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ÍNDICE
Bible Student
W. J. Prost
Christian Truth
W. Kelly
W. J. e C. P Prost
G. C. Willis
Autor Desconhecido
J. C. Bayley
Autor Desconhecido
R. Beacon
Leia, Raquel, Joquebede e Miriã
Ao refletir sobre uma lista de santos do Velho Testamento, encontramos todas as classes e caráteres associados e nos perguntamos que vínculo há entre eles. Eles nada conheciam com clareza a respeito do valor do sangue de Cristo, mas tinham algo em comum, todos eram filhos da fé. Todos creram em Deus, não creram à respeito d'Ele, mas creram n’Ele como Pessoa e no que lhes havia dito. Fé é a ponte sobre a qual todos passaram do tempo para uma eternidade gloriosa. Sugerimos, como um estudo interessante, que os motivos pelos quais cada um foi mencionado na lista sejam pesquisados e classificados. Aqueles cuja fé é registrada podem ser colocados em uma lista, enquanto aqueles cujas obras ou vida indicariam uma nova vida em uma segunda lista. Esse estudo fornece uma visão dos princípios fundamentais do caráter divino que sempre permanecem os mesmos.
A seguir, algumas mulheres que colocamos em nossas duas listas. Cinco que colocamos em nossa primeira lista são Sara, Joquebede, Raabe, Ana e Hulda. Colocamos os doze seguintes em nossa segunda lista: Eva, Agar, Rebeca, Raquel, Leia, Sifrá, Puá, Miriã, Rute, esposa de Finéias, Abigail e Ester.
Bible Student 1882, Vol. 2 (adaptado)
Raquel e Leia
Caráter da família e graça
Em uma edição anterior de ‘O Cristão’ (setembro de 2019), consideramos o caráter da família de Rebeca, que foi passado para seu filho mais novo, Jacó, por ela. Ao olhar cronologicamente para as mulheres na Escritura, encontramos Raquel e Leia, que faziam parte da mesma família. Elas se tornaram esposas de Jacó, mas na verdade eram suas primas de primeiro grau, filhas do irmão de Rebeca, Labão. Eles também exibem esse caráter da família, e é instrutivo ver como ele é exibido.
A história é bem conhecida de como Jacó foi obrigado a deixar sua casa para escapar da ira de seu irmão Esaú, a quem enganou para obter a bênção pertencente a ele como filho mais velho. Ele foge para Harã, para o irmão de sua mãe, e se apaixona por sua filha mais nova, Raquel. Ele faz uma barganha com Labão para trabalhar para ele por sete anos para ter Raquel, de quem a Escritura diz que era “de formoso semblante e formosa à vista” (Gn 29:17). De sua irmã mais velha, Leia, a Escritura diz: “tinha olhos tenros [ou enfermos]” (Gn 29:17).
Esquemas e decepções
Aqui começa uma triste história de esquemas e decepções da parte de Labão, mas com permissão da parte de Deus para ensinar a Jacó uma lição muito necessária. No entanto, estamos lidando aqui com Raquel e Leia. Depois de trabalhar por sete anos, Jacó reivindica Raquel como sua esposa, mas, para obter outros sete anos de trabalho “gratuito” de Jacó, Labão entrega Leia a Jacó – um truque que ele não descobre até a manhã seguinte ao banquete do casamento, porque Leia estava, sem dúvida, velada na cerimônia de casamento. Embora possamos entender a obediência que Leia poderia ter sentido que devia a seu pai, ela deve ter participado desse esquema cruel e poderia ter alertado Jacó antes que o casamento fosse consumado. Tudo isso dá frutos tristes mais tarde, pois ela e sua irmã Raquel estão evidentemente afastadas do pai, novamente devido à avareza dele. Muitos anos depois, quando Jacó propõe que eles deixem Harã, elas respondem: “Não nos considera ele como estranhas? Pois vendeu-nos e comeu todo o nosso dinheiro” (Gn 31:15). O relacionamento normal entre o pai e elas havia sido prejudicado por relações avarentas da parte de Labão.
Raquel
No caso de Raquel, seu caráter é, de certa forma, pior que o de Leia. Embora ela tenha conquistado o coração de Jacó com sua beleza física, permaneceu um aspecto pecaminoso de seu caráter que se manifestou em mais de uma ocasião. Quando o Senhor abençoou Leia com filhos, Raquel, vencida pela inveja, culpou o marido pela falha dela em conceber. Então, depois de dar a Jacó sua serva, Bila, que teve dois filhos, seu comentário foi: “Com lutas de Deus, tenho lutado com minha irmã e também venci” (Gn 30:8).
Mais tarde, ela é culpada de um pecado muito maior, pois quando Jacó e sua família secretamente fugiram de Labão escondido, ela roubou os deuses pagãos pertencentes a seu pai. Aqui estavam dois pecados graves: valorizar imagens pagãs em vez de adorar o Deus verdadeiro e roubá-las de seu pai, possivelmente na tentativa de ‘equilibrar as contas’ das injustiças de Labão contra ela. Mas outro pecado estava por vir, pois mais tarde, quando Labão perseguiu Jacó e o acusou de roubar esses deuses, Raquel mentiu para ele, escondendo-os na albarda de um camelo e sentou-se sobre eles. Jacó havia pronunciado uma sentença de morte àquele com quem esses deuses fossem encontrados, sem saber que sua amada Raquel era a culpada. Sem dúvida, eles foram descobertos mais tarde, pois encontramos Jacó diante do Senhor para tratar sobre o assunto e, finalmente, dizendo à sua família: “Tirai os deuses estranhos que há no meio de vós” (Gn 35:2).
