Baixe esta revista digital nos formatos:
Revista mensal publicada originalmente em fevereiro/2005 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
J. G. Bellett - Adaptado de Paul’s Apostleship and Epistles
J. N. Darby (Collected Writings, Vol. 21, pág. 241)
W. J. Prost
F. G. Patterson – Adaptado de A Chosen Vessel
W. T. P. Wolston
J. N. Darby
D. C. Buchanan
J. N. Darby
Annie Johnson Flint (1857-1932)
O Apóstolo Paulo
Deus escolheu o apóstolo Paulo para mostrar um padrão e modelo completo de tudo o que um Cristão deveria ser. Somos chamados a exibir esse padrão em nossa vida e o seguir ao seguir a Cristo.
“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela Sua graça, revelar Seu Filho em mim (Paulo), para que O pregasse entre os gentios” (Gl 1:15, 16). “Sede também meus imitadores, irmãos” (Fp 3:17).
Tema da edição
Paulo, O Homem Representante de Deus
Filipenses 3:20
O apóstolo Paulo é um homem que representa esta dispensação em sua pessoa, em seu ministério e em seu modo de vida. Sua salvação e apostolado ilustram para nós os caminhos de Deus nesta dispensação. Estamos vivendo na dispensação da graça de Deus, e sua vida é um padrão para nossa vida neste dia da graça de Deus.
Sua pessoa
Em sua pessoa vemos a manifestação tanto da graça como da justiça desta dispensação. Saulo de Tarso foi utilizado pelo Espírito de Deus a fim de representar nele a graça e a justiça que agora nos são trazidas. Ele magnifica a graça da dispensação quando ele diz ser o maior dos pecadores, mostrando que a graça de Deus pode alcançar e fluir até mesmo para o maior dos pecadores (1 Tm 1:15).
Quando Paulo trouxe a tona o caráter da justiça desta dispensação, ele fala de si mesmo como inculpável se referindo à justiça que está na lei, mas então ele coloca essa justiça de lado e a considera como perda e refugo (Fp 3:8 – ARA). A verdadeira justiça que nos foi revelada por meio dele é a justiça de Deus em Cristo.
Paulo não apenas exibe a graça de Deus e o dom da justiça de Deus, mas também ilustra o modo atual de Deus mostrar Sua graça na vida do crente. Paulo teve que aprender que ele havia se equivocado quanto ao caminho de bênção e de glória. Ele teve que aprender, como todo crente tem que aprender, que quando ele estava fraco, então ele era forte, pois a graça de Deus é aperfeiçoada na fraqueza. Com seu “espinho na [ou “para a” – JND] carne” ele representa os crentes nesta dispensação em suas fraquezas, mostrando que a fraqueza é a condição adequada para a demonstração atual da graça e do poder de Deus (2 Co 12:9).
Aos olhos do mundo, o “espinho para a carne” é visto como uma mancha. A beleza que um mundo podia ver e apreciar estava maculada por essa mancha. Em espírito, Paulo teve revelações maravilhosas e o segredo de Deus estava com ele de uma maneira abençoada, mas diante dos homens havia uma mancha sobre ele. Tudo isso está de acordo com a dispensação. Os santos são exaltados em Cristo, mas diante dos homens eles devem ser humilhados, pois o mundo não os conhece. A dispensação não permite confiança na carne. Deus colocou a carne de lado como algo sem proveito algum. O homem em Cristo não deve olhar para as coisas como o homem na carne faz, isto é, de acordo com sua aparência exterior. Não devemos medir ou comparar as coisas por qualquer regra desse tipo. Pela aparência exterior, havia um espinho em Paulo que provocava o desprezo dos homens.
O espinho na carne de Paulo veio do mesmo amor que o arrebatou ao paraíso. Se ele tivesse permanecido na inteligência completa do Espírito, ele não teria orado por sua remoção, e então ele teve que aprender a se gloriar em suas fraquezas. Ninguém é perfeito, além do próprio Mestre. Por mais favorecido e honrado que tenham sido Paulo e outros, não há nenhum deles que seja perfeito, exceto o Senhor. Isso conforta nossa alma. Deus descansa bem satisfeito n’Ele para sempre, mas somente n’Ele. Ele nunca teve que revogar um desejo Seu, nem voltar atrás com uma oração que chegou ao ouvido do pai.
Seu ministério
A pregação de Paulo foi para todo o mundo e representa a abrangência da graça de Deus nesta dispensação. As boas novas da graça de Deus deveriam ir até os confins da Terra. Para ilustrar essa mensagem de graça para todos os homens, Paulo fala de seu ministério como se estendendo à direita e à esquerda, de Jerusalém chegando até Ilírico. Ele havia recebido “apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes”, e se sentia devedor tanto aos gregos quanto aos bárbaros, tanto para os sábios quanto aos ignorantes. Ele falou aos judeus, aos devotos, ao povo e aos filósofos (Atos 17). Seu propósito era abarcar toda a Terra. Deus estava em Cristo reconciliando o mundo Consigo mesmo. Ele estava chamando os homens de todos os lugares ao arrependimento. Quando Paulo não pôde sair mais pregando o evangelho, sendo o prisioneiro de Jesus Cristo para os gentios, ele “recebia todos quantos vinham vê-lo, pregando o Reino de Deus e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28:30-31).
