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Breves Meditações Sobre os Salmos - Parte 7/8

Foto do escritor: J. G. Bellett (1795-1864)J. G. Bellett (1795-1864)

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ÍNDICE


 

Breves Meditações Sobre os Salmos

Principalmente em Seu Caráter Profético

J. G. Bellett

Parte 7

 

Salmo 133

 

O Salmo anterior era uma expressão dos cativos, aproximando-se de Jerusalém ou da casa de Deus. Isso vem em ordem e é apropriado para eles quando estão prestes a entrar naquela casa. Pois ela era o centro das tribos, o lugar da comum alegria de Israel, onde, consequentemente, o precioso óleo da unidade fraternal, como aqui declarado, foi derramado, de modo a tornar o lugar bom, suave ou agradável e frutífero sob o orvalho da bênção divina. Posso supor que isso tenha sido lembrado por alguns nas primeiras reuniões dos santos do Novo Testamento em Jerusalém, no dia de Atos 2. Também pode ser o suspiro do santo na alegria de seu coração ao contemplar a concórdia dos irmãos. E pode vir a servir para o Israel de Deus nos últimos dias, quando seu desejo por paz e restauração for satisfeito; pois os dias vindouros do reino foram assim antecipados, – “Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, cada um de vós convidará o seu companheiro para debaixo da videira e para debaixo da figueira” (Zc 3:10). O “lar”, quando alcançado pelos irmãos que retornam, testemunhará e garantirá sua “unidade”.

 

Abençoada perspectiva! Isso deve nos armar com um espírito de paciência e longanimidade enquanto estivermos a caminho; pois tudo ficará bem em breve. Estamos a caminho “do que é perfeito”. “Todo Cristão está trilhando o aumento de sabedoria e bondade, e chegará um momento em sua jornada, em que os seres muito elevados, os antigos extremamente capazes e eficientes em virtude, o considerarão seu companheiro digno e se deleitarão em sua conversa”.

 

Salmo 134

 

Tendo agora entrado na casa, os adoradores a enchem imediatamente com a bênção do Senhor. Isso está no espírito de Melquisedeque – adequado à sua posição na “esperança da glória”; pois eles bendizem o grande Deus e abençoam os outros em Seu nome, em nome do Possuidor dos céus e da Terra, como fez aquele rei de Salém. Ele havia habitado sozinho nos altos lugares de sua glória, sem que os caminhos do mundo o perturbassem, nem mesmo a história do povo de Deus o notasse, até que os servos de Deus terminaram sua guerra. E então ele apareceu. Esse era o momento devido para seu resplendor, trazendo consigo suas recompensas, seu refrigério e sua bênção. Aquelas moradas solitárias de glória, onde ele estivera morando como em um templo e um palácio, foram reveladas, e Seus ricos tesouros apresentados. Como aqui, a voz do mesmo santuário, a Sião de Melquisedeque, saúda os cativos que retornaram.

 

Este é um jubiloso final para o caminho deles através do deserto. E, além disso, é feliz observar que esses dois Salmos, 133 e 134, nos apresentam dois aspectos da casa de Deus que, como vimos, os cativos que voltaram, agora chegaram – isto é, a unidade do povo de Deus e o louvor do povo a Deus – a alegria da família, e a glória de sua Cabeça; pois a Casa de Deus sempre, em princípio, provê e exibe essas coisas. É a morada do amor e o átrio do louvor.

 

E deixe-me acrescentar isso – que a alegria divina no Senhor tem um poder moral maravilhoso. Como Neemias, no dia do reavivamento, o dia da Lua nova, ou da Festa das Trombetas, o primeiro dia do sétimo mês, disse à congregação de Israel: “porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força” (Ne 8:10).

 

Temos um exemplo disso em 1 Crônicas 12:30-40. Foi um momento brilhante e animado. Davi deveria ser feito rei e, como lemos, “havia alegria em Israel”. Judá não poderia então ter provocado Efraim, nem Efraim poderia então ter invejado Judá. A alegria comum havia unido todos os corações, levou-os para longe e fez deles suas próprias criaturas. Uma tribo era, portanto, a serva pronta da alegria de outra. Nenhum sentimento particular poderia ser tolerado, nem interesses separados consultados. Foi um dos dias dos céus sobre a Terra (Dt 11:21); a congregação de Israel sentiu esse poder, como Pedro sentiu o do monte santo. Pois quão disposto ele estava então, por causa da alegria de seu coração em ser o servo dos outros. “Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três tendas, uma para Ti, uma para Moisés e uma para Elias”.

