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ÍNDICE
Tema da edição
W. J. Prost
W. J. Prost
Women of Scripture
W. J. Prost
E. Dennett
Women of Scripture
S. B. Anstey
W. J. Prost
G. H. Hayhoe
C. P. H
Mulheres do Novo Testamento
“O seu valor muito excede ao de rubis” (Pv 31:10 – ARF). O que estava no coração de algumas das mulheres mencionadas nesta edição deve ser valorizado muito acima de rubis. Elas tinham devoção individual e pessoal a uma pessoa – o Senhor Jesus Cristo. Lucas registra que “os doze iam com Ele; e algumas mulheres [...] Maria chamada Madalena [...] Joana [...] e Suzana, e muitas outras, que O serviam com os seus bens” (Lc 8:1-3 – ARF). Os discípulos estavam com Ele, mas as mulheres são notadas como servindo a Ele. Um pouco mais tarde, em Lucas 10, está registrado que Maria “assentou-se aos pés de Jesus”. Foi a boa parte, sentar-se em um lugar baixo, a Seus pés e ouvir o que Ele tinha a dizer. Maria estava ocupada com Ele. Quando o irmão dela morreu, Maria esperou que Ele agisse primeiro, esperou até que Ele a chamasse. Quando Ele a chamou, ela se levantou apressada para ir até Ele e, quando O viu, caiu a Seus pés. Sua atenção tenaz e atração de coração eram para Ele. Com Maria Madalena, nenhum poder poderia afastá-la do Objeto de sua afeição. Foi dito com sabedoria: “Nunca tente amar mais ao Senhor do que você o ama – apenas sente-se e reflita no quanto Ele te ama. Isso aumentará o seu amor por Ele”. E qual será o resultado disso? Você causará alegria e satisfação ao Seu coração; como Maria, você terá escolhido a “boa parte” que não lhe será tirada.
Mulheres da Genealogia de Nosso Senhor
No evangelho de Mateus, há quatro mulheres mencionadas na genealogia de nosso Senhor, genealogia que traça a linhagem de nosso Senhor através de Salomão, e, assim, dá a Ele o direito ao trono de Israel. Embora todas essas mulheres tenham vivido na época do Velho Testamento, é interessante encontrar seus nomes no Novo Testamento, visivelmente mencionados em conexão ao nascimento do Senhor Jesus. Há uma instrução real para nós ao considerá-las.
Em primeiro lugar, notamos que pelo menos três delas eram claramente gentias – Tamar, Raabe e Rute. Visto que seu marido Urias era um hitita; Bate-Seba também pode ter sido uma gentia, mas isso não nos é dito nas Escrituras. Isto nos revela o quanto os gentios estavam diretamente envolvidos na linhagem de nosso Senhor e, nesse sentido, o caminho foi aberto para futuras bênçãos aos gentios.
Mas o que é mais impressionante sobre essas quatro mulheres é que cada uma tinha um defeito – seja por causa de seu caráter ou por causa de sua formação. Um autor não inspirado poderia muito bem deixar seus nomes fora do registro divino, pois a genealogia era traçada através dos homens, e pareceria desnecessário mencionar os nomes dessas mulheres, as quais parecem manchar a genealogia de nosso Senhor. No entanto, o Espírito de Deus os incluiu, tanto para nosso encorajamento quanto para a glória de Deus.
Tamar
A primeira a ser mencionada é Tamar, que era a mãe de Perez. Sua história triste e imoral é registrada em Gênesis 38, quando Judá se afunda cada vez mais no pecado. Primeiro, ele se casou com uma filha dos cananeus, que lhe deu três filhos. Então, quando dois desses filhos morreram pelas mãos do Senhor, ele prometeu seu filho mais novo à viúva deles; Tamar, no entanto não cumpriu sua promessa. Por fim, Tamar fingiu ser uma prostituta e concebeu de Judá, que evidentemente não tinha escrúpulos em procurar uma mulher desse tipo. Mas esse não foi o único pecado na vida de Judá, pois ele foi o irmão que sugeriu vender José para o Egito. Ele não era apenas um homem imoral, mas também malicioso e cruel.
Contudo, mais tarde, ficou evidente que Judá foi o mais arrependido de todos os irmãos de José e aquele que se apresentou no Egito para tomar o lugar de Benjamin, quando a taça de prata foi encontrada no saco que pertencia a Benjamin. Nas bênçãos de Jacó (Gn 49:8-12), nenhuma menção é feita a seu pecado, pois o arrependimento e a graça o cobriram. Como resultado, a tribo de Judá se tornou a tribo real.
Raabe
O próximo nome a ser mencionado é o de Raabe, outra mulher imoral, pois ela é constantemente mencionada como “Raabe, a meretriz”. No entanto, o que a caracterizou foi a fé – fé no Deus de Israel e em Seu poder de dar a Israel a terra de Canaã. Ela depositou sua fé n’Aquele de Quem tinha ouvido falar – o Deus que pôde secar o Mar Vermelho e derrotar os poderosos egípcios. Sua fé era forte, e o Senhor a honrou, pois ela também encontrou um lugar na linhagem de nosso Senhor, tendo se casado com o chefe da tribo de Judá.
Rute
Em terceiro, chegamos a Rute, e aparentemente ela tinha um belo caráter. Sua firmeza em voltar para a terra de Israel com sua sogra Noemi, sua confiança no Deus de Israel, sua disposição para sair e colher espigas nos campos, seu cuidado por Noemi – tudo isso fala de uma mulher piedosa e de valor. No entanto, havia um problema, pois a lei afirmava claramente que nenhum moabita deveria entrar na congregação de Israel, não, nem até a décima geração (Dt 23:3). Mas, mais uma vez, a graça entra em ação, pois Rute é aceita na congregação, além e acima da lei. A lei é, com efeito, posta de lado para que a graça possa abundar. Na terceira geração depois dela, seu bisneto está sentado no trono de Israel.
