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Fruto do Espírito (Agosto de 2024)

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Revista mensal publicada pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          The Bible Treasury, vol. N1 (adaptado)

        Bible Treasury, Vol. 13 (adaptado)

          W. J. Prost

         An Outline of Sound Words

         Bible Treasury , Vol. 14

         W. J. Prost

         Bible Treasury, Vol. N1

         Girdle of Truth, Vol. 3 (adaptado) [Autor provável J. G. Bellett]

          Faithful Words for Young and Old, Vol. 21

          Bible Treasury, Vol. 4

          Hamilton Smith

          Christian Friend, 1894

          F. B. Hole

          H. H. Snell

          J. N. Darby

          C. P. H.

 

O Fruto do Espírito


Que contraste com as obras da carne há no fruto do Espírito! “Mas o fruto do Espírito é: caridade (amor – ARA), gozo (alegria – ARA), paz, longanimidade, benignidade (gentileza – JND), bondade, fé (fidelidade – ARA), mansidão, temperança (domínio próprio – ARA). Contra essas coisas não há lei” (Gl 5:22-23). Estas não são chamadas “obras”, que implicam esforço, mas “fruto”, o resultado natural da vida. O Espírito Santo é um poder vivo no Cristão: Aqui temos o resultado abençoado e variado de Suas operações. “Amor” é a própria natureza de Deus e está corretamente colocado em primeiro lugar. Todo o resto se desvanece diante do amor. É aquilo que permanecerá quando não apenas profecias, línguas e ciência não existirem mais, mas quando a fé e a esperança tiverem dado lugar à visão e à realização (1 Co 13:8-13). Naturalmente seguem-se “gozo” e “paz”. Visto que nossa alma permanece na natureza divina, somos felizes e calmos. Coisas que, de outra forma, perturbariam e agitariam nosso coração passam e continuamos inabalados. Então, “longanimidade, benignidade e bondade” em todas as nossas relações com os outros ocupam seu lugar abençoado. Voltando-se novamente para dentro de nós, “fé, mansidão e temperança” se desenvolvem, permitindo-nos andar com confiança com Deus, transmitindo aquele humilde quebrantamento de espírito que Deus valoriza e nos permitindo manter todos os nossos membros bem controlados.

 

The Bible Treasury, vol. N1 (adaptado)

 

Vivendo e Andando no Espírito 


“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5:25).

 

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5:22-23 – ARA). O mandamento de amar a Deus e ao nosso próximo, dado pela lei, não dava o poder para fazê-lo e, portanto, a lei se achava fraca pela carne (Rm 8:3 – TB). O Espírito, operando pela fé em Jesus Cristo e Ele crucificado, produz amor por uma nova natureza, que a lei nunca deu. Assim, no momento em que o amor está presente, a lei é cumprida, pois “o amor é o cumprimento da lei [é toda a lei – JND] (Rm 13:10 – TB), e amamos a Deus e ao nosso próximo. Aqueles que têm o Espírito têm isso, e isso é a base de tudo. “Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4:19 – ARA), e “o amor não faz mal ao próximo” (Rm 13:10). Os três primeiros frutos mencionados são o estado do indivíduo e o gozo do “espiritual”, aquilo que deve continuar em cada um sem interrupção. Mas isso nem sempre acontece, como sabemos. “Abandonaste o teu primeiro amor” (Ap 2:4 – ARA), como foi dito pelo Senhor. E aqui, em Gálatas, o amor não havia continuado, embora eles tivessem começado bem, tendo recebido o Espírito. “Aquele que guarda os Seus mandamentos permanece n’Ele, e Ele nele. E nisto conhecemos que Ele permanece em nós” (1 Jo 3:24 – JND); “Nisto conhecemos que permanecemos n’Ele... pois nos deu do Seu Espírito” (1 Jo 4:13 – ARA).

 

Gozo e paz 

Gozo e paz, também, fazem parte do fruto do Espírito e da experiência do homem espiritual. Nós nos gloriamos em Cristo Jesus e não confiamos na carne (Fp 3:3). Temos Sua alegria completa em nós mesmos (Jo 17:13), além disso, nos gloriando em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5:11), temos paz com Deus; e a paz de Deus que excede todo o entendimento guardando nosso coração e mente por Cristo Jesus (Fp 4:7); a “paz de Cristo” dominando nosso coração (Cl 3:15 – AIBB), pois temos Cristo diante de nós. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14:27). O homem espiritual que tem pessoalmente essa paz pode ser usado para trazer outros para a esfera em que ele mesmo e outros vivem e se movem, ou para trazer de volta os que têm caído dela – para restaurá-los.

 

Longanimidade e benignidade 

A espiritualidade é então mostrada em seguida de forma passiva: longanimidade. O que poderia ser mais necessário para ajudar os santos, ou no serviço do Senhor para com o mundo, do que a longanimidade? Deus é “longânimo e gracioso”; assim são aqueles que têm o Espírito e andam n’Ele. As dificuldades são muitas e a oposição grande – a contradição dos pecadores, a obstinação dos santos, a inimizade de Satanás e a operação da carne. “O amor é paciente, é benigno” (1 Co 13:4 – ARA). O trabalho do amor requer paciência e perseverança, e se o Espírito trabalhar em nós, dará a capacidade. “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento [que sejais de um mesmo pensamento – JND] uns para com os outros, segundo Cristo Jesus” (Rm 15:5). Como Deus é paciente, e Cristo também, assim o homem espiritual é longânimo e paciente.

 

Em seguida, temos “benignidade” Isso também está relacionado. Aqueles que são espirituais são muito cuidadosos em ter consideração com os outros. Ser arrogante ou brusco é coisa de Cristo? A dureza é de Cristo? A benignidade de uma ama que cuida de seus filhos é a ilustração feita por Paulo de sua maneira de cuidar e ajudar os santos. Um proceder severo ou rude, que choca ou despreza, não é do Espírito.

 

Bondade e fidelidade 

Assim como a longanimidade não demonstra indiferença, coisas são suportadas porque não podem ser evitadas. Assim a benignidade não é assumida como um polimento exterior, fruto da educação, porque a aspereza seria considerada má educação. Por detrás de ambas está a bondade, que age por meio de ambas – num “coração bom e honesto”. Há uma diferença entre um homem justo e um homem bom. O primeiro é íntegro, rigoroso e escrupuloso quanto às suas obrigações para com os outros, mas exige deles o mesmo em troca. Ele cumpre seu dever, mas zela rigorosamente para que os outros também façam o deles. Um bom homem fará muito mais, sem esperar retorno. Um homem justo pode ser respeitado; um homem bom é amado. Ele é um homem verdadeiramente filantrópico no sentido de Deus, pois a filantropia de Deus nos apareceu em Cristo (Tt 3:4).

 

Então vem “fé” (fidelidade), não para a salvação da alma, nem aquela pela qual ela recebeu o Espírito, crendo no evangelho de “Cristo crucificado”, mas confiança, ou consideração em Deus pelo Qual ele vive, como está escrito: “O justo viverá pela fé”, e por isso ele permanece – age fielmente. O homem espiritual foi ensinado a abandonar o homem e confiar em Deus, que está acima de todas as circunstâncias. Por isso, ele é levado a ser ativo ou passivo, a ficar parado ou avançar, pois essa fé viva e preciosa o conecta com Deus em tudo. Em sua medida, o homem espiritual anda no caminho d’Aquele que começou e terminou uma vida perfeita de fé (Hb 12:2), e olha para Ele como o Único perfeito nesse caminho, embora tenha havido uma grande nuvem de testemunhas desde o início que percorreram esse caminho.

 

Mansidão e domínio próprio 

Por fim, “mansidão” e “domínio próprio” são dadas como partes do fruto do Espírito. O homem espiritual não agiria de forma precipitada ou apressada; “aquele que crer não se apresse”. Ele será preservado do exagero. Quanto aos seus sentimentos e julgamento, ele manteria a mente equilibrada e imparcial. Estando cingidos os lombos do seu entendimento, ele será sóbrio. Então, Tito nos indica como necessário para um ancião, que sejamos “sóbrios” e “prudentes” (Tt 2:2). Assim, os “espirituais”, aqueles que têm a mente imparcial pelo domínio próprio, não distorcem o julgamento. “Mas o que é espiritual discerne bem tudo” (1 Co 2:15), e isso pela Palavra. Assim está escrito: “Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”. E assim somos preservados do erro pela Palavra.

