios de cura da humanidade? A obediência à vontade revelada de Deus resulta na submissão à autoridade divinamente reconhecida. Uma esposa submissa ganha um marido desobediente por sua vida casta, em temor! (1 Pe 3:1-2). Uma criança submissa tem Seu ministério interrompido, por assim dizer, por “Seus pais” (Lc 2:41) que não sabiam que Ele deveria fazer os negócios de Seu Pai, mas Ele “desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito” (Lc 2:51)! Um apóstolo Cristão submisso, cativo e um divertimento das “autoridades que há”, intitula-se “preso do Senhor” (Ef 4:1)! Assim, Paulo, teve uma porta aberta para proclamar o evangelho da graça de Deus a Agripa e a Nero, cujo abuso da autoridade que lhes foi dada por Deus foi suplantado em Sua bondade soberana, para espalhar a verdade por toda parte.  “Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão” (2 Tm 4:17). Um servo Cristão sujeito sofre agravos, padecendo injustamente (1 Pe 2:19). O servo, então, recomenda Cristo a um empregador perverso e tem o gozo da comunhão em sua própria alma com o bendito Senhor, em cujos passos ele caminha!

 

Autoridade Investida na Assembleia


Como já afirmei, a delegação de autoridade por Deus pressupõe a atividade da natureza maligna, no homem caído, em suas múltiplas formas de expressão. Gálatas 5:19-21 nos dá uma lista terrível de coisas que cada um de nós, que não anda no Espírito, é capaz de fazer! “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias [correntes de pensamentos – JND], invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus”. Portanto, (embora sejamos uma nova criação em Cristo e membros em particular do um corpo de Cristo, vitalmente unidos por um Espírito a Ele, nossa Cabeça viva no céu), a capacidade sempre presente em nós, individual e coletivamente, de dar lugar às concupiscências da carne quando fora da comunhão com o Senhor, torna necessário que o Cristo, como “Filho sobre Sua própria casa” (Hb 3:6), torne a assembleia responsável por seu comportamento como “a casa de Deus” (1 Tm 3:15) aqui na Terra. Consequentemente, Ele investiu a assembleia (em sua expressão local) com autoridade, para lidar com “tudo” que julgasse ser inconsistente com sua posição, como representante de Cristo neste mundo.

 

Uma imensa responsabilidade foi assim colocada sobre a assembleia como um corpo responsável! Onde, nas várias formas de autoridade delegada, anteriormente consideradas, seja para o marido, pai, autoridade civil ou empregador, encontramos uma investidura tão solene e abrangente de autoridade divinamente constituída como o Senhor enuncia aqui? De fato, nos casos anteriores, considera-se que a autoridade seja atuante, e aqueles que lhe devem submissão são tratados. Esposas, filhos, santos e servos são informados ou são lembrados de seus respectivos lugares de submissão. Mas agora deve haver uma coisa nova na Terra, uma Igreja, uma com Cristo, sua Cabeça! E por meio da expressão local dela, o divino título de exercer autoridade é dado a ela.

 

O Senhor, introduzindo com Seu solene “em verdade” esta concessão irrefutável à assembleia, define seu âmbito e caráter: “Em verdade vos digo que tudo o que  ligardes na Terra será ligado no céu; e tudo o que  desligardes na Terra será desligado no céu” (Mt 18:18). Aquele que desafia a autoridade assim investida nos santos reunidos (sejam eles apenas dois ou três) pelo Espírito de Deus para o nome de Cristo, desafia o PRÓPRIO SENHOR, pois ELE está no meio deles!

 

Ligando e desligando 

Muitas vezes tem sido levantada a objeção de que sustentar que o Senhor liga no céu um ato injusto ligado na Terra, é puro papado. Tal objeção surge, creio eu, porque a natureza da autoridade não é entendida. A autoridade delegada (neste caso pelo Senhor à assembleia local) é confundida com infalibilidade. Nada poderia estar mais longe da verdade. Ligar ou desligar, no céu, não significa por si só aprovação. Se o bendito Senhor quisesse dizer “Tudo o que ligardes ou desligardes será aprovado no céu”, Ele teria dito isso, mas Ele não disse!

