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O Chamado de Deus (Março de 2024)

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Revista mensal publicada pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Gospel Echo, Vol. 21

         H. Smith

          W. Kelly (adaptado)

         H. Smith

         H. E. Hayhoe

         H. Smith (adaptado)

         E. H. Chater (adaptado)

         J. G. Bellett (adaptado)

          J. G. Bellett

          F. G. Patterson

          Autor desconhecido

 

O Chamado de Deus


Quando o profeta Elias foi enviado por Deus para chamar Eliseu para ser um profeta e para ser seu sucessor, ele encontrou Eliseu trabalhando no campo com o arado. Havia 12 arados no trabalho, com 12 juntas de bois, e Eliseu estava com o décimo segundo. Mas, embora o chamado de Deus tenha vindo a ele tão repentinamente, ele não hesitou, mas imediatamente obedeceu. E o fato marcante relacionado ao chamado é que ele não apenas obedeceu imediatamente, mas matou os bois com os quais estava arando, queimou o arado para assar a carne e convidou seus homens a participar da festa. Ele assim demonstrou, de maneira enfática, sua determinação em obedecer completamente ao seu chamado.

 

Se você professa fé em Cristo, queimou o seu arado? Quero dizer com isso: você se separou do mundo, tornando manifesto que não está mais sob o domínio do pecado e de Satanás, mas que pertence a Cristo? Precisamos ser muito separados, muito claros e muito decididos. Nenhum homem pode servir a Deus e a mamom; que não sejamos culpados de tentar fazer as duas coisas. A questão, portanto, é pertinente e digna de consideração por você, a saber: você queimou seu arado?

 

Gospel Echo, Vol. 21

 

O Chamado de Deus


No primeiro período da vida de Abraão, em Gênesis 12, somos apresentados ao caminho de fé e àqueles que andam por ele em resposta ao chamado de Deus. Também vemos os obstáculos no caminho, a fé que toma o caminho e as bênçãos no caminho, bem como os fracassos, as tentações e os conflitos encontrados lá.

 

Pensemos primeiro no caráter do chamado pelo qual o Senhor começou a conduzir Abraão de Ur para a cidade de Deus.

 

Um chamado divino 

A primeira grande verdade que aprendemos na parte inicial da história de Abraão é o caráter abençoado do chamado de Deus. Do discurso de Estêvão, registrado em Atos 7, aprendemos que “o Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, estando na Mesopotâmia”. O que distingue o chamado de todos os outros chamados é o seguinte: Ele vem de Deus – o Deus da glória. A civilização humana, com suas cidades e torres chegando ao céu, não tem nada que fale de Deus, mas apenas aquilo que exalta e exibe a glória do homem. “O Deus da glória” fala de outro mundo em que não há nada do autoengrandecimento do homem, mas tudo aquilo que exibe o caráter de Deus. Esse é o Deus que, em maravilhosa graça, aparece a um homem que vive em um mundo afastado de Deus e mergulhado na idolatria.

 

Portanto, é a glória d’Aquele que aparece a Abraão que dá tanta importância ao chamado e dá à fé a sua autoridade e poder para responder a esse chamado.

 

Um chamado que separa 

Em segundo lugar, aprendemos que o chamado é um chamado para a separação. A palavra a Abraão é: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai”. Abraão não é instruído a permanecer na cidade de Ur e lidar com a impiedade do homem, ou tentar melhorar sua condição social, ou reformar seus costumes locais, ou tentar tornar este um mundo melhor e mais radiante. Ele é chamado para sair da cidade de todas as formas. Ele deve deixar o mundo político (“tua terra”), o mundo social (“tua parentela”) e o mundo doméstico (“a casa de teu pai”).

 

O apelo de hoje é igualmente definitivo. O mundo ao nosso redor é um mundo que tem a forma de piedade sem o poder – o mundo da religião corrupta – e a epístola que nos diz que somos participantes do chamado celestial nos exorta a nos separarmos de sua corrupção. Temos, pois que sair “a Ele [Jesus] fora do arraial, levando o Seu vitupério” (Hb 13:13). Isso não quer dizer que devemos desprezar o governo – ele é ainda estabelecido por Deus. Somos instruídos a orar por aqueles que estão em autoridade (1 Tm 2:1-2), a abster-nos de falar mal das autoridades (2 Pe 2:10; Jd 1:8), a pagar nossos impostos (Mc 12:17; Rm 13:6-7) e obedecer às leis da terra (Rm 13:1-5).

 

Também não podemos negligenciar os laços familiares – eles são ordenados por Deus. Nem devemos deixar de ser cordiais, bondosos e fazer o bem a todos os homens à medida que tivermos oportunidade. Mas, como crentes, somos chamados a não participar das atividades políticas do mundo, dos encontros sociais e de toda a esfera em que os membros não convertidos de nossa família encontram prazer sem Deus. Não nos é pedido para reformar o mundo ou procurar melhorar a sua condição, mas para sairmos dele. A palavra ainda é, “pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo; e Eu vos receberei, e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 Co 6:17-18).

 

Um chamado que assegura 

Terceiro: se o chamado de Deus separou Abraão deste mundo atual, isso foi feito com a finalidade de levá-lo para outro mundo – “para a terra”, Deus disse: “que Eu te mostrarei”. Se o Deus da glória apareceu a Abraão, foi para levá-lo para a glória de Deus. Assim, o maravilhoso discurso de Estevão (At 7) que começa com o Deus da glória aparecendo a um homem na Terra (v. 2) termina com um Homem aparecendo na glória de Deus no céu (v. 55). Ao encerrar seu discurso, Estevão olhou firmemente para o céu e viu a glória de Deus e Jesus em pé à direita de Deus, e ele diz: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem que está em pé à mão direita de Deus”. Olhando para Cristo em glória, vemos o maravilhoso propósito que Deus tem em Seu coração quando nos chama para fora deste mundo presente. Ele nos chamou para a glória, para sermos como Cristo e com Cristo em uma cena em que tudo fala de Deus e tudo o que Ele é no amor infinito de Seu coração.

 

Deus não diz a Abraão: “Se você atender ao chamado, eu imediatamente lhe darei a posse da terra”. Mas Ele diz: ”Eu te mostrarei (a terra). Se respondermos ao Seu chamado, Deus nos permite, junto com Estêvão, “ver o Rei na Sua formosura” e “a terra que está longe” (Is 33:17). Olhamos para cima e vemos Cristo em glória.

