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Revista mensal publicada originalmente em setembro/2018 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
G. V. Wigram (adaptado)
D. T. Grimston (adaptado)
W. Kelly (adaptado)
W. Kelly (adaptado)
W. J. Prost
Present Testimony (adaptado)
C. H. Mackintosh (adaptado)
A. C. Hayhoe
Food for the Flock
Present Testimony
E. Dennett (adaptado)
J. Heerman, 1647
O Cordeiro de Deus
Quem é este Cordeiro que tira o pecado do mundo? Quem é Aquele que, vindo ao mundo, diz que é capaz de levantar a questão do pecado e resolvê-la? Nenhum homem comum poderia fazer isso. Então Quem é Ele? Em João 1 encontramos toda uma série de glórias como resposta, conectada com Ele como sendo o Filho de Deus, o Cordeiro de Deus, o Senhor Jesus Cristo. Ah! Se as glórias do Senhor Jesus fossem vistas pelo Seu povo como uma corrente de pérolas, de modo que eles soubessem como contar sobre essas glórias, que corações e rostos muito mais felizes o povo de Deus teria!
“Eis o Cordeiro”! As palavras eram como um toque vivo para os corações daqueles que se converteram e O seguiram. O coração deles foi apanhado por este Cristo, este Cordeiro de Deus que estava os atraindo para Si mesmo. Ele está agindo agora da mesma maneira; as pessoas não conseguem dizer como isso acontece, mas são atraídas e constrangidas a buscá-Lo. Eles O encontram derretendo o seu coração endurecido e então são atraídos para segui-Lo – ainda assim um Homem, embora agora em glória, em vez de estar aqui embaixo.
A menos que o coração esteja aquecido por ter visto Jesus, com que facilidade qualquer pequena coisa o desviará de seguir diariamente o Cordeiro de Deus.
G. V. Wigram (adaptado)
O Cordeiro de Deus
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Será que alguma vez já contemplamos o Cordeiro de Deus, cuja Pessoa e obra são trazidas diante de nós nesta passagem? A Palavra Eterna – o Criador, a Luz, a Vida, o Verbo – feito carne, o unigênito do Pai é aqui nos mostrado como o Cordeiro de Deus!
Este não era um título estranho para os que ouviam a João. Este foi o deleite de Deus antes que Seu Filho viesse ao mundo para colocar de antemão os sinais fiéis pelos quais eles poderiam ser encorajados, enquanto estavam cercados de trevas e impiedade.
Assim como as placas de sinalização encorajam um viajante cansado enquanto ele atravessa uma área solitária, dizendo a ele que a estrada que ele percorre leva ao fim desejado, da mesma forma esses brilhantes raios de luz nos tempos do Velho Testamento nos dizem que Deus não Se esqueceu de Seu povo e que Ele fará valer Sua declaração, dita a Adão, do Libertador, a semente da mulher que feriria a cabeça da serpente.
A oferta de Abel
Vamos considerar alguns desses raios de luz – vejamos Gênesis 4, por exemplo. O pecado havia entrado no mundo quando “o Cordeiro da provisão de Deus” é trazido, em figura, à cena. Abel, em essência, reconhecendo a distância que existia entre o homem e Deus e inclinando a cabeça para a justa sentença de Deus quanto ao pecado, reconhece que nada valerá para Deus senão a vida de uma vítima sem pecado. Portanto, ele apresenta como oferta os “primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura”. Ele viu que a justiça de Deus exigia um substituto para o pecado, o qual, sendo sem pecado, poderia suportar o julgamento na morte. Ele se submeteu a essa justiça, e seu “maior sacrifício” obteve para ele o testemunho de que foi considerado justo de acordo com a estimativa de Deus de sua oferta (Hb 11:4).
Será que temos nos curvado diante de Sua justiça e aprendido que Deus aceita o pecador, fazendo isso de acordo com os Seus pensamentos quanto ao sacrifício do Cordeiro que Ele mesmo proveu – Seu próprio Filho amado?
Abraão e Isaque
Vamos meditar sobre outro. O momento havia chegado para se provar a fé de Abraão, e o filho, em quem as promessas de Deus estavam centradas, deveria morrer. Obediente à Palavra de Deus, o pai não hesitou por nem sequer um momento, logo no início da manhã ele partiu em sua dolorosa jornada para oferecer seu único filho. A fé triunfa sobre as dificuldades. Ele acreditava que “Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar”. Em simples crença, então, ele confiou em Deus e, em resposta à pergunta de Isaque, ele diz: “Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto, meu filho” (Gn 22:8).
O momento decisivo chegou! O altar foi construído e a madeira foi colocada em ordem. Isaque foi amarrado e colocado sobre o altar, e a mão estendeu-se para matar seu filho, quando a voz de Deus deteve o golpe: “Não estendas a tua mão sobre o moço”. E virando-se, ele viu “um carneiro detrás dele, travado pelas suas pontas num mato”, outro sacrifício é providenciado para ser oferecido em vez de seu filho, e ele corretamente nomeou o lugar “o SENHOR Se proverá”.
O Cordeiro Pascal
Em Êxodo 12 encontramos Deus nos mostrando outra figura de Sua provisão de graça para proteger o homem do julgamento iminente. Aquela noite Ele estava prestes a atravessar a terra do Egito para executar o julgamento. Mas Seu povo deveria ser poupado e, portanto, um modo de proteção do julgamento é proposto a eles, aspergindo nas ombreiras de suas casas o sangue do “cordeiro... sem mácula”. Eles creram no julgamento vindouro e obedeceram às instruções dadas, tomaram o cordeiro e o mataram. Então, com o sangue nas ombreiras e na verga da porta, assentaram-se em segurança e se alimentaram daquele cujo sangue era o único fundamento de sua segurança naquela noite do terrível julgamento. Eles descansaram simplesmente na palavra d’Aquele que disse: “vendo Eu sangue, passarei por cima de vós”. Quão claramente isso nos aponta para o “Cordeiro imaculado e incontaminado”, por cujo precioso sangue Seu povo é redimido (1 Pe 1:18-19)!