 

Vejamos uma passagem que nos dá o princípio envolvido na ligação do Senhor de um ato injusto (sem aprová-lo); também nos mostra o uso proveitoso que Ele faz de tudo em Sua soberania divina! “Então, disse Sarai a Abrão: Meu agravo seja sobre ti... O SENHOR julgue entre mim e ti. E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão; faze-lhe o que bom é aos teus olhos. E afligiu-a Sarai, e ela fugiu de sua face. E o Anjo do SENHOR a achou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur. E disse: Agar, serva de Sarai, de onde vens e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai, minha senhora. Então, lhe disse o Anjo do SENHOR: Torna-te para tua senhora e humilha-te [submeta-te – JND] debaixo de suas mãos...  E ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és Deus da vista [Tu és Deus que vê – ARA] (Gn 16:5-9, 13). Essa é a primeira ocorrência da palavra “submissão” na Escritura! O ato de Sarai foi justo? Não. O Senhor deixou de lado o ato e autoridade dela por causa desse ato? Ele não o fez; Ele o ligou! Agar é tratada pelo Senhor (pois o versículo 13 nos mostra Quem era o Anjo na realidade!) como “serva de Sarai” quando ela havia renegado esse direito por causa da perseguição. Ela é instruída a voltar para sua senhora e a se submeter às suas mãos, pelo próprio Senhor!

 

O Senhor foi injusto nisso? É claro que não! Mas as aparências são contra Ele, como muitas vezes são neste presente século mau, onde a vontade própria de homens ímpios e (infelizmente) dos próprios santos se manifesta. Se estamos andando segundo os homens (1 Co 3:3), podemos pensar assim: “Como o Senhor pode Ele mesmo ser justo, ser o Deus da luz em Quem não há trevas nenhumas, e ainda assim obrigar a pobre Agar a se submeter às duras ações de Sarai?”. Mas “os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos, diz o SENHOR” (Is 55:8). Quanto a Sarai, o Senhor traz, antes de mais nada, uma ação disciplinar para o bem de sua alma (Ele sempre age em bondade soberana!), por meio da ação de submissão de Agar, que se colocou novamente na presença de Sarai, proporcionando assim diariamente a Sarai um lembrete de que ela havia trazido toda a tristeza naquela situação sobre si mesma por causa de seu próprio ato de incredulidade (Gn 16:3). Que castigo de alma, certamente não feliz, era isso para Sarai! Não vemos claramente em tudo isso que o Senhor sabia como disciplinar Sarai que, nem por um momento, deixou de lado sua autoridade como senhora para “governar a casa” (1 Tm 5:14)? Mas naturalmente gostamos (e estamos pouco conscientes de até que ponto a propensão ao mal é permitida em nós) de deixar de lado a autoridade para gratificar um curso de vontade própria e insubmissão.

 

Por favor, tenha paciência comigo enquanto me refiro novamente a outras passagens conhecidas que também dão o princípio de o Senhor ligar um ato autoritário, não o aprovando, mas também usando-o em Seus caminhos com Seu povo como um julgamento de seu estado; tudo isso também é, em conexão com a preservação de um testemunho pelo próprio Senhor, daquilo que Ele havia estabelecido, e sobre o qual Ele disse por meio do profeta Aías: “para que Davi, Meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de Mim em Jerusalém, a cidade que elegi para pôr ali o Meu nome” (1 Rs 11:36). “Toda  Escritura é inspirada por Deus divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2 Tm 3:16-17).