 

Um chamado vantajoso

Há uma grande bênção presente para aquele que atende o chamado. Separado deste presente mundo mau, Deus diz a Abraão: “Far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome”. Os homens deste mundo procuram fazer um grande nome para si mesmos; eles dizem: “Façamos um nome para nós”. Mas, Deus diz ao homem separado: “Abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome”.

 

A tendência de nosso coração natural é sempre procurar fazer um nome para nós mesmos, e a carne se apoderará de qualquer coisa, até mesmo das coisas de Deus, para se exaltar. Essa tendência foi vista entre os discípulos do Senhor quando debateram entre si sobre qual deles deveria ser considerado o maior.

 

A dispersão do homem em Babel e as divisões da Cristandade, bem como toda contenda entre o povo de Deus, podem ser atribuídas a esta única raiz – a vaidade da carne que procura se tornar grande. “Da soberba só provém a contenda” (Pv 13:10).

 

A mente humilde do Senhor Jesus fez com que Ele Se fizesse de nenhuma reputação. “Pelo que também Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome”. Deus tornou Seu nome grande (Ap 15:4), e para aquele que tem Sua mente humilde e O segue fora do arraial em resposta ao chamado, Deus diz: “fiz para Ti um grande nome”. Deus pode fazer um nome muito maior para o crente em Seu mundo de glória do que podemos fazer para nós mesmos neste presente mundo mau.

 

Se confessado honestamente, pode-se muito bem descobrir que o verdadeiro motivo para alguns Cristãos permanecerem em um sistema religioso, o que enfraquece a alma, é o desejo oculto de ser grande. Assim, eles se afastam do caminho do anonimato fora do mundo religioso. Será que não podemos ver na Escritura, assim como na experiência diária, que aqueles que foram espiritualmente grandes entre o povo de Deus foram pessoas separadas – homens e mulheres que responderam ao chamado de Deus –, ao passo que qualquer desvio do caminho separado tem levado à perda da verdadeira influência e da grandeza espiritual entre o povo de Deus?

 

Um chamado que beneficia

Deus diz a Abraão: “e tu serás uma bênção”. No caminho da separação, não apenas o próprio Abraão seria abençoado, mas ele também seria uma bênção para os outros. Fazemos bem em notar a importância dessas palavras. Quantas vezes um crente permanece em uma associação, que ele admite não estar de acordo com a Palavra de Deus, alegando que ele seria mais útil aos outros ali do que fora, no lugar de separação. No entanto, Deus não diz a Abraão: “Se você ficar em Ur dos Caldeus ou na casa provisória em Harã, será uma bênção”, mas, respondendo ao chamado de Deus, lhe é dito: “tu serás uma bênção”. Talvez Ló sentisse que poderia ter influência sentado no portão de Sodoma, mas o homem que tinha influência lá – que quase poupou a cidade por suas intercessões – era o homem sob os carvalhais de Manre.

 

Um chamado que preserva 

Sexto: Abraão é informado de que, no lugar de separação teria o cuidado preservador de Deus. Ele poderia, de fato, ter que enfrentar oposição e provação, pois é sempre verdade que “quem se desvia do mal é tratado como presa” (Is 59:15 – ARA). Mas Deus diz ao homem separado, “amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”. O homem separado é preservado de muitas provações que atingem o crente que permanece em associação com o mundo. A misericórdia do Senhor salvou Ló da condenação de Sodoma, mas nessa falsa associação ele perdeu tudo – esposa, família, riqueza e testemunho.

 

Um chamado efetivo

Agindo com fé na palavra de Deus, foi dito a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da Terra”. Sabemos o uso que o Espírito de Deus faz dessa promessa. Ele diz, “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela [no princípio de – JND] fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti” (Gl 3:8). Abraão não previu e não pôde prever o efeito de longo alcance do princípio de fé sobre o qual ele agiu ao responder ao chamado de Deus, mas Deus previu que era o único caminho de bênção para todas as famílias da Terra. Portanto, agora, ninguém, exceto Deus, pode prever o efeito de longo alcance na bênção para os outros que pode resultar quando nós, em fé simples e sincera, respondemos ao chamado de Deus.

 

H. Smith

 

Abraão – O Chamado da Promessa


O que vemos na Palavra de Deus antes deste notável relato do chamado de Abrão (Gn 12-13) é humilhante, pois vemos o que Deus nos disse sobre o pecado e a ruína do homem, ao trazer o dilúvio, e o que se seguiu a ele. O que deveria ser feito, então? Deus havia colocado um sinal nos próprios céus de que não visitaria mais a iniquidade da raça humana como fizera no dilúvio. Havia um princípio secreto de graça com Deus no qual Ele sempre agiu, mas agora esse princípio deveria ser trazido à tona manifestamente. O que fez a diferença no caso de Abel, Enoque ou mesmo Noé? Foi a graça que fluiu para eles e operou neles tudo o que era bom, santo e verdadeiro. Mas há uma coisa nova que surge na história agora diante de nós.

 

Um fundamento para a ação 

A promessa seria, a partir de então, um fundamento público de ação por parte de Deus. Deus não estava mais contente em agir secretamente. Ele agora faria o chamado distinto e claro, chamando a atenção de amigos e inimigos. Era o chamado de Deus, não mais secreto, mas evidente para todos.

 

Assim foi dito: “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei” (Gn 12:1). Abrão foi chamado por Deus a um lugar de separação, e isso para se manifestar como o grande princípio que Deus quer que pesemos agora com toda seriedade, ao lermos Sua Palavra.

 

O povo de Israel, no Sinai, tomou o terreno da lei. A consequência foi que, por mais divino que fosse o princípio, ele falhou em relação à nação escolhida. Assim, novamente, Deus então aplicou o mesmo princípio ao chamado da Igreja. Não é mera misericórdia para com a alma, pois isso sempre foi verdade, mas Deus tem um corpo chamado publicamente neste mundo, composto dos que se destinam a ser testemunhas de Sua graça em Cristo nas alturas.

 

Mas o Senhor em Suas tratativas começa antes de tudo com um indivíduo, e havia grande sabedoria nisso. Por qual motivo foi assim? Não só para que o próprio Abrão fosse abençoado, mas para ele ser uma bênção, e isso não só para sua própria semente, mas para outros em toda parte. “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12:3).