O Cordeiro de Deus
Nós estamos no fim de nossa jornada, pois essas figuras e sombras nos conduziram ao brilho da presença do próprio “Cordeiro de Deus”. Figuras agora não são mais necessárias. Placas de sinalização são coisas do passado e esquecidos na presença da glória do Cordeiro de Deus. Em obediência à vontade de Seu Pai Ele havia vindo (Sl 40:7-8). Em obediência à mesma vontade “como um cordeiro, foi levado ao matadouro” (Is 53:7) e crucificado. Deus O apresenta assim como um Objeto de fé para todos os que O receberem.
Mas havia uma diferença importante entre os sacrifícios dos tempos do Velho Testamento e o Cordeiro de Deus. Nos tempos antigos o ofertante tinha que trazer seu cordeiro, ele era atuante no processo, e sem sua atividade não poderia haver sacrifício. Não é assim que acontece agora, pois foi Deus que providenciou, Deus que trouxe o Seu Cordeiro e Deus que O aceitou. O homem não poderia ter participação nesta obra, pois o plano tinha sido concebido por Deus e realizado por Deus. O sacrifício é da provisão de Deus e, portanto, a aceitação do pecador é de acordo com o valor que Deus coloca sobre o Seu próprio Cordeiro.
Será que a realidade disto entrou em nossas almas para que possamos dizer: Eu sou aceito de acordo com o valor que Deus coloca em Seu Cordeiro, que em amor Ele proveu para mim?
Observe agora o caráter de Sua obra, pois é duplo. Ele “tira o pecado do mundo” (Jo 1:29) e “batiza com o Espírito Santo” (Jo 1:33). Pode alguma coisa ser mais completa e mais adequada à natureza de Deus do que esta? Não apenas vejo meus pecados removidos, mas vejo o próprio pecado tratado em Cristo, quando Ele, como o Cordeiro de Deus, levou o juízo pelo pecado, curvou Sua cabeça e morreu! Que obra completa! O próprio pecado é tratado em toda a sua horrível monstruosidade! Somente pela incredulidade o pecador é privado de ter interesse na obra realizada pelo Cordeiro de Deus.
Mas isso não é tudo. Sua obra sendo consumada, Ele ressuscita e sobe para onde Ele estava com o Pai, para nos dar uma bênção mais abundante do que antes. Aqueles que O receberam agora foram batizados pelo Espírito Santo, sendo assim unidos à Sua Cabeça e Senhor que está ausente. “Em um só Espírito fomos batizados todos nós em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres” (1 Co 12:13). E assim nós, que cremos, estamos ligados a Cristo e uns aos outros.
A recepção do testemunho de Cristo
Agora observe a maneira pela qual aqueles que primeiro ouviram a mensagem das boas novas a receberam, e por permanecerem com Jesus, receberam força para testemunhar d’Ele: “E os dois discípulos ouviram-nO dizer isso e seguiram a Jesus” (Jo 1:37).
Quão simples e belo. “Fé” veio “por ouvir” (Rm 10:17). Eles ouviram a Palavra, O receberam, creram em Seu nome, e todas as coisas foram consideradas como perda apenas por ter a excelência do conhecimento d’Ele. No caso de Paulo, as sete coroas de glória da carne (Fp 3:5-6) foram deixadas de lado na presença da mais excelente glória do Cordeiro de Deus. Eles receberam “poder de serem feitos filhos de Deus”, eles O seguiram e permaneceram com Ele. Este foi o lugar que Maria escolheu (Lc 10:39-42). Este foi novamente o lugar que João tomou, não porque ele tinha um direito melhor do que Pedro, mas porque ele amava esse lugar mais (Jo 13:23). Este é o lugar que temos o mesmo direito de compartilhar, pois Jesus diz: “Permanecei em Mim” (Jo 15:4 - ARA).
Aqueles de nós que sabem algo disto podem cultivar a proximidade habitual do coração a Cristo, dependência contínua d’Ele, e constante fluxo de afeição por Aquele cujo amor imutável nos foi assegurado. Cultivando isso, amados, o resultado será a paz que flui “como um rio” e a abundante fecundidade. Lembre-se, sem Ele nada podemos fazer, e o serviço, embora exteriormente deslumbrante, é inútil se não fluir da comunhão contínua com Ele e da proximidade habitual do coração a Cristo!
O testemunho deles
Agora vem o testemunho deles: “Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois... Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias… E levou-o a Jesus” (Jo 1:40-42).
Que possamos aprender nossa lição com isso também e sairmos da presença de nosso Senhor para ganhar aqueles que estão “sem Deus no mundo” para Cristo. Podemos muito bem ter prazer em contar sobre Aquele que encontramos. Certamente, como a mulher de João 4, podemos dizer: “Vinde e vede um Homem que me disse tudo quanto tenho feito”, ou como Maria Madalena em João 20, podemos contar sobre Aquele que agora foi elevado a Seu Pai e para nosso Pai e ao Seu Deus e nosso Deus. É assim que conhecemos nosso Senhor que foi elevado ao céu. Que possamos testemunhar d’Ele para que os que nos rodeiam possam conhecer o Cordeiro de Deus nas glórias de Sua Pessoa e nas virtudes e excelências de Sua obra!
