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ÍNDICE
Já vimos, na preciosa Palavra de Deus, que Seu propósito era que todos aqueles que pertencessem a Cristo – que foram feitos membros do corpo de Cristo e membros uns dos outros pela habitação do Espírito de Deus – manifestassem essa unidade de uma maneira muito prática. Assim reunidos, devemos participar, juntos, de um pão, ao nos lembramos d’Ele na morte e, ao participar desse único pão, expressar que somos de fato um corpo. Devemos também expressar a unidade do corpo de Cristo no cuidado uns com os outros, porque cada um é precioso para Cristo.
Também vimos que Deus tinha o mesmo plano no Velho Testamento, pois Israel recebeu seu centro em Jerusalém. Lá, eles manifestaram sua unidade como nação, subindo a Jerusalém e adorando, juntos, onde o Senhor havia colocado Seu nome. Eles também foram chamados a cuidar uns dos outros, a sustentar os pobres. No Novo Testamento, no entanto, há uma diferença marcante: a presença do Espírito de Deus como uma Pessoa divina, habitando na Terra. Ele não apenas forma esse elo que une todos os crentes uns aos outros no corpo de Cristo e à sua Cabeça no céu, mas o Espírito de Deus também é Aquele que lidera e dirige em todas as funções do corpo de Cristo.
1 Coríntios 12
Vamos ler primeiro em 1 Coríntios 12:4-9, 11:
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil [para proveito – TB]. Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência [conhecimento – ARA]; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar...Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como (Ele) quer”.
1 Coríntios 14
Abra agora no capítulo 14:26-34:
“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação. E, se alguém falar língua estranha [desconhecida – ACF], faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na Igreja e fale consigo mesmo e com Deus. E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros [cada um por sua vez – AIBB], para que todos aprendam e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei”.
Vemos aqui que não apenas Deus, pelo Seu Espírito, reuniu ao nome e à Pessoa de Cristo, mas o Espírito de Deus está ali para conduzir. O Espírito de Deus divide, distintamente, como Ele quer. A um Ele dá a palavra de sabedoria, a outro dá a palavra do conhecimento. Em Corinto, uma grande confusão havia surgido. Estavam todos falando ao mesmo tempo. Um tentava interromper o outro que estava falava e dizia que não conseguia se conter, e o apóstolo Paulo, pelo Espírito de Deus, escreve para dizer que isso não é de Deus, porque “Deus não é Deus de confusão, senão de paz”.
Onde o Espírito de Deus tem a liberdade de conduzir, você terá paz. Terá ordem, mas não será ordem feita pelo homem. Você pode ter uma forma de ordem nomeando um homem para desempenhar todas as funções que foram mencionadas aqui. Você pode nomear um homem e colocá-lo como o chefe sobre todos, e você pode dizer: “Agora temos ordem”, mas é a ordem feita pelo homem, não a ordem que vem da liderança e direção do Espírito de Deus. Onde o Espírito de Deus tem liberdade, Ele conduzirá e ocupará os corações com Cristo. Ele vai revelar a verdade. Mas o Espírito de Deus muito zelosamente, muito seriamente traz, diante de nós aqui, que Ele deve ter esse lugar de liberdade.
Assim, descobrimos que Deus dá o esboço de como Seu povo deve se reunir. Ou seja, como membros do corpo de Cristo, reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo, e não tomando outro nome, não tendo nenhum líder nomeado pelos homens, mas simplesmente esperando que o Espírito de Deus conduza, e tendo a Palavra de Deus como guia para todas as decisões. Que maravilhoso! Quão precioso teria sido se tal estado de coisas tivesse continuado. Era isso que Deus queria. Isso foi o que Ele estabeleceu no princípio. Foi por isso que o Senhor Jesus orou em João 17, mas descobrimos que isso não continuou. Problemas e dificuldades surgiram, e eu gostaria de olhar agora para alguns desses problemas e dificuldades.