 

O tratamento do Senhor com a falha 

Na história do tratamento do Senhor com Seu povo terrenal (e certamente concordamos que os princípios morais de Deus nunca mudam), enquanto soberanamente mantemos “uma lâmpada diante de Mim em Jerusalém”, acredito que devemos discernir que o Senhor agiu de acordo com o princípio de Mateus 18:18 muito antes de enunciá-lo, para a preservação de um testemunho celestial nesta dispensação. Vamos observar essa história brevemente. Em 1 Reis 11:1-10, temos o triste relato do afastamento do coração do homem mais sábio da Terra, o rei Salomão, do Senhor. No versículo 33, a apostasia das tribos de Israel também é revelada. A Igreja, também, há muito tempo deixou seu primeiro amor (Ap 2:4). Além disso, aqueles a quem Deus misericordiosamente libertou da Babilônia espiritual algumas gerações atrás, e a quem Ele recuperou “todo o conselho de Deus”, infelizmente! Também deixaram seu primeiro amor. O Senhor diz pessoalmente a Salomão (vs. 11-13) que seu reino seria dividido, apenas uma tribo sendo poupada por causa de Davi, seu servo, e por causa de Jerusalém, que Ele havia escolhido. O Senhor, por meio de Paulo, advertiu solenemente a Igreja de que Seus julgamentos discriminatórios peneirariam os santos na Terra: “Porque, antes de tudo, ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros [aprovados – ARA] se manifestem entre vós” (1 Co 11:18-19). Mas em Apocalipse 3:7-13, Ele mostra um remanescente poupado, pois é Ele mesmo Quem mantém a porta aberta! Por causa de Davi, o homem segundo o coração de Deus, e por causa de Jerusalém que Ele escolhera como Seu centro divino e terrenal, o Senhor poupou uma tribo em Israel. Por causa de Jesus, por causa d’Aquele que comprou a Igreja com Seu próprio sangue, e por causa de um pequeno testemunho coletivo e expressão do um só corpo (do qual Ele é a Cabeça) na Terra, o Senhor soberanamente poupará os dois ou três reunidos ao Seu nome. Em ambos os casos, é a graça soberana agindo por si mesma e para a glória de Cristo (Jeová do Velho Testamento). E isso não com base no mérito humano, pois nessa base tudo foi perdido em Israel e tem se perdido na Igreja.

 

O Senhor então disse a Jeroboão, pelo profeta Aías (1 Rs 11:29-38) que ele deveria tomar dez tribos, e disse a ele o motivo disso: “Porque Me deixaram” (v. 33). No entanto, em Sua soberania, Ele preservou uma tribo, repetindo duas vezes o que, basicamente, já havia dito ao rei Salomão, a saber, que Roboão deveria ter uma tribo por causa de Davi, Seu servo, e por causa de Jerusalém, a cidade que Ele havia escolhido de todas as tribos de Israel para lá colocar Seu nome. O Senhor informou claramente a todas as partes envolvidas que Ele estava prestes a trazer um julgamento de dispersão sobre Israel e sobre seu rei, mas que, no entanto, Ele, soberanamente, manteria um testemunho para Si mesmo!

 

Como o julgamento do Senhor foi executado? Mas mais importante ainda, em que princípio  age a tribo que é soberanamente preservada? Temos o relato em 1 Reis 12:1-24. Roboão exerceu precipitadamente sua autoridade recentemente adquirida como “o poder”, como o rei de todo o Israel, e se vangloriou diante do povo das opressões que ele imporia. O abuso de sua autoridade divinamente constituída resultou diretamente na rebelião das dez tribos. Mas, foi manifestado o que Deus sabia de antemão, ou seja, o estado de coração deles! Eles não tinham valorizado Davi! Esse estado não era algo novo; em sua raiz, já estava lá quando Davi voltou a Jerusalém após a morte de Absalão. Veja 2 Samuel 19:41 a 20:2. A pessoa, daquele que era um homem segundo o coração de Deus, não era nada para eles. Observe que as dez tribos não disseram nada sobre Roboão, mas isso: “Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel! Provê, agora, à tua casa, ó Davi” (1 Rs 12:16).

