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Revista mensal publicada pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
W. J. Prost
R. B. Wallace (adaptado)
J. G. Bellett
D. C. Buchanan
W. J. Prost
Christian Truth, Vol. 31
J. L. Harris (adaptado)
J. L. Harris
J. N. Darby
J. N. Darby
J. G. Bellett
Christian Treasury, Vol. 10
C. H. Mackintosh
J. G. Bellett
Sound Words, 1873
W. Kelly
Dispensações
A alma que foi estabelecida na verdade dispensacional e que aprendeu os caminhos de Deus durante as várias dispensações (e mesmo quando o testemunho confiado aos homens em cada dispensação foi corrompido e destruído) aprende a responder ao caminho de Deus, como andar diante d’Ele de acordo com Sua mente e vontade, mesmo quando a dispensação caiu em ruínas.
Certamente, julga-se que o caminho traçado em uma dispensação seria inadequado para outra e julga-se, também, com discernimento espiritual, que um caminho bem no início de uma dispensação necessariamente muda seu caráter quando a dispensação caiu em ruínas pela infidelidade daqueles a quem o testemunho foi confiado, mas o tempo todo reconhecendo que os princípios divinos nunca mudaram, mesmo quando o vaso provou que não poderia manter o tesouro a ele confiado.
F. G. Patterson
O uso das dispensações é para nutrir nossa mente no conhecimento do que Deus é, de onde todas as dispensações fluem, e levá-las a olhar para aquele tempo em que “Deus será tudo em todos”.
J. N. Darby
Tema da edição
Dispensacionalismo
Muitos leitores de O Cristão já estão familiarizados com os termos “dispensações” e “dispensacionalismo”, mas talvez seja útil ver mais uma vez o que a palavra significa e por que ela é importante.
A palavra “dispensação” significa simplesmente uma “lei da casa” – um princípio que rege o funcionamento de uma casa. No sentido em que a Escritura usa o termo, refere-se a uma certa ordem ou administração das coisas neste mundo, por Deus, por um certo período de tempo. É uma maneira pela qual Deus lida com o homem em uma determinada era, e que é substituída, no seu fim, por uma administração diferente, de acordo com a soberania de Deus.
Essencial para entender a Bíblia
A verdade dispensacional é essencial para um entendimento adequado da Bíblia. Um irmão idoso, agora com o Senhor, costumava dizer em tom forte: “Nunca conheci um homem que pudesse entender a Bíblia, a menos que visse nela os propósitos de Deus para a bênção da Igreja no céu e a bênção de Israel na Terra”. Isso é verdade, e a ideia popular hoje de fundir Israel com a Igreja só tem produzido confusão na mente de muitos Cristãos.
A pergunta pode muito bem surgir: Por que Deus agiu dessa maneira? Estaria Ele sendo inconsistente com Sua natureza e atributos ao agir de forma diferente com o homem em momentos diferentes? Por exemplo, teria sido inconsistente com Deus (falamos com reverência, odiando o próprio pensamento) que Ele dissesse a Israel para destruir seus inimigos com a espada, enquanto diz aos Cristãos agora para “amar seus inimigos”? Teria sido inconsistente com Deus encorajar um belo templo a ser construído por Israel no Velho Testamento, enquanto diz aos crentes no Novo Testamento que Deus “não habita em templos feitos por mãos de homens”? (At 17:24).
Não, Deus não é inconsistente. Mas, antes de tudo, devemos reconhecer que Deus “não dá contas de nenhum dos Seus feitos” (Jó 33:13). Deus tem a liberdade de agir como Lhe agrada e, como Suas criaturas, não podemos questioná-Lo ou criticá-Lo. Nosso lugar é reconhecer Seu poder e autoridade, e obedecer.
No entanto, a partir do tratamento de Deus com o homem nas várias dispensações, podemos ver que Suas variadas glórias são exibidas e que tudo isso também está conectado com a honra e glória de Seu amado Filho. Houve uma glória demonstrada na entrega da lei a Israel, mas outra glória, em Seu trato com o homem em graça, durante este tempo presente. Ainda outra glória será exibida quando o Senhor Jesus Cristo reinar em justiça em Seu reino, durante o Milênio.
Implicações para o nosso comportamento
O reconhecimento das diferentes dispensações também tem sérias implicações para o nosso comportamento, pois, “conhecendo o tempo” (Rm 13:11) e agir de acordo com ele só é possível quando reconhecemos e entendemos a verdade dispensacional. A Palavra de Deus às vezes usa a palavra “perfeito”, não para descrever aqueles que são absolutamente sem culpa, mas sim aqueles que são maduros ou plenamente desenvolvidos. Eles entendem os caminhos de Deus com o homem no momento da sua vida, e adotam ações e um estilo de vida que está de acordo com os caminhos de Deus no momento. Por exemplo, Deus poderia dizer a Abraão: “Anda em Minha presença e sê perfeito” (Gn 17:1), e Paulo poderia dizer aos filipenses: “Pelo que todos quantos já somos perfeitos sintamos isto mesmo [tenhamos esse pensamento – JND]” (Fp 3:15). Em ambos os casos, a palavra “perfeito” significa maturidade nas coisas divinas, mas a maturidade que Paulo esperava dos filipenses excedeu em muito a maturidade que Deus esperava de Abraão, pois eles viveram em dispensações completamente diferentes.
Alguns argumentaram que, embora a palavra “dispensação” seja usada várias vezes na Escritura, em nenhum lugar as dispensações são listadas, nem são sempre descritas em detalhes. Além disso, existem diferentes maneiras de olhar para as várias épocas da história do homem, dependendo de termos uma perspectiva ampla ou detalhada. Mais do que isso, as dispensações geralmente não começam e terminam exatamente num determinado momento. Embora os princípios de uma dispensação particular sejam definidos, uma dispensação muitas vezes se propaga para a próxima, ao longo de um período de tempo. Por exemplo, Deus deu aos Judeus, que foram salvos nesta dispensação da graça, tempo para se ajustarem à liberdade do Cristianismo. Eles estavam acostumados com a sujeição às leis e achavam difícil abandonar isso. Deus foi gracioso com eles e lhes deu 40 anos, antes de permitir que o templo deles fosse destruído.
Sete dispensações
Uma maneira comum de olhar para as várias dispensações é dividi-las em sete – inocência, consciência, governo, promessa, lei, graça e reino. Se usarmos esse método, descobriremos que as várias dispensações se alternam em seu caráter. Em algumas, Deus afirma Seus direitos e controle sobre este mundo, e Ele exerce esses direitos por meio de um indivíduo ou nação que Ele levanta. Assim, sob Adão (inocência), Noé (governo), Israel (lei) e Cristo (reino), Deus afirma Seus direitos sobre este mundo. Em outras ocasiões, Deus não exerce Seus direitos imediatos, e Ele deixa o mundo seguir seu próprio caminho, enquanto levanta aqueles que andam diante d’Ele como peregrinos e forasteiros neste mundo. Assim, Sete e sua família (consciência), Abraão e sua família (promessa) e a Igreja (graça) foram chamados (e quanto à Igreja, ainda são chamados) a andar diante de Deus, abrindo mão da vantagem presente em favor do ganho futuro. No entanto, mesmo ao não exercer Seus direitos imediatos e permitir que o mundo siga seu próprio caminho, Deus sempre trabalha providencialmente nos bastidores para cumprir Seus propósitos, apesar da aparência de Ele não interferir no mundo.