 

Bible Treasury, Vol. 13 (adaptado) 

 

O Fruto do Espírito como Visto no Homem Cristo Jesus


O Senhor Jesus tornou-Se um Homem de verdade, assim como nós, exceto que Ele era “sem pecado” (Hb 4:15). Além disso, como todo verdadeiro crente, Ele foi ungido com o Espírito de Deus, pois a Palavra de Deus registra que o Espírito desceu sobre Ele como uma pomba (Mt 3:16). Assim, toda ação em Sua vida era a de um Homem perfeito e dependente, e essas ações eram pelo poder do Espírito de Deus. A exibição do “fruto do Espírito” n’Ele foi perfeita em todos os sentidos.

 

O fruto do Espírito, como nos foi trazido em Gálatas 5:22-23, é dado em uma ordem que é significativa. Em primeiro lugar, há o que era divino, em entidades como o amor, o gozo e a paz. Essas qualidades também fluíram em bênção para o homem, embora manifestadas primeiramente para Deus. Então temos os aspectos mais práticos do fruto – coisas que nos afetam em grande parte, e afetam os outros também. Todos eram perfeitos e combinados pelo Espírito de Deus.

 

Amor, gozo e paz

A primeira qualidade é o “amor” (caridade – ARC), e sem isso nada mais pode existir. Sem amor, todos os outros aspectos do fruto deixam de existir, pois o amor deve ser o motivo para tudo em nossa vida. Com o Senhor Jesus, Ele poderia dizer com confiança a Seu Pai: “porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo” (Jo 17:24). O Senhor Jesus desfrutou perfeitamente desse amor e o retribuiu. Ele pôde dizer: “para que o mundo saiba que Eu amo o Pai e que faço como o Pai Me mandou” (Jo 14:31). Sua perfeita obediência fluiu de Seu amor ao Pai.

 

Isso nos faz regozijar e, novamente, está ligado à obediência. Era o supremo gozo de nosso abençoado Mestre fazer a vontade do Pai. Lemos em Hebreus 12:2: “Olhando para Jesus... o Qual, pelo gozo que Lhe estava proposto, suportou a cruz”. O gozo aqui é o de fazer a vontade do Pai e depois poder dizer com confiança: “tendo consumado a obra que Me deste a fazer” (Jo 17:4). Embora Seu caminho fosse, em muitos aspectos, um caminho de tristeza, ainda assim Ele tinha um gozo interior que fazia tudo valer a pena. Ele desejou o mesmo para os Seus, pois Ele orou no final de Seu tempo aqui embaixo, “para eles que tenham o Meu gozo completo em si mesmos” (Jo 17:13- ARA). Se formos fiéis ao Senhor, nossa experiência neste mundo será de tristeza, mas podemos ter Seu gozo em nosso coração – o gozo da obediência.

 

Em seguida, temos “paz”, e Sua paz é mencionada em João 14:27: “a Minha paz vos dou”. Isso deve ser distinguido da paz que é nossa quanto aos nossos pecados terem sido perdoados; isso é mencionado primeiro no versículo: “Deixo-vos a paz”. Essa paz é o resultado de Sua obra por nós na cruz. Mas Sua paz era aquela paz que aceita todas as circunstâncias como vindas de Deus e, em seguida, leva todas as dificuldades dessas circunstâncias a Deus. Embora Ele certamente as sentisse, circunstâncias difíceis nunca perturbaram o Senhor Jesus; Ele as aceitou de Seu Pai e passou muito tempo em oração. Essa mesma paz nos é deixada como legado, mas depende de andarmos “como Ele andou” (1 Jo 2:6).

 

Longanimidade, benignidade e bondade 

A “longanimidade” é um dos frutos mais difíceis de exibir, pois a maioria de nós é naturalmente impaciente e não quer suportar as coisas que nos incomodam. Isto é especialmente verdadeiro quando vemos a atividade da carne nos outros. Nosso Senhor Jesus nunca perdeu a paciência ou falou uma palavra indelicada, apesar da insensibilidade de Seus discípulos e das exigências das multidões que O seguiam por toda parte. Quando Ele e Seus discípulos atravessaram o Mar da Galileia para um necessário descanso e as multidões O seguiram, quão longânimo Ele foi! Como um pastor, Ele pregou a eles e depois os alimentou. Mesmo quando os discípulos talvez estivessem impacientes com tudo isso, quão longânimo Ele era para com eles! Ele foi um exemplo perfeito para nós.

 

A “benignidade”, ou gentileza, é a próxima. Quão necessária! A palavra original em grego é usada várias vezes no Novo Testamento. Também é traduzida como “bondade”, como em Efésios 2:7 (AIBB): “Sua bondade para conosco, em Cristo Jesus”. É aquela excelência de caráter que pensa nos outros e age com benignidade e bondade para com eles. A bondade do Senhor Jesus ultrapassa tudo o que podemos pensar, pois Sua bondade não estava apenas nas coisas naturais. Sua bondade O levou até a cruz do Calvário, para carregar nossos pecados. Essa mesma bondade em Deus e no Senhor Jesus será demonstrada por toda a eternidade, à medida que nos são mostradas “as abundantes riquezas da Sua graça”.

 

Em seguida, temos a “bondade”, e podemos pensar que essa qualidade já foi abordada na palavra “benignidade”, pois também significa bondade. No entanto, essa palavra em grego é diferente e é usada apenas quatro vezes no Novo Testamento (G19 – agathōsunē – Rm 15:14; Gl 5:22; Ef 5:9; 2 Ts 1:11). Tem o pensamento de virtude, ou de ser benéfico para os outros. É o espírito de dar em vez de receber. Quando o Senhor Jesus veio a este mundo, Deus estava procurando algo no homem caído por 4.000 anos. Como Ele não recebeu nada, Deus Se tornou um Doador, e durante todo o Seu ministério neste mundo, nosso Senhor foi um Doador. Ele nunca fez nada para agradar a Si mesmo; Seu coração sempre olhava para os outros e estava pronto para dar o que fosse necessário a eles, de acordo com a vontade de Deus.

 

Fidelidade, mansidão e domínio próprio

A próxima palavra é “fé”, mas também pode ser traduzida como “fidelidade” ou lealdade. Certamente inclui uma firme crença no que Deus deu, mas também aquela constância e continuidade firme nisso, não apenas em relação a Deus, mas também em relação aos outros. Falamos com toda a reverência que o Senhor Jesus, como o Homem perfeito e dependente, não tinha dúvida da fidelidade de Deus. Ele disse: “Pois não deixarás a Minha alma no inferno (Seol – JND), nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção” (Sl 16:10). Ele também orava com confiança: “Deus Meu, não Me leves no meio dos Meus dias” (Sl 102:24). Da mesma forma, outros poderiam depender totalmente d’Ele para cumprir o que Ele disse que faria. Quando Ele disse: “e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28:20), os Seus sabiam que Ele estaria lá por eles.

 

A mansidão é mencionada muitas vezes na Palavra de Deus, e especialmente em conexão com Moisés – veja Números 12:3. Mas mansidão não é fraqueza, pois embora nosso Senhor tenha manifestado mansidão como nenhum outro manifestou, Ele não era fraco. Mas Sua mansidão mostrou-se em nunca se ofender. Sim, Ele defendeu a glória de Seu Pai e insistiu em Sua própria Pessoa como o Filho de Deus. No entanto, quando insultos pessoais foram lançados contra Ele, Ele os ignorou. Ele foi chamado de samaritano. Em Sua mansidão, o Senhor Jesus não respondeu aos insultos que Lhe foram dirigidos.

 

Finalmente, tudo isso nos leva à temperança, ou domínio próprio. Às vezes, dizemos de alguém que fala ou age de maneira indevida: “Ele estava (ou está) fora de controle”, o que significa que suas palavras e linguagem corporal são controladas por emoções incivilizadas, em vez de calma razão. Mas nunca o Senhor Jesus Se permitiu agir dessa maneira, pois Suas ações estavam sempre no poder do Espírito de Deus. Ocasionalmente, Ele podia demonstrar ira justa, mas nunca “deixou o Sol se pôr” sobre Sua ira (Ef 4:26). Ela foi sempre medida na quantidade certa e da maneira certa. Ele chamou a atenção dos escribas e fariseus pela hipocrisia deles (Mt 23), e expulsou os cambistas e animais do templo em duas ocasiões. No entanto, tudo foi feito em perfeito domínio próprio.

