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Foto do escritorRevista O Cristão

Ezequias (Março de 2017)

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ÍNDICE

Tema da Edição

W. J. Prost

W. J. Prost

W. J. Prost

Christian Friend (adaptado)

H. L. Rossier (adaptado)

Bible Treasure (autor desconhecido)

F. G. Patterson

Selecionado

 

Ezequias

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas [...] quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, Eu provo os pensamentos; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações” (Jr 17:9-10). Ezequias é um exemplo maravilhoso de fé e fidelidade ao Senhor, um homem que seguiu ao Senhor de todo o coração. Nosso Deus de toda a graça respondeu às orações de Ezequias sobre suas necessidades e livrou-o maravilhosamente dos inimigos do povo de Deus. Por vezes sua vida foi uma influência positiva na vida de muitos. E, seguindo o Senhor e dependendo d’Ele, Ezequias prosperou. Mas ele, bem como nós, teve seu coração sondado pelo Senhor. Davi disse sabiamente ao Senhor: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos” (Sl 139:23). Ezequias e Davi fornecem um contraste que nos ensina algumas lições. Quando o Senhor fez Davi prosperar, Davi tomou o que foi dado a ele e dedicou ao Senhor para a construção do templo do Senhor. Em contraste, Ezequias, quando prosperou em riqueza e glória, se elevou em orgulho do que chamou de “seus tesouros”. Lembremo-nos, ao traçarmos a vida de Ezequias, que a maneira como reagimos à graça de Deus, afetará não apenas nossas próprias vidas, mas também a vida de outras pessoas. Ele prosperou, mas nos caminhos justos de Deus, muitos foram afetados negativamente pela forma como ele respondeu à graça de Deus para com ele.

 

A Fidelidade de Ezequias

Por toda a Palavra de Deus, o Espírito de Deus tem o cuidado de registrar a fidelidade e os fracassos do povo de Deus. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que na vida de Ezequias, um dos reis piedosos de Judá. Tal como acontece com vários outros reis piedosos, ele não tinha um pai piedoso, mas tanto seu avô (Jotão) quanto seu bisavô (Uzias, ou Azarias), estavam entre aqueles dos quais está registrado que eles “fizeram o que era reto aos olhos do SENHOR”. Mas Ezequias se sobressaiu e por isso está escrito dele: “Confiou em Jeová Deus de Israel, de modo que depois dele não houve dentre todos os reis de Judá quem lhe fosse semelhante, nem entre os que foram antes dele” (2 Rs 18:5 – TB). Sem dúvida, este comentário inclui apenas os reis que reinaram em Judá depois que o reino foi dividido e, portanto, a parte “nem entre os que foram antes dele” não inclui Davi ou Salomão. A Palavra de Deus indica quatro coisas boas que Ezequias fez, cada uma delas tem uma lição para nós em nossos dias.


A casa do Senhor

Em primeiro lugar, está registrado em 2 Crônicas 29:3 que “Ele, no ano primeiro do seu reinado, no mês primeiro, abriu as portas da Casa do SENHOR e as reparou”. O relato continua mostrando como ele limpou o templo de toda a imundícia acumulada ali, reinstituiu os sacrifícios de Jeová e, mais uma vez, estabeleceu os turnos dos levitas, como Davi, Gade e Natã haviam ordenado. Isto foi um bom começo, pois nada pode estar correto até que o Senhor tenha a Sua porção. Assim é também nas nossas vidas: Quando nos afastamos do Senhor, devemos reconhecer onde estamos e buscar, antes de qualquer coisa, honrar a Sua Palavra e mais uma vez procurar adorá-Lo “em espírito e em verdade” (Jo 4:23). O que é devido ao Senhor deve sempre vir antes do que é devido ao homem.


Mais do que isso, Ezequias reconheceu que o Senhor olhava para Israel como um – todas as doze tribos. O fracasso do homem trouxe a divisão, mas Deus ainda considerava Israel como sendo um só povo, mesmo que a maioria tivesse abandonado de Seu centro. (Como resultado, provavelmente por volta do ano 721 a.C, Deus permitiu que os assírios levassem as dez tribos cativas, deixando uma mistura de povos na terra). Nessa época, Ezequias realizou uma Páscoa maravilhosa e chamou não apenas o povo de Judá, mas também enviou mensageiros por todo o Israel, convidando todos a vir e celebrar a Páscoa em Jerusalém. É um pouco incerto se esta Páscoa foi realizada antes ou depois do cativeiro das dez tribos, mas sabemos que o reino do norte foi feito subordinado à Assíria alguns anos antes de serem finalmente levados ao cativeiro.


As doze tribos

Era impossível unir Israel novamente em um único reino, mas era possível agir sob os pensamentos de Deus sobre o Seu povo e chamá-los, como uma nação, para se encontrarem no centro de Deus. E assim acontece hoje. É impossível reunir a Cristandade, mas podemos agir de acordo com a verdade do um só corpo e convidar os crentes a se reunirem nessa base – a mesma base sobre a qual eles se reuniram no princípio. Muitos zombaram do convite de Ezequias, mas alguns responderam a ele, se humilhando e vindo a Jerusalém. A Escritura registra que nenhum tempo de gozo e bênção como aquele ocorreu desde a época de Salomão.


O resultado abençoado dessa obediência foi triplo. Primeiro, mais ídolos foram destruídos, não apenas em Judá, mas também em outras partes de Israel. Em segundo lugar, outras melhorias foram feitas no estabelecimento da ordem dos sacerdotes e levitas, bem como os sacrifícios diários e outras ofertas ao Senhor. E em terceiro, o povo foi encorajado a trazerem seus dízimos, e muitos bens foram trazidos para manter os sacerdotes e os levitas. Em tudo isso, é dito que “E em toda obra que [Ezequias] começou [...] com todo o seu coração o fez e prosperou” (2 Cr 31:21).