Um teste para o homem
Pode surgir a pergunta: Haverá um dia em que não existirá dispensações? Acredito que a Escritura nos mostra que, finalmente, esse dia chegará, mas será na eternidade, não no tempo. As dispensações foram feitas para uma cena temporal e deixarão de existir quando o tempo não existir mais. No Velho Testamento, o homem estava sob teste, pois Deus estava provando o homem, para ver se havia algum bem no homem como uma criatura caída. Nesse sentido, quando o homem crucificou o Senhor Jesus, seu teste acabou. No entanto, em outro sentido, cada dispensação é um teste para o homem, para saber se ele aceitará os princípios e o modo de administração de Deus para aquele tempo e andará diante de Deus naquela maturidade de que falamos. Infelizmente, o homem falhou em todos os sentidos que Deus escolheu para trabalhar com ele, e ele continuará em seu fracasso. Já vimos o fracasso de todas as dispensações, incluindo a da graça, e sabemos pela profecia que o futuro reino milenar também terminará em fracasso e juízo. Mas Deus ficará frustrado com os Seus propósitos? Ele deve ter para sempre o fracasso e o julgamento diante d’Ele, por causa da obstinação do homem?
Não, pois a obra consumada de Cristo na cruz já forneceu os meios pelos quais o pecado será removido para sempre de todo este universo. Deus nunca terá que olhar para o pecado ou lidar com ele novamente. No chamado estado eterno, após o julgamento final no grande trono branco (Ap 20:11-15), Deus queimará esta velha Terra, e os céus também, e criará novos céus e uma nova Terra, “em que habita a justiça” (2 Pe 3:13). Não nos é dado muito detalhe sobre esse dia, mas parece que as nações como tais não existirão mais, e o pecado nunca mais levantará a cabeça. O reino de Deus será então universal, encabeçado por Cristo, e tudo estará perfeitamente de acordo com a mente de Deus.
Finalmente – o reino final,
Sendo ele sem limites, sem fim,
Quando o céu e a Terra –
Deus tudo em todos
Com as maiores bênçãos se encherão.
Todas as raízes do mal banidas,
Nenhum sopro de pecado para murchar,
Na Terra – no alto –
Nada mais além de gozo,
E abençoada paz para sempre!
G. Gilpin
W. J. Prost
Dispensações – Homem Sob Julgamento
Uma dispensação pode ser definida como um período no tempo no qual Deus Se manifesta ao homem em algum relacionamento específico, com respeito a provar a raça humana em todas elas. Gostaria de dar um breve esboço das várias dispensações, como as vemos na Palavra de Deus.
Inocência
O que é um estado de inocência? Não é uma condição de ignorância, porque Adão tinha conhecimento, e que conhecimento era! Ele foi capaz de nomear todas as criaturas de Deus: “e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome” (Gn 2:19). Às vezes ouvimos a pergunta impensada: Deus não poderia ter criado o homem incapaz de pecar? Se Ele tivesse feito isso, o homem teria sido um mero autômato, incapaz de responder à mente divina, incapaz de virtude; em uma palavra, ele não teria sido um ser moral, mas uma mera criatura desprovida de personalidade. A inocência, portanto, não é um estado de virtude, mas um estado de nunca ter caído. Ela não é uma meta a ser alcançada; em vez disso, virtude, pureza, justiça e santidade são os valores que o Cristão em sua vida prática procura exibir. “Não que já a tenha alcançado”, diz o apóstolo, “mas... prossigo para o alvo” (Fp 3:12-14). Adão foi criado inocente, mas não santo. Na queda, o homem perde tudo o que lhe foi confiado. A inocência está perdida; esse estado se foi para sempre. O conhecimento do bem e do mal vem em seu lugar.
Consciência
O homem provado sob a consciência é o assunto da próxima era, e isso traz responsabilidade. O senso de responsabilidade está associado ao conhecimento do bem e do mal que o homem adquiriu com a queda. A responsabilidade não é um modo de pensar, mas a própria base de toda a moralidade. A consciência do homem é seu controlador que o acusa ou o desculpa. Não temos nenhuma proibição agora, como na era anterior, mas sim um controlador vivo, a consciência, “acusando” ou “defendendo – [desculpando – JND]”, mas nunca absolvendo. Esta era continuou desde a queda do homem até o dilúvio de Noé – cerca de 1.650 anos.
Governo
Adicionado à consciência, que sempre permanece, agora temos governo. A transição é marcada pelo estabelecimento do concerto de Deus com a criação: “O Meu arco tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre Mim e a Terra” (Gn 9:13).
O governo agora é introduzido, cujos princípios inflexíveis são estabelecidos em Êxodo 34:7. Que o homem ouça este pronunciamento divino: “JEOVÁ, o SENHOR... que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração”. A espada da justiça, como um meio de restringir a humanidade caída, é colocada nas mãos de Noé. Esse princípio logo se desenvolve no que conhecemos como governo civil.
Adão dominava a criação inferior e Noé dominava sobre o homem, bem como sobre a criação animal. Gênesis 9:6 agora se torna o código penal para a punição da violência humana: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado” (Gn 9:6). Essa dispensação durou desde o dilúvio de Noé até o chamado de Abraão – cerca de 425 anos.
Chamado e promessa
Os primeiros raios de uma nova luz, isto é, eleição soberana e graça incondicional, são as próximas revelações do coração de Deus para o homem. Deus começa outro caráter de provação da raça humana. Abraão vem diante de nós como o primeiro herdeiro da promessa. “Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu” (Hb 11:8). Mas logo depois vemos que essas bênçãos prometidas foram perdidas para os filhos de Abraão por mais de 400 anos, enquanto eles gemem sob os capatazes do Egito. Isso, no entanto, não anulou o concerto divino, embora no que diz respeito à prova, a era terminou quando o povo trocou a graça pela lei no Sinai (veja Êx 19:8). Uma dispensação tem a ver com provas; um concerto tem a ver com os propósitos imutáveis e eternos de Deus.
Essa dispensação, com essas revelações adicionais dos caminhos de Deus, se estende de Gênesis 12:1 a Êxodo 19:8, um período de 430 anos, mais ou menos. Nesse período, temos a história de Abraão, Isaque, Jacó e José, cujas histórias de vida nos fornecem muitas belas figuras.
Lei
No Sinai, Israel aceitou voluntariamente a lei e renunciou ao favor incondicional e à graça divina. Mas Deus não falha com Seu povo que falha; Ele sempre tem um recurso à mão. A lei não cancelou o concerto de Deus com Abraão e, portanto, Israel ainda é “amado por causa dos pais”. A lei entrou como uma medida disciplinar, até que a “Semente” viesse. Ela nos serviu de “aio” até Cristo. “Foi ordenada por causa das transgressões” (Gl 3:19). Essa dispensação abrange um período de aproximadamente 1.500 anos, estendendo-se de Êxodo 19 até o fim de Malaquias.
É um relato das relações de Deus com Seu povo Israel, os depositários de Seus conselhos naquela época. A prova em um novo relacionamento agora começa com uma nação especialmente favorecida em vista. Em Êxodo 19:5, temos o primeiro “se” no relacionamento de Deus com o Seu povo: “se diligentemente ouvirdes a Minha voz e guardardes o Meu concerto, então, sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos”. A pura graça, sem a mistura da lei, agora havia acabado. A consciência e o governo ainda continuam, mas com o homem sob uma responsabilidade acrescentada.
Chegando então à encarnação de Cristo, descobrimos que Deus encerra o longo período da “Lei” em julgamento. “Eis que a vossa casa vos ficará deserta… desde agora, Me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mt 23:38-39).