Nos tempos judaicos, as ordenanças de Deus estavam todas em Jerusalém. Ali era onde os homens deveriam adorar. O sacerdote permanecia no templo, pois a dispensação era aquela que se recusava ter comunhão com outras pessoas, mas em justiça guardava o rebanho de Deus confinado na terra da Judéia. Agora a dispensação é de graça, saindo em atividades de amor, para reunir as ovelhas perdidas que se desviaram sobre as montanhas. A pregação é, portanto, a grande ordenança de Deus agora. A pregação é a nova designação de Deus, algo que está além dos meros serviços de um templo isolado. A pregação de Paulo dessa nova dispensação para todos os homens apresenta o padrão para todos nós.
No ministério de Paulo, vemos o que o mundo consideraria ser “a loucura de Deus” e “a fraqueza de Deus”. Paulo deu testemunho do Cristo crucificado. Cristo na cruz era fraqueza e loucura no julgamento dos sábios deste mundo (1 Co 1:27). Então Paulo e seu ministério não vieram com excelência de fala ou de sabedoria aos olhos dos homens. Sua pregação não era com palavras sedutoras, mas ele estava entre os santos em fraqueza, temor e em grande tremor (1 Co 2:3).
Seu modo de vida
Paulo viveu na Terra como cidadão do céu, porque “a nossa cidade [pátria – ARA] está nos céus” (Fp 3:20). Ele aprendeu de Cristo tão efetivamente e ele foi capacitado de uma forma tão bendita, por meio da graça, para exibir o caráter da dispensação, que o Espírito diz que ele era “para Deus... o bom cheiro de Cristo”. Ele era um padrão tão pleno daquele modo de vida ao qual somos chamados que ele poderia dizer: “Tornai-vos todos meus imitadores, irmãos, e observai aqueles que assim andam conforme nos tendes por modelo” (Fp 3:17 – TB).
A vida de Paulo foi uma “manifestação da verdade”. A verdade de Deus revelada a Paulo para dar à Igreja foi vista não apenas em seus ensinamentos, mas foi demonstrada por sua maneira de viver. Sua vida de fé refletia a verdade que ele recebia e dispensava aos outros. A conduta da fé é sempre de acordo com o princípio dos tratamentos atuais de Deus. Como João diz: “Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros”. Como Pedro diz: “Não tornando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, sabendo que para isto fostes chamados, para que, por herança, alcanceis a bênção” (1 Pe 3:9). Isto é, sendo bênção concedida a nós, bênção é requerida de nós.
No modo de vida de Paulo, nós traçamos o espírito de Cristo e os grandes princípios dos tratamentos atuais de Deus com a Igreja. O Filho de Deus esvaziou-Se da glória que possuía antes de o mundo existir e, enquanto esteve na Terra, Se recusou a pedir o serviço das legiões de anjos. Assim, Paulo, no Espírito de Cristo, embora livre de todos, se tornou servo de todos, tornando-se todas as coisas para todos os homens para o bem deles (1 Co 9:22). Desta forma, sua vida reflete o amor imensurável e incansável de Deus, que nos visitou no evangelho da graça de Deus!
J. G. Bellett - Adaptado de Paul’s Apostleship and Epistles
Cristo Gravado no Coração
2 Coríntios 3:23
O Cristão é um representante de Cristo, tanto quanto as tábuas de pedra eram a representação da lei. Cristo está gravado no coração pelo poder do Espírito Santo, e o Cristão é conhecido e lido por todos os homens. O mundo deveria ver Cristo gravado no coração de um Cristão, tanto quanto Israel podia ver a letra da lei nas tábuas.
Está escrito nas “tábuas do coração” pelo “Espírito do Deus vivo”. Assim, apenas a conduta exterior (embora deva existir para que o mundo possa ver) não mostrará, mas Cristo dentro, como o motivo e fim de tudo o que fazemos.
Deus não enviou Seu Filho ao mundo para trazer um Cristianismo negativo. Deve haver aquele resultado o qual é digno da obra. Deve ser evidente por meio do poder do Espírito Santo. Haverá fracasso, pois somos criaturas pobres e frágeis, mas o mundo verá para onde estamos indo pelo caminho que tomamos. Um homem pode ir devagar ou tropeçar, mas é evidente qual o caminho ele está tomando.
Nós olhamos e vemos que estamos seguindo de maneira devota a Cristo, com pleno propósito de coração. Nós dizemos: “Uma coisa faço”. Mas devemos ter cuidado ao mesmo tempo para não entrarmos na servidão legalista por esse padrão. Se eu disser: “Aqui está uma regra de conduta; siga-a”, isso não poderá alcançar o coração e as afeições. O ministério da letra traz apenas fracasso, condenação e morte, pois prescreve uma regra que o homem, sendo um pecador, nunca pode seguir. Ela não muda o homem, mas o coloca sob a morte; isso prova que ele é “ímpio” e “sem força”.