Bate-Seba
Finalmente, chegamos a Bate-Seba e novamente nos encontramos associados ao pecado. Embora a responsabilidade pelo pecado deva ser atribuída a Davi – pecado do tipo mais sórdido – ainda assim Bate-Seba está ligada a ele. Depois que Davi e Bate-Seba cometeram adultério juntos, Davi planejou o assassinato de seu marido Urias, um de seus servos mais fiéis, a fim de tentar encobrir seu pecado. Mais uma vez, encontramos Deus trazendo bênção a partir do pecado do homem, pois o fruto da eventual união de Davi e Bate-Seba foi Salomão, de quem a Escritura registra: “O Senhor o amou” (2 Sm 12:24). O nome Salomão significa “pacífico”, mas seu nome adicional, dado por meio do profeta Natã, foi Jedidias, que significa “amado de Jeová”. Como bem sabemos, Salomão sucedeu a Davi no trono de Israel, e ele era um tipo de Cristo que reinará na glória milenar.
Em todas essas quatro mulheres, vemos o pecado em seu caráter ou em sua formação, mas a graça triunfa sobre todas as coisas. Certamente, tudo isso traz diante de nós as palavras de nosso Senhor: “Eu não vim chamar os justos, mas sim pecadores, ao arrependimento” (Lc 5:32). O céu será ocupado com aqueles que foram pecadores, tanto pela natureza como pela prática, mas que foram purificados pela obra de Cristo na cruz. Sua genealogia exemplifica essa verdade bendita!
W. J. Prost
Maria, a Mãe de Nosso Senhor
Um olhar sobre a vida de Maria, a mãe de nosso Senhor, mostra-nos (para usar as palavras de alguém) “a maravilhosa graça de Deus ao escolher esta pobre mulher para esta indescritível honra, e os frutos dessa graça como foram manifestados nela, na simples e inabalável confiança no Senhor e na sua devota e humilde vida”. O espaço não nos permite entrar em todos os detalhes de sua vida, mas a consideração de algumas experiências não apenas engrandecerá a graça de Deus, mas também servirá como uma instrução prática para nós.
Podemos notar imediatamente que, embora Maria seja claramente mencionada em Mateus, ela tende a desaparecer em segundo plano. É assim que deve ser, pois em Mateus, Jesus é visto como o Rei legítimo. Por exemplo, em Mateus 2, cinco vezes lemos a frase: “o menino e sua mãe”, quando provavelmente teríamos dito: “A mãe e seu menino”. Mas o Espírito de Deus reserva apropriadamente o lugar de destaque para o Senhor Jesus; era Ele quem devia ser adorado e ter o primeiro lugar. Quanto às palavras e ações de Maria, elas são mencionadas apenas em Lucas e João.
Altamente agraciada
Notamos, primeiramente, o encontro de Maria com o anjo Gabriel. Ela “achou graça diante de Deus” (Lc 1:30) por causa de sua santidade e piedade; ela foi “altamente agraciada” (Lc 1:28 – KJV), por causa da graça soberana de Deus que a escolheu para o privilégio especial de ser a mãe de nosso Senhor. Notamos também que sua pergunta ao anjo sobre como tudo isso aconteceria não resultou em nenhuma repreensão, como no caso de Sara, esposa de Abraão, ou Zacarias, o pai de João Batista. O coração de Maria estava certo e, quando a resposta foi dada, sua resposta tranquila foi: “Cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1:38). Maria também recebeu mais informações do que pediu, pois Gabriel também foi encarregado de lhe contar que sua prima Isabel concebeu um filho em sua velhice.
Com o passar do tempo, Maria e José são obrigados a ir a Belém, por decreto do imperador romano, mas tudo isso só cumpre o propósito de Deus de que o Messias nascesse naquela cidade. Mas que rejeição e pobreza acompanharam aquele nascimento maravilhoso! Sem nenhum lugar na pousada, Maria e José foram relegados a um estábulo. Maria certamente estava sendo preparada para o eventual caminho de tristeza e rejeição de seu Filho. Mais tarde, quando O levaram ao templo, para apresentá-Lo ao Senhor, as palavras de Simeão confirmaram isso: “Eis que este Menino está [...] para ser alvo de contradição; também uma espada traspassará a tua própria alma” (Lc 2:34-35 – ARA). O sacrifício oferecido era a oferta dos pobres – “um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc 2:24). José e Maria eram pobres e não podiam comprar um cordeiro.
O laço natural
No entanto, há duas outras coisas que Maria precisava aprender, conforme nosso Senhor amadureceu como uma criança e finalmente entrou em Seu ministério terrenal. Ela precisava aprender que nosso Senhor deve, antes de mais nada, estar envolvido nos negócios de Seu pai. Em segundo lugar, ela deve aprender que seu vínculo natural com Ele, como sua mãe, não lhe deu nenhum direito especial sobre Ele. Aos 12 anos, Ele foi a Jerusalém com Seus pais para celebrar a Páscoa. Quando Seus pais começaram a viagem de volta, sem que eles percebessem, nosso Senhor ficou para trás no templo, ouvindo os doutores da lei e fazendo-lhes perguntas. Quando Seus pais finalmente O encontraram e Sua mãe O repreendeu por fazer isso, Sua resposta a ela foi: “Não sabeis que me convém tratar dos negócios de Meu Pai?” (Lc 2:49). Mais tarde, no casamento em Caná da Galileia, quando não havia vinho, Sua mãe (sem dúvida querendo realmente ajudar na situação), chamou a atenção de Jesus para esse fato. Mas Sua resposta foi: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora” (Jo 2:4). Sabemos que Jesus, de fato, supriu a necessidade, mas Ele deveria fazer isso por ordem de Seu Pai, e não por causa de Sua mãe. Em outra ocasião, quando Sua mãe e seus irmãos não puderam se aproximar d’Ele por causa da multidão, evidentemente enviaram uma mensagem a Ele, desejando vê-Lo. Sua resposta foi: “Quem é Minha mãe e Meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto d’Ele disse: Eis aqui Minha mãe e Meus irmãos. Porquanto qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, e Minha irmã, e Minha mãe” (Mc 3:33-35).