 

Salmo 135

 

Este Salmo é do mesmo caráter que o anterior. Não é intitulado “cântico dos degraus”, nem tem, de fato, qualquer título. É uma espécie de adjetivo para o Salmo anterior. Pois a congregação ainda está na casa de Deus – o átrio de louvor, ao qual, como vimos, eles acabaram de chegar. De Sião, Deus ainda está brilhando.

 

O próprio Senhor é louvado, e Seu nome é louvado – Seu nome, como distinto d’Ele mesmo, sendo aquela variada honra e dignidade que Ele adquiriu por Seus poderosos feitos.

 

E o Senhor de Israel é aqui glorificado como o único Deus verdadeiro que faz a Sua vontade nos céus e na Terra, e que também obteve para Si vitória e honra no Egito, entre os amorreus, em Basã e nos reinos de Canaã, mas tudo por causa de Seu povo e em favor dele. E quão abençoada é essa associação! O Senhor que formou e estendeu os céus, e ninguém menos do que Ele, foi Quem dividiu Canaã por sorte entre as tribos. Aquele que mede as águas na concha de Sua mão é Aquele que reúne os cordeiros em Seu seio e os carrega em Seus braços (Is 40)

 

E muito devidamente este Salmo dos cativos que voltaram, preparado para aqueles que estão nos átrios do Senhor, declara a vaidade dos ídolos; pois isso acabara de se manifestar na queda da Babilônia e no decreto do Persa para permitir que Israel se afastasse daquela fortaleza de idolatria. O nome do único Deus verdadeiro, o Deus de Israel, assim permanece para sempre, enquanto os memoriais de todos ao redor perecem para sempre (veja também o versículo 14 e Deuteronômio 32:36).

 

Salmo 136

 

Este Salmo tem o mesmo caráter geral. Ainda está anexado, sem nenhum título novo, ao Salmo 134, como já observamos que o Salmo 135 também está.

 

É um Salmo que desperta pensamentos particularmente felizes. Ele nos fala, e ecoa repetidas vezes, a alegria e o cântico que estão preparados para a eternidade.

 

Os Judeus dizem que estão preparados para os dias do Messias, o que significa, em seus pensamentos, os dias do reino. E certamente é assim. É um hino nacional milenar no qual, ao ser revisto, tudo é encontrado para despertar a gratidão da nação.

 

Em contraste, observamos que este Salmo vê misericórdia onde o Salmo 135 viu glória. A criação dos céus e seus acontecimentos diários, os divinos tratamentos com o Egito, com os amorreus, com Basã e com os cananeus, todos eles declararam o nome ou a glória de Deus, e atraíram louvor (Salmo 135); mas agora as mesmas coisas são celebradas como a publicação de Sua misericórdia, que despertam ações de graças (Salmo 136). E isso é assim. Os mesmos caminhos e obras do Senhor publicam tanto Seu nome quanto Sua misericórdia, Sua glória e Sua graça. Com a mesma clareza e certeza eles honram a Ele próprio e abençoam Seu povo. E assim, eles são o tema tanto de louvor quanto de ações de graça de Seus santos. O louvor primeiro abre os lábios (Salmo 135) e, em seguida, as ações de graças (Salmo 136). Pois é para o nome ou a glória de Deus, como refletidos em Suas obras, que eles primeiro olham, e depois para suas próprias bênçãos ou proveito dessas obras. Seu Nome permanece perpetuamente (Sl 135:13) e Sua misericórdia também (Salmo 136 – ARA).