 

Nós também, como crentes, somos habitados pelo Espírito de Deus e podemos exibir esses mesmos frutos do Espírito, pois lemos em João 3:34 que “não lhe dá Deus o Espírito por medida”. Se andássemos mais no poder desse Espírito, também seríamos capazes de exibir mais do fruto do Espírito, assim como fez nosso abençoado Mestre. Ele fez isso perfeitamente; a perfeição conosco não virá até que estejamos em casa com Ele, mas este é o padrão para nós agora.

 

W. J. Prost

 

 A Mansidão e a Benignidade de Cristo

 

Há uma voz de instrução muito profunda nesse apelo do apóstolo aos Coríntios: “eu, Paulo, vos rogo, pela mansidão e benignidade de Cristo” (2 Co 10:1). Também lemos em Gálatas 5 que essas duas graças fazem parte do fruto do Espírito. Nosso Senhor exemplificou essas graças em todos os sentidos.

 

Se traçarmos para nós mesmos o percurso do Senhor por este mundo no decorrer das várias cenas em que Ele é apresentado, o que é que toca o coração? O que é que nos faz sentir a distância imensurável que existe entre Ele e todos os outros caracteres que já contemplamos ou podemos contemplar? Não é Sua humilde mansidão – Sua gentileza, Sua indescritível humildade de comportamento, em contraste com tudo o que estava ao Seu redor, e em contraste com tudo o que sabemos de nosso próprio espírito e do mundo? Pense n’Ele na presença dos Seus inimigos e das suas provocações! Pense n’Ele em conexão com os Seus discípulos insensatos e insensíveis – como Ele enfrenta as dificuldades deles, suporta a ignorância dos mesmos, corrige os seus preconceitos! Como cada cena em que Ele é visto adiciona alguma nova ilustração da verdade de Suas palavras: “Sou manso e humilde de coração”, até que a impressão do todo se torne irresistível.

 

Mansidão 

A mansidão é mais visível na tolerância de algo que enfrentamos que de alguma forma nos é contrário. A benignidade tem o campo do seu exercício no trato ativo com os outros. Observe quão extensivamente esse espírito é diretamente inculcado no Novo Testamento. Em primeiro lugar, o apóstolo Pedro nos ensina que o chamado característico de um Cristão, em relação a este mundo, é fazer o bem, sofrer por essa causa e aceitar isso pacientemente (veja 1 Pedro 2:20-23). E no sofrimento pela justiça, sobre a qual nosso Senhor pronunciou Sua bênção, o mesmo apóstolo diz: “santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3:15). E quando fala do tipo de vestuário que é adequado, à luz de Deus, para as mulheres Cristãs, diz, “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” (1 Pe 3:3-4). Nosso Senhor, ao dar as características daqueles que teriam parte com Ele em Seu reino, diz: “bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt 5:5).

 

O apóstolo Tiago, ao nos apresentar o espírito no qual a Palavra divina deve ser recebida, diz: “rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a Palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma” (Tg 1:21). E novamente: “Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (Tg 4:6).

 

O nosso andar 

Se nos voltarmos para as epístolas de Paulo, o encontramos em Efésios falando assim em relação à caminhada que é digna do chamado do Cristão: “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef 4:1-2). Em Colossenses, ele diz: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também” (Cl 3:12-13). Em Gálatas, como já vimos, ele diz: “Mas o fruto do Espírito é: caridade [amor – ARA], gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5:22-23). Na mesma epístola, ele nos ensina em que espírito a disciplina fraternal precisa ser administrada para ser eficaz. “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai [restaurai – JND] o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado” (Gl 6:1). Em sua epístola a Timóteo, ele diz: “Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade [o amor – ARA], a paciência, a mansidão” (1 Tm 6:11). E na segunda epístola, onde especialmente ele está preocupado com o fato de Timóteo precisar agir corretamente em meio à oposição, ao mal e à corrupção da verdade, ele diz: “E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas. E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade” (2 Tm 2:23-25). Em Tito, falando sobre qual é o dever dos Cristãos em seu comportamento para com as autoridades do mundo, ele diz: “Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra; que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda mansidão para com todos os homens” (Tt 3:1-2).

 

Não há uma relação de vida nem uma condição em que possamos ser colocados na qual esse espírito não seja exigido de nós. Podemos nos perguntar: Até que ponto essa “mansidão e benignidade de Cristo” são exibidas em mim? E quanto isso é uma questão de estudo diário, na presença de meu manso e gentil Senhor e Mestre, para que possa alcançá-la?

 

Davi disse: “Pela Tua brandura (benignidade – KJV) me vieste a engrandecer” (2 Sm 22:36), e de Moisés está registrado que ele era “mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a Terra” (Nm 12:3). Esses dois eram excelentes servos de Deus, mas seus traços de benignidade e mansidão não são os traços que os homens estimam muito, nem os teriam preparado para um grande lugar no mundo dos homens. Será que desejamos essas características vistas nesses dois homens de Deus, e que se manifestaram em sua perfeição em Jesus?

 

An Outline of Sound Words

 

 Liberdade Cristã

 

O Cristão é chamado à liberdade, a santa liberdade da nova natureza, mas ainda assim é a verdadeira liberdade. Ela não é mais uma lei que constrange, ou melhor, que procura em vão constranger uma natureza cuja vontade lhe é contrária, para satisfazer os deveres que acompanham o relacionamento em que, pela vontade de Deus, nos encontramos. Não é mais uma lei imposta, proibindo o mal a uma natureza que ama o mal e ordenando o amor a Deus e ao próximo a uma natureza cuja fonte é o egoísmo.

 

Se fosse possível tirar a liberdade moral de Cristo – o que não era possível – teria sido impedindo-O de obedecer à vontade do Pai. Esta era a comida que O alimentava (Jo 4:34). Como um Homem perfeito, Ele viveu por toda Palavra que saiu da boca de Deus. Ele escolheu morrer, beber o cálice amargo que o Pai Lhe dera e glorificá-Lo bebendo-o, em vez de não obedecê-Lo. O Cristianismo é a liberdade de uma nova natureza que ama obedecer e fazer a vontade de Deus. É verdade que a carne, se não for mantida em sujeição, pode usar essa liberdade para satisfazer seus próprios desejos, assim como usou a lei, que havia sido dada para convencer do pecado, para tentar produzir justiça. Mas a verdadeira liberdade do novo homem – Cristo, nossa vida – é a liberdade de uma vontade santa, adquirida por meio da libertação do coração do poder do pecado; é a liberdade de servir aos outros em amor. Toda a lei é cumprida numa palavra: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. O Cristão pode fazer ainda mais; ele pode dar a si mesmo pelos outros, ou, pelo menos, seguindo a direção do Espírito, ele cumpre a lei em amor. Mas se eles devoraram uns aos outros em egoísmo, contendendo sobre a circuncisão e a lei, “vede”, diz o apóstolo, “não vos consumais também uns aos outros” (Gl 5:15).

 

Uma nova vida

O apóstolo aqui estabelece os princípios de santidade da caminhada Cristã e traz o Espírito Santo no lugar da lei. Na parte anterior da epístola, ele havia estabelecido a justificação Cristã pela fé, em contraste com as obras da lei. Ele mostra aqui que Deus produz santidade, em vez de exigi-la. A lei já havia feito isso em relação à justiça humana, tentando exigir isso da natureza que ama o pecado. Agora, Deus a produz no coração humano, forjada pelo Espírito. Quando Cristo subiu ao alto e foi assentado à direita de Deus, tendo realizado uma redenção perfeita para aqueles que cressem n’Ele, Ele enviou o Espírito Santo para habitar em todos esses. Eles já eram filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus e, por serem esses tais, Deus lhes deu o Espírito de Seu Filho. Nascidos de Deus, purificados pelo sangue de Cristo, aceitos no Amado, Deus os sela como Seus pelo dom do Espírito até o dia da redenção, isto é, o dia de glória. Tendo a nova vida, Cristo como sua vida, eles são constrangidos a andar como Cristo andou e a manifestar a vida de Cristo aqui embaixo em sua carne mortal.