A recusa em servir aos assírios

Outra coisa que podemos notar a respeito de Ezequias é que ele se recusou a servir aos assírios (2 Rs 18:7). Seu pai Acaz havia se rendido a Tiglate-Pileser e pagou-lhe uma grande soma para ajudá-lo contra os Sírios. Ezequias com razão rejeitou essa ajuda e recusou aliar-se à Assíria. Ele confiava apenas no Senhor. Novamente, esta é uma lição para nós hoje, pois às vezes é tentador buscar ajuda do mundo quando surgem dificuldades, em vez de confiar apenas no Senhor. Por exemplo, eu já vi um crente com problemas financeiros pedindo dinheiro a um incrédulo rico, em vez de se ajoelhar e orar sobre isso e pedir a ajuda do Senhor. Entretanto o Senhor quer nossa confiança.


Os filisteus

A terceira coisa que notamos sobre Ezequias é que ele feriu os filisteus (2 Rs 18:8). Os filisteus tinham sido um espinho constante ao lado de Israel, desde os dias dos juízes. Eles nunca foram totalmente derrotados ou expulsos da terra de Israel, e eles ainda são um problema aqui nos dias de Ezequias. No tempo de seu pai Acaz, eles invadiram e tomaram várias cidades de Judá (2 Cr 28:18). Espiritualmente, eles falam do homem na carne, energizado por Satanás, intrometendo-se nas coisas de Deus. Em figura, eles ilustram o seu poder assediando o Cristãos e estragando tanto o seu desfrute de Cristo quanto o seu testemunho. Ezequias sabiamente os feriu e foi bem sucedido.


Confie no Senhor

Finalmente, encontramos Ezequias fazendo aquilo pelo qual a Escritura o elogia de maneira especial – confiar no Senhor em face do que parecia ser uma ameaça impossível. Na época do reinado de Ezequias, a Assíria era o império mais forte do mundo, e assim o foi por mais de 150 anos. Eles conquistaram muitos países e foram conhecidos por sua crueldade e brutalidade. Além disso, parece que foi exatamente nessa época que a grave doença de Ezequias apareceu, um evento que o enfraqueceria ainda mais, e como ele viu a maioria das cidades de Judá cair nas mãos de Senaqueribe, sua fé inicialmente falhou, e ele se rendeu, assim como seu pai Acaz tinha feito. Ele admitiu sua ofensa em se rebelar contra ele e tentou subornar os assírios, dando-lhes até mesmo prata e ouro da casa do Senhor. Mas o Senhor não ia deixar que este acordo acontecesse, pois parece que Senaqueribe queria não apenas prata e ouro, mas o mesmo tipo de controle total que ele já tinha sobre o reino do norte. Assim, Senaqueribe lançou um cerco traiçoeiro e arrogante contra Jerusalém e convocou Ezequias a se entregar completamente.


Aqui encontramos o Senhor graciosamente restaurando a fé de Ezequias, pois os emissários do rei da Assíria zombaram não apenas da força de Ezequias em resistir, mas também do poder do próprio Senhor. Como aconteceu com Golias, aconteceu aqui com Senaqueribe. O inimigo havia desafiado não apenas o povo do Senhor, mas o próprio Senhor. Aqui Ezequias fez várias coisas que são uma lição para nós. Primeiro de tudo, ele tomou as cartas de blasfêmia de Senaqueribe e “as estendeu perante o SENHOR” (2 Rs 19:14). Em segundo lugar, ele buscou conselhos do profeta Isaías (2 Rs 19:2; Is 37:2). Terceiro, ele mesmo orou ao Senhor (Is 37:15-20; 2 Rs 19:15-19). A humildade, juntamente com a dependência do Senhor, nunca ficará sem recompensa.


A promessa profética

Por meio do profeta Isaías, o Senhor respondeu com uma promessa maravilhosa de que Senaqueribe não tocaria a cidade de Jerusalém, mas também seria obrigado a recuar para seu próprio país “e fá-lo-ei cair morto à espada, na sua terra” (Is 37:7). Humanamente falando, a situação parecia impossível, pois nenhuma outra nação tinha sido capaz de permanecer diante dos assírios. No entanto, aqui estava a firme palavra do Senhor, e a Ezequias foi dada fé para crer e resistir a todas as ameaças feitas contra ele. E assim aconteceu, pois o anjo do Senhor veio e destruiu em uma noite 185.000 homens do exército assírio (2 Rs 19:35; Is 37:36), obrigando Senaqueribe a recuar em desgraça e vergonha. Mais tarde ele foi morto por seus próprios filhos.


Fé para o futuro

Mais uma vez, que lição para o crente hoje! Deus às vezes permite situações aparentemente impossíveis em nossa vida, mas apenas para encorajar e fortalecer nossa fé n’Ele e nos encorajar a confiar somente n’Ele. Ele pode, de fato, desta maneira, testar nossa fé, mas Ele nunca irá desapontar nossa fé. Ele ama a nossa total confiança, e quando estamos no caminho da Sua vontade, todo o Seu poder está do nosso lado. Mesmo todo o poder de Satanás não pode resistir a Ele; Deus nos dará a vitória.