 

E, com certeza, Deus uniu Seu louvor e nossa bênção em todos os conselhos e obras que Ele formou e executou. E tal coisa é digna d’Ele. No jardim do Éden, ou na criação, Ele proveu para Sua própria honra e para a felicidade de Sua criatura. Em Canaã, ou no assentamento de Israel, ainda era o mesmo; o santuário, erguido no meio da terra e do povo, testemunhava o serviço constante de Deus e da congregação; o mesmo altar encontrando o que Lhe era devido como o Senhor do Templo, e as necessidades deles como pecadores, dia após dia. Então, no nascimento do Senhor Jesus, a palavra dos anjos era esta: “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra”. E na mesma graça e sabedoria imutáveis, quando no final a Santa Cidade descer do céu, trará consigo “a glória de Deus” e “a árvore da vida” – testemunhará a honra de Deus e a saúde e felicidade da criatura. Assim, do começo ao fim, em cada cena e dispensação da energia divina, vemos essas duas coisas unidas, como esses dois Salmos em sua ordem celebram.

 

Mas, a propósito: o tema deste Salmo muito alegre foi chamado de coro Judaico – “porque a Sua benignidade [misericórdia – ARA] dura para sempre”. Foi ouvido em Jerusalém nos dias de Salomão (2 Crônicas 5), pois aqueles eram, em figura, os dias da glória. E isso foi ouvido antes, quando Davi trouxe a Arca para o seu lugar (1 Crônicas 16). E depois, quando os cativos que voltaram estavam lançando os alicerces do segundo templo (Esdras 3). Pois essas ocasiões também tinham sabor do reino ou da alegria da nação. E aqui este Salmo ou coro nacional é cantado, enquanto os cativos completam sua jornada e permanecem na cidade santa novamente. E será elevado com uma alegria ainda mais sublime, quando Israel aprender “os cânticos de Sião”, nos dias do reino.

 

Salmo 137

 

Este Salmo também não tem título. Portanto, ele pode ser lido como os Salmos anteriores, como sendo a linguagem dos cativos que chegaram em Jerusalém. Eles se lembram de seu cativeiro na Babilônia e que naquele momento não tinham música (veja Tiago 5:13). Eles se recusaram a colocar suas harpas em qualquer cântico que não fosse aquele que celebrasse Sião, ou a ter cântico na presença dos inimigos de Sião. Eles agora se lembram disso. E essa lembrança é fácil e natural. Eles agora estavam colhendo com alegria, mas no meio da colheita, eles se lembram de como haviam semeado em lágrimas. E a festa dos Tabernáculos, que era a grande época da festividade Judaica e a figura da alegria milenar da nação, retinha as mesmas lembranças. Pois o povo então habitou em tendas sete dias em lembrança do deserto. Mas todos esses pensamentos do passado apenas dão entusiasmo e plenitude ao presente; como nosso próprio coração bem entende.

 

O Israel que retornou, também deseja juízos sobre seus opressores. Isso ainda está em seu caráter. E esses exercícios do coração estão de acordo com os padrões celestiais. Pois, no Apocalipse, ouvimos os santos glorificados assim ocupados de várias maneiras, seja contando sua alegria presente, lembrando-se de sua tristeza e degradação passadas, ou antecipando o juízo vindouro de seus inimigos (veja Apocalipse 5, 7, 11), eles celebram Cristo como Parente-Redentor; e esperam Cristo como Parente-Vingador. E, quando Ele Se levanta para agir como Vingador, eles são então preparados para triunfar em Seus juízos (Ap 19), como antes haviam sido para celebrar Sua graça (Ap 5); como a mãe em Israel de antigamente cantou: “Louvai ao Senhor pela vingança de Israel” (Jz 5:2 – ACF).

 

Edom e Babilônia são os inimigos vistos pelo longamente afligido Israel de Deus. Babilônia, sabemos, é amplamente tratada como um mistério na Escritura. Quanto a Edom, podemos apenas notar que seu julgamento também é terrivelmente anunciado. “Enquanto se alegra toda a Terra, a ti te porei em assolação” (veja Isaías 34; Jeremias 49; Ezequiel 35; Obadias 1; Malaquias 1). Pois Esaú (chamado de “profano”) deliberadamente, desistindo de seu interesse em Deus, tomou em troca o mundo como sua porção.