 

Esse é o único caminho possível de bênção, na Terra e com os homens. Se deve haver bênção em um mundo que está arruinado, ela deve estar no terreno de alguém que sai em obediência ao chamado de Deus, não ficando onde está, nem tentando reformar o mal no meio do qual ele possa estar. Deus tornou isso particularmente manifesto nesta época, pois o mundo não seria mais como antes do dilúvio; ele foi separado em suas distintas nacionalidades. O governo também já havia sido instituído.

 

Idolatria

Mas agora que a idolatria havia entrado (Js 24:2), a separação para Deus surge como o lugar reconhecido. Em vez de ter almas que andem individualmente com Ele, Deus, desde aquele dia até hoje, adota o que seria então uma coisa totalmente nova para o homem: se Ele deve ser satisfeito ou engrandecido, isso precisava ser como separado para Ele mesmo. Deus procura por mais agora, Ele chama para fora. Daí a força da palavra aqui: “Sai-te da tua terra”.

 

Não é simplesmente “crer”; esta não era, de modo algum, a questão colocada. Não se trata aqui de o evangelho sendo enviado, nem de Cristo sendo apresentado pessoalmente. É Deus que separa para Si mesmo pela Sua própria Palavra – um homem que estava no meio de tudo o que é mau, com sua própria família adorando falsos deuses como os demais. O fato solene era que a família de Sem havia caído em idolatria tanto quanto as outras. Apesar do propósito anunciado por Deus, os filhos de Sem, tinham se mostrado sem fé. Assim, o que se poderia fazer? Não haveria como garantir a honra de Deus? Este foi o caminho: O chamado de Deus vai, em soberana graça, separando para Si um homem que não era melhor do que seus semelhantes, mas declaradamente envolvido nas idolatrias de seus pais. “Sai-te da tua terra... para a terra que Eu te mostrarei”.

 

Assim, a primeira coisa que eu gostaria de enfatizar é que a fé é demonstrada quando cremos no que Deus traz para nossa própria alma e para nosso próprio caminho. Deus tem uma vontade sobre cada etapa sucessiva em todas as diferentes fases da vida, à medida que o próprio mal cresce e opera no mundo. Satanás não se limita às mesmas armadilhas da falsidade e do pecado, mas torna-se cada vez mais sutil e determinado em seus planos. E, de acordo com isso, Deus procura por fé em Sua Palavra. Portanto, nesse caso, a própria família (Sem), o que quer que seja que esperasse, estava fatalmente envolvida em suas redes, assim como os outros homens. Mas Deus tem uma maneira de Se vindicar, e esta é uma maneira que dá toda a glória a Si mesmo. A fé reconhece isso como sendo o que deve ser.

 

O chamado foi pela graça 

O chamado aconteceu sem que houvesse o menor fundamento para isso no próprio Abrão. Vemos como isso é perfeitamente consistente com os tratamentos de Deus. Ele pretendia que a bênção estivesse nessa linhagem, mas Abrão era evidentemente um filho dos infiéis e, sem dúvida, uma criança infiel. O chamado foi, portanto, de acordo com a graça: O próprio Deus chamou, e Deus, ao mesmo tempo, estava preparando esse homem para o lugar de bênção. Deus tinha, antes de Abrão estar preparado para isso, pronunciado o que estava em Seu coração lhe dar para que não fosse pelo merecimento de Abrão, mas de Deus que o chamou. Isso era a graça. “E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome” (Gn 12:2).

 

Todo o princípio da bênção que flui do chamado de Deus foi manifestado em um homem distintamente separado para Ele e chamado sem perturbar os arranjos do mundo. Não havia como colocá-lo com a mais poderosa espada em sua mão para destruir os que praticavam a iniquidade. O mundo foi deixado, organizado sob a providência de Deus em famílias, nações e línguas separadas, mas não até que o governo pelo homem fosse consentido por Deus. Mas ali, tendo a honra de Deus sido completamente colocada de lado e falsos deuses adorados, Ele separa sob Sua promessa de abençoar o homem que sai ao Seu chamado para a terra que Ele lhe mostraria.

 

O chamado e a promessa 

Esse, então, é o abençoado caminho de Deus – um dos mais eficazes, pois também é peculiar a Ele mesmo, e com base nele, de fato, Deus tem agido em nosso próprio chamado, seja para Si mesmo ou para a Igreja. Foi muito para Deus dizer: “E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome”. Mas havia outra palavra, e ela era especialmente preciosa ao coração de alguém tão abençoado. “E tu serás uma bênção”. Isso o tornaria não apenas o objeto da graça, mas o instrumento dela. Era para conceder a Abrão comunhão com o próprio Deus na atividade de Sua própria bondade. “E tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

 

W. Kelly (adaptado)

 

O Impedimento para Responder ao Chamado de Deus 

 

Em Abrão vemos as benditas promessas que estão ligadas ao chamado de Deus, e devemos aprender como a fé responde ao chamado. Primeiro, no entanto, nesta história profundamente instrutiva, temos permissão para ver com que frequência o homem de fé pode ser impedido, por algum tempo, de responder ao chamado.

 

Os laços da natureza 

Pelo discurso de Estevão, registrado em Atos 7, aprendemos que o chamado veio a Abraão, “estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã”. Ao responder a esse chamado, ele foi impedido pelos laços da natureza. O chamado veio a Abraão, mas a natureza aparentemente pode às vezes professar grande zelo em responder ao chamado, e até mesmo assumir a liderança, pois lemos: “E tomou Tera a Abrão... e saiu com eles de Ur dos Caldeus, para ir à terra de Canaã”. O homem em seu estado natural pode tentar trilhar o caminho da fé e, no início, fazer a coisa certa com a melhor das intenções. Mas na confiança própria, a natureza sempre se compromete a fazer mais do que tem o poder de realizar. Assim, aconteceu que, enquanto Tera deixava Ur “para ir à terra de Canaã”, ele nunca chegou à terra. A natureza parou no meio do caminho, em Harã, e lá ele permaneceu até o dia de sua morte.

 

Mas e Abraão, o homem de Deus? Por um tempo, ele se permitiu ser impedido de obedecer plenamente ao chamado de Deus. Não era simplesmente que seu pai estava com ele; ele se permitiu ser conduzido por seu pai, como lemos, “E tomou Tera a Abrão”. O resultado foi que ele parou antes de chegar à terra para a qual foi chamado. Então lemos, no discurso de Estêvão, que ele veio “da terra dos caldeus, e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra”.