1 Coríntios 5
Em primeiro lugar, vamos a 1 Coríntios 5:11-13:
“Mas, agora, escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso [fornicário – TB], ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”.
Antes de comentar este capítulo, gostaria que você voltasse a Levítico 20:10: “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”. Versículo 26: “E ser-Me-eis santos, porque Eu, o SENHOR, Sou santo e separei-vos dos povos, para serdes Meus”.
A razão pela qual li este versículo no Velho Testamento é para vermos que aquilo que é moralmente adequado a Deus não muda quando as dispensações mudam. Deus estava reunindo, pelo Seu Espírito, um povo ao Seu redor no Velho Testamento, e Ele os lembrou de que Ele era santo. No Novo Testamento, o Senhor Jesus está reunindo um povo ao Seu redor, pelo Espírito de Deus, e Ele nos lembra novamente que estamos sendo reunidos pelo Espírito de Deus ao redor da Pessoa de Alguém que é santo. Em Corinto, a consciência dos santos de Deus se tornou tão entorpecida e tão insensível, eles se tornaram tão cegos àquilo que era adequado à Pessoa de Cristo, que impiedade estava sendo permitida lá de tal natureza a ponto do Espírito de Deus ter que nos dizer que mesmo os pagãos não a praticavam.
Assim, nos é dito que quando o mal, que é contrário à santidade da Pessoa de Cristo, entra no meio do povo de Deus, ele deve ser colocado fora. Em 1 Coríntios 5:4-6 “em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus. Não é boa a vossa jactância (vanglória). Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?”.
Porém, não podemos entregar a Satanás. Essa era uma função apostólica, e não temos apóstolos hoje. Permanece, no entanto, o fato de que, “um pouco de fermento leveda toda a massa”. Você coloca fermento na massa e ele se espalha por toda da massa. O mal numa assembleia contamina toda a assembleia. Ele não fica isolado. Não é mantido em uma pessoa. O que é verdade para um contamina a todos e, consequentemente, ele deve ser colocado fora. Portanto, o Espírito de Deus tem que dirigir essas palavras aos santos coríntios e, ao fazê-lo, Se refere a alguém “dizendo-se irmão”. Por que diz isso? Quando alguém é posto fora, para a glória de Cristo, ele não é disciplinado ou posto fora como um irmão; ele é posto fora como uma pessoa ímpia – “Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”. Isso é algo que é amplamente ignorado na Cristandade hoje. O mal é permitido. Ele é tolerado sob a desculpa: “Não há nada que possamos fazer sobre isso”. Ele é tolerado sob a desculpa do amor por todo o povo de Deus. É tolerado sob a desculpa, “Quem sou eu para julgar outra pessoa”? Mas a sujeição à Palavra de Deus não deixa escolha. O nome de Cristo é identificado com aquele testemunho reunido ao Seu precioso nome, e a fidelidade a Cristo exige que a impiedade seja colocada fora.
Aprendemos ainda aqui que há um “dentro” e há um “fora”. “Porque que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora”. Irmãos, nos dias de Atos 2, o “dentro” e o “fora” eram muito óbvios. Na cidade de Jerusalém estavam três mil crentes reunidos. Ser colocado fora era uma coisa muito óbvia. Mas a verdade de Deus não mudou. O fato de a Cristandade ter sido dividida em uma multiplicidade de grupos isolados não invalidou de forma alguma a verdade de Deus. Há um “dentro” e há um “fora”. Mas para poder entender e até mesmo ser capaz de praticar a verdade contida na palavra “dentro” e na palavra “fora”, deve haver, em primeiro lugar, o reconhecimento de que só pode haver um testemunho, levantado e mantido por Deus, da verdade de que existe um corpo.