“Eis aí tua mãe”
No entanto, é lindo como isso muda um pouco quando nosso Senhor está na cruz e prestes a morrer. Maria testemunhou Seus sofrimentos naquela cruz e, certamente, como Simeão profetizou, uma espada deve ter traspassado sua própria alma, ao ver tudo o que aconteceu a seu Filho primogênito. Mas agora Jesus assume o caso dela. É verdade que mais de uma vez Jesus se dirige a Sua mãe como “mulher”, mas o Espírito de Deus se refere a ela como Sua mãe (Jo 19:25), e quando Jesus a confia aos cuidados de João, Ele diz: “Eis aí a tua mãe!” (v. 27). Com efeito, Ele transfere para João o relacionamento dela com Ele como Sua mãe e comprova que tinha esse relacionamento na esfera terrenal. Ele não tinha esse relacionamento durante Seu ministério público, mas em perfeita adequação, Ele reconhece o vínculo natural quando está prestes a entregar Sua vida, e Ele cuida dela.
Após a ascensão do Senhor
Vemos Maria pela última vez em Atos 1:14. Ela não apareceu no túmulo, nem na manhã da ressurreição, mas após a ascensão de nosso Senhor, ela foi notada como estando com os apóstolos, com outras mulheres e com os irmãos d’Ele. Isso não diminui de forma alguma o privilégio que ela teve como mãe de nosso Senhor, mas essa honra não se estendeu além desta Terra. Quando Jesus ressuscitou e ascendeu, ela humildemente assumiu o seu lugar ao lado de outros que O honraram e se tornou parte da Igreja. Não ouvimos mais nada dela.
O relato bíblico de sua vida deixa claro, por um lado, que tremendo privilégio ela teve, ser escolhida por Deus para ser a mãe de nosso Senhor. Por outro lado, a Escritura zela cuidadosamente contra qualquer tendência de exaltá-la além disso e fazer dela uma intercessora entre o homem e Deus, ou um objeto de adoração.
W. J. Prost
Maria Madalena
Quando Maria Madalena é mencionada pela primeira vez na Escritura, somos informados de dois fatos notáveis: que o Senhor expulsou sete demônios dela e que ela, com outras mulheres, O serviu com seus bens (Lc 8:2-3). Satanás tinha total controle sobre aquela pobre mulher, o que foi manifestado por sete formas do mal, e ele a manteve absolutamente em seu poder até que Aquele que era mais forte do que o homem forte viesse, e em Seu poderoso amor e poder, Ele removeu as faixas e a libertou do cativeiro. Então ela estava livre para servir e, em resposta ao amor que tanto tinha feito por ela, ela se deleitava em servi-Lo.
O que ela possuía das riquezas deste mundo (antes, sem dúvida, usado para a própria satisfação) era agora dedicado ao Senhor, que conquistou inteiramente a lealdade de seu coração, e era usado para ajudar a suprir as necessidades temporais d’Aquele que, embora sendo rico, tornara-se pobre por causa dela, para que, por meio de Sua pobreza, ela pudesse ser realmente rica. A partir desse momento, ela se tornou definitivamente uma de Suas discípulas, e com os 12 e várias outras mulheres, O seguiu de cidade em cidade e de vila em vila, onde Ele pregou as boas novas do reino de Deus.
Junto à cruz
A maravilhosa vida de Jesus na Terra foi completada; Seu curso aqui terminou, e Jesus, o Salvador, estava morrendo na cruz pelo pecado. Ao longe, contemplando a cena com profunda tristeza, estavam algumas mulheres devotadas que O seguiram desde a Galileia, e das quais Maria Madalena era uma delas. Seu amor e apego ao Salvador, no entanto, talvez tenham superado a aversão natural de testemunhar o sofrimento, e a atração do amor a aproximou, pois João nos diz que ela estava “junto à cruz”.
Temos, cada um de nós, conhecimento do que é ter estado em espírito na posição de Maria, e ali aprendido algo sobre a extensão e a profundidade do amor que levou o precioso Salvador a tal sofrimento – “até a morte de cruz” – por nossa causa? Maria Madalena permaneceu “junto à cruz” até que tudo acabou. Nenhum poder poderia afastá-la do Objeto de sua afeição. Ela ouviu o grito de pavor, por ter sido abandonado por Deus, sair dos lábios do bendito Portador do pecado; o profundamente significativo, “Está consumado” também entrou em seus ouvidos atentos; ela ouviu seu Senhor recomendar Seu Espírito a Seu Pai, e testemunhou a entrega real de Sua vida preciosa, a entrega de Seu Espírito. Que verdades profundas sua alma estava absorvendo!
No sepulcro
Ela estava lá quando o precioso corpo do Senhor foi retirado, envolvido em linho fino por José de Arimateia e colocado em seu sepulcro novo. Maria estava presente no enterro, pois Marcos nos diz que ela viu onde O colocaram. As verdades profundas e de longo alcance sobre a ressurreição puderam ser reveladas a um coração tão devotado como o dela.
Retornando da tumba, ela preparou especiarias doces e óleo de unção, e então descansou durante o sábado. Mas ao amanhecer do primeiro dia da semana ela voltou ao sepulcro para ungir o corpo do Senhor, apesar da grande pedra lacrada que fechava a entrada e das sentinelas colocadas ali para vigiar. O amor é superior a todas as dificuldades, elas não entraram em seu cálculo. Quando chegaram à tumba, no entanto, ela e suas companheiras encontraram a pedra tirada da entrada, dois anjos no controle e os guardas tão impotentes quanto homens mortos. Não havia agora necessidade de perguntar, “quem nos revolverá a pedra”?
Na Sua ressurreição
Maria correu de volta aos discípulos para contar sobre o sepulcro aberto e voltou com Pedro e João, que apressadamente se convenceram de que o Senhor não estava ali e os dois foram embora, mas não Maria; ela continuou chorando, “porque”, como disse aos anjos, “levaram o meu Senhor, e não sei onde O puseram”. Seu coração estava desolado, seu Objeto se foi e a vida não era nada sem Ele. O Senhor está assim guardado em nosso coração? É este mundo um verdadeiro deserto para nossa alma porque Ele não está aqui? Faremos bem em nos fazer essas perguntas.
