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ÍNDICE
Tema da edição
W. J. Prost
The Young Christian
W. J. Prost
H. F. Witherby
W. J. Prost
The Christian Friend
J. N. Darby
Food for the Flock
H. F. Witherby
poema
Josué, Calebe e Eleazar
“Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção” (At 13:36 – ARA). “E, depois destas coisas, sucedeu que Josué, filho de Num, o servo do SENHOR, faleceu” (Js 24:29). “Faleceu também Eleazar, filho de Arão, e o sepultaram” (Js 24:33). Esses homens, e outros como eles, serviram a sua geração, adormeceram e agora esperam pela ressurreição. Os inimigos que eles enfrentaram ainda existiam e tinham que ser enfrentados pela próxima geração. E assim é nos dias de hoje. Aprendemos sobre a geração de Josué: “Serviu, pois, Israel ao SENHOR todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué” (Js 24:31). E depois? O início do livro dos Juízes responde à pergunta. “E sucedeu, depois da morte de Josué, que os filhos de Israel perguntaram ao SENHOR, dizendo: Quem dentre nós primeiro subirá aos cananeus, para pelejar contra eles? E disse o Senhor: Judá subirá [...] E subiu Judá [e Simeão], e o SENHOR lhe deu na sua mão os cananeus”. Mas, infelizmente, “nem Manassés expulsou os habitantes de Bete-Seã”... nem Efraim expulsou... nem Aser. Estamos servindo a nossa geração pela vontade de Deus? Ou não estamos?
Josué, Calebe e Eleazar
Voltando à edição de abril de 2022 de “O Cristão”, foi considerado o significado de “passar a tocha” e como permitir que outros, mais jovens, assumam as responsabilidades daqueles que como nós, estão envelhecendo. Vemos um bom exemplo disso na vida de Eleazar, Calebe e Josué. Todos esses homens eram de uma geração mais nova que Moisés e Arão, embora Calebe fosse provavelmente um pouco mais velho do que Josué. Todos estes três tinham estado no Egito, e tinham saído do Egito quando Israel atravessou o Mar Vermelho. Todos tinham visto as maravilhosas obras do Senhor ao livrá-los do poder de Faraó, e todos tinham desfrutado da perspectiva de entrar na terra de Canaã.
Eleazar
Eleazar era um dos quatro filhos de Arão, e foi, provavelmente, o terceiro, uma vez que Nadabe e Abiú são sempre nomeados primeiro. Mas sabemos que Nadabe e Abiú foram descuidados a respeito do lugar onde eles conseguiram as brasas para colocar no incensário e oferecer incenso, e está registrado que “saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR” (Lv 10:2). Isso foi muito triste, mas fez com que Eleazar e seu irmão Itamar exercessem o sacerdócio depois de Arão. Como o mais velho dos dois, Eleazar ocupou o lugar mais proeminente, e tanto ele como Itamar serviram como sacerdotes junto com Arão, o pai deles. Eleazar provou ser um homem fiel, e tinha um filho muito fiel chamado Fineias, que também tinha um coração verdadeiro para com a glória do Senhor.
Quando chegou o tempo da morte de Arão, foi ordenado a Moisés tomar Arão e Eleazar e fazê-los subir ao Monte Hor, onde Moisés tomou as vestes sacerdotais de Arão e as colocou sobre Eleazar. Então morreu Arão no monte, e Moisés e Eleazar desceram. A partir desse momento, Eleazar assumiu a principal responsabilidade como sacerdote; mais tarde, seu filho Fineias o seguiu assumindo esses deveres sagrados. Além disso, havia sido claramente estabelecido que “as vestes santas, que são de Arão, serão de seus filhos depois dele” (Êx 29:29). Neste contexto, sobre “passar a tocha” de um sacerdote para outro, alguém escreveu um poema muito comovente:
O que ele deve deixar para seu filho? Nem prata nem ouro Nenhuma herança ele tem, nem rebanho nem aprisco; Nada disso ele pode herdar, mas ele pode isto — A veste sagrada de um homem santo.
O exemplo justo de uma vida bem gasta vai passar; De cuidado diário na tenda sagrada; De coração sempre louvando e mente reverente; Que presente mais nobre poderia o pai deixar?
Aquele filho que, aproximando-se do trono da graça, Pode dizer: “Quão bem meu pai a este lugar conhecia! Quantas vezes ouvi a voz dele em fervorosa oração!” Feliz aquele filho, aquele rico herdeiro!
Calebe
Calebe nos é apresentado quando Moisés enviou os espias para examinar a terra de Canaã. Ele era da tribo de Judá e tinha 40 anos na época. Ele também era um homem fiel que, juntamente com Josué, se levantou contra os outros dez espias e argumentou fortemente que Israel era bem capaz de subir e conquistar a terra. Ele valorizou a terra de Canaã, e Moisés poderia dizer dele, juntamente com Josué, que “perseveravam em seguir ao Senhor” (Nm 32:12).
Mais do que isso, é evidente que quando ele estava conhecendo a terra com os outros espias, ele viu um lugar que especialmente lhe atraiu. E era Hebrom, exatamente onde alguns dos gigantes viviam. No entanto, Calebe não tinha medo deles, e estava pronto para entrar e tomar sua herança. Mas, como será mencionado, ele e Josué estavam em menor número, e foram obrigados a passar 40 anos no deserto, com o restante de Israel. No entanto, o Senhor lhe prometeu aquele pedaço da terra e disse: “E a terra que pisou darei a ele e a seus filhos” (Dt 1:36).
Depois de concluída a jornada pelo deserto e a terra de Canaã ter sido conquistada, Calebe lembrou a Josué da promessa e pediu aquela terra. Ele pode dizer: “Já hoje sou da idade de oitenta e cinco anos. E, ainda hoje, estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual a minha força então era, tal é agora a minha força, para a guerra, e para sair, e para entrar. Agora, pois, dai-me este monte” (Js 14:10-12). Ele foi capaz de expulsar os gigantes e tomar posse de Hebrom.