Graça
O Novo Testamento começa com aquele mistério inescrutável, a Encarnação. “grande é o mistério da piedade: Deus Se manifestou em carne” (1 Tm 3:16 – ACF). “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14). O Filho de Deus, gerado no tempo, é um fato e uma verdade à parte, ou melhor dizendo, adicional ao Seu relacionamento eterno com o Pai, muito antes de qualquer obra da criação ser realizada. “Este é o Meu Filho amado” – o Filho eterno é reconhecido e selado também como Filho do Homem (veja Mateus 3:16-17).
O Novo Testamento, então, é a abertura desse período do qual falamos como a dispensação da graça de Deus. Na verdade, é mais do que isso, pois a história da responsabilidade do homem foi encerrada na cruz, e agora entramos no terreno da graça soberana. Deus permitiu que as eras passassem (nas quais o homem foi posto à prova e nas quais teve tempo de mostrar o que é) sem ainda realizar Sua obra da graça.
Esta prova do homem serviu para mostrar que ele é mau por natureza e por vontade. A multiplicação dos meios de teste de Deus apenas tornou mais evidente que ele era essencialmente mau de coração, pois ele não se valeu de nenhum desses meios para se aproximar de Deus. Pelo contrário, sua inimizade contra Deus foi totalmente manifestada.
Esta dispensação começou com o dia de Pentecostes, em consequência da ressurreição e ascensão do Senhor Jesus, e terminará com a Sua vinda para os Seus santos. Já foi mais longa do que qualquer outra dispensação – uma demonstração real do amor e da graça de Deus.
Reino
Ao começar o Milênio, ele substitui os quatro domínios gentios, que começaram com Babilônia e Nabucodonosor. É a era do reino, quando a justiça reina. “E todos os do teu povo serão justos” (Is 60:21). Sem dúvida, o núcleo de pessoas com o qual este período começa, em razão do Espírito derramado, será caracterizado por uma genuína conversão (Is 4:3; Ez 36:24-27).
A criação “será libertada da servidão [cativeiro – ARA] da corrupção” (Rm 8:21). Será o repouso que resta para o povo de Deus (Hb 4:9), cuja plenitude será desfrutada na eternidade. O Salmo 72 prevê esse tempo de paz, durante o qual Satanás está preso no abismo.
Um Rei, o Filho de Davi e Senhor de Davi, reina sobre a cena em justiça. O reino nunca será movido nem dado a outro povo, mas durará enquanto existirem reinos.
O Milênio é a última dispensação. É a prova final do homem em responsabilidade, sob o domínio da justiça perfeita, pois então “reinará um Rei com justiça” (Is 32:1).
R. B. Wallace (adaptado)
O Proveito do Estudo da Verdade Dispensacional
Conhecendo os tempos
A piedade é a religião da verdade (1 Tm 3:15-16). O nosso caráter deve ser formado por ela, e o nosso serviço definido e dirigido por ela. A verdade é o instrumento e o padrão. É por meio dela que o Espírito opera em nós e conosco, e é por meio dela que provamos tudo. Ela é um instrumento na mão do Espírito, e um padrão na nossa. Além disso, essa verdade está conectada com as dispensações de Deus [o que Deus concede]. Isso é visto de imediato. A moral e os deveres que se ligam às relações humanas adquirem um caráter peculiar por causa de sua conexão com tal verdade. Estamos agora nesta dispensação para aprender “Cristo” e sermos ensinados “como está a verdade em Jesus” (Ef 4:20-21).
O que era santidade e serviço em uma dispensação deixa de ser em outra. As ações mudam de caráter com a mudança do tempo. Para fazer o certo, ou para estar certo, de acordo com Deus, devemos “conhecer o tempo”, como fala o apóstolo Paulo. Houve o tempo em que era santo invocar fogo do céu para derrotar adversários. Mas chegou o dia em que a sugestão para fazer tal coisa teve que ser repreendida, e isso também, sob a mesma autoridade divina suprema que a havia autorizado antes. “Tudo é belo em seu tempo”, e a verdade dispensacional é o grande árbitro dos períodos, nos indicando os tempos e o que o Israel de Deus e a Igreja de Deus devem fazer respectivamente.
A espada e César
Em um momento, o Senhor colocou a espada na mão de Seu servo; em outro, Ele a tirou de sua mão. Josué e Pedro me dizem isso. “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, era um decreto divino nos dias dos evangelistas, mas em dias anteriores, exigia-se que todo vestígio do governo gentio na terra dos pais fosse tirado e eliminado pelo zelo e pela força dos filhos. Não seria então “Deus” e “César”, mas o nome de Jeová deveria ser escrito na terra das doze tribos, e cada parte dela seria reivindicada em nome de Jeová de Israel, sem rival.
Lugares e ordenanças, da mesma maneira, mudam seu caráter com as dispensações. O Monte Sinai, onde Deus desceu e cujo lugar terrível e consagrado ninguém deveria tocar, a não ser Ele mesmo, agora é simplesmente o “Sinai na Arábia”, e as instituições, que antes eram divinas, e cuja desonra era a morte, agora são apenas “rudimentos fracos e pobres” e “rudimentos do mundo”. Mais ainda – eles são até mesmo colocados em companhia de ídolos (Gl 4). Assim, o que era santo em um momento se torna comum em outro, enquanto o que era imundo anteriormente é depois dado para a comunhão dos santos. A serpente de cobre se torna Neustã, e um grupo daqueles que foram repudiados como “incircuncisos” se torna “morada de Deus no Espírito”.
Lugares e ordenanças
Assim é, de fato, que o caráter – o valor para Deus – das ações, dos lugares, das ordenanças e similares mudará com a mudança das dispensações. Devemos decidir sobre sua piedade, sua sacralidade e sua santidade por meio da “verdade”. E não é assim somente com a mudança de dispensações, mas com as mudanças de fases e condições da mesma dispensação.
As harpas de Israel, por exemplo, foram tocadas nos dias de Salomão, e canções foram cantadas quando Hemã, Asafe e Jedutum estavam na terra. Mas nos dias de Babilônia, as harpas deveriam ser penduradas nos salgueiros, e aqueles que uma vez cantaram os cânticos de Sião deveriam ficar em silêncio.
Davi rejeitado
Assim, Davi, de acordo com a mente de Deus, quando sua fome e andanças anunciavam uma condição arruinada das coisas entre o povo, pediu o pão do templo para si e seus seguidores, embora no dia da integridade de Israel e sua dispensação, fosse lícito que somente os sacerdotes comessem dele.
Então, novamente, esse mesmo Davi não poderia continuar com um propósito que estava certo em seu coração, como o próprio Senhor disse, porque não estava certo, ou oportuno, considerado dispensacionalmente (2 Cr 6:8-9).
E assim vemos, a partir de alguns exemplos dentre muitos, que diferentes estágios ou eras ou condições das coisas em uma mesma dispensação têm suas verdades diversas e peculiares sobre as quais fundamentam suas próprias reivindicações peculiares, tão segura, e simplesmente como se fossem dispensações diferentes. Os filhos de Israel sob o comando de Josué e dos juízes, os Judeus em casa, os Judeus na Babilônia, os Judeus que retornaram, embora todos eles estivessem igualmente sob o mesmo concerto, tiveram que responder às reivindicações e ao serviço de Jeová de forma muito diferente. “Podeis vós fazer jejuar os convidados das bodas, enquanto o esposo está com eles?”, posso lembrar, em conexão com isso. Quando Ele for levado, então, de fato, eles podem jejuar (Lc 5:33-35), e eles devem jejuar.