Sua devoção foi recompensada, pois Jesus, seu Senhor, Se revelou a ela. Ela, como uma de Suas ovelhas, conhecia Sua voz e respondeu com uma exclamação: “Mestre”, quando o simples “Maria” foi falado com tanto amor. Então o Senhor teve mais a dizer e a ela foi confiada a mensagem mais maravilhosa já enviada ao homem. “Vai para Meus irmãos”, disse o Senhor ressuscitado, “e dize-lhes que subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus” (Jo 20:17).
Que relacionamento maravilhoso, os resultados da morte e ressurreição! O Senhor declara que aqueles que O amam e O seguem são Seus irmãos, e os une a Si mesmo no relacionamento com Seu Deus e Pai. Nada pode quebrar tais vínculos estabelecidos pelo Senhor em relação a um sistema inteiramente novo de coisas, onde Ele, em vez de ser renegado e rejeitado, é supremo.
Maria era inteligente quanto a quem eram Seus irmãos, pois voltou para Seus discípulos e disse-lhes “que vira o Senhor e que Ele lhe falara essas coisas”.
Women of Scripture, autor desconhecido (adaptado)
Amor Devolvido
É uma verdade bem conhecida que as Escrituras não nos ocupa com nosso amor a Cristo, mas sim com Seu amor por nós. Alguns de nós se lembram bem de um irmão mais velho, há muito tempo com o Senhor, que costumava nos lembrar: “Nunca tente amar o Senhor mais do que você O ama; apenas pense no quanto Ele te ama!”. Isso é importante, pois a ocupação consigo mesmo de qualquer forma, exceto para julgamento próprio, não honra a Deus e não é o caminho da bênção.
No entanto, há várias passagens bíblicas que, embora não nos ocupem com nosso amor a Cristo, nos lembram do quanto Ele aprecia qualquer resposta em nosso coração ao Seu amor. Um incidente muito precioso diz respeito a Maria de Betânia, quando ela ungiu o Senhor antes de Ele ir para a cruz. O relato é mais explícito em João 12:1-9, mas os relatos em Mateus 26:6-13 e Marcos 14:3-9 são muito provavelmente a mesma ocasião, embora Maria não seja nomeada; ela é simplesmente identificada como “uma mulher”. Talvez isso nos indique que o privilégio de tal ato de adoração não se limitava a Maria, mas pode ser realizado por qualquer crente devoto.
Devemos lembrar que Maria foi aquela (Lc 10:39) que se sentou aos pés de Jesus e ouviu Sua palavra. Da mesma forma, ela era quem mais estava na corrente dos pensamentos de Deus quando seu irmão Lázaro morreu (Jo 11). Quando chegou a hora de o Senhor ir para a cruz, novamente ela foi quem entendeu, talvez mais do que qualquer outro, o que iria acontecer (Jo 12:7). É ela quem responde com verdadeira devoção e, mais do que isso, de acordo com a mente de Deus.
O unguento de nardo
Aparentemente, era costume das jovens solteiras daquela época tentar adquirir um pouco do caro unguento de nardo e guardar para usá-lo no dia do casamento. Era muito caro, pois era cultivado no Himalaia e precisava ser importado. O preço mencionado na Escritura representaria aproximadamente o salário de um ano para um trabalhador. Às vezes era misturado com azeite de oliva, e a noiva o usava como perfume. É mencionado várias vezes em cantares de Salomão a esse respeito.
É provável que Maria estivesse inicialmente reservando sua libra desse unguento para o dia em que ela poderia se casar, mas quando ela viu seu Senhor e Mestre prestes a morrer, ela o usou todo para ungi-Lo. Ao fazer isso, ela reconhece o Senhor Jesus em Seus dois caráteres distintos – como o Rei legítimo e como o Sacrifício pelo pecado. Porque ela sabia que Ele era o Rei legítimo, está registrado em Mateus e Marcos que ela ungiu Sua cabeça, porque ela sabia que Ele sofreria pelo pecado em Sua humilhação, está registrado em João que ela ungiu Seus pés. “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis” (2 Co 8:9). Quando os discípulos não puderam compreender quando o Senhor lhes disse que deveria sofrer e morrer e quando Judas (e talvez outros) se queixaram do desperdício do unguento, Maria compreendeu inteiramente quem o Senhor era e o que deveria fazer. Seu ato exibiu inteligência espiritual e devoção sincera.
O valor de seu ato
Quando objeções ao ato de Maria foram feitas, o Senhor a defendeu de maneira comovente. Os pobres estavam sempre presentes e ninguém sentia por eles como o Senhor. Sempre haveria ampla oportunidade de ajudá-los. Mas aqui estava uma ocasião que não se apresentaria novamente, e Maria aproveitou essa oportunidade. A resposta do Senhor a ela é muito comovente e encorajadora, pois mostra o quanto Ele valorizou seu ato. Ele disse: “derramando ela este unguento sobre o Meu corpo, fê-lo preparando-Me para o Meu sepultamento. Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez para memória sua” (Mt 26:12-13).
O evangelho da graça de Deus estava para ser pregado, como o bendito resultado da obra do Senhor na cruz. O amor de Deus deveria ser mostrado na cruz como nunca, e o coração de Deus revelado como não havia sido no Velho Testamento. “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Qual seria a resposta do homem? É triste dizer que muitos rejeitariam a oferta de misericórdia de Deus e prefeririam permanecer em seus pecados. Mas ainda mais triste, aqueles que aceitariam isso e seriam levados à bênção eterna com Cristo, às vezes deixariam de avaliar o custo envolvido. Com muita frequência, nós, que somos do Senhor, tendemos a reagir como os nove leprosos em Lucas 17, que gostaram de sua cura, mas não tiveram ânimo para voltar e agradecer.
A demonstração da mais profunda gratidão
O ato de Maria não seria necessariamente usado como um testemunho do Evangelho para pecadores perdidos; antes, seria mencionado porque seu apreço pela pessoa do Senhor Jesus e a profundidade de Seu amor por ela despertaram nela a mais profunda gratidão. Seu amor, desfrutado em seu coração, fez com que ela desse o que talvez fosse o bem mais precioso que possuía, para mostrar seu apreço por Seu amor.