O Senhor também abençoou a família de Calebe, e especialmente sua filha Acsa, que também tinha grande estima pela terra de Canaã. Ela se casou com Otniel, que havia saído e conquistado um lugar chamado Quiriate-Sefer, pois ele também valorizava a terra de Canaã. Mais tarde, quando Israel precisou de um libertador, Otniel estava pronto para assumir essa responsabilidade e agir para o Senhor.
Josué
Josué também tinha aprendido muito com seus longos anos passados com Moisés, e quando chegou o tempo da morte de Moisés, ele estava pronto para subir e levar Israel para a terra de Canaã. Embora tenha aprendido muito, sem dúvida, diretamente com o Senhor, contudo, também aprendeu muito com Moisés e com suas experiências no deserto. Como Moisés teve que passar 40 anos “atrás do deserto”, antes de estar pronto para liderar o povo de Deus, assim o Senhor ordenou que Josué passasse 40 anos no deserto, aprendendo os caminhos de Deus.
Nem Moisés nem Arão eram exemplos perfeitos, pois ambos tinham fracassos ligados a eles. Só há um Exemplo perfeito para nós, e esse é o próprio Cristo. No entanto, Moisés e Arão eram, na maior parte, homens fiéis, e caminharam diante do Senhor. A firmeza deles estabilizou Israel ao longo dos anos no deserto. Não sabemos o local exato do enterro de nenhum deles, pois ambos subiram em uma montanha e nunca mais desceram. Deus não queria que seus túmulos se tornassem um objeto de veneração.
Por causa do exemplo deles, Moisés e Arão passaram uma “boa tocha” para aqueles que os seguiram, e particularmente para os três homens que consideramos. Todos os três homens seguiram o Senhor e foram usados na bênção ao povo de Deus. Nos casos de Calebe e Eleazar, as famílias deles também seguiram bem diante do Senhor, pois eles tinham passado uma “boa tocha”. É interessante que no caso de Josué, não sabemos se ele era casado ou se tinha filhos. Se ele tinha esposa e filhos, a Escritura não os menciona. O mais perto que chegamos de qualquer menção da família de Josué é encontrado em Josué 24:15: “eu e a minha casa serviremos ao SENHOR”. Não temos nenhum detalhe da casa dele. Isso está de acordo com o fato dele ser uma figura de Cristo. Pode-se dizer do Senhor Jesus: “Quem declarará Sua geração?” (Is 53:8 – JND), mas também poderia ser dito: “Uma semente O servirá; falará do Senhor de geração em geração” (Sl 22:30). O Senhor Jesus não teve filhos naturais, mas muitos filhos espirituais. Assim foi com Josué. Ele era um homem fiel, e sua influência foi sentida muito depois dele ter morrido. Seus filhos foram aqueles que viram a sua fé e sentiram o efeito da sua caminhada piedosa.
W. J. Prost
Calebe: Uma Lição de Verdadeira Lealdade
“Permanecessem no Senhor, com propósito de coração” (At 11:23 – ACF)
A história de Calebe é um exemplo de nobre propósito, como uma mão cheia do melhor trigo; seu espírito era segundo o próprio coração de Deus.
Calebe tinha sido provado no dia do declínio. Ele tinha permanecido firme com Josué quando todo o Israel praticamente abandonou o Senhor. Quando os espias que o acompanhavam para sondar a terra prometida apresentaram o relato pessimista, lamentando a presença dos gigantes e fazendo todo o Israel desmaiar, Calebe, apenas pensando no quão bom era a herança e o deleite de Deus por Seu povo, que Ele havia levantado da terra da escravidão, disse do que enchia seu coração: “Subamos animosamente e possuamo-la em herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela”. O coração dele, cheio da bondade e fidelidade de Deus, foi guardado da incredulidade e das murmurações. O segredo do Senhor está com aqueles que O temem, e Calebe e Josué “perseveraram em seguir ao Senhor”, e em face da fraqueza e incredulidade de Israel – inimigos maiores do que todos os filhos de Anaque – eles declararam fervorosamente a Israel: “O Senhor é conosco”. Calebe, portanto, ocupou um lugar separado entre seus irmãos que subiram com ele para espiar a terra (Nm 13:1-14:10). Como frequentemente é a maneira de Deus tratar com o Seu povo, depois que a promessa foi dada, a provação foi enviada. As tristezas do deserto sucederam – a disciplina e a correção. Calebe teve que andar errante com o Israel rebelde, suportar humilhações em comum com eles; ele viu os homens de guerra caírem, um por um, e morrerem; viu o Senhor desonrado pelo Seu povo; ele se afligiu pela negligência deles a respeito da circuncisão e da festa da Páscoa. Ele lamentou a respeito dos ídolos que carregavam com eles, mas a promessa o manteve; seu olhar estava sobre ela; brilhava além do deserto sombrio; iluminou seu caminho; ornamentou sua vida; sua alma foi levantada do deserto, tendo encontrado seus tesouros na terra prometida.
Ele havia pisado aquela terra uma vez, e pela fé a fez sua. Sabia que era uma terra extremamente boa e que o Deus da graça, que havia dado tal terra ao Seu povo, em quem Ele se deleitava, os levaria para lá. Calebe não havia perdido o sabor das primeiras uvas maduras, nem esquecido o Vale de Escol. O ardor do seu amor, que se acendeu naquele primeiro dia, ainda queimava dentro dele.
Caráter
Sua sinceridade não foi de forma alguma prejudicada por esperar o cumprimento da promessa, nem pelas aflições ou por perspectivas que pareciam arruinadas.
Nem sua força foi prejudicada, pois aos 85 anos, este nobre soldado era tão forte para entrar como para sair do combate, como ele tinha sido 45 anos antes. Olhando para trás em seu caminho acidentado no deserto, ele disse: “E, agora, eis que o SENHOR me conservou em vida, como disse; quarenta e cinco anos há agora, desde que o SENHOR falou esta palavra a Moisés”.
Ele confiou em Deus tanto para si mesmo como para seus filhos e nem uma palavra do Senhor caiu por terra! Companheiro crente, que nosso coração seja verdadeiro e forte como o de Calebe! Não deixe que as murmurações nem as agitações de nossos companheiros afastem nossa alma da graça de Deus.