Nada está fora de tempo
Certamente, posso dizer, tudo ajuda a nos mostrar que a verdade dispensacional é a grande, embora não a única, regra e forma de santidade de acordo com Deus. Devemos “conhecer o tempo”, pois nada está fora de tempo. “E dos filhos de Issacar, que tinham entendimento dos tempos, para saber o que Israel deveria fazer” (1 Cr 12:32 – JND). A Escritura está cheia de instruções sobre esse princípio e não nos deixam liberdade para julgar o santo e o profano, independentemente da “verdade”. Nossa piedade, nossa devoção, a fim de ter um caráter divino, depende de nosso conhecimento da verdade, dos tempos e épocas como são com Deus, ou de acordo com Sua mente em Suas dispensações perfeitas e belas, embora mutáveis.
J. G. Bellett
Alterações Dispensacionais
O diálogo entre o Senhor e Elias no Monte Horebe traz à nossa atenção razões para o tratamento de Deus com os homens e por que eles mudam. O nome de Elias significa “Jeová é Deus (Juiz)”, pois ele foi levantado para afastar Israel da idolatria e seguir a Jeová, o único Deus verdadeiro. Ele fez isso com demonstrações de poder vindas do Senhor, mas depois, quando Jezabel ameaçou matá-lo, ele fugiu para o Monte Horebe com essa percepção: “eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem” (1 Rs 19:10). Sem dúvida, Elias sentiu profundamente que havia sido rejeitado. E isso é normal e não errado, mas a verdadeira questão era que, se seu ministério era inútil para mudar Israel, o que vem a seguir! Ele estava posicionalmente onde a lei havia sido dada, e parece que Elias estava pronto para desistir de Israel. Mas Deus tinha outros planos antes de deixar Israel de lado. A lei de Moisés não deveria ser o tratamento final de Deus com eles. Portanto, quando Elias se queixou no monte, Deus lhe disse: “Que fazes aqui, Elias?” Essa pergunta penetrante foi seguida por um grande e forte vento, um terremoto e fogo. Mas o Senhor não estava nessas demonstrações de poder; elas chamam a atenção e foram usadas por Deus, mas não era o propósito final. Elias foi levado a perceber que o Senhor não estava nesses atos, mas na voz mansa e delicada que ouviu depois. Deus não terminou com Israel. A lei não foi o fim de Seus caminhos com Israel; Elias também teve que ser levado a perceber isso. Havia mais a ser feito depois que seu ministério da lei terminasse. Então ele é instruído a fazer três coisas: ungir Hazael rei sobre a Síria, ungir Jeú para ser rei sobre Israel e Eliseu para ser profeta em seu lugar. Esses três deveriam desempenhar papéis distintos dos caminhos de Deus com Israel. Seriam casos representativos das mudanças que ocorreriam após o tempo da Lei: A Graça e depois o tempo do Reino, ou tempo do Juízo.
A mentalidade de Elias
Naquele momento, a mentalidade de Elias estava focada em consertar as coisas, imediatamente. No entanto, o Senhor acrescentou que ainda havia 7.000 que não tinham se entregado à idolatria; ele não estava sozinho. O Senhor lhe diz que aqueles que escapassem da espada de Hazael, Jeú mataria e o resto Eliseu mataria. Deve-se notar que o Senhor não estipulou em que ordem os três deveriam ser ungidos, mas vemos claramente pela maneira como Elias cumpriu a missão que o Senhor havia alterado a mentalidade de Elias. Isso estava de acordo com os caminhos de Deus. Não era hora de destruir Israel. Assim, Elias foi diretamente a Eliseu (“Jeová é a salvação”) e o ungiu. Ele se conteve para não concluir a nomeação dos outros dois. Na verdade, eles não foram ungidos até muito mais tarde por Eliseu. Era necessário que Eliseu completasse seu testemunho da graça primeiro. Deus tinha um propósito em conceder graça antes do julgamento do reino. Por essa razão, aqueles de nós que vivem nos dias atuais apreciam a extensão da plenitude de Sua graça que vem antes do julgamento acumulado que está pendente desde a rejeição e morte do Senhor Jesus Cristo.
Eliseu ungido
Percebemos como Deus permitiu que Elias, um homem na Terra com sentimentos humanos e um senso de justiça e misericórdia, tomasse a decisão de quem seria ungido primeiro. Ele escolheu Eliseu em vez de Hazael ou Jeú. Sem dúvida, ele entendia que tipo de pessoas os dois últimos seriam, e quão severamente suas espadas matariam o povo sem misericórdia. Acreditamos que esta decisão foi acertada. Seria melhor que os julgamentos ocorressem somente depois que o ministério de Eliseu falhasse na tentativa de trazer Israel de volta para o Senhor. A graça sendo rejeitada determinaria que o julgamento era necessário para completar a obra de Deus com Israel. Jeú realizou o julgamento dentro dos limites de Israel, e Hazael como um inimigo fora de Israel.
Jeú
A unção de Jeú como rei sobre Israel é registrada no capítulo depois que Hazael é ungido; no entanto, sabemos que eles viveram e serviram simultaneamente, e ambos foram usados por Deus para julgar Israel após a missão da graça de Eliseu. No livro de Tito nos é dito qual deve ser a resposta adequada à graça. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2:11-12). No entanto, nem todos os homens têm fé, e a graça não reformou o mundo para o reino de Deus. Essa falta de apreciação e abuso final da verdade foram observados pela primeira vez nos dias de Eliseu. O ministério de Eliseu inaugurou um reino de bênçãos para Israel? Não! Nem mudou o coração do homem no tempo presente, ao qual nos referimos corretamente como a dispensação da graça. A pregação do evangelho não converteu o mundo, levando-o a praticar a justiça. O que aconteceu em Israel nos dias de Eliseu, aconteceu exatamente como diz em Isaías 26:10: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça”. Os procedimentos dispensacionais de Deus nos ensinam que, sob a graça, os homens não aprendem a justiça, mas, como diz o versículo anterior: “havendo os Teus juízos na Terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (v 9). A história desses dois reis tem um ensino dispensacional importante para nós em relação a este último ponto.
O chamado celestial
Antes de continuarmos com a narrativa diante de nós, parece bom comentar sobre uma esfera fora dos tempos e estações da Terra. Embora todos os comentários acima sejam verdadeiros, sabemos de outra coisa maravilhosa que está acontecendo nesta dispensação da graça. O Senhor Jesus entrou no céu e dali está formando o reino dos céus com o objetivo de levá-lo para Si mesmo na casa do Pai. Isso estando fora da esfera das dispensações terrenais, mencionamos apenas como um comentário paralelo, embora seja primordial nos conselhos eternos de Deus e uma parte muito importante de nossa porção Cristã.
Graça e juízo
As diferenças contrastantes entre Eliseu e Jeú se destacam no momento em que Jeú foi ungido. O relacionamento que eles têm um com o outro é significativo. Eliseu realizou apenas um milagre que trouxe uma maldição, enquanto o trabalho de Jeú era quase exclusivamente com juízo. Cada um fez o que o outro não podia fazer, então Eliseu não se identificou pessoalmente com a unção de Jeú. Não se pode ser ministro da graça e do juízo ao mesmo tempo, pois são opostos. O único milagre de Eliseu que trouxe uma maldição sobre as crianças que zombavam dele foi uma demonstração do que aconteceria se a graça fosse rejeitada. A longanimidade e paciência de Deus ao longo do caminho de Eliseu são notáveis. A missão dada a Jeú tinha que ser severa, para vingar o sangue dos profetas, e para destruir totalmente a casa de Acabe. Esse foi um julgamento no âmbito do reino de Israel. Para todo aquele que rejeita a Cristo e abusa de Sua graça, não há outra maneira de evitar o juízo. A graça reina por meio da justiça para todos hoje, apenas por causa da obra de Cristo. Mas quando as almas abusam de um favor tão grande, há consequências. Judas adverte sobre isso, pois, “convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador [Mestre – JND] e Senhor nosso, Jesus Cristo” (v. 4).