Se houve algum arrependimento da parte de Raquel, isso não está registrado na Escritura, e não podemos deixar de sentir que a morte subsequente no parto pode muito bem ter sido o governo de Deus sobre ela. No entanto, o evento foi evidentemente usado por Deus para restaurar Jacó, pois enquanto Raquel chamava o filho de Benoni (filho da minha tristeza), Jacó o chama de Benjamin (filho da mão direita).
Leia
Em toda essa demonstração de caráter pecaminoso da família, também vemos a graça de Deus sendo demonstrada. Deus estava de olho não apenas em Jacó, mas também em Leia e Raquel. Leia, a pessoa que fez parte do engano de Labão e que mais tarde luta desesperadamente com Raquel pela afeição de Jacó, é mãe de seis filhos de Jacó e também de sua filha Diná. Entre seus filhos está Judá, o pai da tribo real, que nos mostra um exemplo de pecado extremo, mas depois do maravilhoso arrependimento e restauração. Isso apenas acrescenta a Leia como uma figura da Igreja, que não foi a primeira a ser escolhida por Deus (no tempo), mas a primeira a ser trazida à bênção com base na graça. Ela não tem o apelo natural de Israel, pois lemos em 1 Coríntios 1:26: “Vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados”. Não, pois “Deus escolheu […] as coisas fracas do mundo” e “coisas vis” e “as desprezíveis” (vs. 27-28) para formar Sua Igreja. Mas tudo isso abunda apenas para a glória de Deus.
Figura de Israel
No entanto, Deus não Se esqueceu do Seu povo terrenal. Raquel, uma figura de Israel, também entra em bênção com base na graça. Israel não é obrigado a sofrer a penalidade total de sua idolatria e mentira, mas é perdoado. Os dois filhos dela são figuras de Cristo. José, o primogênito dela, é provavelmente a figura mais bela de nosso Senhor Jesus no Velho Testamento, sofrendo injustamente de sua própria família e também dos gentios, mas depois elevado para ter uma glória ainda maior entre os gentios. Benjamin também é uma figura de Cristo, mas no caráter daquele que realizará julgamento na Terra num dia vindouro. Assim, nas bênçãos de seus filhos, Jacó poderia dizer a respeito de Benjamim: “Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã, comerá a presa e, à tarde, repartirá o despojo” (Gn 49:27). É por essa razão que José e Benjamim são reunidos nessas bênçãos de Jacó, pois juntos completam a figura de Cristo. Primeiro, Ele deve sofrer e depois ser exaltado, mas depois deve julgar antes de poder reinar em justiça.
Raquel, a primeira amada na Terra, recebe bênção depois de Leia, uma figura da Igreja, mas ambas são finalmente abençoadas puramente no terreno da graça. Neste dia da graça de Deus, o pecado delas é um aviso para que não deixemos que um caráter pecaminoso da família ofusque nossas vidas, enquanto em suas bênçãos vemos a graça de Deus superabundando, pois “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5:20).
W. J. Prost
Os Filhos de Leia
Israel, que era a noiva de Jeová (“Teu Criador é teu marido” – Is 54:5), justa pela generosidade que Ele lhe impusera, mostra-se estéril e sem fruto para Deus, e é praticamente deixada de lado. “Lo-ammi” (isto é, “não é o Meu povo”) está escrito sobre ela. Isso é tipificado em Raquel, uma das esposas de Jacó.
Leia, a odiada, é figura da Igreja em seu aspecto de ser reunida dentre os gentios – é então trazida à bênção e fecundidade, sua reprovação é retirada, e ela que não obteve misericórdia, agora obtém, misericórdia, por assim dizer. O resultado nos nomes de seus filhos conta sua própria história de graça soberana.
Rúben
Seu primogênito traz à tona uma coisa inteiramente nova nos tratos de Deus: Rúben significa “veja” ou “eis um filho”. O dia da servidão já passou, os servos não vão mais possuir a casa. “Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus” (1 Jo 3:1). Os servos mataram o herdeiro, e agora o Filho havia entrado e dado a liberdade da casa, com o título e o privilégio de filhos, a todos os que O recebiam. Não temos mais “espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor”, mas “o espírito de adoção de filhos” é nosso, pelo qual clamamos: “Abba, pai”. Este é o seu lugar e o meu, amado, pois a “plenitude dos tempos” chegou. Deus enviou Seu Filho, e não somos mais servos, mas filhos, e se filho, então herdeiro de Deus por meio de Cristo (Gl 4:4-7).
Simeão
Quão docemente seu próximo filho continua a história da graça e nos conta como somos levados a este lugar privilegiado. Ela teve outro filho e lhe deu o nome de Simeão que significa “ouvindo”, assim Paulo pergunta: Foi por obras da lei ou pelo ouvir da fé (Gl 3:2 – KJV) que recebestes o Espírito? Pelo “ouvir da fé”, certamente, então a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm 10:17). “Quem ouve a Minha Palavra e crê n’Aquele que Me enviou tem a vida eterna” (Jo 5:24). Simeão é figura do princípio de ação de Deus nesta presente dispensação – graça pelo ouvir da fé – pois “não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a Sua misericórdia, nos salvou” (Tt 3:5).