Devemos passar pela disciplina, não apenas para nosso próprio benefício – para testar nosso próprio coração – mas também em companhia da vasta família de Deus. Se caminharmos por algum tempo no deserto, veremos “homens de guerra” caírem ao nosso lado. Alguns sairão das fileiras, outros voltarão para o mundo, outros tomarão partido com o adversário, mas que nenhuma dessas profundas aflições tire nosso coração de Deus. O Senhor é nossa Força cujos confortos nunca falham; se permanecermos em Sua presença, Ele estará conosco por todo caminho.
Calebe, olhando para o passado no poder do presente, era um sinal certo de que seu coração não o condenava e que ele permanecia na força de Deus. Não foi duvidando que ele disse: “Porventura o SENHOR será comigo, para os expulsar, como o SENHOR disse”, mas na certeza da indispensável força e presença do Senhor para fazê-lo ser capaz de obedecer à Sua Palavra. A graciosa promessa: “O SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares”, foi a energia de sua força. O deleite do Senhor em Seu povo, com o qual ele havia procurado encorajar Israel em Escol, foi sua coragem diante dos gigantes e suas grandes e fortificadas cidades.
Um bom final
Às vezes, o soldado Cristão, depois de estar muito tempo no serviço de Deus, quase se esquece de que só Deus é a sua força; e “se assim for, o Senhor estará comigo” é trocado por uma vã e gloriosa autoconfiança, “Sairei ainda esta vez como dantes e me livrarei” (Jz 16:20).
O Senhor honrou a dependência que Calebe tinha nEle; ele tomou Hebrom e “dali expulsou Calebe os três filhos de Anaque” (Js 15:14).
Em Calebe, temos uma amostra das qualidades do soldado Cristão, um coração íntegro, força inabalável e dependência contínua.
“Josué o abençoou”. Sem dúvida, sua alma ficou comovida com as palavras de Calebe.
Com uma nota de louvor, a história termina: “A terra repousou da guerra”. A fidelidade merece descanso. “Bem está, bom e fiel servo [...] entra no gozo de teu Senhor”. Calebe teve a sua parte na grande herança de Judá (louvor!).
The Young Christian, Vol. 6
Josué: Sua Formação e Desenvolvimento
O livro de Josué e seu relato da conquista da terra de Canaã pela nação de Israel, se presta a muitas aplicações diferentes, e neste livro, algumas das mais altas verdades dadas a nós no ministério do Apóstolo Paulo são ilustradas, em figuras. No entanto, muito dessa preciosa verdade já tem sido tratada em edições anteriores das revistas “O Cristão”. Nesta edição, que é dedicada a Josué, vamos procurar olhar para ele principalmente como um homem – sua formação, seu caráter, e como ele lidou com várias situações no curso de sua vida como um líder entre o povo de Deus. Ao mesmo tempo, estamos considerando dois outros homens fiéis que estavam com ele e provavelmente poderiam ser considerados da mesma geração de Josué. Esses homens são Calebe e Eleazar. Calebe foi um dos dois espias, juntamente com Josué, que não concordou com os outros dez espias, todos os quais recomendaram fortemente que Israel não tentasse conquistar a terra de Canaã. Calebe, juntamente com Josué, foram os únicos dois homens que sobreviveram à jornada de 40 anos no deserto e que ao final entraram na terra de Canaã. Eleazar era um sacerdote, filho de Arão, que também era um homem fiel, e Eleazar sucedeu seu pai, como sacerdote, quando Arão morreu.
O homem de confiança de Moisés
Ouvimos pela primeira vez a respeito de Josué muito cedo na história de Israel, logo quando saíram do Egito. Assim que entraram em sua jornada para Canaã, os amalequitas os encontraram e lutaram com eles. Josué já havia se estabelecido como “braço direito” de Moisés e foi encarregado de escolher homens para lutar com Amaleque. Na Escritura, Amaleque fala da carne em nós e, em uma idade jovem, Josué, de forma evidente, assumiu a liderança para derrotar os amalequitas. Este é um bom exemplo para todos nós, pois precisamos aprender em uma idade bem jovem que “a carne para nada aproveita” (Jo 6:63). O Senhor disse a Moisés que haveria guerra com Amaleque “de geração em geração”, e foi bom para Josué perceber isso.
Mais tarde, quando o Senhor chamou Moisés para “o monte de Deus”, a fim de lhe dar os dez mandamentos e o modelo para o tabernáculo, descobrimos que “levantou-se Moisés com Josué, seu servidor” (Êx 24:13). Embora Moisés tenha sido especificamente chamado para o monte, Josué, como seu servo, foi com ele. Parece que Josué estava a par de tudo o que Moisés ouviu e viu enquanto estava no monte. Mais uma vez, é um bom exemplo para nós. Como é bom para os mais jovens se manterem em companhia com aqueles que são mais velhos e sábios, e de quem podem aprender! Mais tarde, quando Moisés e Josué desceram do monte, eles conversaram enquanto ouviam o barulho da festa perversa que estava acontecendo em torno do bezerro de ouro que Arão havia feito (Êx 32:17-18).
Ele permaneceu fora do arraial
Pouco depois desse pecado muito grave, descobrimos que “tomou Moisés a tenda, e a estendeu para si fora do arraial” (Êx 33:7). (Este não era evidentemente o tabernáculo do qual Moisés recebera o modelo no monte, pois este não foi concluído até cerca de um ano depois. Parece que uma tenda temporária para o Senhor Se encontrar com o Seu povo havia sido arranjada). O próprio Moisés ia ao tabernáculo de tempos em tempos, mas depois voltava para o arraial. Josué, no entanto, “nunca se apartava do meio da tenda” (Êx 33:11). Como figura de Cristo, Moisés voltou ao arraial, mas Josué, uma figura do crente hoje, permaneceu fora do que havia desonrado o Senhor. Temos uma referência no Novo Testamento, em Hebreus 13:13, para sairmos do arraial, mas o espaço não permite que desenvolvamos esse pensamento aqui.