 

Quantos de nós fomos impedidos por algum tempo de tomar o caminho separado, consistente com o chamado de Deus, por algum parente amado. O chamado alcança o crente, ele reconhece a verdade, mas demora em respondê-la porque algum parente próximo não está preparado para o lugar de separação.

 

A alma se agarra à esperança de que, ao esperar um pouco, o parente será levado a ver o chamado, e então ambos poderão agir juntos. A fé, no entanto, não pode elevar a natureza ao seu próprio nível, embora, infelizmente, a natureza possa trazer abaixo e impedir o homem de fé. Muitos apelos podem ser levantados para desculpar essa parada no meio do caminho, mas na realidade, isso está colocando as reivindicações da natureza acima do chamado de Deus. Então, como na história de Abraão, Deus pode ter que introduzir a morte no círculo familiar e remover aquele que permitimos nos impedir de obedecer ao chamado de Deus. Assim, foi só quando seu pai morreu que Abraão respondeu plenamente ao chamado de Deus.

 

H. Smith

 

Chamado para Servir 

 

Todas as instruções para o tabernáculo já haviam sido dadas, e o trabalho de edificá-lo estava prestes a começar (Êx 31). Que lição importante há para nós em tudo isso! Nenhum movimento foi feito até que Deus tivesse dito o que deveria ser feito. Ah, se sempre ouvíssemos a Palavra de Deus primeiro, antes de começar qualquer serviço para Ele. Então, quando tivermos ouvido Sua voz nos instruindo, reconheçamos que somente Ele pode nos capacitar a fazer Sua bendita vontade. Tudo provém d’Ele e tudo pela graça.

 

O chamado do Senhor 

Moisés não olhou para o arraial para escolher homens para essa obra. Também não chamou voluntários. Não, o Senhor disse a Moisés quem Ele havia escolhido e capacitado para esse maravilhoso serviço. É uma coisa séria servir ao Senhor, assim como um privilégio abençoado, e “ninguém toma para si essa honra” (Hb 5:4). Somente o Senhor pode chamar, como fez com Bezalel e Aoliabe em nosso capítulo, e como fez com Barnabé e Saulo muitos anos depois (At 13:2). E somente o Senhor pode qualificar, também, como fez com esses homens; mais do que isso, podemos ter certeza de que Ele não chamará ninguém a quem não tenha qualificado (Rm 12:3).

 

Talvez alguns de nossos jovens leitores se perguntem como podemos saber que somos chamados por Deus. Essa é uma boa pergunta, de fato, e desejamos sinceramente que todo filho redimido tenha o desejo de servir ao Senhor. Podemos ter certeza de que, se o desejo está lá e perguntamos ao Senhor, como Saulo de Tarso fez, “Senhor, que queres que faça?” (At 9:6), o Senhor nos revelará Sua mente.

 

Devemos, no entanto, estar humildemente contentes em fazer Sua bendita vontade, não importa qual seja o serviço. Muitas vezes somos como Naamã, que estava disposto o suficiente para fazer alguma grande coisa, mas não o que Deus especificamente pediu. Devemos estar dispostos a ser desprezados e incompreendidos até mesmo por aqueles a quem amamos e procuramos servir, e que provaram isso como o Servo perfeito – o próprio bendito Senhor. Além disso, não devemos ter uma vontade ou pensamento próprio sobre o que deve ser feito, pois não houve nem mesmo o menor detalhe da construção do tabernáculo que tenha sido deixado à sabedoria de Bezalel e Aoliabe. Deus deu instruções sobre todas as coisas, e eles só tinham que fazer o que Deus havia ordenado por Seu servo Moisés. Claro, isso precisava de grande sabedoria, mas não de sabedoria natural. Exigia a sabedoria que só Deus poderia dar, e assim Ele fez, capacitando esses dois homens de uma maneira maravilhosa para seu serviço particular.

 

Seu chamado e não interesse próprio

Nossa oração sincera é para que o Senhor da seara envie muitos mais para os campos maduros da Sua colheita. Que estejamos mais dispostos a ouvir Seu chamado em vez de estarmos ocupados com nossos próprios interesses egoístas. Muitos de nós somos como uma menina que eu conheço, que muitas vezes está tão ocupada com sua própria brincadeira que não ouve sua mãe chamando-a para vir ajudar. Então, quando ela vem, muitas vezes é tarde demais para ser de qualquer utilidade. Que sejamos mais parecidos com o próprio bendito Senhor que disse: “Ele desperta-Me todas as manhãs, desperta-Me o ouvido para que ouça” (Is 50:4). O Senhor tem um trabalho diário, bem como um trabalho permanente para cada um de nós, e o tempo para fazê-lo é curto. Sua vinda se aproxima.

 

Esses dois homens foram cheios do Espírito de Deus por sua obra, e certamente isso é de suprema importância. Barnabé, que mencionamos anteriormente, foi chamado e capacitado. Ele também estava cheio do Espírito Santo, mas infelizmente permitiu que outras coisas entrassem, e o Senhor teve que deixá-lo de lado. Somente aquele que chama e capacita Seus servos pode mantê-los. Que possamos sempre orar, “Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio” (Sl 16:1).

 

H. E. Hayhoe

 

Sofrimentos de Cristo e Chamado ao Sacerdócio

 

Em Hebreus 4, o apóstolo nos mostrou a esfera em que o sacerdócio de Cristo é exercido – a casa de Deus – e as circunstâncias de Seu povo que exigem Seu serviço sacerdotal – a jornada no deserto. Agora Ele nos revela os sofrimentos pelos quais Cristo passou em vista de Seu serviço sacerdotal e do chamado ao ofício sacerdotal.

 

O sacerdócio Arônico

Para desenvolver a bem-aventurança do sacerdócio de Cristo, o apóstolo se refere em Hebreus 5:1-4 ao sacerdócio arônico como estabelecendo princípios gerais quanto ao serviço sacerdotal. Ao mesmo tempo, ele mostra, por contraste, a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o de Arão.

 

Devemos definitivamente reconhecer que esses quatro versículos se referem, não a Cristo e Seu sacerdócio celestial, mas a Arão e ao sacerdócio terrenal. O apóstolo chama a atenção para a pessoa do sacerdote terrenal, o trabalho do sacerdote, as experiências do sacerdote e a nomeação do sacerdote.