O ministério da morte
Podemos transformar até mesmo Cristo nessa letra de condenação. Podemos tomar Sua vida, por exemplo, e torná-la nossa lei. Não, podemos transformar até mesmo o amor de Cristo em nossa lei, e podemos dizer: “Ele me amou e fez tudo isso por mim, e eu devo amá-Lo e fazer muito por Ele em troca desse amor”. Assim, se transformarmos Seu amor em uma regra de vida, isso se torna o ministério da morte, pois a única coisa que uma lei pode fazer é condenar. Ali com os filhos de Israel, Moisés precisou colocar um véu sobre o rosto, pois não podiam suportar a visão da glória, pois ela os condenava. O homem tenta esconder sua condenação de Deus ou sua consciência de sua condenação. Ele exclui a si mesmo de Deus – da glória da Sua santidade e da Sua glória como se vê em Jesus. E quando a Sua glória for revelada no final, só trará a condenação de uma maneira mais ampla.
O ministério do Espírito e da justiça
Em contraste com este ministério de morte e condenação, vemos o ministério do Espírito e da justiça. Toda a vida de Jesus foi uma manifestação da graça. Ele Se colocou de lado pelos outros. Ele Se deu a todos os que vieram a Ele. Não tinha tempo para comer, no meio de um mundo de iniquidade, Ele era a perfeita manifestação da bondade de Deus. Não apenas isso. Ele morreu pelo pecado, subiu ao céu e enviou o Espírito Santo como testemunha de Sua glória e como Ministro da justiça. Então é agora Deus ministrando, não exigindo.
Se eu for levado a olhar para Jesus, posso dizer que Ele levou meus pecados. Eu os cometi, mas Ele foi Quem os suportou. Ele deu a Sua alma como oferta pelos meus pecados. Ele tomou toda a carga do meu pecado. Eu traço meus pecados até a cruz e lá estou livre deles. Todos desapareceram.
Onde, então, vejo a glória? É no rosto de Jesus Cristo que aniquilou todos os pecados que foram revelados e condenados no Sinai. Ele entrou no céu porque eles foram aniquilados. Em Filipenses 2 vemos Cristo no céu, não apenas em virtude da glória de Sua Pessoa, mas por causa da obra que Ele consumou. “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente”.
Assim, podemos não apenas suportar a visão daquela glória de Deus, mas nos regozijar nela. Nossa alma descansa nela. Nós não pedimos para tê-la velada, mas para que possamos ver cada raio dela. Nosso coração pode se saciar ali, porque é o testemunho do amor de Deus e da perfeita aniquilação do pecado.
Que Cristo eu tenho!
Há também o ministério da justiça. “Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar”. Não é uma pequena esperança aqui e um pouco de desespero acolá, mas é uma mensagem de perfeita justiça para o mais vil. Pela obediência de Um, muitos foram feitos justos. Agora, é Deus colocando frutos e não requerendo justiça.
Qual é o efeito prático dessa obra de Cristo recebida no coração? Não é fazer um homem ficar descuidado com relação ao pecado – não para dar a ele liberdade para pecar porque Cristo suportou a ira que era devida ao pecado. O último versículo mostra como somos feitos esta carta viva. Contemplando a Cristo nos tornamos como Ele. Se o Espírito toma das coisas de Cristo e as mostra para mim, posso dizer: “Que Cristo eu tenho!” E há o espírito de santidade imediatamente. Eu anseio por Cristo e olho para Cristo, e assim eu me torno como Ele. A mesma coisa que traz a justiça consumada à minha consciência me faz como Ele. Então note que não há véu no coração nem na glória. O Espírito Santo, que habita em nós, retirou isso. E é dito de Israel: “Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará”. Quando Moisés ia para a presença do Senhor, ele sempre tirava o véu, mas os filhos de Israel não podiam suportar a visão da glória, então ele o colocava quando aparecia diante deles.
Nada entre mim e Deus, além do amor
Então qual é a consequência desta ministração do Espírito? O que segue meu conhecimento que eu sou a justiça de Deus em Cristo? Eu sei que Deus Se deleita em mim. Eu sou constrangido em meu coração para servi-Lo e segui-Lo. Se penso em Seu amor, será que terei algum medo? Embora eu falhe constantemente, Deus não tem um pensamento posterior quanto a mim ou meus pecados. Não há incerteza – nada existe entre mim e Deus, além do amor que me colocou ali. Eu sou sem mancha e em perfeita liberdade, pois Ele deu a Cristo por mim. E agora, não é Deus requerendo algo de mim, mas Deus dando coisas pra mim, para que Seu Filho possa ser glorificado em mim. Não é para que o homem seja glorificado, mas para que o Seu Filho Jesus seja glorificado. Deus está preparando um casamento para o Seu Filho. Nós temos que ser a carta de Cristo. Temos esse privilégio de glorificar e manifestar a Cristo. Devemos nos regozijar em ser esta carta, custe o que custar. Cristo morreu por mim e eu tenho que representá-Lo. É claro que muitas vezes posso falhar, mas o coração em liberdade diante de Deus irá correr no caminho de Seus mandamentos, porque as afeições agora são colocadas sobre Deus e a glória de Cristo. Minha vida, meu caminho diário, deve ser uma resposta ao amor de Deus. Eu sou devedor a Cristo, porque Ele me amou e Se entregou por mim. Que incrível privilégio é ter permissão para glorificá-Lo de alguma maneira, por pequena que seja, em nosso caminho até aqui!