Indo mais além na história de Josué, descobrimos que dois dos 70 anciãos do povo, Eldade e Medade, que estavam entre os escolhidos para ajudar Moisés na administração da nação, “não saíram à tenda, e profetizaram no arraial” (Nm 11:26). Evidentemente, Josué sentiu que isso era uma afronta a Moisés, e ele queria que Moisés os proibisse. Mas Moisés, com a sabedoria de sua idade e sua relação com o Senhor, apenas respondeu: “Tomara que todo o povo do SENHOR fosse profeta” (v. 29). Teria sido melhor para Eldade e Medade não terem voltado para o arraial, mas Moisés não os invejou nem tentou impedi-los. Estavam profetizando, e Moisés os valorizou, mesmo no arraial.
Um dos doze espias
Indo mais adiante, encontramos os 12 espias, um de cada tribo, instruídos a ir e “espiar a terra de Canaã” (Nm 13:2). Josué era um desses espias, da tribo de Efraim. Calebe era outro, da tribo de Judá. Depois de vasculhar a terra por 40 dias, dez dos espias não vislumbravam como Israel poderia conquistar a terra, pois tinham se esquecido do poder do Senhor quando os tirou do Egito. Apenas Josué e Calebe estavam prontos para entrar e possuir a terra. Os olhos deles estavam no Senhor, não nos gigantes, nem nos altos muros das cidades, ou na força do povo em Canaã. Mas Calebe e Josué estavam em menor número, e o povo realmente queria apedrejá-los pela atitude positiva deles. Como Calebe era evidentemente um pouco mais velho do que Josué, a Palavra de Deus se concentra nele, mas Josué estava com ele, e juntos resistiram ao relato ruim dos outros dez espias.
Essa foi uma prova muito severa para os dois jovens, e especialmente para Josué, pois significava que a nação passaria os próximos 40 anos vagando no deserto, até que todos aqueles que haviam resistido à Palavra do Senhor tivessem morrido. Naturalmente falando, Josué e Calebe passariam seus melhores anos de vida no deserto, em vez de entrar e desfrutar da terra. Eles se submeteriam a isso? Felizmente não lemos de nenhuma queixa da parte deles; eles foram juntos com aqueles que vagavam no deserto, e o Senhor os preservou. Lemos que “Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos homens que foram espiar a terra, sobreviveram” (Nm 14:38 – ARA).
O pedido de Moisés e a escolha de Deus
Assim, no final da jornada ao deserto, chegou a hora da morte de Moisés. Ele falhou em honrar o Senhor quando lhe foi dito para falar com a rocha, para prover água para o povo. Em vez disso, Moisés feriu a rocha, e o Senhor disse que ele não seria aquele que levaria o povo para a terra. Mas a resposta de Moisés a esse desapontamento é bela:
“O SENHOR, Deus dos espíritos de toda carne, ponha um homem sobre esta congregação, que saia diante deles, e que entre diante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar; para que a congregação do SENHOR não seja como ovelhas que não têm pastor. Então, disse o SENHOR a Moisés: Toma para ti a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e põe a tua mão sobre ele [...] e põe sobre ele da tua glória [...] E fez Moisés como o SENHOR lhe ordenara” (Nm 27:16-18, 20, 22).
Moisés cuidou do povo, e quando ele pediu um pastor para guiá-los, o Senhor tinha Josué preparado para entrar em um lugar de liderança. Foi o resultado de todo o bom treinamento que Josué teve e do tempo que passou na companhia de Moisés. Moisés, então, é capaz de ordenar a Josué: “Esforça-te e anima-te, porque tu meterás os filhos de Israel na terra que lhes jurei; e eu serei contigo” (Dt 31:23).
Mais tarde lemos que “Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o SENHOR ordenara a Moisés” (Dt 34:9).
Novamente, a história de Josué é cheia de significado para nós, pois nos mostra a necessidade do propósito do coração quando somos jovens, um tempo de treinamento sob a mão do Senhor e uma prontidão para nos submetermos a reais desapontamentos, até que possamos ser considerados preparados para assumir a liderança entre o povo de Deus.
W. J. Prost
“Assim Como Fui com Moisés”:
Um Encorajamento para Josué
Josué 1:2, 5-7
“Moisés, Meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que Eu dou aos filhos de Israel […] como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Esforça-te, e tem bom ânimo (sê forte e corajoso – ARA), porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo (sê forte e mui corajoso – ARA) para teres o cuidado de fazer conforme toda a lei que Meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares” (Js 1:2, 5-7).
Fundados em graça
É um princípio infalível que as exortações da Escritura são fundadas na graça. Deus é o Deus de toda a graça; portanto, o que Ele exorta Seu povo a fazer, Ele lhes dá poder para realizar. Talvez em nenhuma porção da Palavra de Deus haja maior graça a ser encontrada do que em Suas exortações, pois o objetivo delas é aproximar Seu povo de Si mesmo e guiá-lo mais profundamente em seus privilégios.
Na comovente exortação que acabamos de ler, o fundamento é que a terra pertence a Israel de acordo com a promessa. Assim, porque Deus lhes deu a terra, Ele manda que eles “levantem-se e a possuam”. Quando essa exortação foi dada, Israel foi trazido pela graça soberana e pela bondade paciente até as próprias fronteiras da terra da promessa. Suas glórias se espalharam diante de seus olhos – os campos de trigo, olivais, vinhas e as montanhas das quais deveriam “cavar o cobre” (AIBB). Como se sabe, por antecipação, os “ribeiros de águas, de fontes e de abismos, que saem dos vales e das montanhas” eram deles, e uma única coisa lhes era necessária para o gozo dessa porção: Eles deveriam se “levantar” e possuir. Era época de colheita – a época dos bens mais ricos do ano – e o Jordão (isto é, o rio da morte ou do juízo) lhes ameaçava barrar o caminho, pois “o Jordão transborda todas as suas margens durante todo o tempo da ceifa” (Js 3:15). No entanto, a fé se apoderaria da Palavra do Deus vivo e, independentemente da dificuldade, obedeceria a essa palavra imediatamente.
Mais do que contemplar a terra
Ora, contemplar os campos de trigo não era comer dos frutos, e contemplar as montanhas não era cavar suas riquezas. A única condição que o Senhor impôs ao povo era que eles entrassem e possuíssem a terra que Ele lhes dera.