D. T. Grimston (adaptado)
“Eis o Cordeiro de Deus”
O testemunho de João alcança muito além do Messias em Israel, e vemos agora o efeito de seu ministério. “No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus. E os dois discípulos ouviram-no dizer isso e seguiram a Jesus” (Jo 1:35-37). Nem sempre a declaração mais clara da verdade é a que mais age sobre os outros, pois nada fala tão poderosamente quanto a expressão do deleite do coração em um objeto que é digno. Assim foi agora. O maior dos que nasceram de mulher reconhece o Salvador por meio de genuína adoração, e seus próprios discípulos que o ouviam falar começam a seguir Jesus. “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30). E assim deveria ser. Não João, mas Jesus é o Centro: um Homem, mas também Deus, pois nenhum outro poderia ser assim, sem diminuir a glória divina. Jesus mantém essa glória, mas isso também como Homem. Que verdade maravilhosa! João era o servo do propósito de Deus, e sua missão foi executada da melhor forma quando seus discípulos seguiram a Jesus. Ele deve ser o único centro de atração para todos que O conhecem, e a obra de João era preparar o caminho diante d’Ele. Então, aqui, seu ministério reúne para Jesus.
Onde Ele morava
Mas se no Evangelho de Mateus o Senhor tem uma cidade (que podemos nomear), se não um lar, aqui no Livro de João não é dito onde Ele morava. Os discípulos ouviram a Sua voz, vieram e viram onde Ele morava e permaneceram com Ele naquele dia, mas para outros Ele permanece anônimo e desconhecido. Podemos entender que assim deveria ser com Aquele que não era apenas Deus como Homem na Terra, mas também totalmente rejeitado do mundo. E assim é com aqueles que são Seus: “Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a Ele” (1 Jo 3:1).
Nem a obra para aqui ou ali. “Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João e o haviam seguido. Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)” (Jo 1:40-42). Profundamente interessantes são esses vislumbres da primeira introdução a Jesus daquelas almas que, recebendo-O, encontraram a vida eterna n’Ele e foram chamadas posteriormente a ser o fundamento daquele edifício que seria a morada de Deus no Espírito. Mas tudo aqui se concentra na Pessoa de Jesus, a Quem Simão é trazido por seu irmão, um dos dois primeiros que tiveram sua alma atraídas a Ele, embora pouco apreciassem Sua glória. No entanto, foi uma obra divina, e a vinda de Simão foi respondida com um conhecimento do passado, presente e futuro, que dizia Quem e o que Ele era, e que agora falava ao homem na Terra em graça.
O centro reconhecido
Aqui o mesmo princípio reaparece. Jesus, a imagem do Deus invisível, a única perfeita manifestação de Deus, é o Centro reconhecido além de toda rivalidade. Ele deveria morrer, como este Evangelho relata (João 11), para reunir em um os filhos de Deus que estavam dispersos, como Ele irá reunir todas as coisas no Céu e todas as coisas na Terra sob Sua liderança (Efésios 1). Mas então Sua Pessoa não podia deixar de ser o único Centro de atração para todos que viam por fé, como deveria ser com toda criatura. Ele veio não apenas para declarar Deus e nos mostrar o Pai em Si mesmo, o Filho, mas para tomar tudo com base em Sua morte e ressurreição, tendo glorificado perfeitamente a Deus em relação com o pecado que tinha arruinado tudo, e assim tomar Seu lugar no céu, a Cabeça glorificada sobre todas as coisas para a Igreja, Seu corpo na Terra, como sabemos agora. Sobre isso, entretanto, eu não falarei da revelação que envolve os conselhos de Deus e os mistérios ocultos às gerações e eras passadas, pois isso nos levaria às cartas de Paulo, o vaso escolhido para descortinar essas maravilhas celestiais.
Nosso assunto agora é João, que nos faz ver o Senhor na Terra, um Homem, mas que também é Deus, e que está atraindo para Si o coração de todos os que são ensinados por Deus. Se Ele não fosse Deus, tudo havia sido roubo não apenas de Deus, mas também do homem. Esse não foi o caso. Toda a plenitude habitava n’Ele – habitava n’Ele corporalmente. Ele foi, portanto, desde o princípio o Centro divino para os santos na Terra, como depois, quando Ele Se tornou o Homem exaltado, Se tornou o centro no alto, a Quem, como Cabeça, o Espírito os unia como membros de Seu corpo. Este último não poderia acontecer até que a redenção o tornasse possível de acordo com a graça, mas com base na justiça.
Reunidos a Ele
“No dia seguinte, quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-Me. E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro” (Jo 1:43-44). É algo grandioso ser liberto por Jesus da vontade própria ou da prisão do coração da vontade do homem que é maior que nós mesmos – uma coisa grandiosa é conhecer que encontramos n’Ele, não meramente o Messias, mas o Centro de todas as revelações, planos e conselhos de Deus, assim estamos unidos com Ele porque estamos reunidos a Ele. Tudo o mais, seja qual for o pedido ou pretensão, é apenas dispersão e, portanto, trabalho em vão.
Mas precisamos de mais e encontrar mais em Jesus, que Se digna a ser não apenas nosso Centro, mas nosso “Caminho” na Terra, mas não do mundo, pois Ele não é do mundo, pois Ele não é nada menos que a Verdade e a Vida. Que bênção em um mundo assim! Agora é um deserto onde não há caminhos, mas Ele é o Caminho. Aqui existem armadilhas para seduzir, há perigos para se preocupar. Acima deles a voz de Jesus diz: “Segue-Me”. Nenhum outro é seguro. O melhor dos Seus servos pode errar, como todos têm errado. Mas mesmo que não fosse assim, Ele diz: “Segue-Me”. Cristãos, não hesitem mais. Sigam a Jesus. Vocês encontrarão um relacionamento melhor e mais profundo com aqueles que são d’Ele, mas isso por seguir a Ele a Quem eles também seguem. Apenas olhe bem para isto e veja se está de acordo com a Palavra, não seus próprios pensamentos e sentimentos. Sonde seus motivos de acordo com a luz por onde você anda. “Se os teus olhos forem bons (simples – TB), todo o teu corpo terá luz”. Mas a simplicidade é garantida olhando para Jesus, não para nós mesmos ou para os outros. Já vimos o suficiente de nós mesmos quando nos julgamos diante de Deus. Sigamos a Jesus. Só e completamente para Ele, uma Pessoa divina na Terra, isso é devido. É a verdadeira dignidade de um santo; é a única segurança daquele que ainda tem que vigiar contra o pecado que está nele; é o caminho da genuína humildade e do verdadeiro amor. Nisto teremos a certeza da direção do Espírito que está aqui para glorificá-Lo, tomando daquilo que é d’Ele e mostrando-o para nós.