 

Sua pessoa 

Quanto à sua pessoa, o sumo sacerdote é tirado “dentre os homens”. Isso está em flagrante contraste com o sacerdócio de Cristo. Verdadeiramente Cristo é Homem, mas Ele é muito mais. O escritor deu testemunho, e ainda o fará, de que o Cristo que é nosso Sumo Sacerdote é nada menos que o Filho eterno.

 

Quanto à sua obra, o sacerdote terrenal é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, e possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados. Aqui está a representação do serviço sacerdotal de Cristo. Como Sumo Sacerdote, Ele age em favor dos homens – os muitos filhos que Ele está levando para a glória – para guardá-los de falhar e mantê-los em uma caminhada prática com Deus. Cristo ofereceu dons e sacrifícios pelos pecados para levar Seu povo a um relacionamento com Deus, e tendo realizado a grande obra que removeu seus pecados, Ele agora exerce Sua obra sacerdotal em intercessão, empatia e socorro em favor de Seu povo ignorante e errante.

 

Experiência pessoal

Quanto às experiências pessoais do sacerdote terrenal, lemos: “também ele mesmo está rodeado de fraqueza. E, por esta causa, deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados”. Aqui há uma analogia parcial e um contraste definido com o sacerdócio de Cristo. É verdade que, nos dias de Sua carne, Cristo foi encontrado em circunstâncias de fraqueza e cercado por enfermidades, mas, em contraste com Arão, Ele era sem pecado, e não se poderia dizer que Ele para Si mesmo fez oferta por pecados.

 

A nomeação 

Quanto à nomeação do sacerdote terrenal, “ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão”. Aqui, novamente, há uma analogia, como somos imediatamente lembrados, com o sacerdócio de Cristo. Ninguém pode realmente tomar o lugar do sacerdote, em qualquer sentido da palavra, que não seja chamado por Deus. A intensa solenidade de negligenciar essa grande verdade é vista no julgamento que alcançou Corá e aqueles associados a ele, que buscavam se estabelecer a si mesmos no sacerdócio sem serem chamados por Deus. Judas nos adverte que na Cristandade haverá muitos que, da mesma maneira, se nomearão sacerdotes sem o chamado de Deus e perecerão na contradição de Corá (Nm 16:3, 7, 10; Jd 11).

 

Aqui, então, temos o caráter do sacerdócio terrenal de acordo com a mente de Deus, e não como ilustrado na história do fracasso de Israel, que termina com dois homens ímpios ocupando o lugar de sumo sacerdote ao mesmo tempo e conspirando juntos para crucificar seu Messias.

 

A glória de Sua Pessoa 

No versículo 5, o escritor passa a falar de Cristo como Sumo Sacerdote. Ele traz diante de nós a grandeza de Sua Pessoa como chamado para ser um Sacerdote, as experiências pelas quais Ele passou para assumir a posição de Sacerdote e a nomeação de Deus para esse lugar de serviço.

 

A glória de Sua Pessoa: Cristo, que é chamado para ser nosso Grande Sumo Sacerdote, é verdadeiramente tirado dentre os homens para exercer Seu sacerdócio em favor dos homens. No entanto, na condição de Homem, Ele é reconhecido como o Filho: “Tu és Meu Filho; hoje Te gerei”. É esta Pessoa gloriosa – Aquele que é verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem, e em Quem a Divindade e a Humanidade são perfeitamente expressas – que é nomeado Sacerdote de acordo com a Palavra

. Quanto ao caráter dessa ordem do sacerdócio, o apóstolo terá mais a dizer. Aqui, o Salmo 110:4 é citado para mostrar não apenas a grandeza do Sacerdote, mas também a dignidade do sacerdócio.

 

As experiências de Cristo

Nos versículos 7-8 a seguir, aprendemos das experiências pelas quais Cristo passou para que Ele pudesse exercer Seu serviço sacerdotal. Quão necessário é que Ele seja a Pessoa gloriosa que é – o Filho – para exercer o Sumo Sacerdócio no céu. Mas era preciso mais. Se for para Ele socorrer e apoiar Seu povo em sua jornada no deserto, Ele mesmo precisa entrar nas tristezas e dificuldades do caminho.

 

Imediatamente, então, o apóstolo recorda “os dias de Sua carne”, quando Ele participou de nossas fraquezas, trilhou o caminho que estamos trilhando, enfrentou as mesmas tentações que temos que enfrentar e foi cercado de enfermidades semelhantes. O escritor se refere especialmente aos sofrimentos finais do Senhor, quando o inimigo que, como alguém disse, “desde o início procurou seduzir Jesus, oferecendo-lhe as coisas que são agradáveis ao homem (Lc 4), estava se apresentando contra Ele com coisas terríveis”. No Getsêmani, o inimigo buscou desviar o Senhor do caminho da obediência, pressionando sobre Ele o terror da morte. Na presença desse ataque, o Senhor age como o Homem perfeito. Ele não exerceu Seu poder divino e expulsou o diabo ou salvou a Si mesmo da morte, mas como o Homem perfeitamente dependente, Ele encontrou Seu recurso em oração e, assim, enfrentou a provação e venceu o diabo. No entanto, Sua própria perfeição como Homem O levou a sentir o terror de tudo o que estava diante d’Ele e a expressar Seus sentimentos em forte clamor e lágrimas. Ele enfrentou a provação em perfeita dependência de Deus, que era capaz de salvá-Lo da morte.

 

Sua piedade 

Em toda essa dolorosa provação, Ele foi ouvido por causa de Sua piedade, que trouxe Deus a todas as circunstâncias por dependência e confiança n’Ele. Ele foi ouvido na medida em que foi fortalecido na fraqueza física, e capacitado no Espírito, para Se submeter a tomar o cálice da mão do Pai. Assim, Ele venceu o poder de Satanás e, embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu. Nós temos que aprender a obediência porque temos uma vontade perversa; Ele, porque Ele era Deus sobre todos os que, desde a eternidade, sempre havia comandado. Muitas vezes aprendemos a obediência pelo sofrimento que trazemos sobre nós mesmos por causa de nossa desobediência, Ele aprendeu a obediência pelo sofrimento implicado por causa de Sua obediência à vontade de Deus. Ele aprendeu por experiência própria o que custava obedecer. Nenhum sofrimento, por mais intenso que fosse, poderia afastá-Lo do caminho da perfeita obediência. Alguém disse: “Ele Se submeteu a tudo, obedeceu em tudo e dependia de Deus para tudo”.