J. N. Darby (Collected Writings, Vol. 21, pág. 241)
Cristo Revelado em Paulo
Atos 20:24-27
“Aprouve a Deus... revelar Seu Filho em mim” (Gl 1:15-16).
Paulo ocupa um lugar único na revelação de Deus ao homem, como aquele que foi escolhido por Deus para revelar o mistério de Cristo e a Igreja, um mistério que estava oculto em Deus desde antes da criação do mundo. Embora inicialmente um violento perseguidor da Igreja, ele se converteu de maneira notável quando viajava para Damasco, e depois se tornou um dos maiores servos que o Senhor já teve. Certamente foi característico da graça de Deus que quando o ódio do homem apagasse uma das luzes mais brilhantes que Deus tinha na Igreja primitiva (na pessoa de Estevão), Deus procurou o pior responsável e, por assim dizer, falou, “Você, venha e ocupe o lugar dele!” Deus então faz de Paulo um servo ainda maior do que Estêvão. Paulo, num sentido muito definido, é o ministro do chamado da Igreja, de suas bênçãos e glória.
Um padrão para a dispensação
Paulo não era apenas aquele que foi especialmente escolhido para receber do Cristo ressurreto em glória aquelas revelações divinas que falavam da Igreja, mas também podemos dizer que ele foi chamado para ser o homem representante. Isto é, ele foi escolhido para mostrar, em seu caminho por este mundo, aquele caráter especial do caminhar e do comportamento que é o padrão desta dispensação. Sem dúvida nosso Senhor Jesus Cristo sempre será o nosso padrão, pois ninguém andou como Ele andou, e “nunca homem algum falou assim como este Homem” (Jo 7:46). Contudo, nosso bendito Mestre não andou por este mundo como parte da Igreja, pois Ele estava destinado a ser sua Cabeça. Neste sentido Ele não sofreu pela Igreja em seu caráter celestial, pois a Igreja não havia sido formada. Assim Paulo foi levantado, não apenas para receber a verdade da Igreja, mas para ser o padrão da dispensação e para liderar o caminho no qual os crentes deveriam andar.
É por isso que ele pôde dizer aos filipenses: “Sede também meus imitadores, irmãos” (Fp 3:17), e também: “O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei” (Fp 4:9). Aos coríntios, ele pôde dizer: “Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” (1 Co 4:16). Da mesma forma, ele pôde dizer aos tessalonicenses: “E vós fostes feitos nossos imitadores e do Senhor” (1 Ts 1:6). Ao dar tais instruções, ele toma o lugar de um homem representativo que, por sua vida e ministério, estava mostrando um padrão para a dispensação da Igreja. O privilégio especial de Paulo e, finalmente, de todos os que fazem parte da Igreja é dado a nós em Gálatas 1:16-17, onde Paulo relata que “aprouve a Deus... revelar o Seu Filho em mim”.
É o feliz privilégio de todo crente nesta dispensação, não apenas ter Cristo revelado a ele, mas também ter Cristo revelado nele. Vemos esse duplo caráter de privilégio e testemunho Cristão exemplificado em Paulo, e especialmente em seu discurso de despedida aos anciãos efésios em Mileto. É a este resumo de sua vida e serviço que desejamos direcionar nossa atenção. Ao relatar como ele havia trazido a verdade de Deus para eles e para os outros, ele menciona em particular três coisas que têm a ver com Deus, e que são pertinentes ao fato de Cristo ter sido revelado a nós e em nós.
O Evangelho da Graça de Deus
A primeira característica é encontrada em Atos 20:24, onde ele menciona “o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”. A maneira com que isso foi escrito é revigorante e, sem dúvida, aquele que poderia prontamente se identificar como o maior dos pecadores, estava ciente da graça que lhe fora oferecida. É o único lugar nas Escrituras onde o evangelho é particularmente denominado “o evangelho da graça de Deus”. Desta forma, Paulo enfatiza a graça como sendo central para a sua mensagem do evangelho, e é aqui que cada um de nós deve começar se vamos nos aproximar de Deus. Nós, que fomos salvos, antes de mais nada reconhecemos nossa completa incapacidade diante de Deus, e foi somente no terreno da graça de Deus que poderíamos receber qualquer bênção.
Deste modo, a graça de Deus deve ser central tanto para ter Cristo revelado a nós como para qualquer revelação de Cristo em nós. Deus Se revelou em graça e todas as nossas bênçãos em Cristo estão no terreno da graça. O entendimento e o desfrute dessas bênçãos devem estar no terreno da graça. Uma percepção disso em nossa alma produzirá felicidade e humildade, pois o verdadeiro Cristianismo faz tudo de Cristo e nada do homem. Que possamos sempre ter uma forte percepção de Sua graça em nossa alma!