W. Kelly (adaptado)
O Cordeiro de Deus
A grande verdade que premeia o Evangelho de João é a Divindade daquele Homem que estava andando sobre a Terra. Não quero dizer apenas em sua declaração explícita sobre Ele, mas naquilo que implica isso constantemente. Assim, Sua glória divina vem à tona das maneiras mais indiretas e inesperadas, pois Jesus em nenhum lugar é mais verdadeiramente Deus do que quando Homem.
Ele era de fato um Homem, mas isso era pouco ou nada em si, a menos que Ele fosse Deus. Então, que verdade, amor e humilhação de Sua parte! Que bênção infinita para o homem, pelo menos para as almas que creem! O Verbo Se fez carne, mas Ele era o verdadeiro Deus, daí é que nós encontramos, sempre que Ele fala ou age, por qualquer meio que o Espírito de Deus O descreva, a Divindade que está lá atrás do véu.
O testemunho de João Batista
O testemunho de João Batista aqui tem um caráter bastante diferente, em si mesmo e também em seus efeitos sobre a alma, diferente do que encontramos nos outros Evangelhos. Onde mais Ele fala d’Ele como sendo o Cordeiro de Deus? O Messias, o Rei que havia de vir, o Servo perfeito engajado na obra de Deus, a Semente da mulher e o Filho do Homem, estes sim podemos encontrar em outros lugares. Mas aqui nós o temos como o Cordeiro de Deus em uma relação muito mais abrangente do que com o povo antigo e favorecido. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Assim é que Ele é apresentado em uma universalidade de bênçãos através de Sua obra que não poderia estar em ninguém além de uma Pessoa divina. É certo que Ele é mostrado aqui habitualmente neste caráter: “Este é o Filho de Deus”.
Por isso é que no Evangelho de João não é uma questão das dispensações que desaparecem ou sucedem uma à outra, mas daquilo que é vital e imutável porque é divino. Daí também, portanto, é quando as dispensações passaram que o pleno significado de uma palavra como esta é reconhecido. Não é particularmente agora nem no século que se segue, mas no estado eterno que será manifesto que Ele é o Cordeiro de Deus que “tira” (não nossos pecados como crentes, mas o pecado em sua totalidade). A expressão não se refere realmente àquilo em que nos encontramos e fomos perdoados pela fé em Seu sangue, mas para quando o mundo será completamente limpo de todo o pecado. O pecado será banido totalmente do universo. Que testemunho para a Sua glória, Aquele que pela Sua obra efetua tudo!
Todo pecado retirado
Alguns dizem ou cantam: “Cristo é o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”. Mas Cristo é “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado”, não os pecados do mundo. A primeira declaração é uma verdade bendita, já a outra é um erro. Isso enfraquece a paz do crente e apazígua os incrédulos com esperanças que arruínam a si mesmos, trazendo desonra a Deus e ao Seu Cristo.
Quão completo e revigorante é o testemunho de Deus – Cristo como Seu Cordeiro tirando o pecado do mundo no devido tempo – o mesmo é Aquele que batiza com o Espírito Santo (Jo 1:29, 33)! Essas são as duas obras do Senhor Jesus, nas palavras de João Batista – Sua grande obra terrenal e Sua grande obra celestial. Não devemos confundir Sua ação de suportar os nossos pecados em Seu próprio corpo sobre o madeiro, com a retirada do pecado do mundo, como Ele irá fazer, abrindo caminho para o novo Céu e a nova Terra. Quando a questão é a de suportar o pecado, são os “nossos pecados” (1 Pedro 2); quando se trata de tirar, é o pecado do mundo. Este é o efeito final de Sua obra. O Espírito olha adiante por João no sentido pleno do que Cristo acabou por realizar, uma obra imensa relacionada com a Sua glória divina. Ele Se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo. Hebreus 9 fala do Seu propósito de aniquilar o pecado. Não é a época em que isso seria feito, mas o fim para o qual Ele Se manifestou. A obra foi efetuada na cruz, mas os resultados completos da cruz ainda não foram manifestados.
W. Kelly (adaptado)
O Leão e o Cordeiro
Em Apocalipse 5:5-6, temos o Senhor Jesus tomando o Seu lugar de direito como Juiz. “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento” (Jo 5:22 – AIBB). O rolo do julgamento é revelado, mas não se encontra ninguém que seja capaz de abrir o livro, até que “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” Se apresente.
É um pensamento solene para se refletir que é somente pelo julgamento que a justiça e a paz podem finalmente ser trazidas a este mundo. O homem tentou muitas vezes, ao longo dos séculos, trazer paz duradoura, apenas para descobrir que, na melhor das hipóteses, a paz é transitória, logo a luta e a guerra começam novamente. É somente quando houver “os teus juízos na Terra” que “os moradores do mundo” aprenderão “justiça” (Is 26:9).
“O Leão”
É apropriado que o Senhor Jesus seja aqui referido como sendo “o Leão da tribo de Judá”. O leão é o símbolo da força, e é mencionado em Provérbios 30:30 como “o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás”. É descrito em Miqueias 5:8 como alguém que “quando passar, as pisará (as nações) e despedaçará, sem que haja quem as livre”. O Senhor Jesus é o Único que pode executar o julgamento com força e poder, representado pelo leão.