 

Mas, voltando-nos aos pensamentos mais felizes deste belo pequeno volume (Salmos 120-137), podemos observar que ele nos mostra que, enquanto Israel estava na Babilônia, eles não tinham cânticos; enquanto estavam a caminho de casa, eles tinham cânticos ocasionais; mas depois que chegaram em casa, eles tinham cânticos constantes – seja de bênção (Salmo 134), de louvor (Salmo 135) ou de ações de graças (Salmo 136), continuamente. O mesmo acontece com o crente. Ele aprende que toda a sua diversão antes de conhecer o Senhor deveria ser vergonha e tristeza; então, ele vivencia celebrações mistas de alegria e tristeza, de oração e louvor; mas ele anseia ser um morador na casa de Deus, e então ter cânticos e regozijos indivisíveis para sempre.

 

Podemos observar, no entanto, além disso, que lendo esses Salmos como as expressões do Remanescente que retorna e que já retornou, e ao ver esses cativos também à luz dos livros de Esdras, Neemias e Ester, podemos julgar que, enquanto estavam na Babilônia, que a alma deles foi mais abençoadamente exercitada do que a nação havia sido no Egito antes; e durante seu retorno da Babilônia, mais do que Israel no deserto. Não havia a mesma glória manifestada, mas, mais da energia espiritual interior. A nuvem não estava sobre eles, mas o coração exercitado estava neles. Enquanto na Babilônia, eles penduravam suas harpas em salgueiros; quando se levantam para partir, exercem uma bela fé às margens do Aava; enquanto viajam, eles despertam suas almas com um cântico ocasional; e em seu retorno, embora em fraqueza e desprezo, eles se dedicam a servir e cantar.

 

Salmo 138

 

Este Salmo é um de especial interesse para a alma. No Salmo 56, a alma se regozijou na Palavra acima de tudo. Tudo em Deus era motivo de louvor, mas acima de tudo, Sua Palavra, Sua promessa, Seu concerto. “Em Deus louvarei a Sua Palavra” (Sl 56:4, 10).

 

Neste Salmo a Palavra é louvada novamente – estimada, acima de todo o nome de Deus ou da revelação de Si mesmo. O adorador reconhece que ele havia clamado, e o Senhor o tinha ouvido. Isso foi para a honra de Sua Palavra; essa foi a fidelidade de Sua promessa. Mas sabemos que é somente no Filho de Deus, Jesus Cristo, que todas as promessas são, portanto, sim e amém (2 Co 1:19-20), e que Ele mesmo, em um sentido excelso, é a Palavra. De modo que este Salmo é como a linguagem de uma alma após a descoberta de Jesus. Ele aprende “o Verbo” (Jo 1:1) ou “a glória de Deus na face de Jesus Cristo”, e vê que Deus Se magnificou nessa revelação além de todas as outras, e que ali Ele brilha, cheio de benignidade e verdade, ou, na linguagem do Novo Testamento, de “graça e verdade” (v. 2; Jo 1:14). Deus publicou Seu Nome repetidas vezes no progresso da história deste mundo. Ele revelou sucessivamente a glória dele. Ele é “Deus”, “o Senhor Deus”, “Deus Todo-Poderoso”, “Jeová”; e agora Ele Se revela em plenitude na luz, na glória e na bem-aventurança de Seu Nome no Novo Testamento.

 

Após essa descoberta, todo tipo de gozo e bênção é antecipado; pois o clamor do pecador foi respondido e a alma foi fortalecida. Os reis são ouvidos não apenas temendo ou caindo (veja Salmo 72, 102), mas cantando nos caminhos de Deus. Os humildes são exaltados, os orgulhosos são humilhados, de acordo com o ministério de Jesus (Mt 23:12), e a pregação de Seus apóstolos (v. 6; Tiago 4:6; 1 Pedro 5:5). Gozo na angústia, vitória diante dos inimigos, sim, reavivamento ou ressurreição, são antecipados, e a plena realização de tudo o que diz respeito à alma que assim apreende e confia nesta preciosa revelação de Deus. Pois assim é a própria obra de Deus, como ensina o Evangelho – “Nós somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus”, como é afirmado aqui, com verdadeira confiança e liberdade do Evangelho. E esta é a confiança mais elevada e abençoada – o crente fazendo sua causa a causa de Deus. Como o profeta disse: “a peleja (batalha – KJV) não é vossa, senão de Deus” (2 Cr 20:15), quando ele, por meio do Espírito Santo, encorajaria o exército de Israel e o rei Josafá. A bênção do santo é, portanto, a causa de Deus: e a confiança é que ela nunca será esquecida.