Levi
Leia deu à luz outro filho e o chamou de Levi que significa “junto” – pois ela disse: “Agora, desta vez se ajuntará meu marido comigo”. Aquele que está unido ao Senhor é um Espírito – osso de Seu osso e carne de Sua carne. Somos separados de nossas conexões com o primeiro homem e unidos a um Cristo ressurreto em glória, que nos fez assentar em lugares celestiais em Cristo Jesus. Mas se as coisas velhas já passaram, todas as coisas se tornam novas. Somos da nova criação, vital e eternamente conectada ao segundo Homem, o Senhor do céu – uma união que agora pertence a todos os filhos de Deus, a ser conhecida e desfrutada como seu privilégio adequado.
Judá
Quão adequado foi o seu próximo filho, o quarto filho (completando o fruto perfeito da graça de Deus), leva o nome de Judá – “louvor!” É nosso gozo e privilégio, como aqueles que são filhos de Deus por pura e soberana graça, oferecer “sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13:15). Sim, é certo que devemos louvar ao Senhor e invocar tudo o que está dentro de nós para bendizer Seu santo nome, pois Ele nos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz. Ao procurar adoradores para adorá-Lo em espírito e em verdade, Ele nos procurou e nos encontrou. Não esqueçamos, portanto, que esta é nossa santa ocupação privilegiada. Se em Levi obtemos o sacerdócio, e somos – embora que segundo uma outra ordem – um sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios aceitáveis a Deus por Jesus Cristo (1 Pe 2:5), ainda mais somos um sacerdócio real (1 Pe 2:7), e o reino é nosso em herança conjunta com Cristo. Ele já em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados e nos fez reino e sacerdotes para Deus e Seu Pai (Ap 1:5-6 – TB).
Não podemos, então, exclamar, ao entrarmos no fato abençoado de que somos filhos – e filhos por pura graça – em união com um Cristo ressuscitado, privilegiados em louvar nosso Deus enquanto esperamos que o reino se manifeste: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos! Porque d'Ele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:33-36).
Christian Truth, Vol. 5 (adaptado)
A Morte de Raquel
“Partiram de Betel, e, havendo ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata, teve um filho Raquel e teve trabalho em seu parto. E aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este filho terás. E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou o seu nome Benoni [filho da minha tristeza]; mas seu pai o chamou Benjamim [filho da mão direita]. Assim, morreu Raquel e foi sepultada no caminho de Efrata; esta é Belém. E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje” (Gn 35:16-20).
O governo de Deus
O governo moral de Deus é tão seguro quanto Sua graça, do começo ao fim. Raquel pecou muito e manteve o marido em trevas, quando ele inconscientemente disse que o culpado (de roubar as imagens de Labão) não deveria viver. Seu roubo não foi apenas um pecado contra o pai, mas no que ela roubou, foi um terrível insulto a Deus. E não temos evidências de que houvesse julgamento próprio adequado. É claro que Jacó finalmente se deu conta dos ídolos em sua casa, cujo pecado, no chamado de Deus a Betel, repousava em sua consciência. Levar sua amada era um castigo, não apenas para ela, mas também para ele.
1 Coríntios 11:27-32 é um ensinamento muito instrutivo sobre a aplicação dessa verdade, na qual aprendemos a segurança da graça, por um lado, e por outro lado, o Senhor está lidando com os modos inconsistentes daqueles que são Seus. O Senhor estava, então, julgando pela doença e até pela morte, o estado defeituoso da caminhada dos santos de Corinto, para que eles não fossem condenados com o mundo, porque eram d’Ele e deviam ser guardados de “condenação”. Eles foram julgados dessa maneira temporal para a bênção de suas almas. É um princípio universal de Deus, e está presente no Velho e no Novo Testamento. Somente a demonstração da graça sob o evangelho traz à tona não apenas Sua graça soberana, mas também Seu governo moral, com especial clareza.
Tristeza e esperança
O nome dado por Raquel para o bebê recém-nascido expressa sua tristeza. Jacó, quaisquer que fossem seus sentimentos naturais sobre a esposa de seu coração que ali perecia, olha adiante com esperança. Mas não é uma esperança celestial em Benjamim, como Abraão teve em Isaque, recebido da morte à ressurreição em figura, é a promessa de Israel em poder, quando ela que representa o antigo estado falece pela morte. Israel deve, de perto, ser levada a uma profunda aflição antes de emergir em vitória sobre todos os seus inimigos na Terra, por meio de seu Messias há muito rejeitado.
O “não temas” da parteira assistente era bem-intencionado, mas o Senhor a estava chamando para longe de uma cena em que ela havia falhado em seu testemunho para Ele e comprometido também seu marido. Como ela podia ser confiável para criar seus filhos no temor de Deus? Deus havia acrescentado outro filho, como ela disse com fé[1]
Os descendentes de Raquel
Jacó não imaginava, quando levantou uma coluna de ação de graças em Betel, no lugar em que Deus conversou com ele, que logo depois iria levantar outra coluna – de tristeza no túmulo de Raquel. Mas ele se inclina para a mão do castigo: A quem o Senhor ama, Ele castiga e açoita todo filho a quem recebe. Jacó não podia saber, pois ainda não era revelado, que perto dessa mesma Efrata nasceria Davi, o rei de Israel, a promessa e a figura de seu Filho maior, cujas saídas são desde a antiguidade – da eternidade. O ferido Juiz de Israel, que abandonou o Seu povo culpado, um dia os restaurará, para que permaneçam e Ele seja grande até os confins da Terra.