Seu ato foi individual, mas foi feito na presença de outras pessoas e, portanto, talvez seja uma imagem da lembrança do Senhor, que Ele mais tarde instituiu. O unguento foi derramado sobre Ele e era para Ele, mas lemos que “encheu-se a casa do cheiro do unguento” (Jo 12:3). Nossa adoração não é para nós mesmos; corretamente, ela flui para Deus por meio de Cristo. Mas todos os presentes sentirão a preciosidade disso, pois tudo o que Cristo é e tudo o que Ele fez transbordará para nosso desfrute também.
O Senhor Jesus era Deus, mas também era um homem perfeito, com todos os pensamentos e sentimentos naturais ao homem, “mas sem pecado”. Ele permanece um homem na glória e aprecia qualquer pequena resposta de nosso coração ao Seu amor. O desfrute de Seu amor em nosso coração certamente produzirá isso, pois “nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4:19 – JND).
W. J. Prost
Dorcas
Tabita, ou melhor, Dorcas, tornou-se conhecida entre os crentes como alguém que ajudava a aliviar o sofrimento dos pobres, provendo algumas de suas necessidades. Vamos examinar sua história e ver que instrução o Espírito de Deus nos propõe.
Boas obras
Primeiramente, notamos que sua atividade não se limitava a vestir os necessitados. “Esta [mulher] estava cheia de boas obras e esmolas que fazia” (At 9:36). Este é um maravilhoso memorial para um santo de Deus. Foi registrado pela infalível pena (ou caneta) do Espírito Santo e, portanto, essas boas obras poderiam ter sido produzidas apenas na energia do Espírito de Deus. É proveitoso nos lembrarmos do que realmente são boas obras. Fomos ensinados sobre o perigo da atividade inquieta e da ocupação com o serviço, e fomos levados a admirar a boa parte que Maria escolheu (Lc 10:42). No entanto, devemos também nos lembrar das palavras de Paulo: “Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens” (Tt 3:8). Os esforços filantrópicos de vários tipos, são frequentemente dignificados com o título de “boas obras” e enganam muitas almas simples; mas as boas obras, aquelas que são feitas diante de Deus, podem fluir apenas do poder do Espírito Santo e, portanto, de acordo com Sua mente e vontade. Elas podem, portanto, ser feitas apenas por crentes, e apenas por crentes animados pelo poder divino e em sujeição à Palavra de Deus.
Rica em boas obras
As “esmolas” de Dorcas e suas boas obras foram registradas. Sem dúvida, isso consistia em ministrar dinheiro ou comida aos necessitados. Paulo, escrevendo a Timóteo, diz: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna” (1 Tm 6:17-19). Dorcas agiu de acordo com essa exortação. Ela era rica em boas obras e estava pronta para distribuir, disposta a comunicar seus bens. “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis” (2 Co. 8:9). Por essa mesma graça, ela se tornou Sua representante no mundo.
Beneficiários
Os objetivos de seu ministério são especificados distintamente. Quando Pedro chegou, o levaram ao quarto alto, e lemos: “todas as viúvas o rodearam, chorando e mostrando as túnicas e vestes que Dorcas fizera quando estava com elas” (At 9:39). Notamos também que essas viúvas são distintas dos santos (v. 41). Pode ser que ela trabalhasse para as viúvas como uma classe e que suas atividades de caridade não fossem dedicadas apenas às viúvas crentes. Como alguém que conhecia o coração e a mente de Deus, ela procurou ministrar às necessidades onde quer que existissem, ao mesmo tempo que possuía as reivindicações especiais da família da fé.
É claro que Dorcas tinha a mente de Deus na obra a que se dedicava. Que serviço poderia ser mais abençoado do que vestir os pobres e alimentar os famintos? O próprio Senhor, no julgamento das nações vivas, quando Ele se sentar no trono de Sua glória, fala desse tipo de coisas como serviços prestados a Si mesmo nas pessoas de Seus “irmãos”. Ele diz: “Tive fome, e destes-me de comer [...] nus, e vestistes-me” (Mt 25:35-36). Isso, como Ele explica, quando foi feito a um dos menores de Seus irmãos, foi feito a Ele mesmo. Quão indizível, então, o privilégio de alimentar e vestir Cristo na pessoa de um de Seus membros!
Obra individual
Várias lições podem ser aprendidas com o relato de Dorcas. Em primeiro lugar, deve-se observar que o trabalho de Dorcas era individual. Não há o menor vestígio de associação com outras pessoas. Evidentemente, foi o serviço especial para o qual o Senhor a havia chamado e ao qual ela se rendeu de boa vontade. Seu exemplo não pode, portanto, ser citado para nada além de sua linha individual de serviço. Nada é mais abençoado na atividade Cristã do que a comunhão, a comunhão no Senhor. Mas o grande perigo de um dia como o que vivemos é a associação, associação com outros para alcançar um objetivo por meio da energia da cooperação, e não no poder do Espírito. Satanás muitas vezes consegue dessa forma sujeitar até mesmo o que poderia ter sido, no início, a ação do Espírito de Deus. O Senhor pode ter colocado algum pensamento especial de serviço sobre o coração de alguém do Seu povo. No entanto, em vez de seguir em frente à sua realização no poder d’Aquele que o chamou, o esforço é muitas vezes feito para associar outros a ela, ou mesmo para formar uma sociedade para o fim em vista. Sem demora, o serviço, mesmo que externamente próspero, está no caminho do fracasso. Moisés pode muito bem ser um aviso para nós aqui. Ele reclamou com o Senhor que o fardo do povo era muito pesado para ele. O Senhor permitiu que ele tivesse 70 homens, mas Ele tomou do Espírito que estava sobre Moisés e colocou sobre os 70 (Nm 11:11-17). Não houve ganho de poder pela associação, pois o Senhor tinha dado a Moisés todo o poder de que precisava para realizar a obra que lhe fora designada. O serviço é acentuadamente individual, pois cada servo é individualmente responsável diante do Senhor. Ele não pode se submeter a subordinar suas convicções às de outros, ou procurar andar no nível da fé de outros (seja ela superior ou inferior).