O resultado de tudo isso foi mais uma bênção, pois a Bíblia registra que “E teve Ezequias riquezas e glória em grande abundância [...] porque Deus lhe tinha dado muitíssima fazenda” (2 Cr 32:27, 29). Mais do que isso, seu exemplo de fé e de guardar os mandamentos do Senhor sem dúvida influenciou seu bisneto Josias, outro rei piedoso que reinou quase um século depois, e de quem está escrito: “E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao SENHOR com todo o seu coração [...] conforme toda a Lei de Moisés” (2 Rs 23:25).

W. J. Prost


 

“Um Pedaço de Bronze”

Há outra ocasião de verdadeira fidelidade na vida de Ezequias, da qual ainda não falamos. Mais de 700 anos antes e no final do seu tempo no deserto, Israel murmurou contra o Senhor e contra Moisés, queixando-se do seu maná e da falta de água. Em consequência, o Senhor enviou “serpentes ardentes” entre eles, e está registrado que “morreu muito povo de Israel” (Nm 21:6). Quando Moisés orou ao Senhor, Ele orientou que ele deveria fazer uma serpente de bronze e colocá-la sobre uma haste. Um olhar em direção a serpente de bronze era suficiente para curar aqueles que haviam sido mordidos. Isto era uma figura de Cristo sendo feito pecado por nós na cruz, e o próprio Senhor Jesus disse: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado” (Jo 3:14). Da mesma forma que os israelitas daquela época foram curados das mordidas de serpentes, os pecadores hoje podem ser curados de seus pecados pela simples fé no Senhor Jesus.


Idolatria

Parece, no entanto, que esta serpente de bronze foi levada pelo resto da jornada no deserto, trazida para a terra de Canaã e cuidadosamente preservada por toda a história de Israel até os dias de Ezequias. Tendo se voltado para a idolatria, o povo de Deus na verdade adorava aquela serpente de bronze, e eles até “queimavam incenso” a ela (2 Rs 18:4).


Uma ocasião similar ocorreu na vida de Gideão. Ele fielmente havia destruído um ídolo bem na propriedade de seu pai e derrubado o altar de Baal. Mas, mais tarde em sua vida, ele também tinha um tipo de altar diferente e talvez mais sutil. Está registrado que ele tomou todos os brincos de ouro dos midianitas mortos e deles fez um éfode de ouro. Aqui novamente algo foi ordenado por Deus, como uma vestimenta para os sacerdotes quando eles se aproximaram de Deus, no entanto, a Escritura nos diz que “todo o Israel se prostituiu ali após ele” (Jz 8:27). O éfode não tinha valor sem o sacerdote que o usava, mas se tornou um objeto de veneração.


Formas de idolatria de hoje

Enquanto nós, à luz do Cristianismo, podemos deplorar esta idolatria de objetos materiais, ainda assim, devemos reconhecer que, em alguns ramos da Cristandade, tais coisas ainda continuam. Belos edifícios, supostas relíquias, imagens dos chamados “santos”, música instrumental e muitas outras coisas tomam o lugar da adoração ao próprio Cristo. Mais do que isso, até mesmo Cristãos verdadeiros fizeram ídolos de coisas como batismo, ministério, oração, a igreja e outras preciosas verdades que Deus deu para a bênção de Seu povo e para Sua glória. Mas separados de Cristo, eles se tornam ídolos e uma suposta aproximação a Deus que não tem valor.


Muitas vezes, esse tipo de ídolo é acrescentado às tradições dos homens – tradições que, em alguns casos, foram originalmente baseadas na verdade. No entanto, quando o gozo da verdade é perdido, muitas vezes as tradições são mantidas e se tornam um ídolo sem valor, sem a necessária comunhão com o Senhor e a busca de Sua honra. Como os fariseus da antiguidade, os crentes podem se apegar a tradições que os fazem parecer muito espirituais, obscurecendo seu andar e caminhos distantes do Senhor. Em certo sentido, o pecado para os verdadeiros Cristãos nesta dispensação é maior, em face de uma luz muito maior do que eles tinham no Velho Testamento.


A destruição dos ídolos

Ezequias, em seus dias, enfrentou esta séria idolatria da serpente de bronze e, ao destruir os ídolos pagãos que seu pai havia trazido para Judá, também “fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera” (2 Rs 18:4). Deve ter sido necessário coragem para fazer isso, pois a relíquia já existia há muitos séculos. Embora tal observação não esteja registrada na Escritura, ainda é bem possível que alguns o acusassem de sacrilégio e de destruir uma importante memória do passado de Israel. Mas a fidelidade ao Senhor exigia isso, e o povo não tinha mais diante deles algo que lhes tirasse o coração de Deus.


Todos nós precisamos levar esta lição a sério. Podemos ser implacáveis em nos guardar dos ídolos do mundo, mas a tentação para o crente é muito mais sutil, e assim muito mais séria, quando algo dado pelo Senhor se torna um ídolo. Cristo deseja que nosso coração esteja apegado a Ele, e o que Ele nos deu para nossa bênção tem valor apenas porque atrai nosso coração para Ele.

W. J. Prost

 

As Falhas de Ezequias

Há muitos exemplos de verdadeira fidelidade registrados na Palavra de Deus a respeito de Ezequias, e ele se destacou entre os reis de Judá por sua confiança no Senhor. No entanto, Deus também registra algumas falhas em sua vida como um aviso para nós. Eu sugeriria que há três áreas em sua vida em que sua conduta não estava totalmente de acordo com Deus e de acordo com a fé que ele exibia em outras ocasiões.


Antes de tudo, é evidente que, no momento da ameaça inicial de Senaqueribe, sua fé lhe falhou. Já tendo se recusado a servir ao rei da Assíria no início de seu reinado, ele agora diz a Senaqueribe que estava errado em ter se recusado, e se oferece para pagar qualquer tributo que lhe for imposto. A quantia exigida (trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro) foi evidentemente paga na íntegra, embora fosse necessário dar, não somente toda a prata da casa do Senhor, mas também ouro retirado das portas e colunas do templo.