Raquel morre, mas a coluna que a registra permanece na terra e na história de Israel até o reino. O próprio Benjamin é figura de Cristo, não como chefe da Igreja, mas como o Filho conquistador do poder, quando o reino é estabelecido na Terra e os inimigos perecem diante d’Ele. Assim, as duas esposas de Jacó representam apropriadamente a fértil Leia, a mãe das nações, e Raquel, a primeira amada de Jacó, que é uma figura de Israel segundo a carne. Depois dela vem José, a brilhante testemunha de Cristo vendida e separada de Seus irmãos, à direita de Deus, enquanto os judeus são rejeitados. A morte de Raquel dá à luz o filho de sua tristeza, mas filho da mão direita de seu pai, que comerá a presa pela manhã e à tarde repartirá o despojo (Gn 49:27). “Pelo que Lhe darei a parte de muitos, e, com os poderosos, repartirá Ele o despojo” (Is 53:12).
W. Kelly (adaptado)
Joquebede e Sua Família
Ela se agacha no chão, um pote de betume ao seu lado, e cuidadosamente trabalha na cesta que passou as últimas noites tecendo. Seu bebê de três meses está preso firmemente pelas costas, enquanto Arão, de três anos, está observando de perto e Miriã corre ao redor de sua mãe pela casa. Tanto Anrão quanto Joquebede provavelmente passariam seus dias no calor extremo do sol egípcio, fazendo tijolos. Aqui está uma jovem e piedosa família hebraica que vive tempos muito difíceis.
Joquebede é uma mulher de fé e não está prestes a afogar seu filho pequeno no rio Nilo. Sim, ela planeja colocá-lo no rio, mas em segurança. Até que ponto ela está olhando com fé? Acredito que até a redenção do seu povo. Ela deve ter conhecido a parte do rio onde a filha do faraó se banhava. É aí que a cesta é colocada e onde a jovem irmã Miriã espera, pronta para fazer a proposta de sua mãe à princesa. Como deve ter fortalecido a fé da pequena Miriã ver tudo acontecer! Durante todo o dia, enquanto trabalhava para o faraó, a jovem mãe deve ter suplicado a Deus, em Quem confiava, pelo bem-estar de seu filho pequeno.
A fé de Abraão
Isso nos lembra de que Abraão partiu com Isaque, uma história que Joquebede deve ter conhecido bem. Deus poderia poupar e usar seu filho também? Haveria uma libertação para ela também? E uma vida abençoada e útil para o filho? Anos depois, vemos Ana caminhando para Siló de mãos dadas com seu filho pequeno. Somente a grande fé em um Deus Amoroso e Onisciente poderia trabalhar nos corações dessa maneira.
Miriã não precisa esperar muito. Seu lindo irmãozinho é descoberto por uma mulher cujo coração Deus tocou. Foi ela quem nomeou o filho Moisés, e ela concorda com a proposta de Joquebede cuidar dele por ela.
Que preciosos anos a mãe tem agora com o filho. Mães de hoje, aproveite ao máximo os primeiros anos de criação com seu filho. Moisés aprendeu o amor de sua família. Miriã, Arão e Moisés foram um trio íntimo de irmãos a vida toda. Ele também aprendeu a amar sua raça, o povo escolhido de Deus, e a amar e honrar o único Deus verdadeiro. Joquebede sabia que seu tempo era limitado antes de enviar Moisés de volta à corte do Faraó para ser ensinado em “toda a sabedoria dos egípcios”. Mas acredito que ela tinha paz por fé em Deus, que tudo ficaria bem e acabaria por levar à libertação do povo de Deus. Não lemos mais nada sobre ela na Escritura. Não sabemos se ela experimentou o gozo do êxodo de seu povo, tantos anos depois.
Os filhos de Joquebede
Mas os filhos e netos de Joquebede ganham vida para nós nas páginas da Escritura. Moisés, aos 80 anos, está preparado e pronto para cumprir as ordens de Deus e se aproximar do Faraó. Arão, seu irmão, intervém com ajuda e apoio. Após a libertação final, nas margens do Mar Vermelho, vemos Miriã pegando um tamboril na mão e levando as mulheres a cantar e dançar de alegria. “E Miriã lhes respondia: Cantai ao SENHOR, porque sumamente Se exaltou” (Êx 15:21). Ela devia ter quase 90 anos de idade! Ela esperou muito tempo por esse dia, agora longe das margens do rio Nilo, com seus juncos e cestinhas.
Fé provada
O tempo avança e nem tudo corre bem através das gerações. Arão faz um bezerro de ouro. Dois dos netos de Joquebede são consumidos pelo fogo por desobediência. Sua filha é temporariamente disciplinada com lepra. Seu filho Moisés não tem a permissão para entrar na Terra Prometida. Ela foi um fracasso? Que bênção abrangente de seu ato de fé! Seu povo chega a Canaã. Bisnetos lutam para ganhar e manter sua herança.