Tempo livre
Em segundo lugar, esta história proporciona uma distinta orientação para irmãs quanto a ocupação do tempo livre em suas casas. Deve-se notar muito especificamente que, se Dorcas dedicava algum tempo em trabalhos sofisticados (e certamente ela tinha liberdade para fazê-lo), os resultados de seu trabalho nessa direção não são mencionados. São “as túnicas e as vestes” apenas que encontram lugar na Palavra de Deus, nos ensinando que são trabalhos desse tipo que lideram a aprovação do Senhor. Sua perda foi tão intensamente sentida pelos discípulos que mandaram chamar Pedro, “rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com eles”. O apóstolo vai e lhe é permitido restituir-lhe a vida, e “chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva” (At 9:41). Assim, o Senhor interpôs-Se ao clamor de Seu povo e confortou o coração de todos.
Cristo o Objeto
Uma última instrução pode ser adicionada, a saber, que o trabalho de Dorcas era feito para casos de necessidade. Há algum perigo de buscarmos nos gratificar no ministério do caráter de Dorcas, de dedicar nossos esforços em casos selecionados, ou de preferir aqueles que nos enalteçam de uma forma ou de outra, de modo que muitas vezes acontecerá que as necessidades de alguns dos pobres santos são abundantemente atendidas, enquanto as de outros são quase totalmente negligenciadas. O antídoto é ter o próprio Cristo diante de nós como o Objeto de nosso ministério, lembrando que, assim como não foi nosso mérito, mas nossas necessidades que levaram Seu coração a nos servir, da mesma forma, o único incentivo para nosso ministério amoroso para com os Seus deveria ser suas necessidades. Em outras palavras, todo o nosso serviço deve ser realizado pelo amor de Cristo que nos constrange. É possível doar todos os nossos bens para alimentar os pobres e ainda assim não ter o amor divino (1 Co13) e, portanto, sem qualquer inspiração do coração de Cristo. Cristo deve ser o motivo, Cristo deve ser o objeto, e Cristo deve ser expresso em todo o nosso serviço.
E. Dennett, The Christian Friend, 1881(adaptado)
Lídia
Em Atos 16:13, aprendemos que fora da cidade de Filipos, às margens de um rio, a cada sábado, algumas mulheres se reuniam para orar. A margem de um rio era o lugar favorito para esse propósito, onde não havia sinagoga, e essas mulheres orando eram evidentemente judias, embora a própria cidade estivesse mergulhada na idolatria pagã.
Entre elas estava Lídia de Tiatira, uma vendedora dos produtos ricamente tingidos pelos quais sua cidade natal era famosa. Ela era uma mulher grega, mas havia se tornado uma adoradora do Deus de Israel.
Como consequência da visão de um macedônio clamando por socorro, o apóstolo Paulo, acompanhado por Silas e aparentemente também pelo médico Lucas e por Timóteo, tinham chegado a Filipos, sendo os portadores do “evangelho da glória” recebido diretamente do ressuscitado e exaltado Senhor. Ouvindo falar do lugar de oração, eles se juntaram ao pequeno grupo de mulheres à beira do rio e sentaram-se e conversaram com elas sobre as coisas de Deus.
Um coração aberto
Lídia ouviu e, ao ouvir, o Senhor a capacitou a receber a mensagem divina de amor e graça. Nas belas palavras expressivas da Escritura, a obra em sua alma é descrita assim: “Cujo coração o Senhor abriu”, e o resultado foi que “ela atendeu às coisas que eram faladas por Paulo” (v. 14 – KJV). Ela estava pronta e desejosa de aprender, e o Senhor viu que ela não perdeu a oportunidade. O Senhor tinha Seus olhos no pequeno grupo de santos que mais tarde estariam sendo um testemunho para Sua glória nesta mesma cidade, e uma fonte de grande alegria e ânimo para o amado apóstolo. Lídia seria um deles, e essa era sua preparação.
Que bênção inestimável é ter “um coração aberto”, aberto pelo próprio Senhor e, portanto, apto para receber e atender às comunicações divinas! Quando o coração de Lídia foi aberto, ela atendeu às coisas faladas por Paulo, e isso é significativo.
Muitas “coisas que foram faladas por Paulo”, e ditadas a ele pelo Espírito de Deus, ainda estão registradas, transmitidas a nós na Escritura da verdade. Temos atendido a elas como comunicações de Deus para nós? Elas estão cheias de verdades maravilhosas, profundas e perscrutadoras, especialmente encorajadoras e necessárias nestes dias finais da história da Igreja na Terra, para todos aqueles que, por possuírem coração aberto, desejam atender com inteligência e com verdadeira afeição à vontade do Senhor por Sua própria vontade. Lídia pode ter tido apenas esta oportunidade, durante a estada do apóstolo na cidade, de ouvir o que estava no coração de Deus para ela, mas ela aproveitou ao máximo.
A casa aberta
Ela foi batizada com toda a sua casa; isto é, ela definitivamente e publicamente se identificou com a morte de Cristo, se colocando, bem como tudo o que possuía, sob o controle do Senhor; então, ela suplicou aos servos do Senhor (“constrangendo-os” – uma palavra forte que significa que ela não aceitaria uma recusa) que fossem à sua casa e permanecessem lá. Porém, havia uma condição, se eles a julgassem fiel ao Senhor, e evidentemente o fizeram. Que triunfo da graça!
Ela tinha sido uma pagã, mas o Senhor entrou em seu coração. Ela ouviu as comunicações de Deus por meio de Paulo; ela as atendeu e definitivamente se vinculou aos interesses do Senhor. Ela possuía o controle d’Ele sobre si mesma e sobre todos os seus, desejava sinceramente ser fiel a Ele e, consequentemente, abriu sua casa aos Seus servos. Fizemos tanto progresso espiritual quanto Lídia?