 

Os sofrimentos aos quais o apóstolo se refere estavam nos “dias de Sua carne”, não no dia de Sua morte. Na cruz, Ele sofreu sob a ira de Deus, e lá Ele precisa estar sozinho. Ninguém pode compartilhar ou entrar em Seus sofrimentos expiatórios. No jardim, Ele sofreu com o poder do inimigo, e ali outros estavam associados a Ele. Podemos, em nossa pequena medida, compartilhar esses sofrimentos quando tentados pelo diabo, e assim fazendo, temos toda a empatia e apoio d’Aquele que sofreu antes de nós.

 

Ele foi ouvido em ressurreição

Além disso, nos versículos 9-10, não só Ele foi ouvido no jardim, mas, tendo sofrido, Ele também foi ouvido em ressurreição e aperfeiçoado em glória. Ele toma Seu lugar como o Homem glorificado, de acordo com Suas próprias palavras: “eis que Eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje e amanhã, e, no terceiro dia sou consumado [aperfeiçoado – JND] (Lc 13:32). Nada poderia aumentar a perfeição de Sua Pessoa, mas, tendo passado pelos sofrimentos dos dias de Sua carne, tendo consumado a obra da cruz e tendo sido ressuscitado e glorificado, Ele está perfeitamente preparado para exercer Seu serviço em favor dos muitos filhos a caminho da glória. Sendo aperfeiçoado, Ele é chamado por Deus como Sumo Sacerdote de acordo com a ordem de Melquisedeque. Na encarnação, Ele é chamado para assumir o sacerdócio de Melquisedeque (v. 5); quando ressuscitado e aperfeiçoado em glória, Ele é chamado como tendo assumido o chamado (v. 10).

 

H. Smith (adaptado)

 

A Rendição do Amor 


A rendição presente aqui, em vista do gozo futuro, e a entrada agora naquilo que é invisível e permanente, é uma característica principal do verdadeiro Cristianismo. O amor é a fonte de tudo. O Senhor Jesus Cristo é o Exemplo mais marcante disso. “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de Homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2:6-8). Ele sacrificou tudo para glorificar a Deus. Ele desceu da glória celestial, recusou a glória terrenal, suportou a cruz e desprezou a vergonha, até que o deleite de Seu coração foi cumprido – a vontade de Deus.

 

Ao longo de Seu maravilhoso caminho, a alma d’Esse Homem bendito estava em comunhão com o Seu Pai. E Ele tinha uma comida para comer que nem mesmo Seus discípulos conheciam (Jo 4:32). Ele estava sempre andando na luz de Deus, sempre governado por aquela cena invisível e permanente que O cercava, cheia da glória de Deus. Ele andou aqui como o Homem dependente, completamente sob o controle da Palavra, recusando toda a glória dos homens, com a qual Satanás procurou desviá-Lo de Seu bendito caminho. Ele foi a testemunha perfeita da entrega de Si mesmo, o fruto do amor perfeito, e nos deu o exemplo de que devemos seguir Seus passos.

 

Agora, antes e depois do advento de Cristo neste mundo, temos exemplos fornecidos na Escritura, pelo Espírito, de homens que foram sujeitos ao chamado de Deus e que, total ou parcialmente, de acordo com a medida da fé que tinham, desistiram de coisas aqui em resposta ao chamado.

 

O Cristão também é chamado para fora deste mundo para entrar agora, no poder do Espírito Santo que habita em nós, naquilo que é invisível, permanente e eterno, a cena que está cheia da glória do Filho de Deus. Logo habitaremos lá e desfrutaremos sem impedimentos de Sua bendita presença para sempre, mas a fé, pelo poder do Espírito, a torna uma realidade presente para a alma. É a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem (Hb 11:1 – ARA). E embora não ter afeição natural seja um sinal dos últimos dias (2 Tm 3:3), e não honrar os pais seja contrário tanto à lei quanto ao evangelho, o Senhor disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno de Mim” (Mt 10:37). Portanto, não se deve permitir que os laços terrenais, por mais próximos e queridos que sejam, impeçam nossa resposta de todo o coração ao chamado de Deus.

 

Moisés 

Outro exemplo brilhante de rendição é encontrado em Moisés. Com o passar dos anos, no palácio dos faraós, suas perspectivas eram as mais brilhantes, e em uma certa combinação de eventos, ele poderia, talvez, até ter herdado o trono egípcio, porém, pela fé ele abandonou a posição em que, na providência de Deus, ele se encontrava. Ele “recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível” (Hb 11:24-27). Se ele tivesse raciocinado de acordo com os pensamentos naturais do homem, ou permitido a si mesmo ser governado pelas circunstâncias que o cercavam, ele teria se agarrado à sua posição, raciocinando sobre a ajuda que poderia ser para seu povo. Mas não, ele entrou no verdadeiro chamado de Deus e sem hesitação sacrificou tudo para responder ao chamado. O opróbrio de Cristo era mais precioso a esse coração fiel do que todo o mundo à volta. Com a luz vinda de Deus, ele sabia o que recusar, o que escolher e o que estimar. Ele abandonou tudo e suportou, como vendo Aquele que é invisível. Sua recompensa era tanto presente como eterna. Que o Senhor dê a cada crente que lê estas linhas que as leve a sério, para que possamos nos identificar, a todo o custo, total e intransigentemente, com os interesses de Cristo e de Seu povo neste dia de Sua rejeição.

 

O jovem príncipe

Um exemplo solene da falta de rendição é encontrado no jovem príncipe de Marcos 10:17. Correndo e ajoelhando-se na presença do Senhor, ele disse: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. O Senhor, sabendo que seu coração estava voltado para a riqueza e que desejava uma vida longa para desfrutá-la, o testou com os mandamentos que se referiam ao seu próximo. Ele professou tê-los guardado; mas o décimo mandamento, “Não cobiçarás”, o expôs. Sua retirada, triste e pesarosa, mostrou que ele amava mais os tesouros daqui do que Cristo. O Senhor o amou (v. 21), mas ele não tinha aquela reciprocidade de amor que leva à rendição neste mundo em vista daquele que está por vir. Ele poderia ter tido grandes possessões em e com Cristo para sempre, mas suas “muitas propriedades” dessa cena transitória encheram seu coração. Ele perdeu a oportunidade, e é a última vez que ouvimos falar dele.