 

Essa vida, produzida em nós pela operação do Espírito Santo por meio da Palavra, é conduzida pelo Espírito que é dado aos crentes; sua regra também está na Palavra. Seus frutos são os frutos do Espírito. A caminhada Cristã é a manifestação dessa nova vida – de Cristo nossa vida –, no meio do mundo. Se seguirmos esse caminho e andarmos em Seus passos, não cumpriremos as concupiscências da carne. É assim que o pecado é evitado, não tomando a lei para obrigar o homem a fazer o que ele não gosta, pois a lei não tem poder para obrigar a carne a obedecer. Ela não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. A nova vida ama obedecer, ama a santidade, e Cristo é sua força e sabedoria pelo Espírito Santo. A carne está realmente presente; ela luta contra o Espírito, e o Espírito luta contra a carne, para impedir o homem de andar como ele gostaria. Mas se andarmos no Espírito, não estamos debaixo da lei. Não somos como o homem em Romanos 7, onde, impulsionado pela nova natureza, a vontade deseja fazer o bem. Mas, como é cativo do pecado, não encontra maneira de fazer o que deseja; a lei não dá força nem vida. Sob a lei, mesmo que a vida esteja lá, não há força: O homem é cativo do pecado.

 

Selado pelo Espírito Santo

Mas, selado pelo Espírito Santo, o crente é livre; Ele pode realizar o bem que ama. Se Cristo está assim nele, o corpo está morto, e o velho homem está crucificado com Cristo. O Espírito é vida, e esse Espírito, como Pessoa divina e poderosa, opera nele para produzir bons frutos. A carne e o Espírito são, em suas naturezas, opostos um ao outro. Mas se formos fiéis na busca da graça, o poder do Espírito, Cristo por Seu Espírito em nós, nos capacita a manter a carne como morta e a seguir as pisadas de Cristo, produzindo os frutos que Lhe convêm.

 

Não há realmente nenhuma dificuldade em distinguir os frutos do Espírito e os frutos da carne: O apóstolo os nomeia, pelo menos aqueles que são característicos de suas respectivas ações. Dos tristes frutos da carne, ele declara positivamente que aqueles que fazem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Em contraste, os frutos do Espírito são, amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. Deus não pode condenar o fruto de Seu próprio Espírito.

 

Os frutos interiores

Observe que os três primeiros frutos são amor, gozo e paz. O Espírito certamente produzirá aqueles frutos práticos que manifestam a vida de Cristo aos olhos dos homens, mas os frutos interiores, os frutos voltados para Deus, são mencionados em primeiro lugar, pois esses constituem a condição de alma necessária para produzir os outros. Muitas pessoas convertidas buscam os frutos práticos para assegurarem-se de que são nascidas do Espírito e aceitas por Deus. Mas a paz, o amor e o gozo são os primeiros frutos da presença do Espírito e são seguidos pelos outros. Para saber o que está no coração de Deus, precisamos ver o fruto do Seu coração, a dádiva de Jesus.

 

Se eu creio n’Ele e sou selado de Deus pelo Espírito, tenho a percepção do Seu amor. Esse amor que foi demonstrado na morte de Jesus é derramado em meu coração pelo Espírito Santo, que é dado àqueles que são lavados de seus pecados por meio de fé em Seu sangue. Por esse Espírito temos a consciência de nossa posição diante de Deus, e o amor, o gozo e a paz estão na alma. Os frutos que se seguem são, além disso, a prova para os outros de que a minha certeza e segurança não são falsas, de que não sou enganado. Mas, para mim mesmo, é o que Deus fez que é a prova do que está no coração d’Ele, e por meio da fé eu confirmo que Deus é verdadeiro. Então, selado pelo dom do Espírito, regozijo-me com Sua bondade, e os frutos da nova vida manifestam aos outros que esta vida está presente.

 

Bible Treasury , Vol. 14

 

 O Fruto do Espírito


A expressão “fruto do Espírito” é encontrada duas vezes em nossas Bíblias das versões ARC e ACF, mas em uma tradução mais precisa é encontrada apenas uma vez, em Gálatas 5:22. Quando entendemos o erro que estava sendo ensinado entre as assembleias da Galácia, podemos ver por que Paulo enfatiza o Espírito de Deus. Parece que alguns entre os gálatas estavam ensinando que, enquanto as almas perdidas precisavam ser salvas somente por meio da fé em Cristo, ainda assim posteriormente elas tinham que viver a vida Cristã por uma regra de lei. Ao escrever a epístola, Paulo não tinha nenhuma palavra de louvor para eles, mas sim apontou que a eles estavam sendo ensinados num “outro evangelho” que realmente os tirou do fundamento da graça. Ele aponta as várias ramificações do que talvez parecesse ser “um pouco de fermento” (Gl 5:9), mostrando que muitas coisas ruins resultaram disso.

 

A seriedade de estar sob uma regra de lei é que ela exalta o homem, pois toda falsa doutrina tira a glória de Deus e exalta o homem. Uma regra de lei torna o próprio homem responsável pelo seu próprio desenvolvimento como Cristão e dá ao homem natural alguns resquícios de dignidade e respeito. Também promove uma atmosfera de legalismo entre os crentes, resultando em falta de amor e fazendo com que os Cristãos se mordam e se devorem uns aos outros (Gl 5:15).

 

O escândalo da cruz

Uma regra de lei também tira “o escândalo da cruz” (Gl 5:11), pois uma lei na vida do crente supõe que a justiça prática em sua caminhada pode vir de um padrão legalista. Isso ignora a afirmação clara de que “se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão” (Gl 2:21 - ARA). O que é então o escândalo da cruz? É a reprovação do mundo que vem para aqueles que, admitindo que seu velho “eu” pecaminoso é totalmente mau, confiam para sua salvação em um Salvador que morreu em uma cruz romana, assim como um criminoso comum. Ordenanças e legalismo não trazem perseguição e sofrimento. O homem natural pode apreciá-los, e quando aqueles que levam o nome do Senhor afundam a este nível, o mundo e eles mesmos estão de acordo e podem caminhar juntos. É significativo que foram os líderes religiosos dos judeus – aqueles que se gloriaram na lei – que condenaram o Senhor Jesus e insistiram para que Ele fosse crucificado. E qual era o cerne de seu ódio? O Senhor Jesus disse: “O mundo... Me odeia, porquanto dele testifico que as suas obras são más” (Jo 7:7). Mas o verdadeiro Cristianismo significa seguir um Cristo rejeitado e suportar o desprezo e a reprovação do mundo.

 

As obras da carne

Dessa forma, vemos uma estranha contradição: Não só uma regra de lei atrai a carne, mas também traz à tona o que Paulo chama de “as obras da carne”. O homem gosta de viver de acordo com uma regra, mas essa mesma regra faz com que seu “eu” natural se rebele contra ela. Então essas obras da carne (e elas são “obras”!) surgem, e a lista dada em Gálatas 5:19-21 é realmente triste. A energia humana pode mantê-las sob controle até certo ponto, mas sob a lei elas surgirão, assim como a água sob pressão encontrará seu caminho para fora da menor abertura. Qual é a solução?

 

Como aprendemos tão bem com Romanos 6-8, lutar contra a carne não funciona. Se fizermos isso, nos encontramos agindo “na carne”, e então descobrimos que “a inclinação da carne é inimizade contra Deus” (Rm 8:7). Assim como a atividade da carne é chamada de “as obras da carne”, assim também é “obra da carne” lutar contra a carne, e é uma batalha que não podemos vencer. Pelo contrário, precisamos viver “no Espírito” (Rm 8:9), pois é aí que Deus nos colocou posicionalmente. Quando cremos no Senhor Jesus Cristo e reconhecemos o valor de Sua obra na cruz, o Espírito Santo desceu e habitou em cada um de nós. Ora, Deus nos vê como estando “em Espírito” diante d’Ele; não somos mais vistos como estando “na carne”. Quando somos habitados pelo Espírito de Deus, descobrimos que o Espírito usa essa nova vida que temos em Cristo para produzir o fruto do Espírito. Assim como não é “obra” para uma árvore frutífera dar seu fruto característico, também não é “obra” para o Espírito de Deus dar o fruto que é característico do Espírito. Esse fruto é natural para o Espírito de Deus, assim como o fruto é natural para uma árvore frutífera. Nove características desse fruto estão listadas para nós na Palavra de Deus – “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5:22-23 – ARA). Notamos que essa lista não é mencionada como os “frutos” do Espírito; em vez disso, o substantivo singular é usado, pois todas essas várias características são um fruto. Todas elas são produzidas pelo mesmo Espírito. Todos nós gostamos de ver essas coisas nos outros, e as desejamos para nós mesmos também. Por que então elas não aparecem mais facilmente em nós?