A oposição de Satanás
Uma verdadeira obra de Deus foi iniciada naquela cidade, então Satanás não poderia deixar que fosse comodamente realizada. Ele tentou corromper a obra com astúcia por meio do testemunho de um espírito maligno que possuía uma jovem, que repetidamente proclamou que os apóstolos eram os servos do Deus Altíssimo.
Paulo teve discernimento espiritual para detectar que isso foi dito para exaltá-los e, se permitisse, misturaria o que era de Deus com o mal. Já que aquilo que a jovem possuída afirmava era verdade, que eles eram os servos do Deus Altíssimo (e eram, apenas o tempo foi antecipado, sendo este o nome milenar de Deus), o espírito maligno teve que se submeter ao poder ali presente sendo repelido. “Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu” (At 16:18).
Seguiram-se perseguição e prisão para os servos de Deus, mas isso deu fruto, na conversão e batismo do carcereiro e de sua família, outro triunfo sobre o poder de Satanás exercido contra a verdade de Deus.
O resultado da perseguição
O resultado do ódio e do tumulto por ele levantado como último recurso foi muito marcante. Primeiro, Paulo e Silas cantaram louvores a Deus. As vítimas do ódio de Satanás estavam regozijando e exultantes. Segundo, as portas da prisão estavam rompidas, abertas pela intervenção de Deus. Terceiro, o carcereiro e sua família foram eternamente abençoados. Quarto, os magistrados foram obrigados a vir como suplicantes aos apóstolos. Satanás estava inconfundivelmente frustrado.
Como tudo isso afetou Lídia? Toda a oposição e perseguição abalaram sua fé? Ao contrário, Paulo demonstrou a maior confiança nela e, de fato, julgou-a fiel ao Senhor, pois, sendo libertados da prisão, ele e Silas imediatamente foram para a casa dela, onde tiveram a certeza de que seriam acolhidos. Então, depois de ver e consolar os irmãos, eles iniciaram sua jornada para Tessalônica.
Seria bom questionarmos se nós, como esta devota mulher de Deus, seríamos igualmente julgados fiéis ao Senhor. Nós, como Lídia, abrimos coração e lar? “Considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hb 13:7 – ARA).
Women of Scripture (autor desconhecido)
Febe Nossa Irmã
O capítulo final de Romanos (capítulo 16) é uma carta de recomendação para uma irmã chamada “Febe”, juntamente com saudações a vários irmãos em Roma. Inclui uma advertência para que se afastassem de pessoas que causavam divisão e que poderiam enganá-los, e termina com uma doxologia[i] que une as duas partes do ministério de Paulo como sendo o meio de estabelecer os santos em toda a verdade de Deus.
Nos versículos 1-2, Paulo escreve: “Recomendo a você Febe, nossa irmã, a qual é ministra da assembleia que está em Cencreia” (JND). Essa carta de recomendação apresentou formalmente Febe à assembleia em Roma. Ela estava viajando de Cencreia (o porto de Corinto, a três quilômetros de distância) para Roma por algum “assunto” pessoal e provavelmente era a portadora da carta.
O uso de tais cartas era uma prática comum entre os irmãos na igreja primitiva (At 18:27; 2 Co 3:1). A existência delas mostra o cuidado que tiveram na comunhão entre as assembleias. Havia perigos que ameaçavam a comunhão dos santos, e eles precisavam ter cuidado a quem recebiam, tanto no nível pessoal (1 Tm 5:22), quanto coletivamente como assembleias (At 9:26-28). Falsos irmãos estavam assumindo a profissão Cristã com má doutrina e práticas profanas, e estavam corrompendo os santos (2 Co 11:12-15; Gl 5:7-12; 2 Pe 2:1; 1 Jo 4:1-6; Jd 4). Em vista desse perigo, a comunhão dos santos não era aberta, nem fechada, mas protegida. Esse cuidado ainda deve ser usado entre as assembleias Cristãs que procuram estar reunidas segundo as Escrituras. Na verdade, visto que a corrupção na profissão Cristã é maior hoje do que nunca, esse cuidado é necessário mais do que nunca. Se uma pessoa em comunhão à mesa do Senhor vai a uma assembleia onde é conhecida, é bom ter uma carta, mas não é necessária (2 Co 3:1-3). Mas se uma pessoa está visitando uma assembleia onde não é conhecida, uma carta de recomendação deve ser usada.
Uma ministra da assembleia
Podemos nos perguntar o que essa irmã estava fazendo atuando como uma “ministra da assembleia” em Cencreia, quando a Escritura ensina que as irmãs não devem ministrar publicamente segundo a Palavra de Deus e ensinar na assembleia (1 Co 14:34-35; 1 Tm. 2:11-12). No entanto, essa pergunta reflete um mal-entendido comum. O problema é que o pesquisador está tentando entender a passagem usando os significados convencionais (comumente aceitos) que os homens atribuíram aos termos bíblicos. É triste dizer, mas a Cristandade atribuiu significados antibíblicos a muitos termos bíblicos, e essas ideias foram popularizadas e aceitas pelas massas. Mas isso gerou muita confusão. Ter nossa mente tingida por esses pensamentos antibíblicos torna difícil aprender o verdadeiro significado de uma passagem.
No exemplo que temos diante de nós, é um erro pensar que um ministro é um clérigo (um suposto pastor que lidera uma congregação de Cristãos). Dentro do significado da Escritura, um ministro é uma pessoa (homem ou mulher) que realiza um serviço para o Senhor em coisas espirituais (At 6:4; 1 Pe 4:11) ou temporais (Mt 10:41-42; At 6:2-3; 13:5; 19:22; 1 Tm 3:10). Visto que uma irmã, de acordo com a ordem na Escritura, não deve ministrar a Palavra de Deus publicamente na assembleia, Febe deve ter ministrado à assembleia nas coisas temporais. Alguém afirma em sua tradução de nota de rodapé que a palavra pode ser traduzida como “diaconisa”, que é uma serva que serve nas coisas temporais. Ela pode ter varrido o chão da sala de reuniões onde os santos se reuniam em Cencreia, ou algo assim. Ela não teria estado no cargo oficial de diácono porque esse deveria ser preenchido por homens (1 Tm 3:8-13). Visto que Paulo afirma que ela tinha “socorrido a muitos”, é possível que tivesse o dom de “ajudadora” (1 Co 12:28 – JND).