 

Salmo 139

 

Este Salmo parece acompanhar o anterior. É como a festa dos Pães Asmos que acontece na Páscoa. Pois na festa, a graça, é apresentada; aqui é a santidade, de nosso chamado em Cristo Jesus. Pois a luz é a luz de Deus, confortando o pecador, mas repreendendo o pecado.

 

O crente começa confessando a temível realidade de que Deus o conhece. Isso era esmagador para uma alma devidamente convencida do pecado. Mas ele encontra alívio total e ocasião para louvor nisso, pois ele conhece a Deus; e O conhece também, no mistério da sepultura de Cristo e da nova criação lá (Ef 2:5). Esta é a espantosa e maravilhosa obra: Eva tirada do Adão adormecido. Isso imediatamente coloca nos lábios o louvor, o desejo de purificar ainda mais a alma e a prontidão, não o medo, para ser examinado pela inquiridora “Palavra de Deus” (Hb 4), para que nenhum fermento possa ser encontrado naquilo que agora é conscientemente a morada de um Israelita. O senso da graça mais rica está, portanto, em companhia do mais estrito ciúme de santidade (Salmos 138-139). A Páscoa e a Festa dos Pães asmos ainda estão juntas.

 

Talvez não haja lugar nas Antigas Escrituras onde a unidade mística de Cristo e Seu santo seja mais distintamente reconhecida.

 

NOTA: – O corpo humano é, como sabemos, tratado como o símbolo da Igreja ou do Cristo místico. Ambos foram formados de modo assombroso e tão maravilhoso (ACF). E esse “grande... Mistério” é visto neste Salmo.

 

Ele é ouvido como nos lábios do próprio Cristo (vs. 14-16), pois pessoalmente, se assim posso expressar, Cristo é ouvido nesses versículos. O tema era bastante digno de Seus próprios lábios e de Sua própria presença pessoal. O santo convencido, guiado por Seu Espírito, tinha, como observamos acima, reconhecido a perscrutadora luz de Deus, e ela era solene para a alma (vs. 1-13); mas agora, tendo ouvido essa bem-vinda e animadora interrupção dos lábios de Cristo (vs. 14-16), ele continua com suas meditações e comunhão, mas no pleno alívio de alguém que tinha, em espírito, bebido no refrigério de tal mistério (vs. 17-24). E agora o feliz santo pode desejar (em seu amor a Deus e à santidade e justiça de Seu poder) apresentar o julgamento espiritual de si mesmo e o juízo vindouro que destruirá o mal. Ele anseia por aquela busca, a qual o santo convencido antes temia

 

Salmos 140-150

 

Os Salmos 140-150 formam outro pequeno Livro, dando-nos primeiro os clamores e depois os louvores do Israel de Deus nos últimos dias. Eles podem ter sido escritos para servir em diferentes épocas e pessoas (como observamos nos Salmos 120-134), mas estão aqui juntos, adequando-se, em sua aplicação completa e final, àquela eleição Judaica, cuja tristeza e libertação encerrarão esta era e inaugurarão o reino. E, assim, eles formam um fechamento oportuno e belo de todo o Livro.

 

O Israel de Deus fala aqui mais como mártires do que arrependidos. E isso ainda é moralmente adequado. Pois eles estão agora em seu caminho em direção ao reino.

 

O Espírito de Cristo é ouvido distintamente no meio de Seu Israel. Ele assume as tristezas e as expressa como se fossem de Sua própria Pessoa. É a fala de um arrependido, e o inimigo também é referido ou mencionado individualmente. Mas é Cristo em empatia com Seu Israel, e o inimigo é apenas o chefe de uma grande facção, como outras passagens tão plenamente nos dizem.