 

Por que os santos entraram em divisão em todas as gerações (pois Deus peneira Seu povo) desde que a verdade foi recuperada para eles e colocada em prática há mais de um século? Eles não valorizaram corretamente o verdadeiro Davi! Eles não tiveram a Pessoa de Cristo, a Cabeça da Igreja, que é o Seu corpo, em poder diante da alma deles! Eles não retiveram a Cabeça (Cl 2:19 – ARA). Em consequência (como com as dez tribos de Israel), o Senhor em Sua disciplina tem Seu instrumento pronto, e quando Ele permite que aquilo que cruza Sua vontade se desenvolva em uma provação de teste, esses santos encontraram um homem pronto para levá-los e mantê-los longe do verdadeiro Centro que eles deixaram, Cristo no meio daqueles reunidos para Seu nome; um Homem a quem Deus marcou de antemão para aqueles que realmente reconhecem o Senhor no meio e se curvam à Sua autoridade.

 

O Senhor deixou de lado a autoridade de Roboão quando ele havia abusado dela? Não! 1 Reis 12:23 deixa isso claro. “Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a toda a casa de Judá, e a Benjamim, e ao resto [remanescente – KJV] do povo”.

 

Com base em qual princípio Judá (e o pequeno Benjamim contado com ele) foram preservados do abandono do centro divino em Jerusalém, onde o nome do Senhor havia sido colocado? Sobre o princípio simples, ou princípios, de obediência e submissão. Eles olharam através de Roboão, o rei, e foram além, para Jeová, o Deus de Israel! Em obediência a Ele, sujeitaram-se ao ato injusto do rei. “No tocante, porém, aos filhos de Israel que habitavam nas cidades de Judá, sobre eles reinou Roboão” (v. 17). “e ninguém seguiu a casa de Davi, senão a tribo de Judá” (v. 20). Ao se curvarem sob o exercício injusto da autoridade de Roboão, permaneceram no terreno divino. Eles apreciavam o lugar que o Senhor havia escolhido para lá colocar Seu nome, o lugar onde a arca estava e onde Ele habitava entre os querubins! “Aí estou Eu no meio deles”. O princípio sobre o qual Judá agiu, então, foi o princípio da submissão a um ato injusto cometido pelo homem, investido de autoridade real por Deus, em Seu verdadeiro centro na Terra.

 

Como, então, o Senhor, em Seus caminhos governamentais, lidou com Roboão? Ele colheu o que semeou? Com certeza ele colheu! Uma leitura muito simples de sua história mostra que ele estava em apuros contínuos, tanto internos quanto externos.

 

“E houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos os seus dias” (1 Rs 14:30). “Pelo que sucedeu, no ano quinto do rei Roboão, que Sisaque, rei do Egito, subiu contra Jerusalém (porque tinham transgredido contra o SENHOR)” (2 Cr 12:2). Isso não mostra que o Senhor sabe como disciplinar um rei sem nem por um momento deixar de lado a autoridade desse rei? Além disso, uma vez que o centro de adoração, divinamente escolhido, estava no mesmo lugar que a sede do governo do rei, não é altamente significativo que a manutenção determinada pelo Senhor do lugar que Ele havia escolhido de todas as tribos de Israel para lá colocar Seu nome, seja cuidadosamente mencionada bem no meio do resumo da história de Roboão? “De quarenta e um anos de idade era Roboão quando começou a reinar... em Jerusalém, na cidade que o SENHOR elegera de todas as tribos de Israel para pôr ali o Seu nome; e era o nome de sua mãe Naamá, amonita” (1 Rs 14:21). (Veja também 2 Crônicas 12:13).