Da mesma forma, o evangelho da graça de Deus deve ser parte integrante do testemunho de todo Cristão. Deus está lidando com este mundo em graça, e nos é dito em Colossenses 4:6: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um”. Nossa mensagem para este mundo é de graça, embora temperada com sal, para que possamos alcançar a consciência assim como o coração. Mas Deus procura atrair os homens por Sua graça, e nossa caminhada e palavras devem demonstrar o caráter da graça de Deus.
O evangelho da graça de Deus é a primeira verdade que um mundo perdido deve ouvir, para que as almas sejam salvas. Então também, nossa própria alma é refrescada e encorajada por ter o evangelho de Sua graça constantemente diante de nós. Embora a Escritura apresente o evangelho como um exercício individual e não uma responsabilidade primária da assembléia, ainda assim é verdade que, se não houver divulgação do evangelho, muitas vezes haverá pouca benção na assembléia local. Se continuamente temos Cristo revelado a nós, mas não temos a energia para revelar Cristo em nós, nos tornamos como o Mar Morto. Em um corpo de água que não tem vazão, ocorre uma estagnação gradual e o acúmulo de minerais torna a água prejudicial à saúde e incapaz de sustentar a vida vegetal ou animal. Assim acontece com o crente que recebe, mas nunca dá. Que sempre busquemos do Senhor esse amor pelas almas e a energia para trazer o evangelho da graça de Deus diante deles!
O reino de Deus
A segunda característica de seu ministério que Paulo menciona é em Atos 20:25, onde ele diz: “Todos vós, por quem passei pregando o Reino de Deus”. A expressão “o Reino de Deus” é usada extensivamente pelo Senhor Jesus nos Evangelhos, particularmente em Marcos e Lucas. Ela também é usada várias vezes no livro de Atos e nas epístolas de Paulo. De um modo geral, a expressão “o Reino de Deus” transmite o caráter moral adequado ao reino de Deus. Quando o Senhor Jesus Se apresentou a Israel como seu Rei, Ele também apresentou o caráter moral de Seu reino. O homem em sua condição pecaminosa não poderia viver de maneira prática tal caráter moral, e assim eles rejeitaram o Senhor Jesus. No entanto, permanece o fato que existe uma caminhada e uma condição moral do homem que responde a Deus, e aqueles que reconhecem o legítimo Rei são chamados a exibir esse caráter neste mundo durante Sua ausência.
A exibição desse caráter moral envolve não apenas um claro conhecimento dos pecados estarem perdoados, mas também o reconhecimento de sermos libertados do poder do pecado pela morte e ressurreição de Cristo. Para que essa nova vida em Cristo seja manifestada em nossa vida, deve ser reconhecido que morremos para o pecado. Tais escrituras como Romanos 6:1-12 e Gálatas 2:19-20 claramente trazem diante de nós que morremos para o pecado pela da morte de Cristo e que agora devemos andar em novidade de vida. O batismo é o sinal exterior de termos tomado este lugar e nossa identificação com a morte e ressurreição de Cristo. Na medida em que reconhecemos a pecaminosidade inerente à nossa antiga natureza de Adão, exibiremos nossa nova vida em Cristo de maneira prática em nossa caminhada e teremos aquele caráter moral que é adequado ao reino de Deus.
A importância disso não pode ser subestimada, pois nosso Senhor Jesus Cristo é honrado e glorificado quando nossa caminhada é agradável a Ele. O mundo não pode ver nosso coração, mas nossa vida é uma “carta... conhecida e lida por todos os homens” (2 Co 3:2). É triste dizer que a caminhada dos crentes tem sido muitas vezes fora do caráter do reino de Deus e, como resultado, seu testemunho sofre. Enquanto isso não tira a culpa daqueles que não creem, é uma reflexão solene para aqueles que professam conhecer o Senhor quando suas vidas são um mau testemunho em vez de um bom testemunho. Em questões como retidão pessoal e honestidade, o crente deve ser um exemplo de Cristo. Na questão da imoralidade, tais coisas “nem ainda se nomeiem entre vós, como convém a santos” (Ef 5:3). É relatado que na maioria dos países ocidentais, a taxa de divórcio entre os chamados crentes fundamentalistas é aproximadamente a mesma que entre os incrédulos. Que comentário sobre nossa posição como pertencentes ao reino de Deus! Que sejamos completamente exercitados a prestar atenção em nossa caminhada e maneiras, e procurar cada vez mais perceber que estamos “mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:11).