Que incentivo a fé de Joquebede pode ser para as mães hoje! Andamos por um mundo pecador e idólatra, e nossos filhos estão cercados por ele. No entanto, sua fé em Deus também trabalhou no coração de seus filhos, para que, por sua vez, valorizassem o que ela fazia (Hb 11:24-25). Parece que o Senhor, em Sua misericórdia e graça, concedeu além do que ela estava pedindo com fé, enquanto trabalhava naquela pequena cesta.
“Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão” (Hb 10:35).
W. J. e C. P. Prost
Joquebede
É um deleite considerar Anrão e Joquebede como pais, no segundo capítulo de Êxodo. A esposa parece ter sido o espírito que movia as ações aqui, e talvez isso não seja de admirar, pois Joquebede era tia de Anrão (Êx 6:20). Mas não há sugestão de que Anrão não teve seu lugar de direito naquele pequeno lar no Egito. Hebreus 11:23 diz: “Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei”. Aqueles de nós que vivemos em uma terra dominada por um inimigo hostil talvez possam apreciar melhor a magnífica coragem desse dedicado casal que não tinha medo do mandamento do rei. Foi uma prova de fé deles, mas sabemos que era “muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo” (1 Pe 1:7). E como Deus honrou sua fé! Cada um de seus três filhos se tornou um de Seus próprios servos honrados.
Que alegria hoje para os pais se posicionarem com ousadia ao lado do Senhor pelos filhos, contarem somente com Ele e não temerem ninguém! Certamente Ele ainda honrará essa fé hoje, assim como a honrou nos dias de Anrão e Joquebede.
Obediência e fé
Mas Joquebede nos ensina outra lição muito admirável. Faraó ordenou a todo o seu povo, dizendo: Todo filho que nascer, lançareis no rio. Joquebede obedeceu ao rei. Ela entende que o comando do rei se aplica a seu filho e o lança no rio, mas escondido em uma arca, para que nem uma gota daquelas águas da morte pudesse tocá-lo. E Deus ricamente honra sua fé. Vocês conhecem a história. A filha do rei o pega e a irmã do bebê corre para “chamar uma ama”, que não é outra senão a mãe da criança. Com que gozo ela tira aquele pequenino dos braços da filha do rei, não agora para si mesma, mas para Quem o salvou. “Leva este menino e cria-mo; eu te darei teu salário” (Êx 2:9).
Da mesma forma ocorre conosco. Todo pai Cristão tem o privilégio de reconhecer que o filho que Deus lhes deu está sob a sentença de morte. Ele pode colocar a criança nas águas da morte, reconhecendo que é aqui que a criança pertence, mas outra Pessoa passou por essas águas primeiro. Agora, Aquele com Quem contamos para salvar nossos filhos nos devolve a criança, dizendo: “Leva este menino e cria-Mo; Eu te darei teu salário”. Já não é nosso. Aquele em cujas mãos nós o colocamos o aceitou e agora o devolve a nós para educarmos, na criação e na admoestação do Senhor. Isso não significa que cada criança não precisa de uma fé salvadora pessoal para si mesma, mas, à maneira de Deus, confessa que a criança está sob a sentença de morte. Temos o privilégio de contar com o Senhor, que passou por aquelas águas de trevas, para salvá-lo. Recebemo-lo de volta de uma nova maneira – não mais a nossa, mas para “criá-lo” para Ele, e que rico salário Ele paga, se realmente procurarmos fazer isso por Ele mesmo.
G. C. Willis (adaptado)
Miriã, a Garota
Um berço coberto de junco, cuidadosamente feito, com um bebê indefeso, balançando entre os juncos do antigo Nilo egípcio, é o objeto do profundo interesse e solicitude de Deus, da fé constante da mãe e da vigilância da irmã. Os propósitos de Deus em relação ao futuro do Seu povo escolhido, a libertação dos cativos e a conduta segura na terra da promessa estão centrados naquele pequeno bebê de três meses de idade.
Ele deveria ser o libertador e líder de Israel, e sua mãe Joquebede parece maravilhosamente ensinada por Deus quando ela aceita pelo filho o que falou tão vividamente sobre a morte, depositando total confiança no Deus da ressurreição e poder. Na dignidade de fé, ela entrega seu filho pequeno às águas da morte e espera calmamente que Deus trabalhe. Não há pressa nervosa, preocupação ou emoção. Sua confiança está em Jeová, e nada parece a abalar.
Miriã, a irmã mais velha de Moisés, estava “de longe” para ver o que aconteceria com seu irmãozinho. Embora talvez ela não possuísse a fé perspicaz de Joquebede que perfurava as nuvens sombrias de opressão e crueldade que pesavam tanto sobre o povo de Deus naquele momento, ela não estava muito longe de Deus para usá-la na promoção de Seus propósitos, e ela estará pronta quando chegar o momento de agir.
Levanta e espera
É uma grande honra ser usado por Deus na execução da menor parte que seja de Seus Sábios planos, e para isso precisamos ter Sua mente sobre as coisas e fazer um balanço de tudo do ponto de vista divino. Por natureza, temos uma visão distorcida e exagerada. Quanto precisamos ser ensinados por Deus – até como ficar de pé e esperar.