Essa também é a verdade em relação à posse espiritual, pois, nenhum conhecimento geográfico (se assim pode ser chamado) da verdade de Deus, nenhuma capacidade de mapear doutrinas ou dispensações, é por si só a posse. A verdadeira possessão torna-se a porção daqueles que, por combate pessoal, passo a passo, ganharam terreno; para esses é a promessa: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado” (Js 1:3).
A fim de estimular o Seu povo a entrar na sua posse, o Senhor graciosamente prometeu a Sua presença infalível, força e proximidade com eles no conflito. O Senhor não tinha esquecido dos temores deles em Escol. Ele sabia que os filhos de Anaque ainda pisavam a terra e que cidades grandes e altas, muradas até aos céus, enchiam o território. Em Sua graça, Ele encorajaria tanto o Seu povo, que eles iriam aprender a medir os filhos de Anaque pelo poder de Jeová em vez de pelo seu próprio, e as cidades muradas, pelo poder d’Ele e não pela aptidão de suas armas de guerra.
Ser forte no Senhor
A força que Jeová desejava em Seu povo era força da mão para tomar e reter firmemente, e força dos joelhos para que o lutador não fosse derrubado. E nós, Cristãos, somos exortados a “ser fortes no Senhor e na força do Seu poder”, “porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”, que são para nós como os exércitos de Canaã eram para Israel. Também não devemos nos contentar com o fato de vencer um inimigo; “havendo feito tudo”, ou como diz a versão Almeida Atualizada, “depois de terdes vencido tudo”, somos orientados a “ficar firmes” (Ef 6:12-13). A cidade murada pode ser tomada, mas como sentinelas em seus postos, devemos “ficar firmes”, se esperamos mantê-la.
Deus, pela exortação e pelo encorajamento, nos alerta a respeito do perigo e da dificuldade. Mas se recuamos diante da dificuldade, lembre-se que recuaremos diante da terra da promessa. O quê? Deveria um Cristão sentar-se no lado deserto do Jordão por causa dos gigantes de Canaã? Novamente, o Senhor convoca o Seu povo para a força e a coragem. E agora, isso significa que eles podem obedecer a toda Sua Palavra. Não é permitido o menor desvio. Essa é uma estrada reta, e um passo fora levaria a um total desvio; “não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda”. A Palavra de Deus não deveria se desviar da boca do Cristão. “Está escrito” deveria decidir tudo, e ser a sua meditação, tanto de dia como de noite – o seu estudo contínuo. Ao obedecerem à Palavra de Deus teriam prosperidade e sucesso.
E aqui está uma boa ocasião para sermos sinceros conosco mesmos. Por que alguém está sem a completa paz com Deus? Por que a alma de outro fraqueja? Por que outro tem dificuldades em vez de gozo? A Palavra de Deus não é inquestionavelmente seguida; houve desvio na “vereda direita” da Escritura.
Três vezes: “Esforça-te”
Uma terceira vez temos o Senhor dizendo: “Esforça-te e tem bom ânimo”. A primeira vez, porque tudo vem da Sua graça; a segunda, porque a Palavra é a Sua Palavra; e agora, porque a Sua própria autoridade nos encarrega disso. Uma vez que o Cristão abrace o fato da autoridade divina da Palavra de Deus, imediatamente tudo o que é humano deve se curvar a ela.
Com a promessa: “porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares”, a exortação se encerra, pois não seria possível obedecer a esse Seu mandamento a não ser que fosse abençoado com a Sua presença. Josué tinha visto tudo o que Moisés fez durante os 40 anos no deserto, e como este tinha confiado no Senhor em todas as circunstâncias. Ele tinha visto mais de uma vez quando Moisés parecia estar sobrecarregado com os fardos de suas responsabilidades, mas ele viu como o Senhor tinha repetidamente instruído Moisés sobre o que fazer. O mais importante de tudo, ele tinha visto o amor de Moisés pelo povo e seu desejo de ver a bênção para eles, apesar do fracasso e, às vezes, da rebelião deles. Deve ter sido uma grande consolação o Senhor dizer a Josué: “Assim como fui com Moisés, assim serei contigo”. Josué tinha visto Moisés contar com o Senhor uma e outra vez, e ele percebeu que também podia contar com Ele.
E assim é nos dias de hoje. Talvez tenhamos admirado e respeitado aqueles que antes de nós tenham perseverado, e talvez cobicemos a fé e a caminhada piedosa deles. Que cada um de nós lembremos que o Senhor é o mesmo hoje, e que a fé pode se apropriar d’Ele e contar com Ele, assim como os mais fiéis fizeram no passado.
H. F. Witherby (adaptado)
Fracassos de Josué
Em outros artigos nesta edição de “O Cristão”, falamos sobre a formação de Josué, seu desejo de seguir o Senhor e sua fidelidade ao Senhor ao longo de sua vida. No entanto, o Espírito de Deus registra fielmente o fracasso, bem como a fidelidade dos servos do Senhor, e encontramos o fracasso em pelo menos duas ocasiões na vida de Josué. Tendo em mente que “tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito” (Rm 15:4), vamos olhar para essas duas ocasiões de fracasso na vida de Josué.
Derrota em Ai
No primeiro caso, encontramos Josué prostrado no chão diante do Senhor após uma derrota desastrosa em Ai. Josué tinha conduzido Israel a uma grande vitória ao tomar a cidade de Jericó, porque eles agiram em estrita obediência aos mandamentos de Jeová. Mas quando se tratou de tomar a cidade de Ai, que era muito menor, parece que Josué e Israel tentaram resolver o assunto por suas próprias mãos. Eles fizeram planos sem pedir orientação ao Senhor, e o resultado foi a derrota, com a perda de 36 homens. Compreensivelmente, Josué ficou muito perturbado, assim como os anciãos de Israel. Todos eles se prostraram em terra sobre o próprio rosto “perante a arca do Senhor” (Js 7:6) e deitaram pó sobre a própria cabeça.