Um lapso de fé

Como a falta de fé de Pedro enquanto ele andava sobre a água, esta não era uma verdadeira falta de fé no coração, mas sim um lapso temporário de sua fé, devido às circunstâncias que pareciam esmagadoras. O poder do império assírio era bem conhecido, e sua crueldade para com qualquer um que resistisse era lendária. A essa altura, o reino do norte já havia caído e, aparentemente, a destruição de Samaria havia sido acompanhada de massacre e tortura, bem como pela captura de muitos, levando-os ao cativeiro. Além disso, a doença grave de Ezequias, provavelmente, ocorreu por volta dessa época e pode ter aumentado sua fragilidade.


Quaisquer que sejam as circunstâncias, no entanto, dificilmente estava certo diante de Deus ceder às reivindicações do rei assírio, e isso é confirmado pelo fato de que nada foi ganho por ele. Senaqueribe reagiu com traição e exigências ainda maiores. O Senhor usou tudo isso, incluindo o desafio direto de Senaqueribe que se seguiu ao próprio Deus, para fortalecer a fé de Ezequias e dar-lhe coragem para permanecer firme nas promessas de Deus.


Fidelidade ou graça

Em segundo lugar, a reação de Ezequias não foi inteiramente em submissão ao Senhor, quando Isaías foi enviado para lhe dizer que ele não se recuperaria de sua doença, mas que iria morrer. É claro que devemos levar em conta o fato de que, no Velho Testamento, o intervalo entre a morte e a ressurreição estava envolto em mistério. Não foi revelado até o Novo Testamento que “nosso Salvador Jesus Cristo [...] anulou a morte e trouxe à luz a vida e a incorruptibilidade com as boas novas” (2 Tm 1:10 – JND). Mas Ezequias invoca, não a graça de Deus, mas sim o registro de sua fidelidade, como uma razão pela qual ele não deveria morrer. Lembrar ao Senhor que ele havia andado diante d’Ele “em verdade e com o coração perfeito” era um tanto presunçoso, mesmo que houvesse verdade na declaração. Quanto melhores foram as palavras de Paulo, que pôde dizer: “tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1:23). Da mesma forma, ao falar de sua própria vida, Paulo não falava de sua fidelidade, mas simplesmente comentava: “Eu tampouco a mim mesmo me julgo [...] pois Quem me julga é o Senhor” (1 Co 4:3-4).


Sabemos que a subsequente recuperação e vitória de Ezequias sobre os assírios é uma figura da recuperação e restauração de Israel para a bênção em um dia vindouro, e também a aniquilação do último assírio – primeiro o rei do norte e, por fim, a confederação russa. Além disso, Ezequias é um tipo do Senhor Jesus, que realmente entrou na morte e ressuscitou triunfante sobre a sepultura e todo o poder de Satanás. Mas toda figura é insuficiente e estamos aqui apenas comentando sobre o fracasso de Ezequias como homem.


O lugar da grandeza

O terceiro e, talvez, o mais significativo dos fracassos de Ezequias ocorre após sua recuperação e a destruição do exército de Senaqueribe. Como alguém comentou, ele foi capaz de se manter firme diante da severidade do mundo, mas depois sucumbiu à amizade do mundo. Como resultado da destruição do exército de Senaqueribe, Ezequias se tornou um grande homem diante do mundo. Quem mais ousou resistir aos assírios e saiu vitorioso? De repente Ezequias estava sendo honrado e procurado.


Além disso, o “prodígio que se fez naquela terra” (2 Cr 32:31) chamou a atenção das outras nações, pois quem já tinha ouvido falar do relógio de Sol retroceder dez graus? O tempo envolvido foi de quarenta minutos – o suficiente para ser notado pelo “príncipe da Babilônia”, que veio perguntar a ele sobre este evento significativo.


A exibição de seus tesouros

Finalmente, evidentemente se espalhou a notícia de que Ezequias estava gravemente doente, mas havia se recuperado. Assim, lemos que enviou “Baladã, rei da Babilônia, cartas e um presente a Ezequias, porque tinha ouvido dizer que havia estado doente e que já tinha convalescido” (Is 39:1). Mas ele não foi o único a enviar um presente, também lemos que “muitos traziam presentes a Jerusalém, ao SENHOR, e coisas preciosíssimas a Ezequias, rei de Judá, de modo que, depois disso, foi exaltado perante os olhos de todas as nações” (2 Cr 32:23).


É triste dizer que, parece que tudo isso subiu à sua cabeça, por assim dizer. “Deus o desamparou, para tentá-lo, para saber tudo o que havia no seu coração” e “seu coração se exaltou” (2 Cr 32:31, 25). As circunstâncias favoráveis manifestaram algo em seu coração que nada antes tinha revelado. Ao invés de dar a glória ao Senhor e usar a visita do rei da babilônia como uma oportunidade para honrar o Deus de Israel, ele “lhes mostrou toda a casa de seu tesouro” e tudo que estava sob seu domínio.


Podemos entender esse orgulho, especialmente quando a bênção material, no Velho Testamento, era um sinal do favor do Senhor. Mas era realmente orgulho de si mesmo, em vez de gratidão pelo que Deus havia feito. Quão facilmente nós também, como crentes, podemos ter orgulho do que temos e do que somos espiritualmente e, como Jó do passado, atribuímos a nós mesmos o que a graça de Deus tem operado em nós. Como resultado, lemos que “veio grande indignação sobre ele e sobre Judá e Jerusalém” (2 Cr 32:25). Mais do que isso, o profeta Isaías lhe disse que o rei da Babilônia tinha intenções sinistras; seus sucessores voltariam em um dia futuro e levariam para Babilônia todos os tesouros que Ezequias havia exibido, assim como seus descendentes.