Miriã se levanta e espera com algum objetivo. Ela observa a descoberta de seu irmão bebê pela princesa egípcia e, então, com um pensamento dado por Deus, ela se apressa para o lado da dama real. Ela pode encontrar uma ama para a criança entre as mulheres hebreias? Esta é a ordem de Deus, e o coração de todos está em Suas mãos, para que seja dado um consentimento imediato. O coração de Miriã dirige os pés e ela se apressa a buscar sua mãe, o que resulta no fato de que seu bebê amado é devolvido à sua terna educação e treinamento, e com ele os salários – o que suprirá todas as necessidades temporais.
É assim que Deus recompensa a fé – fé sendo Seu próprio dom. Oh! ter a ver com esse Deus de amor, pois Ele é o mesmo hoje: “Imutável ao longo de todos os anos de mudança”.
Miriã, tendo cumprido sua parte, desaparece de vista e passam muitos anos antes de nos encontrarmos com ela novamente. Sem dúvida, durante todo esse tempo, ela estava sendo ensinada por Deus para a parte que ela ainda tinha que cumprir o que não era de forma alguma sem importância.
Autor Desconhecido
Miriã
Aqueles anjos que desejavam examinar o progresso das dispensações terrenais dificilmente poderiam ter uma visão mais interessante do que quando, há mais de três mil anos, viram a pequena Miriã “cuidando do bebê”. Se eles soubessem quem seria o bebê que estava naquela arca rude e que trabalho estupendo ele realizaria! Mas a pobre pequena Miriã, a escrava hebraica, nada sabia disso. Ela provavelmente sentiu apenas um pavor horrível quando a comitiva da princesa do Egito se aproximou e um medo sufocante quando o bebê que chorava foi retirado de seu esconderijo pelas pessoas que haviam decretado sua morte. Parece que o bebê era singularmente atraente. Seus pais, lemos, consideravam-no “um filho formoso”. Estou ciente de que essa visão de seus descendentes é bastante comum nos pais, mas os pais de Moisés eram pessoas piedosas e, evidentemente, eles reconheceram a graça especial de Deus ao lhes dar esse filho. Sem dúvida, Miriã ficou bastante satisfeita ao observar que a princesa estava evidentemente satisfeita com a criança e amigavelmente disposta para com ela. Este é o momento que Miriã aproveita para avançar e perguntar se gostaria que ela buscasse uma mulher hebraica para criá-lo para ela. Faça isso, diz a princesa, e a menina se apressa para trazer Joquebede – a própria mãe do bebê. Esta foi uma das melhores peças de elegância já conhecidas. A coragem e desenvoltura demonstradas por Miriã, juntamente com sua devoção a uma tarefa ao mesmo tempo monótona e perigosa, dão uma impressão dela que nos permite ler mais tarde sem surpresa que ela é profetisa e lidera o cântico de adoração de toda a nação redimida nas margens do Mar Vermelho. É gratificante descobrir que ela se dedicou à nação oprimida e caluniada, o povo de Deus.
Deveres humildes
Este foi externamente um avanço extraordinário em ocupação. Ela havia sido fiel naquilo que era menor, no que parecia ser um dever humilde e servil, e agora estava entre os que lideravam o exército de Deus. Normalmente, não avaliamos os serviços de uma babá como sendo algo grandioso, mas ainda assim ela pode estar, como esta a quem estamos considerando, realizando um trabalho de enorme importância para proteger o início de uma vida inspirada por Deus. Aprendemos que, se cumprirmos de forma voluntaria e minuciosa o humilde dever que está próximo de nossas mãos, estaremos sempre fazendo o que é certo e possivelmente realizando algum trabalho de importância estupenda e eterna. Sim, Miriã pode ter pensado que estava apenas “cuidando do bebê”, enquanto em todo o tempo ela estava vigiando os destinos do planeta!
Quando a princesa recebeu o bebê de uma maneira tão amigável, a maioria dos observadores se afastaria silenciosamente da casa, bastante satisfeita, mas Miriã toma coragem e vai até ela. Novamente, quando aquela poderosa explosão de adoração nacional surgiu na margem do Mar Vermelho, foi Miriã quem fechou o grande e glorioso hino com sua nota final. Que não consideremos qualquer trabalho honesto como sendo vil ou desprezível. Ao fazer isso pelo Senhor, podemos fazer a ação valer a pena. Ninguém é desvalorizado por fazer algo humilde nas circunstâncias mais pobres, pois Davi era pastor, Amós, pastor, os apóstolos pescadores em sua maioria, e seu Mestre era chamado de “Carpinteiro”.
Falha e restauração
Depois de muitos anos, quando Moisés chegou à maturidade, ele se casou com uma noiva cuxita [etíope]. Miriã não aprovou e começou a “dizer coisas”, e Arão a incentivou. Moisés foi o único por quem o Senhor falou? Ele também não falou por meio de nós? Moisés, “mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a Terra”, não se ressentiu disso, mas Jeová intervém com um repentino e terrível castigo. Arão, o de natureza fraca e enganado, é tratado com brandura, mas Miriã tem um caráter diferente e uma responsabilidade maior. Ambos são severamente repreendidos, e Miriã é ferida de lepra!
Surge então a seu irmão a oportunidade de retornar a ela alguns de seus cuidados de outrora. “Clamou, pois, Moisés ao SENHOR, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures” (Nm 12:13). Embora ela não possa mais esperar a submissão dele à sua vontade, o amor daqueles primeiros anos não está morto. A oração de Moisés é ouvida.