Deixe-me ilustrar o que quero dizer. Suponha, por um momento, que um irmão seja culpado de uma dessas coisas específicas listadas aqui. (Eu poderia dizer de passagem que esta não é uma lista completa; ela se destina a uma indicação da natureza das coisas que exigem disciplina pela excomunhão da mesa do Senhor.) Suponha, por um momento, que haja um irmão nesta cidade que seja culpado de uma das ofensas listadas aqui. Em fidelidade a Cristo, aqueles reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo devem excomungá-lo da mesa do Senhor como uma pessoa ímpia. Ora, ele está dentro ou fora? Não tenho dúvida de que você diria imediatamente que, obviamente, ele está fora. Se houvesse outro grupo reunido ao nome do Senhor Jesus Cristo aqui nesta cidade, e ele imediatamente fosse recebido lá, ele estaria dentro ou fora? Você estaria preparado para dizer: “Bem, obviamente ele está fora aqui; mas ele está dentro lá”? Irmãos, se isso é verdade, então Deus é o autor da confusão – e Ele não é! O Espírito de Deus nunca introduziria tal pensamento em nosso coração, de que alguém pode estar dentro e fora ao mesmo tempo. Aqui, em fidelidade a Cristo, eles são instruídos a colocá-lo fora.
Para ser uma assembleia reunida ao nome do Senhor Jesus Cristo, devemos agir de acordo com a instrução que nos foi dada aqui e, ao agir de acordo com ela, reconhecer que aquele que foi posto fora está agora fora, e ele está fora onde quer que haja aqueles reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo pelo mesmo Espírito Santo de Deus. Se a pessoa está fora em Corinto, ela está fora em Éfeso, está fora em Filipos, e está fora onde quer que haja aqueles reunidos ao mesmo nome pelo mesmo Espírito de Deus, e que estão se esforçando para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz.
Talvez eu deva acrescentar, antes de deixar esta epístola, que a pessoa tirada da mesa do Senhor em 1 Coríntios 5 foi tirada, não como um irmão, mas como uma pessoa ímpia. Mas quando você chega a 2 Coríntios 2, descobre que ele era de fato um irmão, um verdadeiro irmão no Senhor. O que manifestou que ele era um verdadeiro irmão no Senhor foi seu arrependimento – seu reconhecimento de sua culpa, a percepção diante de Deus do que ele havia feito. Assim, o apóstolo Paulo pôde escrever e dizer agora: “Confirmeis para com ele o vosso amor”. Recebei-o de volta. Foi manifestado que ele realmente era um filho de Deus, mas no momento em que foi excomungado, ele foi tratado como uma pessoa ímpia. Além disso, a Palavra de Deus deixa isso explicitamente claro – ela não poderia ser mais clara – que aquele que foi tirado da mesa do Senhor não deve receber nenhuma comunhão, nenhum encorajamento daqueles que estão se esforçando para manter a unidade do Espírito, até que a assembleia julgue que houve arrependimento e estenda a ele o perdão da assembleia.
Pode haver alguns que digam: “Isso é muito duro, isso não é demonstrar amor”. Irmãos, isso é fidelidade à Palavra de Deus, e nunca somos mais sábios do que a Palavra de Deus. Não, “não vos associeis nem ainda comais”! Nenhuma comunhão!
Vamos ler agora em 2 João 9-11:
“Todo o que vai além do ensino [da doutrina – ARC] de Cristo e não permanece nele [nela – ARC], não tem a Deus; o que permanece neste ensino [na doutrina – ARC], tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz este ensino [esta doutrina – ARC], não o recebais em casa nem o saudeis; porque aquele que o saúda, participa de suas más obras” (TB).
Leia também Ageu 2:11-13:
“Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Pergunta, agora, aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo: Se alguém leva carne santa na aba da sua veste e com a sua aba tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará este santificado? E os sacerdotes, respondendo, diziam: Não. E disse Ageu: Se alguém, que se tinha tornado impuro pelo contato com um corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará isso imundo? E os sacerdotes, respondendo, diziam: Ficará imunda”.