Um bom final

Mas a história tem um final feliz para Ezequias. Como resultado da disciplina do Senhor, está registrado que ele “se humilhou pela soberba do seu coração, ele e os habitantes de Jerusalém; e a grande indignação do SENHOR não veio sobre eles, nos dias de Ezequias” (2 Cr 32:26). É triste ver o fracasso, seja nos outros ou em nós mesmos, mas quando estamos sob a mão de Deus como consequência, quão bom é ver a verdadeira humildade perante Ele. No caso de Ezequias, Deus não revogou Seu julgamento proposto, mas como resultado de sua humildade, Ele permitiu que Ezequias fosse para seu túmulo em paz.


Conosco, a correção do Senhor pode produzir desprezo ou nos fazer desmaiar, e ambas são reações erradas (Hb 12:5). Mas aqueles que são “exercitados por ela” descobrirão que o Senhor é gracioso e que Suas relações para conosco “produz um fruto pacífico de justiça” (Hb 12:11). As lições aprendidas aqui no deserto podem ser duras, mas elas pagarão dividendos eternos.

W. J. Prost

 

Ezequias: O Perigo da Prosperidade

Frequentemente a prosperidade de Deus é acompanhada de um perigo maior para nossas almas do que o assédio do diabo. Temos uma ilustração disso em Isaías 36-39. Nos capítulos 36-37, os assírios bradam às portas de Jerusalém, mas Ezequias não desanima. A carta do invasor com toda a sua arrogância é calmamente apresentada diante do Senhor, e o Senhor declara a respeito de seu escritor “Por causa da tua raiva contra Mim [...] subiu até aos Meus ouvidos [...] te farei voltar pelo caminho por onde vieste” (Is 37:29).


Como Davi, um “cão morto” aos seus próprios olhos, e como Paulo, naquele tempo de angústia que se abateu sobre ele na Ásia, tendo a sentença de morte sobre si, Ezequias toma posse da força do poderoso Deus de Jacó, crendo que Ele existe (Hb 11:6), e assim sua fé é sustentada pela mão direita da Sua justiça.


“E fez o que era reto”

Brilhante seria o retrato deste santo, se tivesse seu registro fechado aqui. “E fez o que era reto aos olhos do SENHOR” e “confiou, de maneira que, depois dele, não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele” (2 Rs 18:3, 5). Mas o Espírito de Deus é um Biógrafo fiel. Ezequias havia provado o Senhor em Seu poder e fidelidade. Temos que olhar agora para ele em outras circunstâncias, provando o que ele mesmo é.


Prosperidade

É a hora da prosperidade. O Senhor, por Seu favor, operou livramento; riquezas fluem de todos os lados e a fama de seu nome se espalhou. “Muitos traziam presentes a Jerusalém, ao SENHOR, e coisas preciosíssimas a Ezequias, rei de Judá, de modo que, depois disso, foi exaltado perante os olhos de todas as nações” (2 Cr 32:23). Quantos santos foram elevados a um lugar de destaque diante de seus irmãos e diante do mundo, por meio de uma conduta de simplicidade não afetada, de dependência e de propósito de coração para com Deus! Ezequias “foi exaltado perante os olhos de todas as nações”, mas ele foi engrandecido também aos seus próprios olhos.


Doença

Quando Ezequias adoeceu até a morte, Isaías, o profeta, foi enviado a ele para dizer: “Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás” (Is 38:1). Como Ezequias recebe a mensagem? “Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao SENHOR” (v. 2). Até agora tudo está certo. Mas qual é o seu choro? “Ah! SENHOR, lembra-Te, peço-Te, de que andei diante de Ti em verdade e com coração perfeito e fiz o que era reto aos Teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo” (v. 3). No templo ele havia apresentado diante do Senhor a carta com suas blasfêmias; agora ele apresenta suas graças diante do Senhor e apela à Ele com o crédito delas.


O Senhor não nega a verdade do que Ezequias diz. Ele leva em conta e diz que ainda acrescentará quinze anos à sua vida. Para um observador casual, pode não haver nada de maravilhoso na recuperação de alguém que estava doente de morte. Mas uma maravilha foi operada na terra. O Senhor o recuperou e o fez viver, e ele celebra isso no escrito que escreveu quando esteve doente e foi curado de sua doença. A massa de figos colocada como gesso no tumor, não passa de uma massa de figos. Se a cura e a saúde fluíram em suas veias imediatamente, ele reconhece que era Deus quem estava agindo.


A maravilha do Sol

Há um milagre que o acompanha, cujas notícias chegam até a Babilônia: “eis que farei que a sombra dos graus, que passou com o Sol pelos graus do relógio de Acaz, volte dez graus atrás. Assim, recuou o Sol dez graus pelos graus que já tinha andado” (v. 8). Os príncipes da Babilônia mandam perguntar sobre esse milagre e parabenizam o rei em favor de quem foi realizado, pois o mesmo Deus que pode reverter as leis da natureza na cura pode reverter as ações dos corpos celestes.