 

O Senhor não revoga ou nega divinamente uma autoridade constituída por causa de abusos, pois no mesmo lugar que Ele escolheu para ali colocar Seu nome (para usar a linguagem do Velho Testamento), “onde dois ou três estão reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (para usar a linguagem do Novo Testamento). Perguntas como essas levam os assuntos a um ponto central. O “tudo” do Senhor em Mateus 18:18 não é um princípio novo trazido com Ele, mas o mesmo em que Ele sempre agiu (tanto como o doador e mantenedor da autoridade, e também como sujeito à autoridade nos “dias de Sua carne”).

 

O bendito Senhor de todos (At 10:36), “deles e nosso” (1 Co 1:2), Se sujeitou quando uma de Suas criaturas que possuía autoridade divinamente constituída, como governante neste mundo, perversamente exerceu esse mesmo poder contra Ele, o “Senhor da glória”! (1 Co 2:8). Leia João 19:10-11. Ao dizer onde a autoridade de Pilatos se originou, que ela vinha do alto, o Senhor Jesus Se submete ao uso indevido dessa autoridade, entregando Sua causa Àquele que julga com justiça! Não nos é dito em 1 Pedro 2:21 que Cristo nos deixou um exemplo, e que devemos seguir Seus passos? Que melhor oportunidade para isso do que quando estamos sob a disciplina de nossos irmãos? Isto tem sido frequentemente citado: “O Senhor usa nossos irmãos para aquecer a fornalha na qual Ele prova nossa fé”.

 

Submissão e Restauração 

No entanto, quanto à restauração de alguns indivíduos ao centro divino de reunião, observamos o seguinte na história das dez tribos: “Depois desses, também de todas as tribos de Israel, tais como deram o seu coração a buscarem ao SENHOR, Deus de Israel” (não apenas de Judá, note!) “vieram a Jerusalém, para oferecerem sacrifícios ao SENHOR Deus de seus pais” (2 Cr 11:16). Essa é a restauração segundo uma ordem divina, e também, uma posterior nos dias de Ezequias, muito depois de a divisão ter ocorrido em Israel; “Ezequias enviou mensageiros por todo o Israel e Judá e escreveu também cartas a Efraim e a Manassés que viessem à Casa do SENHOR, a Jerusalém, para celebrarem a Páscoa ao SENHOR, Deus de Israel… E os correios foram passando de cidade em cidade, pela terra de Efraim e Manassés até Zebulom; porém riram-se e zombaram deles. Todavia, alguns de Aser, e de Manassés, e de Zebulom se humilharam, e vieram a Jerusalém... E houve grande alegria em Jerusalém” (2 Cr 30:1, 10-11, 26). Assim, o Senhor graciosamente usou as fiéis cartas de súplica de Ezequias, palavras de “graça temperada com sal” (Cl 4:6 – TB), para recuperar indivíduos para Seu verdadeiro e único centro de adoração em Jerusalém, onde o próprio Jeová habitava entre os querubins. Que o Senhor graciosamente conceda uma recuperação semelhante aos indivíduos neste nosso dia de fraqueza!

 

Por fraqueza e derrota

 Ele ganhou o galardão e a coroa,

 Pisou todos os nossos inimigos sob Seus pés

 Quando Ele foi ferido.

 

Abençoe, abençoe o Conquistador morto,

 Morto em Sua vitória;

 Que viveu, que morreu, que vive novamente –

 Por ti, Sua Igreja, por ti!

 

Enquanto nos irritamos com a intromissão da carne nos atos disciplinares de uma assembleia que tem autoridade divina, será que nos esquecemos que a carne também pode agir em um indivíduo, que não tem autoridade?

 

Na sabedoria de Deus, Ele Se digna a usar nossos próprios fracassos como um meio de castigo (que no momento não parece de gozo, mas doloroso) para alguns de Seus queridos filhos que são os objetos da disciplina da assembleia. E essa não é uma das maneiras pelas quais Ele manifesta o estado oculto de nosso coração? Aqui no deserto, Ele revela, para nós mesmos e para os outros descobrirem, se somos realmente “mansos e humildes de coração” ou de vontade inquebrável. Submissão, e obediência a Deus nisso, é o que Ele procura.