Todo o conselho de Deus
A terceira característica do ministério de Paulo é mencionada em Atos 20:27, onde ele diz: “Nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus”. Isto é talvez mais apropriado à doutrina de Paulo, pois todo o conselho de Deus envolve a posição peculiar de Paulo como aquele a quem a verdade da Igreja foi revelada. Ele poderia dizer a respeito destas preciosas verdades que lhe foram reveladas, “da qual eu fui tornado ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para completar a Palavra de Deus” (Cl 1:25 – JND). Até que o Senhor Jesus Cristo veio a este mundo, a revelação de Deus não estava completa. Da mesma forma, até que Paulo recebesse a verdade da Igreja diretamente de Cristo ressuscitado no céu, a revelação de todo o conselho de Deus não estava completa. A Paulo foi dada a revelação final de Deus para o homem e completada a Palavra de Deus. Outros podem acrescentar detalhes, como a revelação dada a João muitos anos depois de Paulo ter sido martirizado, mas Paulo já havia nos dado a verdade da Igreja na qual tudo é exibido. É no “completo conhecimento do mistério de Deus, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2:2-3 – JND). Jamais entenderemos a Palavra de Deus, nem seremos capazes de olhar de maneira inteligente sobre os acontecimentos do mundo ao nosso redor, a menos que vejamos claramente os propósitos de Deus de encabeçar todas as coisas em Cristo, abençoar a Igreja no céu e abençoar Israel na Terra. Esses propósitos foram especialmente dados a Paulo para serem trazidos à luz.
Que possamos valorizar nossos privilégios, como sendo chamados a viver nesta dispensação da graça de Deus, e assim poder desfrutar do conhecimento de “todo o conselho de Deus”! O Senhor Jesus pôde dizer a Seus discípulos: “pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes e não o viram” (Lc 10:24). Certamente temos tido o privilégio de ver muito mais do que até mesmo os discípulos e, no entanto, quão indiferentes somos às vezes à revelação dos conselhos de Deus! Deus quer que desfrutemos agora em nosso coração o que Ele fará no futuro, particularmente em exaltar Seu amado Filho! O crente agora tem interesses comuns com Deus, e ele espera estar associado a Ele em toda aquela glória brilhante!
Que estejamos dispostos a compartilhar esses conselhos com outros também, pois o desejo expresso por Paulo era que ele pudesse “iluminar todos com o conhecimento do que é a administração do mistério escondido por todos os séculos em Deus” (Ef 3:9 – JND). Deus revelou Seus propósitos em Seu Filho amado, e isso nos traz de volta ao evangelho, que, antes de tudo, não se refere ao homem em sua necessidade, mas sim “a respeito de Seu Filho (nascido da semente de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos)” (Rm 1:3-4 – JND). Mas Deus quer trazer pecadores perdidos e culpados em associação com o Seu Filho, a fim de que Ele possa manifestar “as abundantes riquezas da Sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (Ef 2:7). Que manifestação de Sua graça!
W. J. Prost
O Propósito de Deus para com os Vasos
2 Coríntios 4:6-7
“Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu [ou “acendeu uma tocha”] em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”.
Estes versos expressam o maravilhoso propósito de Deus! Para que resplandeça dentro de nós e então começar a lidar conosco para que Ele reduza nosso vaso de barro à transparência em Suas mãos – para que a glória de Deus, brilhando em Jesus nas alturas, resplandeça no nosso coração, para que possamos ser as tochas de Deus nas trevas de um mundo que rejeita a Cristo.
Alguns se referiram às tochas e aos cântaros de Gideão (Juízes 7) como uma analogia da glória de Deus brilhando em nosso vaso de barro. No entanto, as tochas do dia de Gideão brilharam apenas quando o vaso foi quebrado. Aqui, o vaso não está quebrado, mas foi feito completamente transparente. Todos os elementos impeditivos da carne são tão atenuados (diminuídos e tornados pequenos) que o “tesouro” que há dentro do vaso pode brilhar sem impedimento. Assim, Paulo diz no verso 10: “levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo” (2 Co 4:10 – ARA).
Paulo, um vaso resplandecente
As circunstâncias pelas quais Paulo estava passando quando escreveu suas cartas a Corinto merecem nossa séria consideração, pois mostram como seu próprio vaso estava se tornando mais transparente para o resplendor da glória de Deus. Seus sentimentos e circunstâncias entraram em todo o caráter do ensinamento que fluía de Deus para nós em suas cartas. Quando seu vaso passou pelas provações ou exercícios, seu coração foi treinado. Suas afeições foram formadas por essas coisas, e ele foi sustentado e apoiado por Deus nas tristezas do caminho, de modo que “do seu ventre correrão rios de água viva”. Paulo havia bebido do rio de águas vivas que é a fonte de todas as bênçãos (Jo 7:37-38). Sua sede foi saciada por Cristo. E assim o seu homem interior – a mente, o coração, a alma – tornou-se o meio de frescor fluindo para os outros. Aquilo que consolara sua alma em sua tristeza era um consolo para os outros. O Pai das misericórdias tão abençoadamente preencheu a alma de Paulo com toda a Sua consolação em Cristo que transbordou, e o rio passou em poder vivo, produzindo frutos nas areias do deserto do mundo aonde ele foi.
Paulo teve que aprender a viver no poder daquilo que ele ensinaria aos outros. Seu propósito era levar em seu corpo o morrer de Jesus. Como ele poderia ser ajudado nisso? Ao ser entregue à morte por amor a Jesus, a vida de Jesus pôde se manifestar em sua carne mortal. Esta é a recompensa de Deus para aqueles que procuram viver no poder do que ensinam e conhecem.