A reação de Josué, no entanto, mostra fraqueza e fracasso, pois sua preocupação foi antes de tudo com Israel, e depois com a reação esperada dos cananeus. Pior ainda, ele quase repreende o Senhor por até mesmo fazê-los atravessar o Jordão, dizendo que teria sido melhor para eles ter morado do outro lado do Jordão – e tudo isso de um homem que, mais de 40 anos antes, havia defendido fortemente, junto com Calebe, que Israel passasse imediatamente pelo Jordão e conquistasse a terra de Canaã! É somente no final de seu discurso ao Senhor que ele diz: “Que farás ao Teu grande nome?” (Js 7:9). Isso contrasta muito com o discernimento de Moisés quando Israel fez o bezerro de ouro. No monte, ele teve entendimento quanto ao que estava acontecendo no arraial de Israel; o Senhor revelou isso a ele. E mais ainda, sua preocupação era, antes de tudo, com a santidade e glória do Senhor, e não com o povo.
Josué deveria ter conhecido a causa da derrota de Israel, e se ele e os anciãos de Israel tivessem consultado o Senhor antes de fazerem seus próprios planos de ataque a Ai, certamente Deus lhes teria revelado o pecado de Acã. Foi um pecado grave – um arrogante pecado, pelo qual não houve sacrifício expiatório. Em vez de se prostrar em terra sobre seu rosto, o Senhor diz a Josué: “Levanta-te” (Js 7:10). Foi bom humilhar-se diante do Senhor, mas era necessário mais; Josué precisava agir para a glória do Senhor.
Restauração: A porta da esperança
Felizmente, Josué foi restaurado à comunhão com o Senhor e imediatamente seguiu Suas instruções para lidar com o pecado. Pode ter parecido um julgamento severo por um ato de furto resultante da cobiça, mas a santidade de Deus deve ser mantida. É sempre o caminho da bênção, pois somente quando a santidade de Deus é vindicada, Ele pode vir e abençoar. Acã e sua família foram apedrejados e depois queimados no vale de Acor, e muito mais tarde na história de Israel, encontramos o profeta Oséias referindo-se a este mesmo ato. Ao falar de bênção milenar, ele diz: “Eu lhe darei [...] o vale de Acor por uma porta de esperança” (Os 2:15). O Milênio será introduzido por juízo, pois “havendo os Teus juízos na Terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9). Josué teve que aprender isso, pois o pecado de um homem contaminou toda a congregação e ocasionou sua derrota pelas mãos dos homens de Ai. Somente depois que o pecado foi tratado Israel pôde seguir em frente em sua conquista de Canaã. Na segunda vez que atacaram Ai, eles o fizeram de acordo com as instruções do Senhor, e não com suas próprias ideias.
O engano dos Gibeonitas
O segundo fracasso na carreira de Josué diz respeito aos gibeonitas, e em certo sentido é o mesmo fracasso, pois, mais uma vez, resultou da falta de buscar a mente do Senhor e Sua orientação. Tendo visto o poder de Deus em Israel e a derrota de Jericó e Ai, os gibeonitas recorreram ao engano para salvar a própria vida. Fingindo ter vindo de um país distante, eles trouxeram pão mofado, roupas e sapatos gastos, sacos velhos em seus jumentos e odres de vinho velhos. Eles fingiram ter ouvido falar da fama do Deus de Israel e pediram que Israel fizesse uma aliança com eles. Josué e os homens de Israel foram levados por esse ardil, mas é especificamente registrado que eles “não pediram conselho à boca do SENHOR” (Js 9:14). Assim, “Josué fez paz com eles e fez um concerto com eles, que lhes daria a vida” (Js 9:15). Três dias depois, Josué e os homens de Israel descobriram que os gibeonitas eram seus vizinhos e eram realmente algumas das nações cananeias que o Senhor havia comissionado Israel a destruir. Mas depois de jurar pelo nome do Senhor que os deixaria viver, Israel reconheceu que “não podemos tocar-lhes” (Js 9:19).
Mais uma vez a reação de Josué a esta descoberta da verdadeira identidade dos gibeonitas é bastante lamentável. Em vez de se reprovar a si mesmo e a Israel por não ter consultado o Senhor, Josué volta sua ira contra os gibeonitas, perguntando-lhes: “Por que nos enganastes [...] morando vós no meio de nós?” (Js 9:22). A resposta deles foi simples: “tememos muito por nossa vida por causa de vós. Por isso, fizemos assim” (Js 9:24). Não podemos esperar que o mundo ao nosso redor aja com retidão diante do Senhor, e especialmente quando eles agem simplesmente para preservar a vida deles. Teria sido melhor para Josué confessar seu próprio fracasso primeiro e perceber que esta era a verdadeira causa do problema.
Os gibeonitas foram feitos “rachadores de lenha e tiradores de água” a partir daquele momento, e eles eram, sem dúvida, gratos por terem a vida poupada. Mas o problema veio muitos anos mais tarde por causa deles, pois em equivocado zelo, o rei Saul tentou destruí-los e trouxe fome sobre a terra durante o reinado de Davi. Às vezes, o fracasso em nossa vida pode ter consequências de longo alcance.
Em resumo, então, a partir desses dois incidentes na vida de Josué, aprendemos que não há substituto para agir em dependência do Senhor e buscar Sua orientação em todas as circunstâncias de nossa vida. Também aprendemos, no caso de Ai, a suprema importância de manter a santidade de Deus e Sua glória.
W. J. Prost
Paz com Gibeão
Josué 9
Se agirmos fielmente, a cada passo de fidelidade o Senhor certamente acrescentará mais luz; somente devemos ter o cuidado de buscar o conselho do Senhor a cada passo. A paz com Gibeão só nos priva da vitória e nos traz outras guerras e angústias, pois a presença do que não é de Deus sempre abre a porta para Satanás. Talvez isso não seja tão perceptível quando tudo está em ação na alma, mas quando há declínio, então o mal e a consequência são sentidos. Nos dias de Davi, houve fome por três anos; isso foi por causa de Saul e sua casa sanguinária, porquanto matara os gibeonitas. Tudo aconteceu a partir do pequeno ato de não se buscar conselho com Deus. Quando tudo era guerra, parecia uma coisa conveniente – uma bênção, encontrar alguma paz e reconhecimento daqueles que diziam: “O SENHOR, teu Deus”. Parecia a voz crente de Raabe, e com a aparência de viajantes muito distantes, parecia não haver nada de errado em fazer paz com eles – supostamente não eram da raça proibida e amaldiçoada. Mas eles não buscaram o conselho do Senhor, e descobriu-se que os gibeonitas eram da raça amaldiçoada. Isso quase causou uma separação entre Josué e o povo. Diante da astúcia do inimigo, apoiar-se na própria sabedoria nos caminhos de Deus é tão ruim ou pior quanto apoiar-se na própria força para as batalhas de Deus. A autoconfiança na paz com Gibeão e na guerra com Ai terminam em confusão e vergonha ou em derrota.