 

Alguém escreveu o seguinte:

 “As circunstâncias não causariam problemas se não encontrassem algo em nós que fosse contrário a Deus; elas passariam como o vento”.

 “Até que a vontade tenha sido esmagada na presença da majestade de Deus, não pode haver um estado correto diante de Deus.”

 

Acredito que no fundo há sempre uma medida de incredulidade junto com a insubmissão. Não acreditamos na grande verdade de que “Deus é por nós”, pronto e capaz, se Ele achar conveniente Ele próprio nos justificar, se tivermos sido de alguma forma injustiçados por indivíduos ou assembleias. Em geral, no entanto, em vez de ordenar que as circunstâncias nos justifiquem, Ele nos deixa sofrer injustamente. Mais tarde, quando entendemos a lição que Ele está ensinando, descobrimos que Ele Se justificou, ainda que por meio da instrumentalidade daqueles que nos prejudicaram!

 

“Assim é, ó Pai, porque assim Te aprouve” era a linguagem do coração do Senhor Jesus quando tudo estava indo contra Ele aqui. Ele estava contente em confiar Sua causa Àquele que julga com justiça, nunca levantando um dedo para Se justificar! Nós somos assim?

 

O Senhor promete Seu poder de guardar (Ap 3:10) àqueles que guardam a Palavra de Sua paciência. Procurar se apegar aos princípios divinos quando eles estão sendo abandonados coloca a paciência à prova. Contentar-se em ter somente a aprovação d’Ele, embora sejam poucos os que conseguem assim caminhar, é o fruto da obra de Deus na alma.

 

O Senhor oferece maravilhoso encorajamento aos Seus santos provados: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. Eles têm algo que o Senhor valoriza. “Guarda”, diz Ele, “até que Eu venha!” Além disso, esses que são desprezados aqui devem ter o lugar proeminente lá na glória: feitos “coluna” no templo de Seu Deus! (Ap 3:12).

 

James H. Smith

 

Devemos Obedecer a Deus 


E se o homem usar sua autoridade dada por Deus para nos tentar fazer algo contrário às instruções de Deus? Os discípulos em Atos 5 enfrentaram essa situação e as suas ações nos mostram a vontade de Deus no assunto.

 

O sumo sacerdote e os que estavam com ele colocaram os apóstolos na prisão por ensinar e curar em nome do Senhor. O anjo do Senhor abre as portas da prisão e diz aos apóstolos: “Ide, apresentai-vos no templo e dizei ao povo todas as palavras desta vida”. E os discípulos fazem isso. Eles são presos e levados perante o sumo sacerdote que diz: “Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome?”. Pedro e os apóstolos respondem: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”. Depois de discutir o assunto entre si, as autoridades espancaram os discípulos e novamente ordenaram que não falassem em nome de Jesus. Eles os deixaram ir e os discípulos continuaram a ensinar e a pregar Jesus Cristo.

 

Deus é a autoridade suprema. Se o homem abusa de sua autoridade dada por Deus e ordena que uma pessoa desobedeça a Deus, então a instrução para a pessoa é – obedecemos a Deus e não ao homem. Isso não dá liberdade para refutar a autoridade porque não se concorda com o julgamento da autoridade ou porque a autoridade está agindo injustamente. Não nos submetemos se o ato de submissão nos fizer desobedecer a Deus, isto é, nos fizer pecar.

 

O exemplo perfeito de submissão ao cruel e injusto abuso de autoridade é a submissão do Senhor a Pilatos. Ele podia e Se submeteu (sem desobedecer a Deus) ao abuso de autoridade de Pilatos ao condená-lo injustamente à morte. Que Seu exemplo sempre guarde nosso coração e consciência da rebelião contra as autoridades que Ele estabeleceu e nos conduza ao caminho de cura da obediência e submissão.


 

 

 

 

 

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