Ele também é da tribo de Judá, pois Judá era a tribo real, e uma das características atribuídas a Judá é a de ser um “leãozinho” (um leão jovem – JND), cuja mão estará sobre o pescoço de seus inimigos. Certamente o Senhor é Aquele a Quem Se refere esta passagem, pois Ele também é “a Raiz de Davi”, como Aquele a Quem Davi pôde se dirigir como Senhor (Sl 110:1). Davi era um poderoso guerreiro de quem não se vê relatos de que perdeu alguma batalha em que lutou, mas sua Raiz é o próprio Senhor Jesus. Ele aparecerá, não apenas para julgar este mundo, mas também em nome do Seu povo terrenal, Israel.
Quando João viu o Senhor Jesus no capítulo 1, ele viu Aquele cuja aparência e comportamento indicavampoder e majestade, tanto que João caiu “a Seus pés como morto” (Ap 1:17). Assim, quando João teve o privilégio de olhar para Aquele que foi capaz de abrir o livro, ele poderia esperar ver a aparência do leão manifestada. Mas em vez disso, ele vê “um Cordeiro, como havendo sido morto” (Ap 5:6). É verdade que o Cordeiro tinha “sete pontas e sete olhos”, que falam, respectivamente, de força e inteligência perfeitas para realizar o julgamento. Mas o cordeiro é o símbolo de fraqueza e submissão, não de poder. Contudo, o Senhor Jesus aparecendo como “um Cordeiro, como havendo sido morto” é muito instrutivo para nós. Em Seu caráter como o Leão, Ele é capaz de tomar o livro; já em Seu caráter como o Cordeiro que foi morto, Ele é digno de tomar o livro. É o Senhor Jesus que entrou na morte e Quem derrotou a Satanás, o mundo e a morte. É porque Ele sofreu pelo pecado que adquiriu tanto o direito quanto o poder de executar o julgamento. Alguém descreveu isso muito bem:
“Aquele que prevalece como sendo o Leão é Aquele que primeiro sofreu como o Cordeiro. Seu poder de vencer para abrir o livro é que Ele venceu indo à morte. Como o Cordeiro morto Ele venceu o pecado, a morte e o diabo. Tendo vencido como o Cordeiro que sofreu, Ele adquiriu o poder de vencer todos os inimigos como o poderoso Leão”.
O Cordeiro sacrificial
Mais uma vez, aqui está uma verdade mais importante. Nosso bendito Senhor e Salvador sendo Deus tinha o poder de exercer o julgamento, mas (falamos com toda a reverência) Ele não podia “tirar o pecado do mundo” (Jo 1:29) ou “trazer a justiça eterna” (Dn 9:24) a menos que Ele fosse à cruz do Calvário. A questão do pecado deve ser resolvida diante de um Deus santo, e é por esta razão que “na consumação dos séculos, uma vez Se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo” (Hb 9:26). Por causa de tudo isso Ele é “digno de tomar o livro”, e assim Ele aparece como “um Cordeiro, como havendo sido morto”.
O julgamento do pecado será finalmente consumado e o pecado será para sempre tirado da presença de Deus. A partir de então, seu caráter de “o Leão da tribo de Judá” não será mais necessário. Mas Ele aparecerá para sempre como “o Cordeiro de Deus”, e Suas feridas sempre nos lembrarão que Ele sofreu, não apenas por nós, mas para tirar o pecado de todo o universo. Essas feridas farão irromper nosso eterno louvor.
W. J. Prost
A Dignidade do Cordeiro
Todas as associações na mente de cada santo de Deus são ricas e benditas quando conectadas com o título de Cristo sendo “o Cordeiro”. Pode-se questionar se aquilo que marca a mente celestial com seu significado peculiar traz plenamente, como deveria, seu lugar e peso na alma. A exclamação enfática de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus!” indica a graça d’Aquele que leva este nome e marca o Seu título para a adoração do nosso coração. Mas este título, que é levado por Aquele mesmo Bendito nas alturas, revelado no livro do Apocalipse, nos traz associados a outras glórias e outras cenas além daquelas que encontramos nas sagradas reflexões de João, quando ele contemplou o bendito Jesus caminhando pelas margens do Jordão.
Este título é quase exclusivamente ligado ao livro do Apocalipse, que pode ser chamado de livro dos “direitos do Cordeiro”. Este título, em sua primeira ocorrência no livro, faz com que o céu, a Terra e toda a criação redimida sejam despertados para louvar, dizendo com grande voz: “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (Ap 5:12). Só Ele Se tornará o centro do louvor universal.
A vindicação do Cordeiro
Há, sem dúvida, uma diferença marcante na apresentação de “o Cordeiro” como havendo sido morto neste livro e em Sua apresentação com o mesmo título em João 1:29, 36, os outros dois únicos lugares na Escritura nos quais isso ocorre como um título. Em Apocalipse “o Cordeiro” morto não é apresentado tanto como a provisão de amor de Deus para satisfazer a necessidade de um pecador, mas como Ele é mostrado, por Sua rejeição e sofrimento na Terra, como tendo o direito de possuir o poder universal. Somos chamados a contemplar as justas reivindicações deste sofrimento e rejeição desta vitima, como sendo reconhecidas no alto. É verdade que a cruz permanece em todo o seu mistério maravilhoso de amor, mas temos neste livro o levantamento de um véu, mostrando coisas além do testemunho direto do Espírito na Igreja. Primeiro Jesus é mostrado estando na posição para repreender a decadência da Igreja como Sua testemunha no mundo. E então, na parte profética, não é tanto o Espírito aqui em baixo testificando de Cristo, como visto nas alturas, mas pelo contrário, o Espírito de profecia fala do progresso das coisas aqui na Terra em conexão com os conselhos celestiais, que resultam na reivindicação dos direitos do “Cordeiro”. É a bendita realização, no poder desta palavra em Filipenses: “Achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na Terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2:8-11). É a recompensa da perfeita obediência de Cristo à vontade do Pai. Portanto, é por todo o tempo em que Cristo como “o Cordeiro”, no meio do trono, está em conexão com a Terra e a criação, em vez de diretamente com a Igreja.