S. B. Anstey
Febe
O nome de Febe (escrito Phoebe na tradução JND) é mencionado apenas uma vez na Palavra de Deus, mas aprendemos um pouco sobre ela pelos comentários que Paulo faz em relação a ela. Evidentemente, ela foi comissionada, como serva da igreja em Cencreia, para levar a carta aos Romanos por meio dela para a Itália. A carta também serviu como carta de recomendação dela para os reunidos em Roma. A carta foi escrita em Corinto, e Cencreia ficava perto de Corinto, embora provavelmente um lugar muito menor. Do conteúdo de Romanos 16:1-2, aprendemos pelo menos quatro coisas sobre Febe.
Quatro coisas
Primeiro de tudo, Paulo se refere a ela como “nossa irmã”. Mesmo sendo de Cencreia, ela evidentemente teve uma verdadeira comunhão com Paulo e outros durante sua estada em Corinto. Nenhuma visita de Paulo a Cencreia está registrada na Escritura, mas Paulo deve tê-la conhecido bem, e ela foi, sem dúvida, um encorajamento para ele.
Segundo, está registrado que ela era uma ministra “da assembleia que está em Cencreia” (Rm 16:1 – JND). Os detalhes do que ela fez não estão registrados, mas ela era claramente aquela que colocava os interesses dos outros acima dos seus e que estava pronta para ocupar um lugar inferior, como uma serva. Nisso ela exemplifica o caráter que foi elogiado por nosso Senhor Jesus, que disse: “O maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como quem serve […] Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve” (Lc 22:26-27). Quão valiosos esses santos são na assembleia local!
Terceiro, dela é dito que “socorria a muitos” (Rm 16:2). A palavra “socorrer” significa ajudar, mas talvez com os significados adicionais de confortar, apoiar e fornecer alívio. Sem dúvida, sua ajuda deve ter sido sentida entre os reunidos na assembleia de Cencreia, e talvez em outras assembleias também, mas a expressão “socorria a muitos” talvez nos levasse a crer que sua ajuda se estendia fora dos conhecidos como santos. A Escritura nos diz: “façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6:10). É ir além do que está escrito na expressão “a muitos” presumir que sua ajuda e conforto eram para “todos os homens”?
Ora, a última frase neste contexto, é um toque muito pessoal, e nos dá uma quarta qualidade que aprendemos sobre Febe. Paulo diz “ela tem sido a socorrista de muitos, e de mim também” (Rm 16:2 – JND). Paulo foi solteiro durante toda a vida, embora ninguém tivesse uma visão mais elevada das mulheres do que ele. Febe provavelmente era solteira também, e o Senhor a usou para ajudar e encorajar Paulo, que não tinha esposa para fornecer o que apenas uma mulher pode fazer, em tempos de dificuldade. Como disse alguém: “Em tais momentos de dificuldade para Paulo, e com ‘o cuidado de todas as igrejas’ em seu coração, quem estaria mais hábil em perceber, mais diligente para acalmar, do que alguém com a rica e variada experiência e os instintos femininos de Febe?” Como Paulo deve tê-la apreciado!
Novamente, não se fala muito sobre Febe, mas o que está registrado fala alto. Seu exemplo certamente encorajou muitas mulheres a imitá-la!
W. J. Prost
A Mãe de Timóteo
Vemos outro caso da importância de uma mãe piedosa em relação a Timóteo. Fiquei surpreso quando li que sua avó era Lóide, que sua mãe era Eunice e que Eunice era casada com um grego. Pensei: “Que tristeza deve ter sido para Lóide, quando sua filha se casou com um gentio!” Talvez ela possa ter pensado: “Está tudo acabado agora, porque ela se casou com um gentio. Que bênção posso esperar em casa?” Bem, parece que nos caminhos de Deus, Eunice foi muito fiel, e ela procurou criar seus filhos para agradar ao Senhor. Não nos é dito se o pai de Timóteo era ou não um homem de fé, mas vemos como a importância da mãe emerge. E devo dizer aos pais aqui, que talvez você tenha visto um de seus filhos cometer um erro e se casar com alguém que os decepcionou muito: Continue orando... continue orando. O Senhor veio por aquela mãe e seu filho. Timóteo nasceu e revelou-se uma pessoa maravilhosa no Novo Testamento, alguém para quem Paulo escreveu duas cartas e alguém que andava em grande piedade. Quão maravilhosos são os caminhos de Deus! Como Ele se agrada em abençoar, apesar de nosso fracasso. Mas somos informados sobre a fé que habitou primeiro em Lóide, e depois em Eunice, e estava também em Timóteo.
G. H. Hayhoe (adaptado)
Poema:
A Fé das Quais Imitai
Cada uma delas é retratada fracamente, Irmãs queridas de séculos passados; Em cenas comoventes registradas eternamente; Em atos amorosos e devoção dispensados.
Junte-se aos enlutados por Dorcas chorando, Admirando as roupas que ela fez; Veja Febe sua viagem preparando Indo a Roma em seu cuidado desta vez.
Poderia eu visitar Maria em seu recinto! Perguntar a ela o que aos pés do Senhor aprendeu! Ou falar com Priscila, em Corinto, Em sua casa, onde a tantos irmãos recebeu?
Lídia, à beira do rio ajoelhada, Em uma cidade de ídolos e contendas; Lóide e Eunice, em sua fé compartilhada Mostrando a Timóteo a direção em suas sendas.
Espírito manso, atitude cordial, Irmãs em seus vários caminhos andando [...] Não esperariam de seus atos um alcance tal - no século vinte e um, ainda nos ensinando!
C. P. H. (adaptado)
“O seu valor muito excede ao de rubis”
(Provérbios 31:10 – ARF)
[i]N. T. Doxologia: Provém do grego doxologia, (doxa “glória” + logia “palavra”) referindo-se à expressão oral ou escrita. Portanto, “doxologia” é uma expressão oral ou escrita de louvor e glorificação.
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