 

Obtemos algumas das razões no mesmo capítulo (Gl 5), e no início deste artigo já falamos de uma delas. Como dissemos, o homem natural gosta de uma regra de lei, porque dá algum crédito à velha natureza e tira esse “escândalo da cruz” neste mundo. Mas há outras razões.

 

A carne entristece o Espírito 

Lemos em Gálatas 5:24 que aqueles que pertencem a Cristo “crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”. Essa palavra “crucificaram” é uma boa palavra que o Espírito de Deus usa aqui, pois descreve bem como é doloroso manter a velha natureza no lugar da morte. Gostamos demais de nós mesmos e não queremos crucificar a carne. Assim, como lemos: “a carne cobiça [luta – TB] contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne”. A atividade da carne entristece o Espírito, e o fruto deixa de ser produzido. Precisamos de constante diligência para crucificar a carne, mesmo que posicionalmente já o tenhamos feito.

 

Então, no versículo 26, nos é dito para não sermos “cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros”. Podemos nos perguntar por que esses maus traços viriam à tona, mas eles também são o produto da carne, incitados por um padrão legalista. Apesar de estarem constantemente na companhia do Senhor, sabemos que várias vezes os discípulos disputaram entre si quem seria o maior. Temos que admitir que muitas vezes não somos melhores do que eles. Mais uma vez, a permissão disso em nossa vida reduz o fruto do Espírito.

 

Fruto 

Em resumo, o fruto do Espírito pode ser produzido por Deus em todos nós, mas descobriremos que o julgamento próprio é inseparável de uma caminhada em comunhão com Deus. Se quisermos ver o fruto do Espírito em nossa vida, devemos estar constantemente em guarda para julgar a atividade da carne. Mas se estivermos dispostos a fazê-lo, obteremos uma rica colheita!

 

Antes de deixar o assunto do fruto do Espírito, podemos dizer uma palavra sobre a mesma expressão em Efésios 5:9: “(porque o fruto do Espírito está em toda bondade, e justiça, e verdade)” (Ef 5:9). No entanto, essa expressão é mais bem traduzida na versão de ARA como “o fruto da luz”. O Espírito de Deus é certamente uma luz, pois o castiçal de ouro no tabernáculo era o símbolo do Espírito de Deus. No entanto, a palavra “luz”, como é usada aqui em Efésios 5, é uma palavra geral, referindo-se à luz da presença de Deus para a qual somos trazidos quando somos salvos. Somos levados ao relacionamento com o Senhor e, por meio de Sua Palavra, somos iluminados quanto ao que é adequado a Deus. O fruto dessa luz está de fato na bondade, na justiça e na verdade, em contraste com “as obras infrutíferas das trevas”, mencionadas no versículo 11 (ARA).

 

W. J. Prost

 

Carne e Espírito


Reflexões Sobre Gálatas 5:13-18 

Até este ponto do livro de Gálatas, o apóstolo tem insistido na liberdade absoluta do crente em relação à lei no que diz respeito ao seu relacionamento com Deus. Agora ele mostra que ela não é de forma alguma a regra da vida prática e do caminhar do Cristão. A lei não tem lugar com o crente nem para justificação nem para santificação. Entender isso tem uma importância muito grande. Muitas almas sinceras estão confusas e equivocadas aqui. Muitos na Cristandade repudiariam veementemente (e com muita razão) a lei como um meio de justificação diante de Deus, afirmando que a fé em Cristo e Sua obra consumada são as únicas que têm valor. Mas as mesmas pessoas, em muitos casos, acreditam perfeitamente que o Cristão deve assumir a lei como uma regra de piedade. Esse é um grave erro, e seus resultados rebaixam o padrão adequado do Cristianismo.

 

A lei foi dada aos homens na carne para testar a carne, mas o crente não está na carne (embora a carne esteja nele), mas está no Espírito. Os homens celestiais precisam de um padrão diferente e mais elevado, e isso encontraremos na passagem agora diante de nós.

 

Liberdade

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos” (Gl 5:13-15 – ARA). Os gálatas buscaram poder contra a carne para mantê-la sob controle e, para isso, recorreram à lei. E qual foi o resultado? Qual foi o resultado prático? Uma condição tão baixa e contenciosa que a própria lei os condenava, pois se não ensinava os homens a servirem uns aos outros em amor como Cristo, a lei dizia pelo menos “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Isso os gálatas evidentemente não estavam fazendo, mas o contrário; daí a enérgica palavra de advertência do apóstolo. Como Romanos 7 mostra, a lei, em vez de subjugar a carne, a provoca e extrai toda a sua maldade. A lei é, portanto, a força do pecado, não da santidade, embora seja em si mesma santa, justa e boa (Rm 7:7-13).

 

Onde então os gálatas, ou onde os Cristãos podem agora, encontrar o poder? “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5:16-17). Aqui está o segredo do poder. O crente agora recebe de Deus o dom do Espírito Santo. Esta é uma das grandes bênçãos características do Cristianismo, cujo valor e importância ninguém pode estimar devidamente. E tendo dado o Espírito a nós, Deus espera que andamos no Espírito. Isso é permitir que Ele habite em nós sem ser entristecido para que Ele possa ser livre para agir e continuar Sua graciosa obra de nos conformar à imagem de Cristo em glória. Se isso é verdade quanto a nós, se vivemos não somente no Espírito, mas andamos no Espírito, a carne não age; suas concupiscências não se cumprem. Não nos envolvemos nas obras da carne, mas, ao contrário, produzimos o fruto do Espírito.

 

A carne

É importante ver que o apóstolo considera carne e espírito como existentes dentro do crente. É uma noção bastante equivocada de que a carne foi removida, embora alguns tenham sido induzidos nesse engano. É igualmente falso que ela seja de alguma forma melhorada. A carne é incuravelmente e irremediavelmente má, e isso permanece até a transformação na vinda do Senhor. Suas tendências naturais permanecem inalteradas. Ela deseja até mesmo ganhar poder sobre o crente e conduzi-lo ao pecado e à loucura, como o Espírito, por outro lado, deseja conduzir nos caminhos da santidade e da verdade. Mas a fé considera a carne como morta e se recusa a aprová-la ou a dar ouvidos às suas sugestões, e para isso o Espírito que habita no crente é o poder divino.

 

Muitos supõem que o ensino de Gálatas 5:17, seja substancialmente o mesmo que em Romanos 7, quando, na verdade, é exatamente o oposto. Em Romanos 7 temos as lutas de uma alma vivificada que não tem conhecimento da libertação. Quando o bem é desejado, o mal é encontrado presente e bem poderoso. Mas esse não é o ensinamento de Gálatas 5. Aqui o apóstolo está mostrando o poder que o crente realmente possui. Temos o Espírito Santo de Deus, e Ele age dentro de nós para que não façamos as coisas que faríamos.

 

Isso elimina toda a necessidade da lei em relação àqueles que estão em Cristo Jesus. “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl 5:18). É impossível estar sob o poder de dois princípios. Não precisamos de dois guias ao mesmo tempo. É característico do crente que ele é conduzido pelo Espírito; Para isso a lei não tem nada a dizer. Portanto, não é nada inteligente colocar os crentes sob qualquer forma de lei. Quem o faz não entende nem o que diz nem o que afirma. A lei não foi feita para os justos, mas para os “transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos” (1 Tm 1:7-10 – ARA). Deus considera o crente justo por meio da morte e ressurreição de Cristo. Todos esses têm o Espírito como poder, e Cristo como vida e objeto.