Paulo em aflição
Depois de escrever sua primeira carta aos coríntios, uma profunda angústia encheu sua alma. A energia do Espírito, na qual ele havia sido sustentado quando escreveu aos coríntios, havia diminuído, enquanto esperava angustiado por uma reação à sua carta. Ele temia ter perdido os amados coríntios. Como eles receberam sua carta? Foi muito dura, muito severa? Em um exercício profundo, ele se arrependeu de tê-la escrito, “Embora já me tivesse arrependido”, disse ele, falando do exercício de seu coração provado (2 Co 7:8). Houve uma morte maior do que a do corpo, que pairou sobre sua vida, sua alma morreu dentro dele, por assim dizer, na amargura de sua tristeza. Alguns passaram por esse tipo de morte. Somente aqueles que em alguma medida passaram por ela entendem isso. Paulo não podia nem mesmo descansar em seu espírito com uma grande e próspera obra em Trôade, mas ele foi em busca de Tito para que sua alma fosse aliviada pelas notícias de Corinto que Tito trazia (2 Co 2:13).
Pressão após pressão ele suportou nas mãos do oleiro, pois ele era apenas o barro sobre a roda, crescendo sob o hábil olho e mão do Mestre. Todas essas provações variadas caíram como uma esmagadora morte da alma sobre ele. Deus estava atenuando a opacidade que ainda permanecia, para que a luz pudesse brilhar com mais força, que o tesouro de seu coração pudesse ser visto mais claramente, e que o propósito de Deus no vaso pudesse ser manifestado sem impedimentos.
Então, finalmente, Paulo foi consolado pela vinda de Tito (2 Co 7:6). Que momento de conforto da alma agora se seguiu! Ele disse: “fomos consolados pela vossa consolação e muito mais nos alegramos pela alegria de Tito, porque o seu espírito foi recreado por vós todos” (2 Co 7:13). Ele pôde dizer bem: “Ó coríntios, a nossa boca está aberta para vós, o nosso coração está dilatado”. Ele pode derramar o ensinamento de seu coração. Ele está desimpedido em sua alegria.
Que momento para o verdadeiro servo! Que momento para o povo de Deus! Mal sabiam eles como o coração do servo era impedido no ministério, como as fontes de Deus estavam secas para eles por causa de seu estado, e como, ao mesmo tempo, o servo teve que aprender novas lições de morte agindo em si mesmo. Sua palavra mais brilhante se tornou sombria, porque o Espírito de Deus Se entristeceu e o coração deles era tardio em ouvir. Deus tinha que ser um repreensor tanto do servo quando do povo, em vez de ribeiros de águas em lugares secos.
O evangelho da glória
Agora, em Paulo, vemos que a misericórdia soberana é a base do evangelho da glória. Isto é o que Paulo chama de “nosso evangelho” (cap. 4:3). O que era esse evangelho? Por meio dele “este tesouro” foi comunicado a Paulo, que está aqui como o homem representativo – o padrão para todos. A misericórdia soberana e gratuita brilhou na vida deste homem mais plenamente do que em qualquer outro. Ele disse: “Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos”.
“Nosso evangelho” vem da glória de Deus. Surge como um ministério de justiça e do Espírito (2 Co 3:8-9) – não mais como o ministério de “condenação” e “morte”. “Nosso evangelho” brilha da face d’Aquele que realizou a obra. Deus O colocou em Seu trono como testemunha da estima que Ele tem da obra que Ele realizou.
Os tesouros
O que era esse tesouro que ele possuía? O “tesouro” era este – tudo o que foi gerado da glória de Deus, como encontrado em Cristo ali, e possuído no vaso de barro. O vaso recebeu o tesouro no coração e depois veio o processo de enfraquecimento, que preparou o vaso para mostrar o tesouro de melhor maneira. A luz foi absorvida pelos exercícios da consciência e brilhou através dos exercícios do coração. A “vida de Jesus” precisava brilhar no vaso de barro. A leveza momentânea da aflição contribuiu para ampliar a capacidade e dar como resultado um peso de glória muito maior e eterno.
E que vaso estranho para tal tesouro! Paulo não permitiria que seu vaso escondesse o tesouro, mas queria exibi-lo totalmente. O capítulo 3 desta carta explica isso lembrando de um momento da história de Israel, quando Sua soberania e misericórdia brilharam quando Moisés desceu do monte pela segunda vez. Quando Moisés desceu do monte com a segunda tábua da lei na mão, a pele do seu rosto resplandecia com o brilho deste nome fresco e adequado: “JEOVÁ, o SENHOR, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade”.
Este foi o propósito de Deus com o vaso de barro. Este foi o processo para fazer com que se tornasse o que Ele desejava. A luz da glória na face de Jesus brilhou no Santo dos Santos nas alturas e na Terra brilhou no vaso escolhido.