 

O apóstolo Paulo 

Por outro lado, é uma bênção nos voltarmos para o caso de Paulo. Em seus primeiros dias de farisaísmo orgulhoso, Saulo de Tarso, cheio de inimizade religiosa contra Cristo, procurou apagar o nome de Jesus de Nazaré da Terra. Mas sendo encontrado em graça desde a glória por Aquele a Quem ele perseguia, quando no auge de sua furiosa carreira, a luz irrompeu em sua alma em trevas, e ele foi abençoadamente convertido a um Salvador glorificado. Imediatamente, em Damasco, em vez de perseguir Seus seguidores, ele O anunciava como o Filho de Deus. Seu coração tinha sido capturado na estrada. E agora, extasiado com Aquele bendito Homem à direita de Deus em glória, toda a sua vida dali em diante, sem reservas, como Paulo, o apóstolo dos gentios, tornou-se dedicado aos Seus interesses na Terra. Ele ficou tão completamente cativado por Cristo, que tudo aqui ficou completamente eclipsado aos seus olhos, e ele pôde escrever aos filipenses cerca de trinta anos após sua conversão: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (Fp 3:7-8). A rendição de Paulo foi maravilhosa. Constrangido pelo amor de Cristo, seu coração respondeu; atraído e controlado pelo amor, no poder do Espírito, ele prosseguiu um caminho reto do início ao fim. Com ele não era vanglória, mas a simples expressão do que era verdade quando ele disse: “para mim o viver é Cristo” (Fp 1:21). Paulo seguiu a Cristo tão de perto que pôde escrever aos santos amados em Filipos: “Sede também meus imitadores, irmãos” (Fp 3:17).

 

Que Deus, em Sua grande graça, assim opere com tanto poder em nossa alma que, constrangidos pelo amor de Cristo, possamos, cada um sem reservas, render nossa vontade, nosso tudo, e a nós mesmos a Cristo, e assim responder no coração e na vida ao chamado de Deus. Somente assim traremos glória ao Seu nome digno de ser glorificado, que rendeu tudo o que Ele poderia sofrer por nós para que pudéssemos ser redimidos a Deus, para sempre, por Seu precioso sangue. Que a rendição do amor nos caracterize, como Seus discípulos, até que Ele venha.

 

E. H. Chater (adaptado) 

 

Misturas e o Chamado de Deus

 

O caminho da Igreja de Deus é um caminho estreito, tanto que a simples percepção moral continuamente não o distinguirá. Mas isso deve ser bem-vindo para nós, porque nos diz que o Senhor cuida para que Seus santos sejam exercitados em Sua verdade e caminhos, não apenas aprendendo os erros e acertos dos pensamentos humanos, mas que eles possam ser preenchidos com a mente de Cristo.

 

Somos lembrados dos servos na parábola do joio. Como homens, os discípulos estavam certos, assim como estavam também os servos daquele campo. Não seria apropriado eliminar o joio? Ao dividir a força do solo com a boa semente, será que o joio seria um obstáculo, enquanto eles mesmos não servem para nada? O senso comum do homem, o julgamento moral correto diria isso, mas a mente de Cristo diz o contrário: “Deixai crescer ambos juntos até à ceifa”. Somente Cristo julgou de acordo com os mistérios divinos. Isso era o que formava a mente do Mestre, perfeita como sempre era, e isso é o que precisa formar o pensamento do santo. Deus tinha propósitos em relação ao campo. Uma colheita estava por vir, e anjos deveriam ser enviados para colhê-la, e então um fogo deveria ser aceso para o joio atado e separado; mas naquele tempo de Mateus 13, não havia anjos trabalhando na colheita no campo, nem fogo aceso para as ervas daninhas, mas tudo era a graça paciente do Mestre. Por enquanto o campo do Senhor não está limpo. Os mistérios de Deus, os pensamentos e propósitos aconselhados do céu, preciosos e gloriosos além de toda medida, exigem isso; e nada é correto, exceto o caminho que é tomado à luz do Senhor no conhecimento dos mistérios do reino dos céus.

 

Cristandade

Nem a Igreja irá para o céu por meio de um mundo purificado, regulado ou adornado, assim como Cristo não foi para o céu por meio de um mundo julgado. Isso precisa ser bem ponderado, pois, o que é a Cristandade? Contradizendo esse pensamento, a Cristandade age para regular o mundo, para manter o campo limpo, para fazer com que o caminho para o céu e a glória passe por um mundo bem ordenado e ornamentado. Ela colocou a espada nas mãos dos seguidores de Cristo. Ela não esperará pela colheita nem entrará em “outra aldeia”. Ela vinga os erros em vez de sofrê-los. Ordena a Igreja nos princípios de uma nação bem regulamentada, e não no padrão de um Jesus rejeitado na Terra. Está cheia dos pensamentos mais falsos, julgando de acordo com o senso moral do homem, e não à luz dos mistérios de Deus. É sábia em seus próprios conceitos.

 

Eu sei muito bem que ali, no meio dela, batem mil corações verdadeiros em seu amor a Cristo, mas, eles não sabem de que tipo de espírito são. Sei que o zelo, se for por Cristo, mesmo que mal direcionado, é melhor do que um coração frio ou uma indiferença quanto aos acertos ou erros feitos ao Senhor. Mas ainda assim, o único caminho perfeito é aquele que é trilhado aos olhos do Senhor, no entendimento dos mistérios de Deus, no chamado de Deus e na direção da energia do Espírito, e não apenas de acordo com a forma ou o ditado moral e pensamentos dos homens. E agora, o chamado de Deus exige que o campo onde está o joio seja deixado sem purificação, que a indignidade dos samaritanos não seja vingada, que os recursos e a força da carne e do mundo sejam recusados em vez de usados. O chamado de Deus também exige que a Igreja alcance os céus, não por meio do julgamento do mundo por suas próprias mãos, mas por meio de um coração que renuncia a ele, e da separação dele em companhia de um Mestre rejeitado.