 

Essas aflições do Salmista são como as de Davi por causa de Saul, e não por causa de Absalão. E essas foram as aflições (aflições de mártires) que levaram, da mesma maneira, diretamente ao reino. Ele tinha consolações, no entanto, também tinha provações. O inimigo o perseguiu como uma perdiz nos montes; os homens ingratos de Queila e os oportunistas zifeus o traíram; e até mesmo seus companheiros, no calor e angústia de uma hora difícil, falam em apedrejá-lo; mas ele tem a espada de Golias, o profeta e o sacerdote com ele; o refrigério também da fé de Abigail; e a força do Senhor contra os amalequitas (no momento de seu maior orgulho), aquele amargo e antigo inimigo de Israel, cujo despojo ele é capaz de compartilhar com seus amados na terra. E tudo isso é Davi em 1 Samuel 21 e 30, seus dias de exílio de Israel pela inimizade de Saul.

 

E esses também são os dias da angústia de Jacó, como fala o profeta Jeremias (Jr 30:7); mas Jacó será libertado deles, como o exilado ungido foi conduzido por entre suas aflições até seu reino; e como esses Salmos começam com uma alma no pesar da noite, mas o deixam na retornada e eterna alegria da manhã – o amanhecer do reino.

 

Salmo 140

 

Neste Salmo, o afligido Israel é colocado à prova pelo “homem violento” e pelo “homem de má língua” e por aqueles que estão associados a eles. Eles (ou Jesus, o grande Precursor deles e também seu Senhor que Se compadece em toda essa aflição) clamam por proteção contra as ciladas desses inimigos e por juízo sobre eles, especialmente o juízo de “fogo” e das “covas profundas [abismos – ARA] sobre os chefes ou “cabeças” (veja Apocalipse 19:20, 20:1). Ele então expressa Sua confiança de que o Senhor, em Quem Ele coloca toda Sua confiança, manterá Sua causa como a do pobre e justo.

 

Eu diria que é claro demais para se questionar, que os inimigos contemplados são os grandes apóstatas infiéis dos últimos dias – “a besta” e “o falso profeta”, e seu exército ou associados.

 

Em diferentes momentos do amadurecimento da iniquidade humana, houve essa confederação de reis e conselheiros contra o Ungido do Senhor. Faraó e seus magos resistiram a Moisés; depois, Balaque e Balaão. Saul aconselhou-se com a feiticeira, aquela grande abominação na terra; assim Absalão e Aitofel se conluiaram contra Davi. Os Judeus e Caifás, com o rei Herodes, estiveram em companhia contra o verdadeiro Ungido. E assim, nos últimos dias, a besta e o falso profeta resistirão à Semente justa na Terra e imitarão o poder e a honra do próprio Senhor. Seja no Egito, em Midiã, em Israel ou na Cristandade, assim tem sido e será (e em espírito sempre é), o homem empregando todos os seus poderes, sua força e sua sabedoria combinados. Mas o Senhor provará que Ele está assentado acima de todas as correntezas e reina como Rei para sempre. Ele zombará deles.

 

Salmo 141

 

Este Salmo segue muito adequadamente o anterior, pois é a oração do Remanescente para ser guardado de toda comunhão com aqueles apóstatas, por cuja iniquidade, seja em palavras ou ações, o juízo viria sobre eles (como eles ali desejaram e anteciparam). Desejavam ser guardados de toda essa iniquidade, embora ao custo de serem feridos pelas repreensões e admoestações dos piedosos. Então, quanto ao inimigo, eles se recusam a se vingar (como Davi, 1 Samuel 24:6, e como Jesus – Mateus 26:51-52), mas deixam as injustiças sofridas nas mãos de Deus, o Senhor, para que Ele faça justiça.

 

O versículo 6 pode nos lembrar de 1 Samuel 24 e 26; pois lá os juízes ou líderes do povo estavam como em lugares pedregosos, e poderiam ter sido quebrados e derrubados; mas, em vez disso, eles ouviram as palavras de paz de Davi.

 

E, de forma bastante notável, em conexão com versículo 5, Davi, no capítulo intermediário (1 Sm 25), havia sido repreendido pelas palavras da justa Abigail, que se mostraram um excelente óleo para sua cabeça, ungindo-o com um espírito de sabedoria e de temor do Senhor, para afastar Davi do conselho de seu próprio coração (1 Sm 25:30-34).