F. G. Patterson – Adaptado de A Chosen Vessel
Que Nunca Nos Esqueçamos
Que nunca nos esqueçamos de que o amor é a natureza de Deus e devemos representá-Lo na Terra. Você diz, eu não tenho nenhum dom, pode ser, mas você ainda pode amar. Isto todo Cristão pode fazer, e é mais valioso do que o dom mais brilhante, porque o amor é a natureza de Deus e busca a bênção dos outros.
W. T. P. Wolston
A Guerra Que Deve Haver Atualmente
Se alguém representa Deus no mundo, deve haver guerra, porque o inimigo está lá.
J. N. Darby
O Verdadeiro Coração de Mãe
1 Reis 3:16-28
O coração que ama
Duas prostitutas vieram ao rei Salomão, cada uma alegando ser a mãe da criança viva. Salomão, com a sabedoria dada a ele por Deus, discerne que quem mais ama a criança é a verdadeira mãe. “Deus é amor” e “o amor é de Deus” (1 Jo 4:8, 16). O amor é o padrão, tanto no Velho como no Novo Testamento (Mt 22:37, 40; 1 Jo 2:7-10). “A mulher... falou ao rei... porque o seu coração se lhe enterneceu por seu filho” (v. 26). Seu coração estava cheio de amor, não era egoísmo que ela tinha pelo filho dela. Ela disse: “Ah! Senhor meu, dai-lhe o menino vivo e por modo nenhum o mateis”. O amor do verdadeiro coração da mãe foi manifestado por sua disposição de desistir de suas próprias reivindicações para salvar a criança. Ela intercedeu pelo filho, não pelos seus direitos de ter o filho. Isto é verdadeiro amor. “Para que possam admoestar as mulheres jovens a estarem apegadas ao seu marido, a estarem apegadas aos seus filhos” (Tt 2:4 – JND).
A espada do julgamento
A sabedoria de Salomão se tornou famosa pelo uso da espada para provar as duas prostitutas que reivindicavam a criança viva. Ambas as mulheres foram negligentes no cuidado adequado de seu filho. A espada do julgamento foi aplicada para provar o coração delas. Revelou o bem e o mal dos dois corações. Revelou quem realmente amava a criança e quem tinha um desejo egoísta. A prostituta egoísta imputou sua culpa à verdadeira mãe em vez de se submeter à perda de seu próprio filho por causa de sua falha. Essa mesma falta de julgamento próprio tornou-se evidente quando Salomão aplicou a espada do julgamento à criança viva. Ela preferiria ver a criança morrer a julgar a causa do problema.
Quando o verdadeiro motivo de cada coração ficou evidente, Salomão parou a ordem de execução. O propósito da espada não era destruir, mas revelar os corações. “E a misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tg 2:13). Salomão aplicou a mistura certa de amor e julgamento. Essas duas coisas são a base da mão disciplinadora do Senhor sobre nós. “Porque o Senhor corrige o que ama” (Hb 12:6).
A combinação certa dessas duas coisas é o que é necessário para nós como pais Cristãos. Embora não tenhamos um Salomão presente conosco, temos a sabedoria da Palavra de Deus para orientar e ajudar nossa família. Que então possamos aplicar essas duas coisas a nós mesmos e a nossa família na dependência e obediência ao Senhor. “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6:4).
D. C. Buchanan
Seu Irmão e Seu Companheiro
“Eu, João, que também sou vosso irmão e companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1:9). João está aqui como um homem representativo para os outros, assim como para nós mesmos.
J. N. Darby
"Prossigamos"
Annie Johnson Flint ficou órfã aos seis anos e contraiu artrite reumatoide quando adolescente. Ela passou a maior parte de sua vida como inválida em uma instituição Cristã no estado de Nova York. Mais tarde na vida, ela sofreu de câncer e também de múltiplas feridas, mas sempre foi alegre e encorajadora.
Alguns de nós permanecem na cruz,
Alguns de nós esperam no túmulo,
Vivificados e ressuscitados juntamente com Cristo,
No entanto, ainda permanecem em sua escuridão;
Alguns de nós aguardam a festa da Páscoa
Com o Pentecostes totalmente desconhecido –
Os triunfos da graça no lugar celestial
Que nosso Senhor o fez nosso.
Se o Cristo que morreu tivesse permanecido na cruz,
Seu trabalho teria sido incompleto;
Se o Cristo que foi sepultado tivesse permanecido no túmulo,
Ele apenas conheceria a derrota;
Mas o caminho da cruz nunca termina na cruz,
E o caminho da sepultura segue em frente
Para a graça vitoriosa no lugar celestial
Para aonde o Senhor ressuscitado foi.
Então, vamos continuar com nosso Senhor
Para a plenitude de Deus que Ele trouxe,
Riquezas insondáveis de glória e de bem
Excedendo nosso maior pensamento;
Vamos crescer para Cristo,
Reivindicando Sua vida e seus poderes,
Os triunfos da graça no lugar celestial
Que nosso Senhor conquistador o fez nosso.
Annie Johnson Flint (1857-1932)
“Mas Deus prova o Seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”
Romanos 5:8
Bình luận