The Christian Friend, 1:124
Josué Como uma Figura de Cristo
Vimos em outros lugares que Josué é uma figura de Cristo guiado pelo Espírito, e assim, ele busca a vitória; ele atacará e vencerá. Mesmo supondo que Amaleque procurou matar os fracos (Dt 25:17-18), isso não altera seu caráter, mas apenas dá a ocasião para o exercício da energia do Espírito. Já vimos Israel em conflito com Amaleque em Êxodo 17.
J. N. Darby
Ai e o Anátema
Quando Israel foi derrotado em Ai, o que Josué – o homem de Deus – faz? Ah! Ele rasga as suas vestes e se prostra em terra sobre o seu rosto diante da arca do Senhor (Js 7:6). Onde estava a arca na guerra com Ai, diante da qual os muros de Jericó tinham caído? A alma piedosa de Josué reconhece seu valor, mas ele não sabe o que fazer, e, ignorando o anátema, ele desabafa suas lamentações. Primordialmente, esses lamentos não são quanto ao que ele fez, nem quanto ao que o povo fez, mas, infelizmente, quanto ao que Deus tinha feito quando Ele os fez passar o Jordão! “Se Deus quisesse, estaríamos contentes e moraríamos do outro lado do Jordão”, disse ele. Quão claramente essas palavras mostram o que é o coração do homem! Este lugar abençoado, além do Jordão, é o único que Josué teria alegremente evitado.
O tom do seu pedido revela fraqueza. O nome de Israel é o primeiro que ocupa seus pensamentos; depois são os cananeus – o mundo. “Israel virou as costas diante dos seus inimigos!” Os cananeus... “ouvindo isso”. Eles “exterminarão da Terra o nosso nome” (TB). Então, bem no final, “que farás ao Teu grande nome?” (vs. 8-9). O exemplo que nos é dado na história do fiel servo de Deus, Moisés, é muito diferente (Êx 32:11, 13). Ele estava no monte de Deus, e lá Deus lhe revela o mal que tinha acontecido no arraial. O pecado do povo não permanece oculto aos olhos de Moisés. Consciente disso, antes de descer do monte, ele pensa na vergonha de Israel? Não, ele está ocupado com o que é adequado ao nome do Senhor. Ele reconhece a ofensa às demandas de santidade. Quanto às nações, sua única preocupação é se Deus seria glorificado aos olhos dos egípcios pela derrota de Seu povo. Quanto a Israel, ele apela à graça de Deus – à única coisa que glorifica o nome de Jeová na presença do Israel culpado. Moisés não tinha necessidade, como Josué, de recuperar a comunhão perdida; ele pode interceder pelo povo, e é ouvido.
Josué, pelo contrário, é encontrado precisamente na atitude em que ele não deveria estar. “Levanta-te”, disse-lhe o Senhor. “Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?” (v. 10). Humilhar-se por sua falta de poder não era a única coisa a ser feita; era hora de agir. Encontramos o oposto disso em Juízes 20, onde Israel deveria ter se humilhado primeiro e depois agido. Miserável carne! Que desordem ela introduz nas coisas de Deus! Está sempre fora da corrente de Seus pensamentos, ou então, em aberta hostilidade a Ele. Juntemo-nos ao apóstolo para dizer: “não confiamos na carne” (Fp 3:3). Josué teve que agir; o anátema teve que ser tirado do meio deles.
Food for the Flock, Vol. 9
O Memorial e a Glória do Líder
Jeová fez “maravilhas” para Israel no Jordão, tanto no efetivo trabalho realizado quanto no significado simbólico desse trabalho. Portanto, na figura diante de nós, grandes coisas da mente de Deus podem ser encontradas.
“Levantou Josué também doze pedras no meio do Jordão, no lugar do assento dos pés dos sacerdotes que levavam a arca do concerto; e ali estão até ao dia de hoje” (Js 4:9). Quando o registro foi escrito, a cheia do Jordão não tinha varrido as pedras que o líder colocou na passagem do leito do rio. O memorial de Israel levantado em Gilgal, em Canaã, foi para que todos, na terra da promessa, vissem como “um memorial para os filhos de Israel para sempre”. As pedras que Josué levantou no leito do rio não eram para serem vistas quando as águas estivessem na sua cheia, mas, mesmo assim, eram um memorial para o próprio líder. Podemos corretamente dizer que seus sentimentos mais profundos se centralizariam no rio; ali, onde os sacerdotes pararam, todo o peso da segurança de Israel era suportado, e ali se assentava o poder secreto de toda a bênção de Israel ao entrar em Canaã.
As águas do julgamento
Nessa ação, temos um ensinamento significativo, pois, em Canaã, Josué era uma figura de Cristo. Nosso Senhor nunca esquece as águas profundas pelas quais Ele passou – aqueles sofrimentos na morte e para a morte, pelos quais Ele venceu aquele que tinha o poder da morte, o diabo, e pelos quais Ele abriu ao Seu povo sua herança celestial. Do trono no alto Ele Se lembra do trabalho de Sua alma – Sua cruz, e dela, a vergonha e a agonia. Jesus, cuja obra trouxe o povo de Deus para os lugares celestiais, sempre Se lembra das cheias do Jordão, das torrentes de águas profundas, onde Ele, bendito seja o Seu nome, permaneceu firme para nos levar ao Seu Deus e Pai.