Temos aqui em Ageu uma ilustração simples de como a associação com o mal contamina. Como diz: “Se alguém leva carne santa na aba da sua veste”, se tocar no pão, no guisado ou no vinho, ele se tornará santo? A resposta é: “Não”. Mas “Se alguém, que se tinha tornado impuro pelo contato com um corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará isso imundo?” A resposta é: “Sim”.
Em 1 Coríntios 5, o princípio é dado nas palavras: “Um pouco de fermento faz levedar toda a massa”. Em 2 João, o princípio é dado pelas palavras: “aquele que o saúda, participa de suas más obras”. Associação com o mal nos contamina. Em 1 Coríntios 5, o mal é de natureza moral. Não apenas a prática dele, mas a associação com aqueles que o praticam contamina, a pessoa e a assembleia. Em 2 João, o assunto é doutrina – a doutrina de Cristo. O mal é o resultado daqueles que vêm e trazem algo diferente da doutrina de Cristo. Irmãos, o que é a doutrina de Cristo? Penso que é qualquer coisa que diga respeito à Pessoa ou à obra de Cristo. Pode haver diferenças de opinião quanto a alguns pequenos detalhes da profecia, embora se todos fossem inteiramente guiados pelo Espírito, teríamos a mesma opinião sobre todos os assuntos. Onde o que é contrário à doutrina de Cristo é permitido ou onde a associação com aqueles que sustentam esse falso ensino é permitido, o resultado é a contaminação.
Continuar em comunhão com aqueles que mantêm falsas doutrinas sobre a Pessoa ou a obra de Cristo é contaminação. Não apenas está contaminado aquele que sustenta a doutrina, mas também aqueles que o saúdam. Aqueles que expressam comunhão com ele de qualquer forma que seja estão contaminados por essa mesma doutrina maligna.
Irmãos, como devemos evitar a contaminação da doutrina maligna? Pelo exercício do cuidado diligente e em oração para garantir que aqueles que mantêm, de qualquer forma, aquilo que é contrário à Palavra de Deus, a respeito da Pessoa ou da obra de Cristo, sejam mantidos fora ou tirados, se encontrados dentro. Como devemos nos manter separados da contaminação do mal moral na assembleia? Por garantir que aqueles que o praticam sejam mantidos fora ou tirados, se encontrados dentro.
Eu confio que todos nós reconhecemos que estamos em pé apenas por graça e que não há um de nós que possa ler 1 Coríntios 5 e dizer: “Eu nunca faria isso”. É a graça de Deus, e somente a graça de Deus, que nos preserva em qualquer medida, mas jamais devemos usar a desculpa da fraqueza ou a desculpa de nossos fracassos para justificar a indiferença ao que é exigido pela presença do santo Filho de Deus no meio daqueles reunidos em Seu precioso nome.
2 Timóteo 2
Vamos agora para 2 Timóteo 2:19-22:
“Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, [se alguém tiver se purificado a si mesmo desses (vasos), em se separando a si mesmo deles – JND] será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.
Esta foi provavelmente a última epístola do apóstolo Paulo. Ele viu as coisas se desenvolverem a um ponto em que aquilo de que ele havia falado como “a casa de Deus” na primeira epístola tinha se tornado uma “grande casa” porque havia sido introduzido, no Cristianismo professo, muito do que não era real, citados aqui como “vasos...de pau e de barro”.