 

Mas todo esse tempo Davi foi o mártir; ele e seus homens tinham sobre eles a sentença de morte, para que não confiassem em si mesmos, mas n’Aquele que ressuscita os mortos. Mas o Espírito de Cristo olha além das aflições de Davi aqui; porque o povo de Davi não foi então morto, como alguns de Israel no último dia serão (veja Salmo 79). De modo que este Salmo ainda é o sopro do Espírito de Cristo em empatia por eles. Embora possa (como todos os outros, em um sentido amplo, podemos dizer) ser usado por qualquer santo, quando suas circunstâncias e estado de alma o sugerem; como as palavras dadas a Moisés (Dt 31:6, 8) e a Josué (Js 1:5) podem “com confiança”, na santa ousadia da fé, ser recebidas e adotadas por qualquer um de nós (Hb 13:5-6).

 

E como o versículo 4 adverte nossa alma de que os maus, contra os quais o Espírito do Senhor aqui clama nos justos, têm suas “delícias”, suas sutis e sedutoras tentações, para enganar, se fosse possível, até mesmo os eleitos.

 

Salmo 142

 

Este Salmo, em suas concepções, parece ter sido também o clamor de Davi no dia de sua deserção. As visitas de Jônatas (1 Sm 20, 23) foram promessas muito felizes para sua alma de que, no devido tempo, os justos (como este Salmo fala no v. 7) o rodeariam. Também pode ter sido a reflexão da alma de Jesus em uma hora como a do Getsêmani, quando Ele estava lembrando a opressão de Seu espírito e antecipando a subsequente deserção de Seus discípulos (Mt 26:42, 56). Em sua aplicação, também, como notei acima, pode muito bem se adequar à alma de qualquer santo tentado dessa maneira; como Paulo que poderia ter encontrado uma expressão para seu coração aqui, nas circunstâncias de 2 Timóteo 4:16-17.

 

Mas ainda mais precisamente esta é a linguagem do Israel de Deus, ao entrar no sentido de sua condição em que eles devem estar, exatamente na véspera de sua libertação. Pois então o Senhor os verá como abandonados e sem amigos, sem um olhar de compaixão, sem mãos que salvem, a não ser as d’Ele (Dt 32:36; Is 59:16); e nessa condição, Ele mesmo despertará por eles. E neste pequeno e comovente Salmo, eles entendem e se solidarizam com isso; estão sentindo aquele estado de coisas que o Senhor, em outras passagens, diz ver e aliviar. E posso observar outra empatia como essa no Salmo 140; pois sua linguagem no versículo 8 está de acordo com os pensamentos do próprio Senhor em Deuteronômio 32:27. Isso pode ser notado por nossa alma com grande interesse – o Espírito formando experiências nos santos em companhia com a mente de Deus.

 

Salmo 143

 

O clamor neste Salmo parece naturalmente seguir o anterior; pois lá o suplicante foi abandonado por seus amigos; aqui ele se encontra, consequentemente, no meio de inimigos. Tanto em sua concepção quanto em sua aplicação, eu o li como fiz com o último.

 

“A terra”, onde este aflito está agora arduamente trabalhando em tanta aflição consciente e inimizade dos ímpios, ele a chama de “terra sedenta”; mas a terra que ele aguarda a chama por dois belos títulos – “a terra dos viventes” e “a terra da retidão” (Sl 142:5, 143:6, 10 – KJV). Estes são títulos felizes e honrosos do lugar e reino de Deus na Judéia, como será em breve. No cômputo divino, a justiça (retidão) e a vida são sempre encontradas juntas, assim como o pecado e a morte. “Se tivesse sido dada uma lei, que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, teria sido pela lei”.

 

Mas este Salmo sugere que, enquanto eles estão sofrendo por causa da justiça no último dia, Israel estará aprendendo seus próprios caminhos, e que diante de Deus eles são apenas pobres pecadores. Enquanto clamam por libertação e justiça contra o homem, confessam o pecado a Deus, desejando ser guiados por Seu Espírito, sem o Qual nada é santo. Na terra da retidão, bem como a terra dos viventes, eles buscam ser guardados nos caminhos da justiça de Deus, bem como ser conduzidos de seu atual lugar de morte para o reino do Deus vivo.