J. C. Bayley (adaptado)
O Cântico de Miriã
Miriã, tendo cumprido sua parte na adoção de Moisés pela filha do Faraó, desaparece de vista e passam muitos anos antes de nos encontrarmos com ela novamente. Sem dúvida, durante todo esse tempo, ela estava sendo ensinada por Deus a parte que ela ainda tinha que cumprir, o que não era de forma alguma sem importância. Ela evidentemente se ligou ao povo de Deus de uma maneira marcante e era admirada por eles, pois nos é apresentada em Êxodo 15:20 como “a profetisa, a irmã de Arão”.
A partir disso, concluímos que ela foi instruída nos caminhos do Senhor e usada para revelar Sua mente às mulheres de Israel, sobre as quais ela parecia ter influência.
Quando Moisés e os filhos de Israel, exultando em sua maravilhosa libertação do Egito e de seus inimigos, os egípcios, cantam esse belo cântico de triunfo ao Senhor, é Miriã quem, estimulada pelas palavras gloriosas, leva as mulheres a se unirem ao povo nesta melodia maravilhosa e eleva o refrão: “Cantai ao SENHOR, porque sumamente Se exaltou”. Assim, no início da jornada no deserto, em companhia do povo redimido do Senhor, com seus inimigos mortos atrás deles, as águas profundas do Mar Vermelho entre eles e a terra onde eram escravos, com a presença do Senhor com eles na visível coluna de nuvem para ser seu guia e proteção, Miriã pode liderar os louvores do Senhor em notas de canto triunfante. Se soubermos o que é em nossa alma estar na posição de vitória de Miriã, também teremos que cantar Seus louvores, não apenas com voz, mas desde as profundezas de nossos corações em adoração.
A voz contra Moisés
Nós não podemos considerar aqui em detalhes o belo cântico em si mesmo, mas o final dele é grandioso – a herança, o santuário e o reino eterno do Senhor. Oh, que esse poderia ter sido o ato final da vida de Miriã! Mas há outra imagem, e muito triste, retratada para nós em Números 12. Miriã e seu irmão Arão falam contra Moisés por um ato que consideram impróprio, lançando dúvidas sobre sua liderança dada por Deus, manifestando assim inveja e insubordinação de uma maneira muito triste. Que exemplo triste para a congregação e como a conduta deles aumentou o fardo da vida já extenuante de seu irmão!
Isso foi muito desagradável para Deus, que não permitiu que esse espírito maligno continuasse por um momento. É muito bonito ver como o Senhor entra e justifica Moisés como Seu servo acima da censura. Como uma marca de Seu profundo descontentamento, o Senhor afligiu Miriã, a instigadora da maledicência, com lepra, mostrando assim a ela e a toda a congregação quão pecaminosa era sua ação diante d’Ele. Foi somente após Arão confessar e julgar o pecado e a fervorosa oração de Moisés por ela que o Senhor a curou. A impressão solene da mão de castigo do Senhor foi sentida por toda a congregação, pois eles não partem em suas jornadas até que Miriã foi novamente restaurada ao arraial com saúde. Quão profundo e abrangente é o efeito do pecado!
Quão cuidadosos devemos ser em ter tudo aberto à vista “d'Aquele com Quem temos que tratar”. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23-24).
Autor Desconhecido
O Pecado de Miriã
Em Números 12, temos duas lições diferentes às quais faremos bem em prestar atenção. O primeiro é ter cuidado com o orgulho espiritual e curvar-se à vontade de Deus na ordem de Sua casa, o outro, a intervenção de Deus em nome de Seu servo desprezado. “E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cuxita [etíope – KJV], que tomara”. Moisés rejeitado por Israel (At 7:27) e, no exílio, casando-se com uma gentia era o prenúncio da rejeição de Alguém maior que ele, que durante o tempo de Sua rejeição chama Sua noiva dentre os gentios. Mas esse casamento oferece uma enganadora oportunidade para disputar a posição de Moisés cuja mansidão, tão marcante em desejar que todo o povo do Senhor fosse profeta, não o protege da inveja e da depreciação. De fato, não é raro acontecer que os mais mansos sejam os mais expostos às flechas da inveja, às declarações depreciativas daqueles que são muito inferiores. Aqui, nem mesmo o vínculo da natureza impediu Miriã e Arão de falar contra o irmão. O pretexto é o casamento com a mulher etíope, mas era apenas uma muleta para sustentar sua inveja.
Miriã e Arão logo mostram seus verdadeiros pensamentos e avançam como se tivessem igual importância que Moisés. Não é o casamento dele, mas é sua posição que os ofende. “Porventura, falou o SENHOR somente por Moisés? Não falou também por nós?” Mas há uma coisa muito mais solene do que perder a estima do homem. “E o SENHOR o ouviu”. Quando o coração está sob a influência de tais maus sentimentos, encontra facilmente uma desculpa para falar contra os servos de Deus. Mas o Senhor logo trará à luz todas as coisas ocultas, e o motivo aparecerá. Então cada um receberá de acordo com as coisas feitas no corpo.