Assim, ele começa falando, “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus”. Assim é, amados irmãos, nós nem sempre podemos dizer, pois pode vir um tempo em que você poderá olhar para minha vida e dirá “Eu não sei se ele é um filho de Deus ou não”. Mas o fundamento de Deus permanece, e enquanto nós não podemos dizer, Deus sabe! Ele conhece aqueles que são Seus! “O fundamento de Deus fica firme... O Senhor conhece os que são Seus”. A sugestão óbvia do coração natural é que, se este é o estado de confusão que surgiu, se esta grande casa da Cristandade professa se tornou uma mistura daqueles que são reais e daqueles que são falsos, daqueles que são verdadeiramente filhos de Deus e daqueles que simplesmente fizeram uma profissão, daqueles cujos nomes estão escritos no céu e daqueles cujos nomes estão escritos em algum registro da Igreja, e apenas aí, então, essa sugestão desse coração natural seria: “não há nada que possamos fazer e devemos todos simplesmente continuar juntos”. A Palavra de Deus, no entanto, muito rapidamente nos mostra que isso não é verdade. “e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”. A melhor leitura aqui é: “Todo aquele que profere o nome do Senhor” (AIBB), porque o que está sendo trazido diante de nós é a sujeição ao senhorio de Cristo, e a instrução dada a todo aquele que profere o nome do Senhor é que se aparte da iniquidade. Eu me lembro de escutar um irmão muitos anos atrás que fez um comentário que, inicialmente, eu não pude entender, mas agora eu entendo o que ele quis dizer; o comentário dele foi que ele nunca havia se separado de um verdadeiro filho de Deus. Eu preciso dizer que fiquei confuso a respeito desse comentário naquele momento, mas agora eu percebo que a Palavra de Deus diz “aparte-se da iniquidade”. Irmãos, se isso significar deixar verdadeiros filhos de Deus de lado, isso é triste e creio que nosso coração vai sentir isso, mas devemos nos apartar da iniquidade!
Tive a oportunidade, há alguns meses, de conversar com um jovem casal. Eles estavam em um dos sistemas evangélicos dos homens. Eles reconheceram que havia mal moral conhecido e permitido no lugar onde eles estavam, mas havia muitos filhos de Deus lá, e eles não sentiram que deveriam sair. Irmãos, eles estavam certos? A Palavra de Deus diz: “Um pouco de fermento leveda toda a massa” e “qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”, “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata” – verdadeiros filhos de Deus, salvos pelo precioso sangue de Cristo, habitados pelo Espírito de Deus e membros do corpo de Cristo – “mas também de pau e de barro” – aqueles que professam, mas nãopossuem vida eterna. Eles dirão: “Eu sou Cristão”, mas o que eles querem dizer é: “Meu nome está gravado em algum registro da Igreja, em algum lugar”. Eu também tive a oportunidade, alguns meses atrás, de perguntar à uma jovem se ela era salva e a resposta foi “Sim, meu pai é um ministro”. A Palavra de Deus nos diz aqui que na grande casa da Cristandade, onde o Espírito de Deus opera, há aqueles que são verdadeiros filhos de Deus e aqueles que são apenas professos – “de pau e de barro”.
Em seguida, lemos: “uns para honra, outros, porém, para desonra”. Os vasos de ouro e a prata de um lado e os vasos de pau e de barro de outro lado, separados entre eles como sendo aqueles que são filhos de Deus daqueles que não o são. Porém, separação entre os vasos de honra e os vasos de desonra não é a separação entre aqueles que são filhos de Deus e aqueles que não são. E agora uma explicação nos é dada com relação a quem são os vasos de honra e os vasos de desonra. “Se alguém se purificar destas coisas” – isto é, dos vasos de pau e de barro – “será vaso para honra”. Aqui está o caminho para ser um vaso de honra. É pela separação daqueles vasos de pau e de barro. “Que comunhão tem a luz com as trevas?”. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis”. É-nos dito que a separação daqueles que não são verdadeiros nos capacitará a sermos vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor. Em seguida, acrescenta estas palavras: “Preparado para toda boa obra”. Por que diz isso? É, somente quando andarmos em separação dos vasos de pau e de barro; somente quando andamos em separação daquilo que contamina – erros quanto à Pessoa e à obra de Cristo; somente quando andamos em separação daquilo que é contaminação moral, somente quando nos apartamos da iniquidade seja de qual tipo, só então você estará preparado “para toda boa obra”.