Com o sentimento deste livramento fresco em sua alma, o propósito do coração de Ezequias não é meramente o de pagar o que ele prometeu na presença do povo do Senhor, de sacrificar a Ele com ação de graças; seu pensamento é que ele levará consigo a lembrança destes dias durante toda a sua vida. O que o homem é e o que a morte é, como ele os viu e sentiu, nunca será esquecido. Mas uma coisa é reconhecer a verdade dessas coisas com o rosto na parede; e é completamente outra coisa, portanto, viver com o sentimento contínuo da presença de Deus, a ponto de desaprovar toda pretensão da carne.


Resoluções

Que resoluções, não insinceras, mas formadas na ignorância de si mesmo, são gravadas neste memorando de um Ezequias convalescente! Aquele que esperava a morte está prestes a entrar de novo para um período adicional definido nas cenas e atividades da vida. Como ele vai se portar nelas? Levando consigo em toda a sua amargura benéfica, a lição da morte; seu propósito é viver no princípio da gratidão contínua como o adorador do Senhor. Ai de mim! Seu propósito é construído sobre o “Eu devo” e “nós vamos” de um coração sincero, mas que não se conhece.


O próximo capítulo apresenta um estado diferente de coisas. É novamente uma época de prosperidade; o pano de saco é tirado, e quem o veste é cingido de alegria. Os embaixadores do rei da Babilônia vieram, e o coração de Ezequias se “exaltou”, o homem que deveria agir suavemente se ensoberbece. “Contudo, no negócio dos embaixadores dos príncipes da Babilônia que foram enviados a ele a perguntarem acerca do prodígio que se fez naquela terra, Deus o desamparou, para tentá-lo, para saber tudo o que havia no seu coração” (2 Cr 32:31).


Os tesouros

Ele tentou lembrar a Deus da perfeição de seu coração, e Deus o deixa para que ele possa saber como era o seu coração. Os embaixadores vêm; uma oportunidade é apresentada para engrandecer ao Senhor, para tornar conhecida a verdade. O que é que ele faz? Então, “Ezequias se alegrou com eles e lhes mostrou a casa do seu tesouro, e a prata, e o ouro, e as especiarias, e os melhores unguentos, e toda a sua casa de armas, e tudo quanto se achava nos seus tesouros; coisa nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias lhes não mostrasse” (Is 39:2). Ele estava contente com elese isso explica tudo. Ele os chama para examinar seus tesouros, mas Deus o está chamando para examinar seu próprio coração. Não há nada do homem morto em tudo isso, nada que aja mansamente. É necessário apenas que nós sejamos deixados por pouco de tempo para que sejamos tentados, para que possamos saber tudo o que está em nosso coração, e aquilo que está no coração sai.


Lemos em 2 Crônicas 32:25-26 que “não correspondeu Ezequias ao benefício que se lhe fez, porque o seu coração se exaltou; pelo que veio grande indignação sobre ele e sobre Judá e Jerusalém. Ezequias, porém, se humilhou pela soberba do seu coração, ele e os habitantes de Jerusalém; e a grande indignação do SENHOR não veio sobre eles, nos dias de Ezequias”. Ele se humilha sob a mão e a palavra do Senhor. “Então, o profeta Isaías veio ao rei Ezequias e lhe disse: Que foi que aqueles homens disseram e donde vieram a ti? E disse Ezequias: De uma terra remota vieram a mim, da Babilônia. E disse ele: Que foi que viram em tua casa? E disse Ezequias: Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu deixasse de lhes mostrar. Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do SENHOR dos Exércitos: Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR. E dos teus filhos, que procederem de ti e tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia” (Is 39:3-7).


A graça de Deus

“Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do SENHOR que disseste. Pois pensava: Porque haverá paz e verdade em meus dias” (Is 39:8). Que justificação de Deus em Seus caminhos temos aqui! Por mais humilhante que seja o necessário processo no qual Seus santos são colocados, a graça que o faz é pura. Nosso lucro é alcançado quando, exercidos pela disciplina, nos voltamos de nós mesmos e de nossas graças para encontrar em Deus nossa ajuda. A expressão “Boa é a palavra do SENHOR que disseste”, em vez de ser um reflexo do interesse próprio, em que o julgamento não cairia nos dias de Ezequias, é antes uma expressão de gratidão pela graça de Deus estendida para Ele. Sua mente está mais uma vez na graça de Deus, e não em sua própria glória.

Christian Friend (adaptado)

 

Senaqueribe e o Senhor

O relato da vida de Ezequias em 2 Reis começa com sua revolta contra Senaqueribe e a humilhação do rei por causa de sua falta de confiança, seguida pela invasão de Judá. Isso ocorre porque o relato aqui nos apresenta as carreiras dos reis colocados sob responsabilidade. A disciplina de Deus para com Ezequias nesta ocasião mostra-lhe que somente a confiança no Senhor é capaz de sustentá-lo. Em seguida, encontramos o ataque de Senaqueribe contra Jerusalém, onde a absoluta confiança de Ezequias no Senhor é colocada à prova e sai vitoriosa.


No relato em Crônicas, encontramos os reis e o povo vistos de acordo com os conselhos de Deus e Sua soberania na execução de Seus propósitos, apesar do fracasso do homem. Judá nada mais é do que um pequeno remanescente insignificante, confinado a Jerusalém; a história do ataque de Senaqueribe contra Jerusalém é mais breve aqui do que nos outros dois relatos.


Em Isaías, temos a história de Ezequias do ponto de vista profético. Somente três fatos são apresentados em detalhes ali: O ataque de Senaqueribe e a grave enfermidade de Ezequias, seguida pela visita dos embaixadores, que estabelece a ascensão e queda profética da Babilônia em relação a Judá. Nesse relato, Ezequias é, em alguns aspectos, um tipo do Messias, mas em muitos outros aspectos, um tipo do remanescente piedoso dos judeus.