A proeminência dada a Moisés, quando Deus milagrosamente confirmou Sua palavra ao prover carne para o povo, parece ser aquilo que despertou particularmente a inveja de Miriã e Arão. Mas tal manifestação foi o resultado de sentimentos que foram permitidos crescer e tomar forma em seus corações. É bom lembrar que, se permitirmos e não julgarmos a raiz, Deus tornará o fruto manifesto, e para nossa vergonha. É evidente que a tolerância do mal em seus corações os havia tornado incapazes de estimar a verdadeira posição de Moisés, mas Deus confirma Moisés em sua posição e afirma Sua própria soberania quanto a quem Ele fala e o modo de comunicação. Ele designa para cada um o seu lugar em Sua casa. Arão invadiria o cargo que Deus havia dado a Moisés. Não havia apenas inveja e orgulho, mas o espírito de desobediência contra Deus.
A mansidão de Moisés
Foi um momento solene em que Jeová disse: “Vós três saí à tenda da congregação”. Que lição aqui para os servos do Senhor diante de depreciação e crítica! Que testemunho o Espírito dá deste homem! “O varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a Terra”. No entanto, depois ele falhou na mansidão (Nm 20:10). Havia apenas um Homem perfeito que a Terra já viu, que nunca falhou e que poderia dizer de Si mesmo: “Sou manso e humilde de coração” (Mt 11:29). Moisés era apenas um homem, e ter afirmado sua própria mansidão teria provado o contrário, mas o Espírito Santo declara isso. A questão agora parece estar entre Moisés, por um lado, e Miriã e Arão, por outro. Aquele que foi pronto a agir e se destacou na separação, quando a pergunta estava entre Jeová e a idolatria, agora é manso e silencioso na presença de seus depreciadores. Mas como ele anteriormente se levantara por Deus, agora Deus aparece por ele. Deus considera o assunto como Seu, e os dois culpados são levados a saber que não é tanto contra Moisés, mas contra Deus que eles falaram. E note como Deus coloca honra em Seu servo fiel e manso. Moisés na ocasião anterior se levantou ousadamente pela honra de Deus; agora Deus aparece por ele e coloca honra sobre ele. Ninguém tem tanta intimidade com Deus como ele. “Se entre vós houver profeta, Eu, o SENHOR, em visão a ele Me farei conhecer ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o Meu servo Moisés, que é fiel em toda a Minha casa. Boca a boca falo com ele, e de vista, e não por figuras; pois, ele vê a semelhança do SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o Meu servo, contra Moisés?” (Nm 12:6-8).
Miriã atingida
Miriã é atingida por lepra e só é restaurada com a intercessão do homem que ela havia depreciado. E Arão também tem que se curvar e reconhecer o lugar superior de Moisés. “Ah! Senhor meu! Ora, não ponhas sobre nós este pecado, que fizemos loucamente e com que havemos pecado!” “Clamou, pois, Moisés ao SENHOR, dizendo: Ó Deus, rogo-Te que a cures”, e é dada uma prova imediata de sua intimidade com Deus. Após a reclusão necessária de sete dias, Miriã foi trazida novamente. E assim Moisés está necessariamente mais alto do que antes. Deus sabe como rebaixar o orgulho e prover a honra de Seus servos quando eles são mansos, e não menos hoje em dia do que quando Moisés viveu. Somente que os servos não tentem se defender. O caminho certo e a hora certa são conhecidos apenas por Deus.
Consequências
Toda a congregação sente as consequências da posição de Miriã; enquanto ela está calada, o povo não partem em suas jornadas. Mas quanto mais proeminente, mais responsável e mais marcado é o julgamento. Este é um princípio que sempre é visto no governo de Deus. Miriã assume a liderança no pecado.
Outra consequência da lepra de Miriã é que a energia inerente de Deus em guiar o povo pelo deserto é suspensa. Deus mostraria ao povo que isso não foi um fracasso comum, nem que ela era uma pessoa comum. Um pecado como o dela só poderia ter sido cometido por alguém em sua posição. Nem ela nem Arão eram novatos, mas caíram na condenação do diabo (1 Tm 3:6). Deus Se ressentiu de falarem contra Seu servo; em nenhum outro caso, lemos sobre o desafio de Deus: “Não tivestes temor?” Quando um “líder” peca, as consequências para a congregação ou para a assembleia são muito maiores do que se outro falhar. A influência dos líderes na assembleia de Deus é uma realidade solene, e sua posição é um fator de peso na disciplina que o fracasso inevitavelmente traz. O corpo sofre se o menor membro causar dano, mas muito mais se for um membro importante. Os membros individuais da Igreja de Deus não podem, por causa do fracasso de um líder, perder a comunhão com Deus, nem deixar de crescer na graça e no conhecimento, mesmo tendo a vergonha comum em seu coração e sendo humilhados por isso. Mas a assembleia como um todo é dificultada no caminho do testemunho público de Cristo, e não pode haver maiores obstáculos ao testemunho corporativo do que o espírito que acometeu Miriã e Arão – um espírito que ousou se intrometer na Igreja de Deus. Como testemunha de Cristo, a Igreja de Deus é como Miriã calada como leprosa. A lepra será curada? Sim, estou totalmente convencido de que Deus trará os simples e os fiéis a uma intimidade mais íntima Consigo mesmo, e isso por um sentimento mais profundo de dependência d’Ele. Assim, embora seja uma esfera mais estreita e uma fraqueza mais manifesta, a graça produzirá um testemunho mais brilhante e claro.
R. Beacon (adaptado)
[1] N. do T.: “O SENHOR me acrescente outro filho” (Gn 30:24) , quando seu primogênito lhe foi dado. Era justo que ela partisse.
“Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou”
(Êxodo 15:21 – ARA)
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