 

Bible Treasury, Vol. N1

 

 Fé que Opera por Amor


O mundo expulsou o Filho de Deus no dia de Seu amor terno, pessoal e diligente, enquanto Ele atendia a todas as dificuldades e tristezas que O cercavam. Por Seu amor, eles foram Seus inimigos. Eles também aproveitaram a ocasião que Sua humilhação lhes proporcionou (uma humilhação assumida para a salvação dos pecadores) para lançar reprovação e indignidade sobre Ele. “Quando Ele veio”, como alguém disse, “para reconciliar, mostrar a ternura de Seu amor compassivo, então, nada mais serviria aos homens, a não ser se livrarem de Deus. Quando Ele veio no meio dos sofrimentos e aflições de um mundo que jazia na iniquidade, eles se recusaram a aceitá-Lo. Eles aproveitaram a oportunidade de Sua humilhação para acumular indignidade e desprezo sobre Ele.”

 

Como isso era assim com os filhos dos homens, e isso era o que o Senhor da vida e da glória tinha que encontrar no mundo, a fé que O apreendeu era mais grata a Ele. E temos boas razões para saber que foi assim – bendito seja o Seu nome. Ele não apenas aliviou a necessidade que lhe foi trazida, mas Se deleitou na fé que a trouxe.

 

Fé forte – fé fraca

Essa fé, no entanto, se manifestou de forma diferente. Ela atuou por diferentes paixões da alma. Às vezes atuava, posso dizer, como um espírito de reverência, às vezes como um espírito de liberdade. Pois o Senhor não encontrou apenas exemplos de fé forte e de fé fraca; Ele encontrou a fé com características muito diferentes em suas aproximações e apelos a Ele.

 

Por exemplo, essa fé estava à frente no grupo que trouxe o amigo paralisado a Ele; ela estava discreta na mulher que O tocou na multidão. Em Bartimeu, ela foi marcada por uma forte e inquestionável apreensão da graça; no centurião, ela operou por uma apreensão adoradora de Sua glória pessoal. Bartimeu O conheceu na graça do Filho de Davi, que faria o coxo andar e o cego ver; ele clamou e clamou novamente, e fez sua tristeza se expressar em alta voz aos ouvidos de Jesus, apesar da multidão. O centurião, por outro lado, julgou-se indigno de se aproximar d’Ele, e sua casa indigna de recebê-Lo; e dificilmente permitiria que sua tristeza fosse ouvida acima da medida que a necessidade lhe impunha.

 

Diversidade de estilo

Nesses relatos certamente havia uma diferença. Um era audacioso, conhecendo a graça de Cristo; o outro todo reverente e reservado, conhecendo Sua glória pessoal. E, no entanto, não podemos dizer qual era o mais aceitável para Ele. Cada um deles, com a mesma certeza e prontidão, recebeu a bênção de que precisava; e é evidente que, de todo o estilo das narrativas, Ele foi revigorado pela fé de cada um, embora as aproximações e apelos da fé tenham sido feitos em um espírito tão diferente.

 

E vemos essa diversidade entre os santos agora. O espírito de reverência, como a atitude do centurião, prevalece em alguns, o espírito de liberdade, como a ousadia de Bartimeu, em outros. Nós, devido à fraqueza, podemos não entender uns aos outros por causa de tais diferenças, mas é uma alegria ver que o Senhor, dessa maneira, pode e aprecia a todos e a cada um.

 

Movido com temor

Mas se a fé assim operou na presença de Cristo em Seus dias, ela operou por outras paixões da alma antes de Seus dias. “Pela fé Noé... temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca” (Hb 11:7). A palavra que Noé ouviu e que ele recebeu era como um temor naturalmente despertado. A fé nele operou pelo temor: trazia novas solenes aos seus ouvidos, e o temor de Deus e de Sua Palavra era o fruto da fé. Raabe diz aos espiões de Josué que o que sua nação tinha ouvido falar dos feitos do Deus de Israel para o Seu povo causou pânico, e ela, crendo nas novas, recebeu os espiões. Este foi outro exemplo de fé operando pelo temor.

 

Tudo isso é assim. Um espírito de reverência, um espírito de liberdade, temor e outras paixões podem ser a forma desse poder na alma pela qual a fé opera. Mas o apóstolo nos fala do amor, como sendo o devido poder pelo qual a fé agora opera. Como ele diz: “nem a circuncisão vale coisa alguma, nem a incircuncisão; mas a fé que opera por amor” (TB).

 

Confiança e liberdade

Se a fé, hoje em dia, assume o temor, ela assumiu seu instrumento errado. O Senhor pode confortar a mente fraca e enfrentar os tremores e incertezas do coração, mas vamos confessá-los como indignos de Sua graça em Cristo Jesus. Ele estaria manchando o brilho de Sua própria maneira de agir, se pudesse admitir que a fé n’Ele pudesse operar pelo temor. Quando Deus é apreendido, quando Sua glória brilha na face de Jesus Cristo, Ele deve inspirar confiança e liberdade, e isso é fé operando pelo amor. A Epístola aos Gálatas lê para nós o titulo que a fé tem para operar dessa forma. O Filho de Deus suportou a maldição da lei para que pudéssemos obter a bênção de Deus. O Filho de Deus nasceu sob a lei, para que pudéssemos ser trazidos de debaixo dela para a adoção e liberdade de filhos. A confiança, a liberdade, a consciência e o coração confortado, o amor respondendo ao amor, devem ser o fruto da fé em fatos como esses. Esta é, portanto, a conclusão de tudo isso, dizer que “em Cristo Jesus nem a circuncisão vale coisa alguma, nem a incircuncisão; mas a fé que opera por amor” (Gl 5:6 – TB).

 

Bem-aventurança e religiosidade

Mas devo acrescentar um pouco sobre o fruto tanto na alma quanto na vida deste belo princípio, esta “fé que opera por amor”. E aqui eu digo, que diferença entre bem-aventurança e religiosidade! Infelizmente, os gálatas passaram da primeira para a segunda. Triste e desonrosa jornada! Em seu primeiro estado, eles teriam arrancado os olhos por Paulo, a testemunha e ministro de Cristo entre eles, só porque estavam muito felizes em Cristo. Em seu segundo estado, Paulo está em dúvida sobre eles, e teme que eles possam, mordendo e devorando, continuar a consumir um ao outro. Eles se tornaram muito mais religiosos do que antes quando ele os conhecera; mas eles perderam sua bem-aventurança. Eles estavam observando dias e meses e tempos e anos, mas onde estavam os olhos que antes estavam prontos para serem arrancados pelos outros?

 

Que diferença! E assim é nos dias de hoje. Conhecemos almas que estão no doce gozo pessoal de Cristo, e pelo qual ganham um estado de força e vitória. No entanto, toda a cena ao nosso redor testemunha a fácil combinação natural de religiosidade e mundanismo; da observância das ordenanças, e ainda de plena sujeição ao curso deste presente século mau.

 

Fé que opera por amor

Assim, a “fé que opera por amor” é a fonte ou o pai desse estado de “bem-aventurança”, do qual estamos falando, e que o apóstolo descreve em Gálatas 4:15, “Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os olhos, e mos daríeis”.

 

O próprio apóstolo, como a mesma epístola nos mostra, havia experimentado essa mesma bem-aventurança. Quando ele recebeu o evangelho, ele partiu para a Arábia. Ele não precisava de Jerusalém ou de apóstolos, ou qualquer coisa que pudessem fazer por ele ou lhe dar. Ele tinha o seu tesouro com ele; o Filho foi revelado n’Ele. Então, depois, em Antioquia, ele não temeu. Pedro, seu companheiro, por mais honrado ou acima dele em algum sentido, não o comandou; seu espírito feliz estava se alimentando do amor do Filho de Deus. De acordo com esse gozo feliz do amor de Cristo, o amor, como o primeiro “fruto do Espírito” listado no capítulo 5, foi a resposta de Paulo. Estes são toques do espírito do apóstolo, indicando de fato aquele estado de “bem-aventurança” que aguarda a “fé que opera por amor”.