As coisas que permaneceram

Após as ameaças do assírio contra ele, Ezequias subiu à casa do Senhor pela primeira vez. Como parecia, pouco foi deixado para este pobre rei; todo o Judá foi saqueado e o exército assírio estava sitiando a única cidade que ainda permanecia em pé. Eles tinham algum recurso, esse fraco “remanescente que sobrou” (2 Rs 19:4)? Sim, de fato! Eles ainda tinham o templo de Jeová; Sua cidade amada; o monte Sião e o profeta, o portador da Palavra de Deus! A carne poderia estar desanimada, mas, em meio a esse desastre indescritível, a fé possuía tudo o que lhe dava uma garantia firme. Ouve a voz do profeta e fecha os ouvidos à voz blasfemadora dos servos do inimigo. Ela se integra em torno do rei ungido do Senhor.


Não que essa confiança excluísse o reconhecimento do extremo perigo que pressionava o coração: Eles vestem pano de saco e rasgam suas vestes em sinal de aflição, de humilhação e de luto. Mas o perigo leva Ezequias e seu povo para a casa de Deus para receber conselhos, força e consolação. “Este dia é dia de angústia, e de vituperação, e de blasfêmia; porque os filhos chegaram ao parto, e não há força para os ter” (2 Rs 19:3). Nestes tempos, assim como em nossos dias, nossa parte é a profunda humilhação. Como o pequeno remanescente em Judá, temos que sentir reprovação e expressá-la por meio de nossas lágrimas, sobre o estado em que se encontra a Cristandade. Mas uma coisa é suficiente ao remanescente aflito e que também deve ser suficiente para nós: O Senhor está lá e é Ele, não nós mesmos, que foi desafiado.


A Palavra do Senhor

“E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o Senhor: Não temas as palavras que ouviste, com as quais os servos do rei da Assíria Me blasfemaram. Eis que meterei nele um espírito e ele ouvirá um ruído e voltará para a sua terra; à espada o farei cair na sua terra” (2 Rs 19:6-7). A palavra do Senhor é cumprida literalmente. A notícia de que Tiraca, rei da Etiópia, que havia dominado o Egito, avançava contra ele, quando seu próprio objetivo era precisamente a conquista do Egito, fez com que ele partisse subitamente para encontrá-lo.


Mas antes de sua partida, Senaqueribe envia uma mensagem escrita a Ezequias. Ele já havia enviado seus porta-vozes com a seguinte mensagem ao povo: “Não vos engane Ezequias [...] nem tampouco vos faça Ezequias confiar no SENHOR” (2 Rs 18:29-30). Agora ele diz a Ezequias: “Não te engane o teu Deus, em Quem confias” (2 Rs 19:10), comparando-o aos falsos deuses que ele, o assírio, havia destruído. Foi uma “reprovação” direta contra o “Deus vivo”. A raiva que encheu o monarca assírio, impedido em seu projeto e ferido em seu orgulho, agora se mostra em seu verdadeiro caráter. É o Deus de Israel a Quem ele se opõe.


O Nome do Senhor

Ezequias sobe à casa do Senhor pela segunda vez. Não é mais uma questão de humilhação como da primeira vez, mas de um ataque direto ao nome do Senhor a Quem Ezequias honra. Deus deve levar em consideração essa carta. O rei coloca a causa de Deus nas próprias mãos de Deus, mas ele sabe que, para honrar Seu nome, o Senhor salvará Seu povo humilhado. “Agora, pois, ó SENHOR, nosso Deus, sê servido de nos livrar da sua mão; e, assim, saberão todos os reinos da Terra que só Tu és o SENHOR Deus” (2 Rs 19:19).


Então Isaías faz com que o rei conheça a palavra do Senhor pronunciada contra o assírio. Ezequias carrega em seu coração os interesses de Deus, e Deus justifica o caráter e a honra de Seus amados, culpados, mas humilhados, quando estes justificam Sua honra e caráter pessoal. O assírio tinha sido a vara da ira de Deus, mas ele se orgulhava de seu sucesso e não temia erguer-se contra Deus. Disse o Senhor: “Porque a tua fúria contra Mim e a tua arrogância subiram aos Meus ouvidos, porei a Minha argola no teu nariz e o Meu freio nos teus lábios, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste” (2 Rs 19:28 – JND).


O assírio não deveria entrar na cidade nem atirar flechas nela, nem lançar tranqueira alguma contra ela; no entanto, o exército inimigo a estava cercando naquele exato momento. Mas Deus interveio por causa de Seu nome e por causa de Davi Seu servo, a quem Ele não revogaria Sua aliança nem Suas promessas (2 Rs 19:32-34).


Julgamento do inimigo

Na mesma noite dessa profecia, o acampamento dos assírios foi ferido. De manhã, eram todos corpos mortos. “Os que são ousados de coração foram despojados; dormiram o seu sono, e nenhum dos homens de força achou as próprias mãos. À Tua repreensão, ó Deus de Jacó, carros e cavalos são lançados num sono profundo [...] quando Deus Se levantou para julgar, para livrar a todos os mansos da Terra” (Sl 76:5-6, 9). Será assim também que o assírio do tempo do fim – o rei do norte, encontrará seu julgamento: “Mas os rumores do Oriente e do Norte o espantarão; e sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos. E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o monte santo e glorioso; mas virá ao seu fim, e não haverá quem o socorra” (Dn 11:44-45). Ele mesmo, o chefe de seu exército, sofre a sentença pronunciada contra ele pelo profeta (2 Rs 19:37). Seus filhos o feriram com a espada quando ele se prostrou na casa de Nisroque, seu deus. Ele havia dito a Ezequias: “O Senhor não o livrará”, mas seu deus Nisroque era incapaz de livrá-lo quando ele se prostrava diante dele.