O céu e a Terra O reconhecem
No quinto capítulo esta dignidade do Cordeiro é proclamada, e nenhum feito pode ir além disso. O céu, a Terra e toda a criação redimida reconhecem as reivindicações completas da glória de Cristo como Mediador – “o Cordeiro que foi morto”. Somos levados ao ponto “quando (Ele) houver aniquilado todo império e toda potestade e força”, e quando Ele entregar o reino a Deus, o Pai. “E ouvi a toda criatura que está no céu, e na Terra, e debaixo da Terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Ap 5:13).
No desafio que traz o Cordeiro à cena, há a questão: “Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?” Mas “ninguém no céu, nem na Terra, nem debaixo da Terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele”. Mas há Um, e apenas Um encontrado que poderia aceitar este desafio. “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a Terra. E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono” (Ap 5:6-7). Na redenção, Cristo obteve um título para ser o Senhor de toda a criação, assim como a bendita Cabeça da Igreja. Como vítima sofredora, mansa e sem oferecer resistência, o céu concede a Ele o título de poder e louvor universal. O tributo do universo precisa ser prestado somente a Ele, que até à morte afirmou a glória de Deus em um mundo de maldade. Na dispensação da plenitude dos tempos, Ele receberá o louvor que Lhe é devido por toda a Sua bondade, mesmo nas misericórdias naturais e temporais que nós, Suas criaturas, desfrutamos nesta vida.
Aqueles que O honram
Felicidade é para o santo, descansar no amor e na graça d’Aquele que está no meio do trono, e mais feliz ainda, é procurar agora sustentar a honra do Seu nome, contando somente com Seu poder, d’Aquele que tem “sete pontas e sete olhos”, pois quão seguramente o Seu poder e graça são dirigidos para sustentar o coração que conta com a Sua bondade em buscar, no mundo maligno, fazer a Sua vontade. Logo esse poder, que agora secretamente sustenta, controla e prevalece em meio à confusão do poder de Satanás, será manifestado abertamente. E quão brevemente esta brilhante cena de glória irromperá em nossas expectativas!
Seus inimigos
Mas há outro lado da cena. Quando o poder divino reivindicar os direitos da Vítima rejeitada na Terra, que assombro encherá o coração daqueles que desprezam Seu nome e, finalmente, irão ser encontrados em ordem de batalha para resistir às Suas reivindicações. “Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (Ap 17:14). Mas antes desta hora chegar, que quadro de assombro para o mundo é apresentado quando o Cordeiro abrir o sexto selo! “E os reis da Terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo servo, e todo livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos do rosto d’Aquele que está assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro, porque é vindo o grande Dia da Sua ira; e quem poderá subsistir?” (Ap 6:15-17).
Não haverá mais maldição
O cântico do céu é: “Digno é o Cordeiro, que foi morto” (Ap 5:6-13), e o Livro do Apocalipse é cheio de referências tanto ao poder quanto à glória d’Aquele que é chamado de “o Cordeiro”. E, finalmente, não haverá mais maldição, porque o trono de Deus e o do Cordeiro estarão lá (Ap 22:3-5). Estes são apenas breves menções do maravilhoso caráter e reivindicações d’Aquele que no céu é visto como “o Cordeiro”. A Vítima sofredora aqui na Terra está prestes a ser trazida em plena investidura da glória do céu; não haverá lugar para quem se recuse a se curvar em honra ao Seu nome.
As bodas do Cordeiro
Embora o assunto principal deste livro seja a apresentação e consumação das reivindicações de Cristo à honra e ao poder universais como o Cordeiro sofredor, há algo que brilha, como se fosse incidentalmente, na reivindicação de Sua glória. Longe da cena de conflito e diante do Cordeiro que vem assentado num “cavalo branco”, lá é visto nos átrios pacíficos do céu as “bodas do Cordeiro”, e é dito “a Sua esposa se aprontou”. Sua glória não pode ser declarada sem que estejamos com Ele nesta cena. “Para que também com Ele sejamos glorificados” é a palavra da Escritura! O gozo deve começar no alto antes que a glória seja manifestada aqui abaixo. Do céu surge o Cordeiro para remir a herança e apoderar-Se de Sua glória, e “quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então, também vós vos manifestareis com Ele em glória” (Cl 3:4).
Como isso ensina o coração de quem conhece o noivado da Igreja com Cristo, e quão pouco tem a ver com todos os objetivos dos homens! Quão pouca razão temos para cobiçar a sabedoria, o poder ou a glória do mundo, enquanto outro senhor e príncipe é o seu dono! Ainda não é a Terra no poder da redenção e dando sua honra voluntária ao Cordeiro, mas é o mundo que fez do Cordeiro uma vítima sofredora e ainda retém sua oposição às Suas reivindicações.
Present Testimony (adaptado)
Autoesvaziamento
Temos, na pessoa de João Batista, um bom exemplo de alguém que entrou, em algum grau, no verdadeiro significado do autoesvaziamento. Os judeus enviaram sacerdotes e levitas de Jerusalém para perguntar-lhe: “Quem és tu? Que dizes tu de ti mesmo?” Qual foi sua resposta? Um que a si mesmo se esvaziou. Ele disse que era apenas “uma voz”. Isso era tomar o seu verdadeiro lugar. “Uma voz” não tinha muito de que se gloriar. Ele não disse: “Eu sou aquele que clama no deserto”. Não! Ele era apenas “a voz do que clama”. Ele não tinha ambição de ser nada além disso. Isso era autoesvaziamento. E observe o resultado. Ele encontrou o objeto que o cativou totalmente em Cristo. “No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus” (Jo 1:35-36). O que foi tudo isso, além da plenitude de Deus aguardando em um vaso vazio! João não era nada, e Cristo era tudo. Portanto, quando os discípulos de João o deixaram para seguir a Jesus podemos nos sentir seguros de que nenhuma palavra de murmúrio, nenhum sinal de ambição frustrada ou orgulho ferido escapou de seus lábios. Não há inveja nem zelo em um coração esvaziado de si mesmo. Não há nada de sensível, nada de apego em alguém que aprendeu a tomar o seu verdadeiro lugar. Se João tivesse procurado coisas para si mesmo, ele poderia ter reclamado quando se viu abandonado, mas quando um homem encontrou o seu objeto que o satisfaz no “Cordeiro de Deus”, ele não se importa muito em perder alguns discípulos.