O povo de Deus está muito ocupado com suas bênçãos e, por uma necessidade moral, estas devem primeiramente encher o coração. Até que, por graça, haja o reconhecimento de como os santos são abençoados nos lugares celestiais em Cristo, não é possível meditar sobre a maneira como nosso Senhor nos trouxe para nossas bênçãos. Essas pedras de memorial nos falam das profundezas do Jordão e do que Cristo sofreu por nossa causa e de nossas bênçãos, mas não deixemos que Seu memorial seja esquecido! Sua Pessoa santa em glória ainda carrega as marcas das feridas do Calvário e, do céu, Jesus falando de Sua morte, diz ao Seu povo: “Lembrai de Mim”.
A lembrança santa do lugar onde Seus pés permaneciam firmes quando as ondas da ira de Deus rolavam sobre Ele deveria estar presente no coração. É verdade que Ele não é mais o Sofredor; Suas tristezas estão para sempre superadas; Ele é o Filho do Homem ressurreto, triunfante em Sua vitória sobre a morte, mas para sempre as memórias de Sua morte encherão o coração de Seu povo; eternamente se dirá das pedras de “testemunho” do Senhor, “elas estão lá até hoje”.
O líder engrandecido
O Senhor engrandeceu Josué pela passagem do Jordão, e assim obteve para ele a liderança aos olhos de Israel. “Naquele dia, o SENHOR engrandeceu a Josué diante dos olhos de todo o Israel; e temeram-no, como haviam temido a Moisés, todos os dias da sua vida” (Js 4:14). A presente exaltação e o lugar do Senhor Jesus como Homem vem de Seu Deus e Pai, e Suas glórias e exaltação são a resposta bendita aos Seus sofrimentos e humilhação. “Ora, isto – Ele subiu – que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da Terra? Aquele que desceu é também O mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef 4:9-10). O Senhor Jesus, o Filho do Homem, que desceu às mais baixas profundezas, ocupa a mais elevada altura no céu, e lá Ele carrega em Sua Pessoa o testemunho solene do Calvário. Por causa de Sua obediência até a morte, e morte de cruz, Deus O “exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Fp 2:9). Ele foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, e Deus, o Pai, O colocou “à Sua direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1:21-22). Ao ser esta exaltação do Senhor apreendida, Ele Se torna de fato o Líder de Seu povo e é exaltado por eles.
A presente glória de Cristo
O Senhor não é plenamente honrado por Seu povo até que Sua glória presente seja reconhecida. À luz de Sua presente exaltação como Homem sua glória é vista, no lado da vida após a morte como o Senhor que morreu. Ele, o Cristo ressuscitado e ascendido, é o Primogênito dentre os mortos, a Cabeça sobre todas as coisas, a Cabeça de Seu corpo, a Igreja. Quanto mais o coração O apreende assim, mais tudo o que Ele fez ao morrer por nós é lembrado.
O Líder celestial está diante de Seu povo nos ensinamentos da porção diante de nós. Mesmo em assuntos terrenais, a influência de um líder sobre seus seguidores é proporcional à honra em que eles o mantêm. Agora Cristo está no céu e em glória, e à medida em que Sua grandeza e majestade, Sua força e poder são apreendidos pela fé, uma poderosa influência é exercida sobre cada a alma e vida de Seu povo. Sua posição em glória e Sua vitória determinam a bênção dos redimidos; a plenitude da bênção dos membros é determinada pela glória da Cabeça. Sua honra e a bênção deles não devem ser separadas. Nossa posição celestial em Cristo é exclusivamente de graça divina, mas ela é nossa em Cristo nas alturas. Agora, na verdade, isso é um assunto de fé, mas em breve será exibida em glória, e essa exibição será vista como sendo para a honra do nosso exaltado Salvador, Jesus Cristo, o Senhor.
H. F. Witherby
Linhas sobre a Morte de G. V. Wigram (1879)
2 Timóteo 2:4; Josué 14:14
O dia de seu conflito passou, tudo está acabado; Na voz de seu Mestre, Aquele glorificado, O Chamou para Si com o seu "Bem está" ecoado; Terminou sua parte na guerra, e então: Ele foi para Aquele que amava de coração, Em paz, no gozo do seu Senhor que lhe deu perdão.
Seu coração havia sido conquistado; embora pelo inimigo tentado, Ele alegremente confessou que seu coração estava abastado Achou gozo – em Cristo – um tesouro revelado. Sob a bandeira que empunhou, no mundo não lutou em vão; Quão verdadeiro era o seu prazer, ao mostrar a pecadores o perdão, Por Aquele que o havia comprado e purificado do pecado.
Entre confusões e erros, conflitos enfrentou — A verdade era sua “arma”, mas em doce graça lutou, Fiel, seguiu a seu Mestre, e a seu Senhor agradou; Seu sorriso sempre alegre por toda a vida mostrou Que agia motivado por Quem assim lhe ensinou — A seguir os Seus caminhos e por eles o guiou.
Ele ouviu o chamado e seu escudo baixou, Confiante que sua porção era aceita e selada, tudo deixou Abandonando o campo – o soldado que honrou Foi seu prêmio receber, do Senhor que o chamou. Entrando ali e encontrando, como um mar de alegria, Comunhão perfeita e plena em seu coração que ardia.
O peitoral já não usa, seu peito não precisará - Também nenhuma armadura, somente descanso terá; As leves vestes de agora revela o lugar onde está. Seu cinto desamarrado e sua espada ao lado, Só aqui foram usados, na luta por seu Amado Mas, agora em Sua presença, em casa, por Ele abraçado.
Ele dormiu, e choramos, contudo, nos alegramos, Satisfeitos com Sua escolha, consolados, aqui estamos; A voz do arcanjo, porém, “a trombeta”, aguardamos Para dobrar nossas tendas, o piscar de olhos esperamos Então cessará a tristeza, o conflito, tudo com que lutamos Em nosso refúgio estaremos, o descanso e a paz desfrutando
Estar com o Senhor — onde ninguém desunir poderá, Estar com o Senhor — em Sua glória que eterna será; Que nós, que no deserto ficamos
Na força que o Senhor nós dá; Tal fiel promessa que temos, onde formos ela certa será Na firmeza de cada soldado — e com Ele a vitória virá!
Autor Desconhecido (adaptado).
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