Nabote
E sucedeu que, matando Jeú o rei Jorão, o lançou no campo de Nabote, o jezreelita, que Acabe, seu pai, havia injustamente tomado de Nabote, um homem de fé. Acabe matou Nabote e destruiu a sua linhagem. Acabe, rei de Israel, juntamente com sua esposa Jezabel, era muito culpado. Ela também encontra seu juízo no mesmo lugar. Ela é mencionada pelo nome em Apocalipse 2:20 e pela ação em Apocalipse 17, que é profético do julgamento da Cristandade (a falsa igreja). Jeú dá as razões de seu julgamento ao seu capitão: “Por certo que, se eu não visse ontem à tarde o sangue de Nabote e o sangue de seus filhos, diz o SENHOR, também não to pagaria neste pedaço de campo, diz o SENHOR. Agora, pois, toma-o e lança-o neste pedaço de campo, conforme a palavra do SENHOR” (2 Rs 9:26).
Hazael ungido
Quando chegou a hora de ungir Hazael, rei da Síria, lemos em 2 Reis 8:7 que Eliseu foi para Damasco. Lá ele encontrou o mensageiro de Ben-Hadade, o rei da Síria, que estava doente. Como foi com Jeú, o contraste do coração deles tornou-se evidente. Eliseu, prevendo o que aconteceria, chorou por causa da crueldade implacável que Hazael realizaria até mesmo em relação às mulheres e crianças de Israel que ele mataria. Hazael considerou tais atos em relação a Israel como um grande feito. Vemos como ele age apressadamente depois de ser ungido, mas parece não ter o temor de Deus. No entanto, Deus estava acima disso e o permitiu. Esse tipo de julgamento sobre Israel seria necessariamente deixado para o fim por causa de seu afastamento de Jeová, seu Deus. Os filhos de Israel (o reino do norte) acabaram sendo levados cativos para onde se perderam na história. No entanto, o Senhor os vivificará e os trará de volta à sua terra.
Abuso da graça
Essas coisas são uma lição para nós hoje, ao vermos a graça rejeitada. Que não sejamos cegos pelo favor presente, mas vejamos o que acontecerá na Terra depois que a dispensação da graça passar. Somos lembrados das palavras do apóstolo Paulo sobre a remoção de Israel no passado e a possibilidade da remoção dos gentios. “Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na Sua benignidade; de outra maneira, também tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar” (Rm 11:22-23). Assim como o juízo pelos sírios caiu sobre Israel depois de Eliseu, um julgamento cairá quando o presente dia da graça terminar. E será severo, como diz em Hebreus 10:29: “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?”. Que o Senhor nos dê discernimento para nos apossarmos adequadamente da graça sem abusar dela por meio de uma atitude negligente em relação ao tremendo custo que foi para Deus nos conceder graça e, assim, entender o verdadeiro propósito dela ao nos aproximarmos do fim desta maravilhosa dispensação da graça.
D. C. Buchanan
A Dispensação da Graça
Em outro artigo nesta edição de O Cristão, olhamos para as dispensações como sendo sete eras distintas no modo de administração e ordem de Deus neste mundo. Nessas distinções, incluímos o período da graça de Deus – o chamado período da Igreja, como uma dispensação. Isso completa a série de sete e se encaixa no caráter alternado das maneiras pelas quais Deus trabalha. No entanto, há aqueles que argumentam que, uma vez que as dispensações dizem respeito à Terra e uma vez que a Igreja é uma companhia celestial, este período da graça de Deus, quando a Igreja está sendo formada, não é propriamente uma dispensação. Isso requer alguma explicação, pois, em certo sentido, ambos os lados estão certos, e há coisas a serem aprendidas de ambos os pontos de vista.
O chamado celestial
Em primeiro lugar, devemos lembrar que quando a Igreja foi formada no dia de Pentecostes, era inteiramente Judaica, pois Deus estava dando aos Judeus mais uma chance de receber o testemunho de graça do Cristo ressuscitado em glória. Se eles, como nação, tivessem se arrependido e reconhecido Cristo como seu Messias, o reino teria sido estabelecido imediatamente. Pois, “Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras” (At 15:18 – ACF). Sabendo que os judeus rejeitariam até mesmo essa oferta graciosa, Deus já havia proposto trazer para Sua Igreja aqueles de todas as nações, em grande parte gentios, para formar uma companhia celestial. Nesse sentido, o chamado celestial da Igreja não ficou claro até que Paulo recebeu o Mistério da Igreja do Cristo ressuscitado e, em seguida, pregou um evangelho muito mais completo do que o pregado pelos outros apóstolos anteriormente.
Paulo conhecia o Senhor apenas como um Homem ressuscitado na glória, e as revelações dadas a ele estavam todas relacionadas a um chamado celestial, bênçãos celestiais e uma esperança celestial. Como alguém observou: “O verdadeiro Cristianismo começa do outro lado da nuvem” (At 1:9). Nesse sentido, o período da Igreja é único entre todas as outras dispensações, mesmo aquelas no passado (consciência e promessa) em que as almas eram chamadas a andar separadas deste mundo, enquanto o mundo seguia seu próprio caminho.
A exibição completa da graça
No entanto, embora a Igreja seja uma companhia celestial, este período de tempo é a demonstração da graça de Deus para este mundo, e quer o homem aceite a oferta de misericórdia de Deus ou não, Deus é glorificado na demonstração daquilo que nunca foi visto antes da mesma forma – a glória de Deus em redenção. É claro que os indícios disso foram dados em todos os sacrifícios do Velho Testamento, mas a demonstração completa da graça e do amor de Deus não foi dada a conhecer até depois que a obra na cruz fosse consumada. Assim, Satanás não apenas cega os homens para o perdão de Deus; ele também cega os homens para “as boas novas da glória de Cristo” (2 Co 4:4 – JND), pois Deus é glorificado em Sua graça, mesmo que os homens a rejeitem. Assim, nesse sentido, o período da Igreja é uma dispensação e digno de ser incluído como tal.
O período da Igreja
Em outro sentido, no entanto, se quisermos entender a Escritura, devemos reconhecer, como já afirmamos, a posição única da Igreja. Por um lado, o período da Igreja nunca é reconhecido nem considerado no cálculo do tempo profético. É como se, quando o Senhor Jesus morreu, Deus “parasse o relógio do tempo profético” e não o recomeçará até depois da vinda do Senhor por nós, para nos chamar para casa. Uma vez que a profecia diz respeito a esta Terra e uma vez que a Igreja é uma companhia celestial, o tempo dela na Terra não faz parte da profecia. O fracasso em perceber isso causou uma confusão incalculável entre alguns na interpretação da profecia, pois procurar o cumprimento da profecia durante esse período da graça de Deus é um erro grave. Muitos continuam a fazê-lo e, em última análise, descobrem que as peças simplesmente não se encaixam. Às vezes, essa confusão resultante faz com que os Cristãos desacreditem completamente da verdade dispensacional.
Apressamo-nos a mencionar que temos o direito de ver “que se vai aproximando aquele Dia” (Hb 10:25), mas este é o dia do juízo, não o dia da vinda de nosso Senhor por nós. Deus pode preparar o palco, por assim dizer, para o que acontecerá depois que formos chamados para casa, e devemos ser inteligentes o suficiente para reconhecer isso. Sim, isso significa que a Sua vinda para nós está mais próxima, mas não é um sinal direto da Sua vinda para nós, nem é diretamente o cumprimento da profecia.