Vou lhe dar duas ilustrações da vida real: Conheço um irmão que era ministro em um conhecido sistema de homens. Ele estava lendo a Palavra de Deus e, enquanto buscava a Palavra por si mesmo, o Espírito de Deus lhe revelava cada vez mais a verdade. Ele começou a pregar sobre isso no púlpito e, como ele mesmo me disse, acabou perdendo o próprio emprego! À medida que ele trazia a verdade mais claramente diante de sua congregação, duas coisas aconteceram. A primeira coisa foi que ele começou a perceber que estava no lugar errado. Como ele poderia, por exemplo, sendo um homem, nomeado por sua congregação para liderar e dirigir tudo relacionado a essa congregação, levantar-se e dizer que a Palavra de Deus diz que o Espírito de Deus é Quem deve ser Aquele que lidera em tudo? Ele percebeu que não estava “preparado para toda boa obra”, pois, se fosse permanecer nessa posição, havia uma verdade que ele deveria ignorar ou negar.
Em outra ocasião, fui convidado para falar em um almoço com a presença de vários empresários, a maioria deles Cristãos. Eu disse, ao ser convidado: “Presumo que seja claramente entendido que sou livre para me levantar diante de todos aqueles homens e falar de acordo com a Palavra de Deus sobre qualquer assunto que o Espírito de Deus me dê para falar”. Imediatamente me disseram: “Ah, não! Daremos antecipadamente uma lista de assuntos sobre os quais não falamos” “preparados para toda boa obra”? Irmãos, não podemos fazer concessões quanto à verdade; não podemos estar associados com o mal, com iniquidade, seja qual for a desculpa que usemos para isso e ainda estar “preparados para toda boa obra”.
A Palavra de Deus deixa muito claro que estamos em pé apenas pela graça de Deus. Se a separação do mal é mantida, é apenas porque Deus dá graça para isso. O fato é que a responsabilidade recai sobre aqueles reunidos em um nome tão santo, como o Senhor Jesus Cristo, de se afastar da iniquidade, de se separar do mal moral, do mal doutrinário, da associação eclesiástica ou de qualquer outra coisa que desonre o nome de Cristo ou desloque a posição que o Espírito de Deus zelosamente mantém para Si mesmo.
Havia um irmão aqui nesta cidade, anos atrás, de quem alguns dos irmãos mais velhos se lembrarão muito bem. Tive a oportunidade de visitar este querido irmão em sua casa em várias ocasiões. Um dia, ele me deu um relato de como ele veio para estar reunido ao nome do Senhor Jesus Cristo. Ele pertencia a uma certa denominação, e era sua prática regular ter uma leitura da Bíblia todas as quartas-feiras à noite. Eles tiveram alguns momentos felizes juntos, mas então ocorreu-lhe um dia que de vez em quando o ministro, que era um verdadeiro filho de Deus, não pôde estar presente na leitura da Bíblia, e ele notou que eles tiveram um tempo muito mais feliz. Parecia haver muito mais liberdade; cada um ao redor do círculo participou, e eles descobriram que a Palavra de Deus foi revelada para eles. Ele começou a buscar diante de Deus uma explicação sobre por que isso aconteceu assim. Ele encontrou a resposta em 1 Coríntios 12 e em 1 Coríntios 14. O Espírito de Deus nessas ocasiões estava livre para usar quem Ele quisesse, e Ele abriu a Palavra de Deus para eles. Nosso querido irmão começou então a procurar onde ele poderia estar reunido somente ao nome do Senhor Jesus Cristo, onde o Espírito de Deus tivesse plena liberdade.
“Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”. Qual é o pensamento de “um coração puro”? Não é algum tipo de pureza interior, mas é o pensamento de corações não adulterados, ou, em outras palavras, propósitos sem dupla intenção. Um só desejo – Senhor, onde queres que eu esteja? Um só desejo – estar reunido apenas com aqueles que buscam apenas estar reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo – um só desejo.