Ele deve crescer – Eu devo diminuir
Temos uma nova exposição do espírito autoesvaziado de João Batista no terceiro capítulo de João. “E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, Aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu deste testemunho, ei-Lo batizando, e todos vão ter com Ele” (Jo 3:26). Aqui vemos uma conversa bastante calculada para extrair a inveja e o ciúme do pobre coração humano. Mas note a resposta, a nobre resposta de João Batista: “O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu... É necessário que Ele cresça e que eu diminua. Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da Terra é da Terra e fala da Terra. Aquele que vem do céu é sobre todos” (Jo 3:27, 30-31). Este é um testemunho precioso! Um testemunho de sua própria nulidade absoluta e da plenitude, glória e incomparável excelência de Cristo! “Uma voz” era “nada”, pois Cristo estava “acima de tudo”.
Livre de si mesmo
Oh! Para um espírito autoesvaziado – “um coração livre de si mesmo” – uma mente liberta de toda ansiedade sobre suas próprias coisas! Que possamos ser mais completamente libertos do “eu” em todas as suas detestáveis reviravoltas e obras! Então o Mestre poderia nos usar, nos possuir e nos abençoar. Escute o Seu testemunho de João – aquele que disse de si mesmo que não era nada além de uma voz. “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista” (Mt 11:11). Quão melhor é ouvir isso do Mestre do que do servo! João disse: “Eu sou uma voz”. Cristo disse que ele era o maior dos profetas. Simão, o mágico, disse que ele “era uma grande personagem” (At 8:9). Tal é o caminho do mundo – o modo do homem. João Batista, o maior dos profetas, disse que ele próprio não era nada – que Cristo estava “acima de tudo”. Que contraste!
Que possamos ser mantidos humildes e autoesvaziados e sermos continuamente cheios de Cristo. Isso é verdadeira benção. Que a linguagem de nosso coração e a expressão distinta de nossa vida sejam, “Eis o Cordeiro de Deus”.
C. H. Mackintosh (adaptado)
Duas Visitas nos Últimos Minutos
Um dia eu estava visitando uma querida irmã no hospital que estava prestes a ir à nossa casa celestial. Ela nem podia falar direito, apenas sussurrava, e quando eu entrei, ela, é claro, não conseguia cantar. Em vez disso, começou a dizer, com um leve sussurro: “Tão querida, tão querida por Deus, não posso ser mais querida; o amor com o qual Ele ama Seu Filho, tal é o Seu amor para mim”. E então ela sussurrou: “Irmão, por favor, cante isso no meu funeral”. Com certeza, em questão de horas, ela estava com o Senhor. Mas eu não vou esquecer daquele gozo daquela expressão e do olhar em seu rosto enquanto ela sussurrava essas palavras. Saí do quarto dela e segui pelo corredor até o outro quarto. Ele também conhecia o Senhor Jesus como seu Salvador. Ele também estava à porta da eternidade, mas ele não tinha gozo algum. Nenhum gozo seja qual for. Ele passou a vida acumulando ídolos e teve muitos deles. Ele era um homem rico. Ele ia deixar muito para trás. Eu disse “muito”? Ele ia deixar tudo para trás. É triste dizer que as coisas pelas quais ele havia trabalhado estavam prestes a serem deixadas para trás. Agora ele sabia para onde estava indo. E acredito sem dúvida em minha alma que aquele homem querido está com Cristo.
Ao comparar essas duas visitas de última hora, pois ambos se foram em tão pouco tempo, pensei em versículos como esses. “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1:36). Oh amados amigos, sem me alongar nisso, quero repeti-lo com todo o meu coração. Que o resultado de passar tempo com a Palavra de Deus seja que você e eu, jovens e velhos, possamos ter diante de nós a Pessoa, a Pessoa imutável de nosso Senhor Jesus Cristo! Seu coração está tão cheio de amor por você e por mim – um amor pessoal. Lembre-se de um versículo como este: “Não temas, porque Eu te remi; chamei-te pelo teu nome; tu és Meu” (Is 43:1). Isso produz algo em seu coração? Se você ouvisse o Senhor Jesus falar essas mesmas palavras em seu ouvido: “Não temas, porque Eu te remi; chamei-te pelo teu nome; tu és Meu”, o que isso faria em você? Haveria alguma resposta? E quero dizer algo a você. Se você não sente nada em resposta, por favor, não tente mais fingir que é um Cristão.
A. C. Hayhoe
Contemplando Jesus
Lá, com o coração em adoração e o espírito desimpedido, nos encontraremos cercando o Cordeiro de Deus, que nos amou e nos lavou de nossos pecados com Seu próprio sangue, e nós veremos, não somente a glória de Deus na face de Jesus como nunca vimos antes, mas nós mesmos, na verdade, seremos transformados na mesma imagem, e ainda seremos capazes de olhar, admirar e esquecer de nós mesmos, à medida que aprendemos sobre as infinitas profundezas do deleite do Pai no Filho.