O Mistério de Cristo e a Igreja
Mas se a Igreja não é o assunto da profecia, o reconhecimento do chamado celestial da Igreja é absolutamente essencial para o entendimento da profecia. Quando Deus, por meio de Paulo, nos deu o entendimento do Mistério de Cristo e a Igreja – um Mistério (ou segredo) “que, desde os séculos, esteve oculto em Deus” (Ef 3:9) – a Palavra de Deus ficou completa. De acordo com Colossenses 1:25, Paulo disse: “estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir [completar – JND] a Palavra de Deus”. Paulo também pôde se referir ao “mistério de Deus; no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2:2-3 – JND). Como alguém disse apropriadamente: “Paulo nos dá a verdade da Igreja, na qual todos [os conselhos de Deus] são manifestados”. Assim, o entendimento de todos os propósitos de Deus está na revelação do Mistério de Cristo e a Igreja.
Se não entendermos o Mistério de Cristo e a Igreja, e do chamado celestial da Igreja, nada na profecia ou na maneira como Deus ordenou as dispensações fará sentido para nós. A Escritura será continuamente mal aplicada, e conclusões erradas serão tiradas dela.
Coisas que não são reveladas
Ao dizer tudo isso, podemos concluir que Deus não necessariamente respondeu a todas as nossas curiosas perguntas, nem nos deu os detalhes de tudo o que Ele irá fazer. Há algumas coisas que são claramente mostradas em Sua Palavra, mas os detalhes de como tudo acontecerá não são dados. Os homens (e queridos crentes também) pegaram essa falta de detalhes e a usaram para negar o que é claro e definido. Quando estamos tomando das coisas de Deus, devemos nos lembrar continuamente de não permitir que as coisas que não entendemos estraguem nosso gozo daquilo que entendemos. Devemos lembrar que “o espírito de profecia é o testemunho de Jesus” (Ap 19:10 – JND). Em Sua Palavra e por meio do conhecimento de Si mesmo e de “Jesus, nosso Senhor”, temos a certeza de ter “tudo o que diz respeito à vida e piedade” (2 Pe 1:2-3). Quanto ao mais, podemos ter certeza de que Deus operará Seus propósitos perfeitamente, em Seu próprio tempo e maneira, e que tudo o que Ele disse acontecerá.
W. J. Prost
Mudanças Dispensacionais
“Eu vejo isso agora, eu vejo isso claramente”, disse um Cristão que há muito tempo tinha uma visão confusa da verdade. “Vejo agora que há uma mudança na dispensação”.
Antes disso, ele não distinguia claramente entre a lei e o evangelho, Israel e a Igreja, as coisas terrenas e as celestiais, mas agora ele aprendeu com a Escritura que houve uma mudança na dispensação. E assim é. Embora Deus não mude, em um momento, em Sua Soberania, Ele Se agradou em dar uma lei santa em um monte ardente e instruiu a todos, sob pena de morte, a se manterem distantes; e em outro momento, enviar Seu amado Filho com palavras de perdão e bênção a todos os que se achegassem a Ele com fé.
Deus escolheu o primeiro para mostrar quão grande é o pecado no homem (Rm 3:20); Ele escolheu o Último para mostrar que o amava, embora fosse pecador, e poderia salvá-lo (1 Tm 1:15).
Já foi do agrado de Deus chamar um povo terrenal, a nação de Israel, para servi-Lo na Terra; mas agora é da vontade soberana de Deus chamar os pecadores (em graça) para um relacionamento com Ele nos lugares celestiais em Cristo Jesus.
Nesta dispensação, Ele está chamando dos gentios “um povo para o Seu nome” (At 15:14); no dia vindouro, Ele, “para a administração da plenitude dos tempos; encabeçará todas as coisas em o Cristo, as coisas nos céus e as coisas sobre a Terra” (Ef 1:10 – JND). As grandes mudanças entre a dispensação passada e presente estão claramente expostas no Novo Testamento em diferentes pontos de vista. Vejamos algumas:
A diferença quanto ao sacrifício
Na dispensação da lei havia muitos sacrifícios, e muitas vezes repetidos. Eles eram a lembrança dos pecados, e pela virtude deles o perdão dos pecados passados era provido, mas eles nunca podiam “tirar pecados” Eles não podiam “aperfeiçoar os que a eles se chegam”, nem capacitá-los a “se achegar” a Deus, como se não tivessem mais “consciência de pecados” (ARA).
Nesta dispensação temos um sacrifício que foi oferecido uma vez e nunca precisa ser repetido. Sangue tão precioso, e que tira completamente os pecados, que Deus diz, “de seus pecados e de suas prevaricações não Me lembrarei mais”, purificando assim a consciência e permitindo que o adorador entre com ousadia no “Santo dos Santos” (ARA). A mudança de dispensação é tão marcante que nos fala, “tira o primeiro, para estabelecer o segundo”. No primeiro, Deus não tinha prazer; com este último, Ele se agrada. (Veja Hb 10:1-22).
Sacerdócio
O apóstolo diz: “mudando-se o sacerdócio”, etc. Como isso é mudado? A ordem do sacerdócio Arônico era da tribo de Levi, nomeada sem juramento, e não teve continuidade; ela passou de uma pessoa para outra. O sumo sacerdote era obrigado a oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, estava sempre em pé porque sua obra nunca terminava, e tinha de lembrar-se dos pecados do povo novamente uma vez a cada ano.
O Senhor Jesus, o Sumo Sacerdote agora, era da tribo de Judá, e da ordem de Melquisedeque, e foi nomeado por um juramento, continua para sempre e é imutável. Ele não tinha pecados Seus que fossem tirados porque Ele é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus”; e tão perfeita é a Sua obra que, depois de ter oferecido um sacrifício pelos pecados para sempre, assentou-Se à destra da Majestade, nas alturas (Hb 1:3, 7:26, 10:11-12).
Adoração
Na última dispensação, Jerusalém era o lugar de adoração; o véu espesso excluía o adorador da presença de Deus, e ninguém podia entrar no Santo dos Santos, exceto o sumo sacerdote uma vez por ano, e isso apenas com sangue e incenso. Nesta dispensação, o culto é puramente espiritual, nenhum lugar terrenal de adoração é reconhecido, o véu está rasgado, entramos no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus.
Todos os crentes agora são sacerdotes. O Pai é o Objeto de adoração, Jesus o novo e vivo caminho, e o Espírito Santo que agora habita em cada crente, o poder da adoração. O Senhor Jesus marcou tanto a mudança na adoração, que disse: “Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai... Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim O adorem” (Jo 4:21, 23; veja também Hb 10:19-22).
Chamado
Na última dispensação, Deus chamou um povo do Egito para Canaã, com a promessa de herança terrenal. Agora Deus chama por Seu evangelho com um chamado elevado, santo e celestial, abençoando-nos com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, tendo-nos vivificado juntamente com Ele, e nos ressuscitado juntamente, fazendo nos assentar juntos nos lugares celestiais n’Ele (Ef 1 e 2).
Esperança
A verdadeira esperança da última dispensação era o Messias, o Filho de Davi, vindo para estabelecer Seu reino na Terra e reinar gloriosamente diante de Seus ancestrais. A bendita esperança desta dispensação é que Cristo virá, transformará nosso corpo de humilhação e nos levará para encontrá-Lo nos ares, para estarmos para sempre com o Senhor (Jo 14:3, 1 Ts 4:16-17).
Esses são somente alguns pontos de diferença, mas aquilo que foi apresentado é suficiente para mostrar que realmente há mudanças nas dispensações.
Possa o Senhor ajudar a Seus filhos a manejar corretamente a Palavra da verdade, e a servi-Lo de modo aceitável.