Assim, isso nos diz especificamente, “com os que”. Será que tenho o direito de decidir: “Bem, eu realmente não estou muito feliz com o irmão fulano. Ele não me trata muito bem. Acho que vou começar minha própria reunião do outro lado da cidade”? A Palavra de Deus diz, “com os que”. “Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.
Uma Palavra Final
Não conheço verdade mais importante, à parte da verdade do evangelho – mais preciosa – ao coração de Cristo, do que essa que deve haver, ainda hoje, em meio a toda a ruína, um testemunho, levantado e mantido por Deus, à verdade de que há um só corpo. E onde a verdade não é apenas conhecida, mas colocada em prática; onde a disciplina é exercida em reconhecimento de que há um “dentro” e há um “fora”, e a separação do mal é demandada pela santidade da Pessoa a Quem estamos reunidos.
Gostaria de terminar lendo Gálatas 2:18: “Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor”. O assunto em Gálatas é o de voltar à lei. É voltar àquilo que o apóstolo Paulo já havia abandonado e, ao abandoná-la, ao deixa-la para trás, no que lhe dizia respeito, ele a destruiu.
Agora, irmãos, Deus, por Seu Espírito, levantou um testemunho à verdade de que existe um só corpo. Ele, por Sua infinita graça, reuniu em torno da Pessoa do Senhor Jesus Cristo, vindos da multiplicidade de sistemas de homens, muitos que, ao deixar esses sistemas, na linguagem usada aqui, eles os destruíram Para mim, o sistema que eu deixei está destruído – aquilo é uma coisa morta. Se eu voltar, se de alguma forma reconstruir o que destruí, faço-me um transgressor. Não há nada mais triste do que ver amados santos de Deus que, pela infinita graça de Deus, foram reunidos ao precioso nome do Senhor Jesus Cristo, voltando àquilo que não é a verdade, àquilo se apoia no que é falso, que permite aquilo que usurpa o nome de Cristo e o que deixa de lado a atuação exclusiva do Espírito de Deus, e voltam; e ao fazer isso, apoiam isso. Ah, você diz: “Eu só fui a uma das reuniões deles”. Porém, o você faz é apoiar o que é tão contrário ao próprio desejo tão claramente expresso do Senhor Jesus Cristo. Ele reúne pelo Espírito de Deus em torno de Si mesmo, e toda vez que eu entro em qualquer um dos sistemas dos homens, independentemente de quanta verdade haja lá, eu reconstruo novamente aquilo que o próprio testemunho que Deus levantou, destruiu para minha própria alma. E, ao fazer isso, eu me torno um transgressor.
Que Deus nos guarde, amados irmãos, valorizando esta preciosa verdade, andando nela e regozijando-nos nela, reconhecendo quão dependentes somos de Deus, por Sua graça para nos manter, e do Espírito de Deus para que a verdade se torne boa para nosso coração e nossa consciência. Não tenho a menor dúvida – a menor que seja – de que Deus vai preservar um testemunho da verdade do um corpo para a glória de Cristo até que Ele venha. Oremos a Deus para que possamos ser preservados e estarmos reunidos a esse precioso nome até aquele momento quando o Senhor da glória vier por nós. Mesmo em Jerusalém, havia alguns que esperavam a apresentação do Filho de Deus do céu. Amados irmãos. Que estejamos esperando, reunidos, regozijando, andando na verdade, até que Ele venha.
Amados irmãos, creio que todos nós queiramos largueza de coração para amar a todos os santos de Deus, para buscar o bem e a bênção de todos os santos de Deus, para orar por todos os santos de Deus, para fazer o bem a todos os homens e especialmente à família da fé, mas andemos no caminho estreito, delineado pela Palavra de Deus, pois é isso que significa fidelidade a Cristo.
John Brereton
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