 

Os santos hebreus nos dão outra amostra do mesmo. No dia de sua iluminação ou vivificação, eles aceitaram alegremente o despojo de seus bens e se tornaram os companheiros voluntários daqueles que sofreram e foram reprovados por causa de Cristo. A Igreja em Jerusalém em Atos 2 nos mostra o mesmo. Os santos lá estavam juntos e tinham todas as coisas em comum.  Ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria. Eles comeram o pão com alegria, louvando a Deus. E assim o eunuco em Atos 8 seguiu seu caminho regozijando-se, capaz de perder Filipe, porque havia encontrado Cristo. Certamente eles conheciam a “bem-aventurança” da “fé que opera por amor”. Mas o tempo nos faltaria para contar todos esses casos naqueles dias, e agora em nossos dias – bendito seja Deus por isso!

 

Girdle of Truth, Vol. 3 (adaptado) 

[Autor provável J. G. Bellett]

 

Pelos Seus Frutos os Conhecereis

 

O próprio Senhor Jesus nos ensinou isso, e é um método muito simples de testar uma árvore. Muitas pessoas dificilmente conseguem distinguir uma árvore da outra, mas a maioria das pessoas consegue reconhecer o fruto da árvore. Da mesma forma, há muitos professos de religião cujos lábios podem nos enganar e cujas pretensões quase nos ordenam considerá-los com respeito, mas o Senhor não nos pede para avaliá-los por tais coisas. Não havia professos de religião mais rigorosos e nem mais pretensiosos do que os fariseus da antiguidade, mas Jesus os julgou por seus frutos. Os nossos leitores devem fazer este teste com eles no seu dia a dia.

 

Vamos também provar a nós mesmos pelo mesmo teste, pois somos o que fazemos. Os homens não colhem uvas de espinhos, nem figos de abrolhos. Não podemos cultivar um espinheiro e torná-lo uma videira, ou um cardo e torná-lo uma figueira, nem ninguém pode ser educado para ser um verdadeiro Cristão. O verdadeiro Cristão é aquele que nasce de novo; nele habita Deus, o Espírito Santo, e por esse Espírito ele é capacitado a produzir os frutos que são aceitáveis a Deus.

 

Algumas das árvores da plantação do Senhor não dão tanto fruto quanto outras, mas todas dão algum fruto – “produzindo a trinta, a sessenta, a cem por um” (Mc 4:8 – ARA). Considere a multidão de bolotas que crescem em um carvalho. No entanto, aquele carvalho já foi uma bolota solitária. Com o passar dos anos, ele cresceu e espalhou seus galhos, e estes, em épocas prósperas, deram seus frutos, até que milhares de bolotas caíram daquela única árvore. Em algumas estações, as árvores dão mais abundantemente do que em outras, e assim é com o Cristão, mas sempre esta palavra permanece: “Nisto é glorificado Meu Pai: que deis muito fruto” (Jo 15:8).

 

O fruto não sai em uma árvore de uma só vez. O processo geralmente é lento. No entanto, seja lento ou comparativamente rápido de desenvolvimento, toda a vida e existência da árvore estão destinadas a produção de frutos. E esse princípio é mais verdadeiro para o Cristão; ele não vive para si mesmo, mas para a glória de Deus, e se ele não der frutos, sua vida estará em grande parte desperdiçada.

 

Existe apenas um caminho

Há apenas uma maneira de produzir frutos, e dessa forma Jesus nos mostra em Suas palavras registradas em João 15. É permanecer, habitar em Cristo. Quando o coração está como que em casa em Cristo, os pensamentos, as palavras e as ações do crente são aceitáveis a Deus Pai. Não somos os melhores juízes do caráter dos frutos que produzimos (embora devamos viver em julgamento próprio); outros discernirão como somos por nossos caminhos e palavras.

 

A nossa influência é a parte mais importante da nossa vida. Nunca subestime sua influência e nunca se esqueça de que, embora possa ser apenas uma criança pequena na escola, não pode evitar influenciar os outros.

 

O fruto do Espírito em nós é o nosso amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio – e essas coisas excelentes que qualquer um pode conhecer, qualquer um pode percebê-las como belas e semelhantes a Cristo. Essas coisas são de mais valor do que todas as joias que este mundo possa exibir, e por tais frutos, o humilde seguidor do Senhor Jesus é conhecido.

 

Faithful Words for Young and Old, Vol. 21

 

 O Fruto do Espírito é o Amor


O versículo começa com o amor – aquilo que é de Deus e flui diretamente de Deus, e que é o conhecimento do caráter de Deus mais do que qualquer outra coisa. “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5:22-23 – ARA). Tal é o efeito produzido pelo amor de Deus – “mansidão”. Aí ele começa a falar sobre o que seria mais particularmente lidar uns com outros. E então vem o domínio próprio, porque isso supõe o cabresto colocado sobre a natureza maligna – o controle próprio que o Espírito Santo opera na alma por causa do Senhor, como evidentemente sendo colocado neste mundo para ser uma epístola de Cristo, para que não demos um caráter falso Àquele cujo nome carregamos. Mas todos esses são os frutos do Espírito, e ele acrescenta: “Contra estas coisas não há lei”. A lei nunca os produziu. Assim, a lei nunca condenará aqueles que andam nessas coisas, como ele diz aos santos romanos, falando de governadores e governantes: “Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem” (Rm 13:3). Assim, “contra estas coisas não há lei”. Se você está produzindo esses frutos do Espírito, não há condenação contra eles. Pelo contrário, “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”.

 

Bible Treasury, Vol. 4

 

Produzindo Frutos


Nos primeiros oito versículos de João 15, a grande verdade trazida diante de nós é a produção de frutos. Essa divisão do discurso termina com as palavras: “Nisto é glorificado Meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis Meus discípulos”. Então, no final do capítulo, o Senhor Se refere à vinda do Espírito Santo, com o resultado de que os discípulos se tornam testemunhas de Cristo. O fruto é o belo caráter de Cristo reproduzido na vida dos crentes no poder do Espírito Santo. Na medida em que este fruto do Espírito – “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5:22-23) – é encontrado em nós, o Pai será glorificado e será manifesto que somos discípulos de Cristo. Além disso, na medida em que seguimos a Cristo, nos tornaremos testemunhas de Cristo no mundo do qual Ele foi expulso. Assim, percebemos que é desejo do Senhor que os crentes estejam neste mundo para a glória do Pai, conhecidos como discípulos de Cristo e testemunhas por Cristo no poder do Espírito Santo. Dar frutos, discipulado e testemunho são os grandes temas do capítulo 15.

 

Além disso, nos versículos 9-16, o Senhor coloca diante de nós uma imagem mais bonita da nova companhia Cristã, com as características morais notáveis dessa companhia de acordo com a mente do Senhor. Elas expressam, de fato, os desejos do coração de Cristo por toda a companhia Cristã, mas o que deve marcar toda a companhia certamente deve ser verdade para qualquer pequena companhia local de Seu povo. Portanto, em um dia de ruína, quando a grande profissão Cristã se afastou da mente revelada do Senhor, ainda é possível que dois ou três reunidos ao Seu nome em qualquer localidade busquem ser marcados pelas características que Lhe são agradáveis. Podemos muito bem desafiar nosso coração sobre até que ponto temos feito isso.

 

Hamilton Smith

 

 Gálatas 5:24


A lei e a carne andam juntas; e a aplicação da lei é a provocação da carne. Como Paulo escreveu em outro lugar: “não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás” (Rm 7:7). Isso explica o fato de que o avivamento da lei entre os gálatas foi acompanhado por uma manifestação muito vigorosa das obras da carne (veja Gálatas 5:15-21). Como um corretivo, o apóstolo mostra primeiro que o poder foi dado no Espírito para resistir e vencer a carne. “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (v. 16); então, que o Espírito e a carne devem necessariamente estar em constante antagonismo; estes “opõem-se um ao outro”. A carne sempre se opõe à ação do Espírito, e o Espírito sempre resiste aos desejos da carne.