 

Dispersão 

“Quem Comigo não ajunta espalha” (Lc 11:23), isto é, aquele que não trabalha de acordo com o propósito de Cristo está realmente tornando pior o que já é mau. Não é suficiente trabalhar levando o nome de Cristo: nenhum santo consentiria em trabalhar sem isso; mas se ele não trabalha de acordo com o propósito de Cristo, ele está espalhando. Muitos santos estão agora empenhados em retificar e adornar o mundo, tornando a Cristandade uma casa varrida e adornada, mas esse não é o propósito de Cristo; isso está ajudando e promovendo o avanço do mal. Cristo não expulsou o espírito imundo do mundo. Ele não tem tal propósito no presente. O inimigo pode mudar seu caminho, mas ele é tanto “o deus” e “príncipe deste mundo” quanto sempre foi. A casa é dele ainda, como na parábola (veja Lucas 11:24-26). O espírito imundo havia saído da casa: isso era tudo, ele não havia sido expulso pelo homem mais forte, de modo que seu direito a ela é claro, e ele retorna e tudo o que encontra lá, apenas a tornou mais um objeto para ele. Ele acha a casa varrida e adornada, de modo que retorna com muitos espíritos semelhantes e, assim, torna seu último estado pior do que o primeiro.

 

Mais poderia ser dito, e mais ocasiões apresentadas para apoiar a importante verdade de que o chamado de Deus e Seus propósitos devem ser estabelecidos neste dia da graça de Deus. Contudo, mais um ponto importante deve ser considerado. Muitas vezes entre os santos de Deus vemos uma posição pura mantida com pouca graça espiritual. Quando isso acontece, exige uma profunda repreensão. Certamente “o reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude [poder – ARA] (1 Co 4:20). A posição pode ser totalmente de acordo com Deus, mas a graça divina prática com a qual é cumprida e tratada pode ser escassa e pobre.

 

Tal como aconteceu com Jônatas, Davi o amava muito e, no entanto, ele não era o companheiro de Davi. Mas os companheiros das tentações de Davi às vezes eram uma provação para ele, falando eles em uma ocasião até mesmo de apedrejá-lo, enquanto Jônatas, pessoalmente, era sempre agradável a ele. E, no entanto, o lugar remoto de Davi era, naquele tempo, o lugar da glória, e seus companheiros estavam na posição certa.

 

Posição sem poder 

E assim, neste momento, vemos a mesma coisa ao nosso redor. Não há lição que eu insistiria na atenção de minha própria alma mais do que essa, e acho que posso dizer que a valorizo – posição sem poder, princípios além da prática, zelo sobre a ortodoxia e verdade e mistérios com pouca comunhão pessoal com o Senhor – tudo isso são motivos de constante temor para a alma, sujeitos a igual julgamento e recusa.

 

O chamado de Deus nos separa, mas precisamos do Espírito de Deus para ocupar o lugar de acordo com Deus e  mente dedicada e amorosa. “O sal é bom”; o princípio divino é a coisa boa. Mas o sal pode se tornar insípido. A posição correta ou o princípio divino pode ser entendido e confessado, mas pode não haver poder de vida nisso. Temo mais a indiferença do que a mistura. Eu evitaria Laodiceia mais do que Sardes. Que possamos aprender a lição em ambas as suas características – Sardes, com sua agitação religiosa que lhe deu um nome de que vivia, não servirá; Laodiceia, com seu conforto e satisfação egoístas e frias, não servirá. Sejamos diligentes, mas puros no serviço, usemos os talentos, mas os usemos para um Mestre rejeitado, não procurando nada do mundo que O rejeitou, mas contando com tudo em Sua própria presença num futuro breve.

 

J. G. Bellett (adaptado)

 

Separado para Deus

 

Cada um de nós, que foi chamado por Deus, descobre que está mais ou menos isolado para Aquele que o chamou... Cristo era apartado para Deus.

 

J. G. Bellett

 

Cristo como Sacerdote 


O sacerdócio arônico é caracterizado por expiação e intercessão, o de Melquisedeque é caracterizado por poder e bênção. Cristo é “o Sumo Sacerdote de nossa confissão”, como Cristãos. Ele será, como resultado, “Sacerdote do Deus Altíssimo” – o nome de Deus no Milênio.

 

A ordem de Seu sacerdócio é a de Melquisedeque. Seu exercício atualmente é segundo o padrão ou caráter de Arão, ou seja, de intercessão. Ele foi “chamado” ao sacerdócio pela Palavra d’Aquele que Lhe disse: “Tu és Meu Filho, hoje Te gerei” (Hb 5:5). Isso faz referência a Ele sendo o Filho de Deus, como nascido de uma mulher e nascido no tempo na Terra. Compare Salmo 2:7 e Lucas 1:35. Isso é diferente de Ele ser o Filho eterno de Deus.

 

Ele é estabelecido em Seu sacerdócio, segundo a ordem de Melquisedeque, como tendo subido ao alto depois de ter sido rejeitado na Terra, onde Ele morreu e ressuscitou dos mortos e subiu ao céu. Compare Hebreus 5:6 e Salmo 1.

 

Ele foi aperfeiçoado para Seu ofício sacerdotal (especialmente para Seu exercício atual) “nos dias de Sua carne” por meio de grande clamor e lágrimas e Seu caminho de tristeza e sofrimento. Então Ele subiu ao alto (Hb. 5:7-9; Mc 14:33-40; Lc 22:40-53). Tendo passado por tudo isso, Ele foi “chamado por Deus Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 5:10), quando subiu aos céus. Ali e a partir de então, pela primeira vez, Ele exerceu o Seu sacerdócio de forma prática. Quando Ele vier novamente, Ele o exercerá segundo sua verdadeira ordem, segundo Melquisedeque.

 

F. G. Patterson 

 

Caminhando com Deus

 

Andar com Deus! Oh, comunhão divina!

O estado mais elevado do homem na Terra – Senhor, seja o meu!

Contigo possa eu manter uma estreita comunhão,

A Ti se revelam os profundos recessos do meu coração.

 

Sim, dizer tudo a Ti – cada cuidado e tristeza cansados

Em Teu seio derramar, até que eu encontre alívio;

Oh! Deixe-me andar Contigo, Poderoso!

Apoiar-me em Teu braço e confiar apenas em Teu amor.

 

Todo o meu consolo na Tua mão receber,

Todo o meu talento para a Tua glória dar;

Teu conselho buscar em cada hora difícil,

Em toda a minha fraqueza confiar no Teu grande poder.

 

Oh! Que esta sublime companhia seja minha,

E toda a minha vida por seu reflexo brilhe;

Meu grande, meu sábio, meu Amigo infalível,

Cujo amor nenhuma mudança pode conhecer, nenhuma vez, sem fim!

 

Autor desconhecido


 

“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei

Gênesis 12:1

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