Christian Truth, Vol. 31
Pensamentos Sobre a Natureza Espiritual da Presente Dispensação
Tem sido o método invariável de Deus aproveitar a ocasião de cada falha sucessiva da criatura para manifestar mais claramente Suas próprias perfeições. Ao fazê-lo, Ele Se aproximou do homem e, ao mesmo tempo, aumentou progressivamente a responsabilidade do homem. A falha sempre foi da rebeldia do homem, enquanto a glória de tirar o bem do mal tem sido prerrogativa exclusiva de Deus. “Onde o pecado abundou, superabundou a graça”, embora isso seja verdade em bênçãos individuais para os eleitos de Deus, é especialmente verdade em cada sucessiva dispensação. Isso se estende desde a queda do homem até que na “plenitude dos tempos” quando “Deus enviou Seu Filho” (Gl 4:4), e espera o pleno desenvolvimento “na dispensação da plenitude dos tempos”, quando Ele “para a administração da plenitude dos tempos; encabeçará todas as coisas em o Cristo, as coisas nos céus e as coisas sobre a Terra” (Ef 1:10 – JND).
O progresso das dispensações
O progresso das dispensações divinas é assim resumidamente declarado pelo apóstolo na Epístola aos Hebreus – “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho [na Pessoa do Filho – JND]” (Hb 1:1-2). O contraste aqui não é apenas entre os profetas e o Filho, mas também entre a plenitude da manifestação de Deus no Filho em comparação com o caráter parcial das manifestações anteriores. Elas eram apenas parciais. Em um momento houve uma revelação de misericórdia, em outro de poder, em outro de fidelidade; e também de formas que eram indicativas de sua obscuridade – em uma visão ou um sonho. Mas Jesus era “o resplendor da Sua glória” (Hb 1:3).
Esse progresso tem sido para uma maior intimidade (se a expressão puder ser usada reverentemente) entre Deus e o homem. Ele Se fez conhecido aos pais pelo nome de “Deus Todo-Poderoso” (Êx 6:3). Aos israelitas Ele foi dado a conhecer por Seu nome “Jeová”, um Deus santo e zeloso. O último testemunho para eles foi o de João Batista, e então outra dispensação foi anunciada. “A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o [as boas novas do – JND] Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele” (Lc 16:16). Mas a dispensação não poderia passar sem a reivindicação da sabedoria de Deus nela, que era santa, justa e boa. Cristo a assumiu, e o que no homem havia falhado foi n’Ele magnificado.
A reivindicação da lei
Tendo estabelecido Sua exigência de ser “o Justo”, Ele ainda justificou a Deus na lei ao sofrer sua terrível maldição, e assim colocou-a de lado. É importante observar que a antiga dispensação foi completamente colocada de lado, não renovada ou alterada. Mas antes que o reino de Deus fosse estabelecido em poder, a morte de Cristo e o cumprimento da lei proporcionaram uma oportunidade para uma demonstração adicional do caráter de Deus. No final (no dia do Milênio), haverá o exercício do poder ativo e da justiça retributiva em Seu reino por Aquele que é digno de receber poder.
A dispensação que estamos é a intermediária. “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1:17). Para que houvesse a manifestação pública da graça de Deus, era necessário que o homem fosse exibido em seu total desamparo e apostasia, mas também que a lei fosse colocada de lado. Agora vemos Deus apresentado em Cristo como “reconciliando Consigo o mundo”; e em vez de manter os pecadores distantes d’Ele, o vemos “anunciando a paz por Jesus Cristo”.
Dessa forma, aqueles que são atraídos pela graça de Deus devem exibir a presença de Deus no mundo. Como Deus Se manifesta na proximidade com o homem agora? Em Israel, Ele foi manifestado para estar perto deles por Sua proteção, mas não é assim agora. A dispensação é mudada da justiça ativa para a graça; Deus está deixando o homem caído sozinho, ao não interferir agora na vingança sobre os pecadores. Mas Deus, em toda a proximidade da graça, é realmente menos reconhecido do que em toda a distância que a lei havia feito entre Ele e o homem.
Deus conosco – Deus em nós
A razão é clara. A presença de Deus era então manifesta aos sentidos, mas agora no poder da libertação do mundo. Enquanto Jesus permaneceu na Terra, a presença de Deus era sentida, embora não reconhecida: “Deus Se manifestou em carne”. No entanto, era conveniente para Seus discípulos que Ele fosse embora – conveniente para eles! Era possível que eles tivessem Deus mais perto deles do que a Sua presença, cujo nome era “EMANUEL, (EMANUEL traduzido é: Deus conosco)”? Sim, até isso era possível e, portanto, era conveniente que Jesus ascendesse. Mas isso também foi para trazer mais proximidade de Deus ao homem. Tendo Deus com ele, ele deveria agora ter Deus nele.
“Exaltado... e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que agora vedes e ouvis” (At 2:33). Lá estava a Palavra cumprida, “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O conhece; mas vós O conheceis, porque habita convosco e estará em vós” (Jo 14:16-17). Esse, então, é o progresso da manifestação de Deus, marcado, de fato, não apenas pelo poder exterior, mas mais por Sua própria presença pressionando a consciência dos homens. Aqui mostramos claramente a maravilha de Deus em lidar com o mundo em graça e, no entanto, mostrar-Se em Seus santos que, “o Senhor é justo e ama a justiça” (Sl 11:7).
O Espírito Santo
Se Deus não está aqui, onde Ele está? E daí a profunda e solene importância de estar são na fé da divindade e personalidade do Espírito Santo. “porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7:39). Certamente o Espírito Santo sempre foi o Agente de testemunho e graça, mesmo no Velho Testamento, pois Estêvão pôde dizer: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais” (At 7:51). Mas agora Ele é dado e habita na Terra. O entendimento disso revela o caráter e as bênçãos da presente dispensação.
J. L. Harris (adaptado)
O Advento Pré-Milenar de Cristo
Quando recebemos a verdade do advento pré-milenar do Senhor Jesus Cristo, é admirável ver as provas disso na Escritura. Isso não parece mais uma mera questão de verdade, mas um fato tão entrelaçado com a revelação de todos os conselhos de Deus que, somente porque estávamos recebendo os mandamentos dos homens em vez da Palavra de Deus, vemos agora que já tivemos dúvidas por um momento sobre o assunto.
J. L. Harris
O Rei e o Cordeiro
Ocorreu-me que, onde se fala do Rei, a noiva é a Jerusalém terrenal, mas quando se fala do Cordeiro, a noiva é a Jerusalém celestial. Claro, existem muitos princípios análogos em ambos. O Salmo 45 é inteiramente sobre a esposa do Rei – o Apocalipse é inteiramente sobre a esposa do Cordeiro. Certamente há muito interesse em ver os diferentes caracteres de bênção em seus relacionamentos.
J. N. Darby
O Dia Milenar
Eu tenho apreciado o Salmo 145, que fala da bênção do dia milenar, onde nos é apresentada a bênção dos santos na Terra quando o Messias tomar Seu lugar no reino. Nesse Salmo, temos uma conversa entre o Messias e os santos Judeus naqueles dias, afirmando qual será a felicidade deles. A libertação de Israel e o tratamento de Deus com eles os tornarão competentes para declarar Seus atos ao povo que nascerá. O Messias e Seus santos falam essas coisas juntos, e eles dizem às nações qual é o seu Deus (vs. 11-12); então temos o caráter do reino.