Progresso

Em tudo isso seguimos o progresso do homem de Deus e a recompensa que sua confiança no Senhor recebe. No começo, ele se rebela contra o assírio quando, talvez, sem conhecimento de seu próprio coração, ele poderia ter confundido confiança em si mesmo com ter confiança somente em Deus. Então ele perde sua confiança diante do inimigo, mas Deus usa a disciplina para tirar dele toda a sua confiança própria. Neste julgamento, Ezequias, humilhado pelo estado de seu povo, não buscando apoio dentro de seu próprio coração, entrega tudo a Deus. Sua confiança aumenta na medida em que a prova cresce. Ele já não pensa em si mesmo nem em seu povo, exceto para julgá-los; ele busca apenas a glória do Senhor, ligando a salvação de Israel a essa glória. Deus responde a ele mostrando-lhe que Jerusalém, o filho de Davi, e o amado remanescente, ocupam com exclusividade os Seus pensamentos. Ele liberta Seu povo por meio do julgamento, respondendo à humilde oração que “pelo resto que ainda fica” dirige-se a Ele pela boca do profeta (2 Rs 19:4 – AIBB).

H. L. Rossier (adaptado)

 

Ezequias e Manassés

Ezequias “confiou em Jeová Deus de Israel, de modo que depois dele não houve dentre todos os reis de Judá quem lhe fosse semelhante, nem entre os que foram antes dele Porque se chegou ao SENHOR, não se apartou de após Ele e guardou os mandamentos que o SENHOR tinha dado a Moisés. Assim, foi o SENHOR com ele” (2 Rs 18:6 – ARA). Se olharmos apenas superficialmente, poderíamos considerar que a piedade de Ezequias teria sido recompensada com a exaltação da nação sobre a qual reinava. Nós admitimos que seu reinado foi muito benéfico para seus súditos. Quando, porém, fazemos uma comparação entre os dias de Jeosafá e os de Ezequias, somos surpreendidos por certos sinais seguros de que, apesar da piedade do último, a nação decaiu para um nível muito inferior diante do Senhor.


Quando o assírio entrou em cena, Ezequias não proclama jejum, como fez Jeosafá; em vez da nação se colocar diante do Senhor, seu rei piedoso entra no santuário para fazer sua própria oração sincera como indivíduo. Em um dia de adversidade nacional, lemos sobre dois indivíduos simplesmente orando e clamando ao céu (2 Cr 32:20). Ezequias apresentou a carta de Senaqueribe diante do Senhor, mas em vez de uma resposta imediata, a resposta é enviada por Isaías a ele (2 Rs 19:20). Então o exército de Judá não está de modo algum associado à derrubada dos assírios, e ao invés de reunir os despojos, o pobre Ezequias já havia suportado a mortificação de se humilhar diante de seu inimigo (2 Rs 18:14) e, o que deve tê-lo afligido não menos, o santuário despojado de prata e ouro, numa tentativa vã de satisfazer a cobiça do seu poderoso adversário (vs. 15-16).


Se Ezequias tivesse se contentado em colocar sua casa em ordem e morrer, a nação havia sido poupada de muito sofrimento. Durante esses quinze anos adicionados a ele, nasceu Manassés (2 Rs 21:1); o coração de Ezequias se exaltou, para perda tanto sua quanto de toda a nação (2 Cr 32:25-26).

Bible Treasure (autor desconhecido)

 

Duplo Reavivamento


Posso observar que houve dois grandes reavivamentos na história dos reis de Judá, aquele sob Ezequias e o de Josias. O primeiro foi caracterizado pela fé. Você se lembrará de como Ezequias orou e apresentou a carta diante do Senhor, e o Senhor veio e destruiu o exército de Senaqueribe. Mas o reavivamento de Josias teve outra característica, que foi a atenção à Palavra de Deus. O rolo do livro foi encontrado, e então veio a revolução maravilhosa efetuada por este julgamento de todas as coisas por aquele padrão perfeito.


Em analogia, você tem esses dois reavivamentos na história da Igreja. O da Reforma foi caracterizado pela fé ousada, rompendo com as coisas existentes; e, conquanto a palavra de Deus fosse, em medida, a base do apelo, todas as coisasnão foram julgadas de acordo com o seu padrão. Antes, era uma reforma daquilo que parecia ser a Igreja à sua volta. Nos dias atuais, começando há mais de 150 anos, outra ação teve início, e Deus está conduzindo as almas de volta à Escritura; Uma atenção especial à Palavra de Deus dá caráter à ação do Seu Espírito nas almas do tempo presente. Tudo é julgado para aquilo que a veneração dos séculos e a antiguidade das eras emprestou um encanto e afastou as almas da Escritura. Deus cuidou, em Sua infinita e ilimitada misericórdia, de que quando Ele nos recomendou à Escritura nestes últimos dias, nós encontraríamos tudo o que fosse necessário para as exigências deste tempo.

F. G. Patterson

 

A fé dos quais imitai

Hebreus 13:7


Gostamos de olhar para aqueles que lideram,

E nos alimentar de suas meditações…

Isso nos edifica.


Mas pode haver uma falha gritante,

Ou o passo mais traiçoeiro na caminhada

Isso nos faz tropeçar.


Devemos discernir sua fé para traçá-la,

E considerar o resto como não tendo lugar…

Continue olhando para cima!


Que nenhum homem impeça aquele olhar simples

Que olha para além do homem – bem no alto...


 

“E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

(João 3:14-15)

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