 

Então Paulo lembra aos gálatas que, se eles fossem guiados pelo Espírito, como sem dúvida alegavam, não estariam sob a lei, pois estavam insistindo em seu amor pela circuncisão. O apóstolo apresenta uma descrição contrastada das obras da carne e do fruto do Espírito. Ele parece dizer: coloque essas duas listas em colunas paralelas e, em seguida, pergunte a você mesmo a qual pertence, quanto à sua caminhada e conduta práticas. E então, deixando-os sem uma única desculpa, lhes diz: “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”. Ele quer dizer que todos os Cristãos fizeram isso? Não, pois isso seria perder o objetivo da observação. O que ele quer dizer é que ter feito isso é a marca que distingue um Cristão, e que isso pertence, quase poderia ser dito, à própria reivindicação de ser de Cristo. Certamente isso indica o estado normal do crente. Isso será percebido imediatamente quando se notar que não é a ação de Deus aqui, mas o que “os que são de Cristo” fizeram por si mesmos. Portanto, está além de qualquer dúvida que “crucificado” nesta passagem tem uma influência prática; implica a aplicação da cruz à carne com todas as suas “paixões” e concupiscências.

 

Christian Friend, 1894

 

 A Nova Natureza Espiritual


Tendo o novo nascimento sido efetivado em uma pessoa, é produzido dentro dela aquilo que é nascido do Espírito, e isso é espírito quanto à sua natureza. Isso é contrastado com a carne, a natureza que possuímos como nascidos da raça de Adão. Essa nova natureza espiritual é chamada de “homem interior” em Romanos 7:22, e, como guiado por esse homem interior, o crente tem “prazer na lei de Deus”. Nesse mesmo capítulo, os versículos 7-25 são o detalhamento de uma experiência e são marcados pela constante repetição dos pronomes “eu”, “mim”, “meu”, consequente à angústia ocasionada àquele que fala – o “eu” – pelos desejos conflitantes das duas naturezas – “a carne”, por um lado, “o homem interior”, por outro. Mas entre as lições aprendidas no decorrer dessa experiência está que Deus (e, portanto, também a fé em nós) reconhece apenas a nova natureza espiritual; a velha é totalmente inútil. Nela não há bem (Rm 7:18), e na cruz foi condenada (Rm 8:3).

 

O processo de enxertia numa horta é uma boa ilustração desse ponto. O jardineiro seleciona uma muda que é bastante inútil em si mesma e a condena cortando-a com força até que apenas o toco permaneça. Ele então insere o ramo de valor, digamos de alguma maçã. Quando o enxerto é efetivamente feito, ele não possui mais, de forma alguma, a velha natureza. O jardineiro sempre fala da árvore com o nome do ramo enxertado. É a mesma árvore no que diz respeito à sua identificação. As duas naturezas estão lá como a experiência provará, mas a nova natureza é a natureza dominante e a natureza reconhecida da árvore “nascida de novo”.

 

F. B. Hole

 

O Maior é o Amor

 

O amor é o essencial do Cristianismo. Onde ele esteja faltando, não há verdadeiro Cristianismo. O assunto, portanto, é vital, e suas reivindicações sobre nossa atenção são primordiais. Um dom esplêndido às vezes é muito atraente; uma mente inteligente, quanto aos mistérios da Escritura, é muitas vezes altamente valorizada; uma pessoa abnegada é muito exaltada; e, no entanto, todas essas coisas, se falta amor, são apenas como tantas nuvens sem chuva ou poços sem água. A língua fervorosa e a eloquência fascinante de alguns homens encantam multidões de ouvintes ansiosos e exaltam o orador até aos céus. O santo quieto e discreto, no entanto, diligentemente empenhado no ministério amoroso à alma ou corpo dos filhos necessitados de Deus, é uma obra pequena demais para muitos se dignarem a notar. Mas aos olhos de Deus, quão diferente! Um pode ser apenas um ruído vazio, que logo que é ouvido desaparece para sempre, enquanto o outro é o fruto do Espírito, tendo o valor da eternidade divinamente estampado nele. Sim, diz o apóstolo: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse caridade [amor – ARA], seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade [amor – ARA], nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade [amor – ARA], nada disso me aproveitaria” (1 Co 13:1-3). Assim, vemos que o amor é o essencial, a vitalidade do Cristianismo. E no final do mesmo capítulo, descobrimos que, por mais importante e preciosa que a fé seja, e a esperança também, o amor está lá novamente estabelecido em sua importância superlativa como a pedra angular do arco, e lançando mão da fé e da esperança por seu poderoso entendimento da realidade e do poder presentes. “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade (amor), estas três; mas a maior destas é a caridade (amor)”.

 

H. H. Snell

 

 Para Que Dê Mais Fruto


Novamente direciono sua atenção para as palavras do Senhor em João 15, Ele “limpa toda aquela (vara) que dá fruto, para que dê mais fruto” (v. 2). Queridos irmãos, embora tenhamos comunhão com Cristo e nos assentemos com Ele nos lugares celestiais, nossa natureza terrenal ainda está em um mundo que contamina. O mundo e Satanás agem sobre essa natureza; estes e sua própria natureza pecaminosa (pois ela ainda é inimizade a Deus e a tudo o que Ele ama) estão continuamente atraindo o crente para disposições e objetos que contaminam a consciência, escondem dele a glória de Cristo e impedem a bem-aventurança da comunhão com Ele e a comunhão com o Pai. Como é evitada a sua influência? O Pai purifica cada ramo na videira verdadeira.

 

Enquanto a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro. O próprio Espírito dirige o crente a tudo o que se opõe à carne; enche-o de comunhão e desejos zelosos de desfrutar de sua comunhão com Cristo e o Pai, enquanto Satanás, o mundo e a natureza trabalham contra isso. Como a carne é subjugada para que os filhos de Deus possam desfrutar de sua preciosa liberdade? Precisamente assim: o Pai os purifica para que produzam mais frutos. Ele envia aflições e provações para aumentar sua separação do mundo presente e enfraquecer o pecado que opera em seus membros; então essa Palavra dentro deles, que é Cristo, tem domínio, e por Ele eles produzem mais frutos.

 

Assim o Pai purifica cada ramo na videira verdadeira. Ele lavra o coração deles para remover tudo o que impede sua frutificação; Ele adapta a aflição à necessidade particular deles, para que possa arrancar de cada coração a concupiscência de outras coisas que tendem a sufocar a semente. As outras coisas, como eu disse, são tudo e todas as coisas que não são Cristo. Tudo menos Cristo impede a nossa frutificação, mesmo o menor contato com o mundo. Essas causas não destroem a semente onde Deus lhe deu raiz, pois é a semente incorruptível que vive e permanece para sempre; mas, queridos amigos, elas são a razão pela qual produzimos frutos, alguns trinta, alguns sessenta vezes, em vez daquelas cem vezes que proporcionam tal bem-aventurança.

 

J. N. Darby

 

Produzindo Frutos


Observei o pomar enquanto a primavera se aproximava,

Primeiro brota, depois floresce, desdobrando-se ao Sol;

Nuvens suaves de rosa e aromas tão doces encantam:

Todos anunciando o fruto tão esperado;

Fruto delicioso, desejado, apreciado por todos.

 

Como essas árvores podem produzir uma colheita completa?

Elas devem ser plantadas onde o solo é rico,

Poda para moldar, nutrido por chuva suave -

Protegido da tempestade onde o Sol dá carícias quentes;

Combinando forças, frutos deliciosos obter.

 

Fomos plantados como muda frutífera;

Alguns têm um solo que favorece o crescimento fácil;

Outros podem combater os ventos e o clima do deserto;

Ele poda, alimenta e fertiliza o crescimento,

Esperando para ver o produto... fruto sublime.

 

Cresça onde Ele o planta, mesmo que algumas rochas

Possam causar vida desconfortável, lutas, dor;

Envie galhos em direção ao Sol, escape da mortalha!

Falta de comida? Aprofunde-se em Sua Palavra;

Ele a operará em você, fruto precioso para todos.

 

O Espírito cuida de Seu fruto em cada vida;

O amor, o gozo e a paz se elevam primeiro a Deus;

A benignidade e mais – um derramamento externo

Pois aqueles ao redor são abençoados quando os frutos são compartilhados!

Uma recompensa de colheita; abençoando cada vez mais.

 

C. P. H.

 

 

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”

Gálatas 5:22-23 – ARA

 

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1 Comment


elianeoliveiravila
Aug 12

Aleluia!!! Esse é o precioso fruto de seu trabalho. O Espírito de Deus derramado, para que em nós habite para sempre. E assim aguardamos e esperamos estar com Ele para sempre. 🥰🥰

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