A ocupação de Israel será a de aprender o caráter de Deus, para torná-Lo conhecido aos gentios, e esta deve ser a ocupação dos santos agora. O mundo não pode conhecer a Deus, mas somos chamados a ser a “carta de Cristo, conhecida e lida por todos os homens” (2 Co 3:2-3). A Igreja tem que ser a carta de recomendação de Cristo para o mundo. A Igreja, sendo feita participante da graça, pode se elevar acima de todas as exigências da lei. A inocência não podia fazer isso. Não havia árvore de cura no Jardim do Éden, mas a Igreja sendo feita participante da graça agora, as folhas da árvore são para a cura das nações (Ap 22:2).
J. N. Darby
Separação
Em todas as dispensações, enquanto cada uma ainda subsistia, houve separação após separação. Vemos isso em Israel. Zorobabel, Esdras e Neemias eram, cada um deles, cativos retornados, um remanescente separado que com seus companheiros deixou a Babilônia. Mas chegou o dia, o dia do profeta Malaquias, em que “aqueles que temem ao Senhor” tiveram que se separar dos cativos que retornaram e “falam cada um com seu companheiro”, como se tivessem sido outro remanescente (Ml 3).
Assim é na Cristandade. A Reforma, por exemplo, foi um tempo de separação. Mas a partir da persistente, crescente e reconhecida corrupção que ainda ou novamente prevalecia, novas retiradas ou separações tiveram que ocorrer repetidas vezes. O retorno da Babilônia não garantiu a pureza em Israel, nem a Reforma a recuperou e manteve pureza na Cristandade. A casa esvaziada, varrida e guarnecida não serviria para o Senhor Jesus. Ele não encontrou nenhuma habitação para a Sua glória lá. O espírito imundo, o espírito de idolatria, pode ter saído de Israel, pois não havia ídolos nem lugares altos na terra após o retorno da Babilônia; mas Israel não foi curado. A insolência infiel, os desafios dos orgulhosos e escarnecedores, foram ouvidos ali com medo. E o que mais vemos, se não isso de novo, nos tempos da Reforma da Cristandade? Leia o profeta Malaquias e olhe em volta para a condição moral das coisas naquela época. Note as analogias impressionantes que existem nas histórias de corrupção e confusão no mundo do homem, seja aqui ou ali, seja agora ou então, seja em Israel ou na Cristandade, seja em nossos dias, ou 2.000 anos atrás. Não é assim?
J. G. Bellett
A Dispensação Dada a Paulo
“A dispensação de Deus” dada a Paulo completou a Palavra de Deus. Cada assunto – criação, providência, lei, governo, reino, encarnação, expiação – havia sido revelado na Palavra de Deus, exceto um. Quando foi revelado por meio de Paulo, o círculo completo de revelação foi concluído. Esse último assunto a ser revelado era o Mistério de Cristo e a Igreja. Isso possui duas partes. Primeiro, que Cristo deveria, como Homem, ser colocado nos lugares celestiais, tendo todo o domínio pela redenção (pessoalmente, Ele o tinha como Deus), como Cabeça sobre todas as coisas no céu e na Terra, para a Igreja, Seu corpo, unido a Ele pelo Espírito Santo que desceu do céu.
Em segundo lugar, Ele está “em vós [gentios], esperança da glória”. Isso era uma coisa nova. Quando Cristo veio, Ele foi o “Ministro da circuncisão [o Judeu] para a verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos pais” (Rm 15:8).
Abraão era o vaso das promessas de Deus; elas foram repetidas aos pais, Isaque e Jacó. Israel tomou as promessas com base na lei e na responsabilidade do homem e as perdeu totalmente. Então Cristo veio, em Quem estavam todas as promessas de Deus, o sim e o Amém. Ele veio para estabelecer as promessas ao povo a cujos pais elas haviam sido feitas, ou seja, os Judeus. Ele foi rejeitado e, em vez de Se tornar a “Coroa gloriosa... para os restantes do Seu povo” (Is 28:5), o Herdeiro da glória vai para o alto, e o pobre crente gentio que não tinha promessas entra por pura misericórdia.
Como lemos: “Para que os gentios glorifiquem a Deus pela Sua misericórdia” (Rm 15:9). Temos um lugar em Cristo no alto, unidos Àquele que é o Herdeiro de toda a glória. Não só estamos n’Ele, mas Ele está em nós – não a “coroa da glória”, mas a “esperança da glória”. “aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1:27).
Christian Treasury, Vol. 10
O Presente Intervalo no Tempo
Cremos que sessenta e nove das setenta semanas de Daniel foram cumpridas quando o Messias foi tirado (ou cortado – AIBB). Desde então, Deus não tem contado o tempo, nem o fará até que a Igreja saia de cena. Então Deus começará a contar o tempo e a agir publicamente pela causa de Seu povo Israel e no governo deste mundo. Todo o período durante o qual o Espírito Santo está formando a Igreja – o Corpo de Cristo, é um intervalo despercebido na profecia – uma espécie de pausa ou parêntese. Trata-se de um princípio muito simples, cuja negligência levou, a nosso ver, a uma irremediável confusão e perplexidade na exposição da profecia.
C. H. Mackintosh
Povo Terrestre – Povo Celestial
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1 Pe 2:9-10). Israel deve ser feito povo de Deus nos últimos dias, como nos ensina o profeta; mas ele ainda nos ensina que, quando isso acontecer, Israel será semeado para Deus na Terra, isto é, Deus abençoará Israel com bênçãos terrenais. Mas os gentios foram agora feitos povo de Deus, como nos ensina o apóstolo; mas ele ainda nos ensina que não há bênção como essa para eles. Pelo contrário, devem considerar-se peregrinos e forasteiros na Terra. Quão surpreendentemente o Espírito assim, nessas duas testemunhas, contrasta o chamado e a bênção de Israel com o chamado e a bênção da Igreja, mostrando-nos que a Igreja não tem lugar na Terra, mas que, sendo uma estranha aqui, ela deve esperar por um país celestial, uma cidadania no céu. Mas assim que Israel for novamente reconhecido do Senhor: “Eu responderei aos céus, e estes responderão à Terra. E a Terra responderá ao trigo, e ao mosto, e ao óleo; e estes responderão a Jezreel”. (Os 2:23 ; 1 Pe 2:10).
J. G. Bellett
Dispensação da Lei em Contraste com a Graça
A dispensação da lei começa e termina com Moisés. Enquanto ele mantém os fundamentos, tudo é escuridão e tristeza, que a medida da luz que ele carrega consigo, apenas torna mais evidente. A dispensação do evangelho da graça não é um desenvolvimento daquilo que a precedeu. A dispensação da graça começa onde termina a dispensação da lei e está em completo contraste com ela em todas as suas características.
Sound Words, 1873
O Agrado do Pai
“Para que em todas as coisas ELE tenha a preeminência” (Cl 1:18).
Deus e Pai, nós Te adoramos
Pelo Cristo, Tua imagem brilhante,
Em Quem toda a Tua santa natureza
Amanheceu em nossa noite outrora sem esperança.
Tu O enviaste como Testemunha
De uma vida incomparável;
Pelo Teu Espírito O recebemos;
Agora em Cristo como somos abençoados!
Comunhão Contigo, o Pai,
E com Jesus Cristo Teu Filho,
Tal Tua própria dádiva abnegada
Pelo Espírito Santo dada a conhecer.
Pois em Cristo era a vida eterna
Uma vez contemplada e ouvida abaixo;
E n’Ele habitou toda a plenitude,
Embora em graça Ele Se humilhasse tanto.
Pai, Jesus era o Teu prazer,
Objeto de supremo deleite;
Pai, o que foste Tu para Jesus
Senão a Sua constante fonte e luz?
Agora, n’Ele, nosso Deus e Pai,
Partilhadores do Teu amor somos nós;
Agora participando com nosso Salvador
Seu descanso incessante em Ti.
W. Kelly
“Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada”
Efésios 3:2
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