Food for the Flock
A Remoção do Pecado
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Esta afirmação é muito pouco apreciada em sua plenitude. Expiação ou perdão por meio do conhecimento do sangue derramado no Calvário não é o ponto aqui. Desde a queda, o pecado tem estado em todo o sistema deste mundo. E sempre que o mundo ou qualquer coisa relacionada a ele vinha diante da mente divina, o pecado era o primeiro pensamento. Adão e Eva, a quem tudo foi confiado, se rebelaram contra Deus e colocaram a eles mesmos e a criação sob o pecado. É a redenção deste sistema como um todo que está sendo tratado aqui. Alguns irão aqui, no tempo da redenção, estimar e regozijar-se no perdão, já outros podem ouvir do sangue do Filho de Deus e pisá-lo, desprezando-o, sob seus pés. Mas o sistema, como um todo, é reivindicado por Deus, e completamente à parte do regozijo do crente no perdão, o sistema será libertado do pecado. Os ímpios serão lançados no lago de fogo preparado para o diabo e seus anjos. O mundo será libertado e haverá “novos céus e nova Terra, em que habita a justiça” (2 Pe 3:13). O Cordeiro que uma vez foi morto e agora vivo novamente em um trono, embora o pecado ainda possa permanecer, é a garantia disso. E o escopo da redenção é visto nisso: A semente da mulher ferirá a cabeça da serpente. Ora, esta é a obra que o Cordeiro de Deus tinha que realizar – introduzir o mundo para Deus em outra conexão que não seja a do pecado sobre ele, e finalmente remover toda marca de pecado do mundo.
Present Testimony
“Eis o Cordeiro de Deus”
Tendo assim desvendado a exaltação e glória vindouras de Cristo, João Batista novamente O apresenta como o Cordeiro de Deus. “No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus” (Jo 1:35-36). Na primeira passagem (Jo 1:29), era Cristo em Seu caráter sacrificial – a Vítima mansa e gentil – oferecendo-Se pelo pecado do mundo. Nesta passagem é a exibição do que Ele é em Si mesmo que desperta a admiração de Seu mensageiro. Olhando para Jesus, enquanto Ele andava, seu coração se encheu de adoração, e ele diz: “Eis o Cordeiro de Deus”, olhem para Ele, a beleza de Seus caminhos, a perfeição de Sua caminhada, o desdobramento de uma vida divina e humana, que era em si uma completa e perfeita apresentação moral de Deus ao homem. Era, de fato, um objeto que poderia prender o olhar de todos os observadores. Pois aquele Homem humilde, a Quem João assim designou, era o Único na Terra que respondia plenamente aos desejos do coração de Deus, o Único em Quem Ele podia olhar e em Quem podia descansar com complacência e deleite. João, portanto, estava na corrente dos próprios pensamentos de Deus quando apontou seus discípulos para este belo Cordeiro de Deus.
Isso, ao mesmo tempo, nos ajuda a entender o significado desse segundo clamor de João Batista. O próprio João foi cativado ao olhar para Jesus enquanto caminhava, e no completo esquecimento de si mesmo, sabendo que sua luz que era menor que a d’Ele deveria desaparecer e ser extinta por esse luminar celestial, ele deseja que seus próprios discípulos se ocupem com o objeto que atraiu e absorveu suas próprias afeições. Ele primeiro o proclamou como Sacrifício pelo pecado, pois nunca podemos conhecer a Pessoa de Cristo até que a questão do pecado tenha sido resolvida, e então ele O apontou para seus discípulos como o Objeto para o coração deles, como Aquele que tinha direito, em virtude de Seu sacrifício e o que consumou, de reivindicar a lealdade e afeição deles. E é para todos nós algo muito bendito quando as reivindicações de Cristo são plenamente reconhecidas. Sob a pressão do nosso pecado e culpa todos nós estamos dispostos, ou melhor, motivados, a procurar alívio por meio do Seu sangue, mas nosso perigo é, quando se obtém o alívio, esquecer que Aquele que carregou nossos pecados em Seu próprio corpo no madeiro tem, por esse mesmo fato, o direito a tudo o que temos e somos. Tem o direito? Sim, exatamente isso, o direito! Mas como isso evidencia a debilidade de nossas concepções do que Ele é e do que Ele fez, quando temos que argumentar e aplicá-lo. Quem falaria de uma mãe tendo o direito ao amor de seu filho? De maneira semelhante, falar de Cristo tendo o direito ao nosso amor é apenas a prova da dureza do nosso coração. Contemplá-Lo como Aquele que tirou o nosso pecado deve ser algo suficiente para nos ligar eternamente ao Seu serviço, para nos manter a Seus pés como Seus servos dispostos, para fundir nosso coração à gratidão e ao louvor.
E. Dennett (adaptado)
A Vitória do Cordeiro
“Se sofrermos, também com Ele reinaremos”
(2 Tm 2:12).
Eu vou da dor e do suspiro, do vale e do torrão,
Juntar-me ao povo escolhido nos palácios de Deus –
Não soa nenhum grito de batalha entre as palmeiras sombreadas,
Mas o poderoso cântico da vitória e gloriosos salmos dourados.
O exército dos conquistadores, uma palma em cada mão,
Em vestes de pompa e esplendor, repousa em eterna posição;
Aquelas vestes nupciais de glória, a justiça de Deus –
Ele as comprou para Seu povo com Seu sangue preciosíssimo.
O Cordeiro de Deus os salvou do profundo mar de fogo do inferno –
O Cordeiro de Deus os adorna com vestes brancas imaculadas;
O Cordeiro de Deus os apresenta como reis em coroas de luz –
Como sacerdotes no próprio templo de Deus para servi-Lo dia e noite.
Salvação, força e sabedoria para Aquele cujas obras e caminhos
São maravilhosos e gloriosos – eterno é o Seu louvor;
O Cordeiro que morreu e vive, vive para todo o sempre;
O Salvador que nos redimiu, para sempre adoramos.
J. Heerman, 1647
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”
João 1:29
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