 

Esta é uma preparação abençoada para o reino para o qual eles estão agora se apressando – sofrendo por causa da justiça e, ainda assim, aprendendo sua indignidade como pecadores. E este é o caminho de cada santo, humilhado diante de Deus, de coração quebrantado por causa de uma falha consciente, permanecendo na plena liberdade de Cristo e andando entre os homens em justiça sofredora.

 

Salmo 144

 

Este Salmo segue, posso dizer, na linha do anterior; pois no seu final o suplicante buscou a destruição do inimigo, e aqui ele fala como tendo certeza de que Deus seria sua fortaleza, seu escudo e sua vitória na batalha. Ele, portanto, deseja o dia do conflito, antecipando a vitória. E além disso, ele antecipa seus frutos e alegria no reino, toda a prosperidade humana, filhos e riquezas e paz estabelecida, e o veredicto comum de todo o mundo, que “bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor” (veja Deuteronômio 33:29).

 

O suplicante (Cristo, sem dúvida, em empatia com o Remanescente) contempla Deus como Se tornando para ele tudo o que ele pode precisar ou desejar (vs. 1- 2); e imediatamente após isso ele se maravilha que seja assim (v. 3). E essa surpresa é expressa na mesma linguagem do Salmo 8, só que lá é o senso da grandeza divina – aqui é o senso da vaidade humana que desperta essa surpresa de que Deus deve tomar tais conselhos de graça e glória sobre nós.

 

Em tudo isso, novamente encontramos Israel aprendendo lições divinas sobre si mesmo, como observamos no Salmo anterior. Eles reconhecem que são menos do que a menor de todas as misericórdias de Deus, perguntando-se, por assim dizer, se deveriam ser Seus objetos.

 

Aqui respira-se muito o espírito do Salmo 18. E essa é surpreendentemente a linguagem do verdadeiro Davi na grande libertação Judaica do último dia, que conduzirá ao reino (veja também v. 5 e Isaías 64:1). Então, aqui o suplicante sabe que essa libertação desejada levará diretamente à alegria dos dias do Messias ou do reino (vs. 11-15). Assim como a criação sabe que sua libertação da corrupção na escravidão presente será para a liberdade gloriosa; e como os santos podem e cantam: “aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8:21, 30). Pois quando o bendito Deus abrir um caminho de fuga para pecadores ou cativos, em Seu amor Ele os levará a mais do que liberdade.

 

Salmo 145

 

Rigorosamente em ordem, este Salmo prepara a ação de graças pela vitória e pela paz antecipadas no Salmo anterior. E isso introduz os louvores do reino, que ocupam a harpa do Profeta daí em diante até o fim. O primeiro versículo é muito significativo disso. “Eu Te exaltarei, ó Deus, Rei meu”. É Deus como Rei que o coração do profeta agora celebra peculiar ou exclusivamente. Isso dá um caráter forte e decisivo a este Salmo como sendo milenar, ou tocando o reino. O Senhor era “Varão de guerra” no Salmo anterior, mas aqui, tendo a guerra acabado, Ele é um “Rei”. O povo milenar Judeu acabara de ser declarado bem-aventurado (Sl 144:15), e aqui eles expressam sua bem-aventurança. Por assim dizer, outros disseram: “Grandes coisas fez o SENHOR a estes”; e agora eles respondem: “Grandes coisas fez o SENHOR por nós, e, por isso, estamos alegres”.

 

Louvor e melodia expressam essa alegria. E o mesmo acontece com a conversa deles; pois eles falam de Sua glória e relatam de Seu poder (v. 11). Com tristeza, os discípulos uma vez falaram das coisas que aconteceram em Jerusalém (Lc 24), mas agora o povo dela promove a alegria uns dos outros, enquanto caminham e conversam juntos. E o diálogo afina o coração para o louvor, e então o êxtase irrompe no fluxo uniforme do espírito deles sempre alegre e feliz. Como no progresso do Livro do Apocalipse, a família no céu às vezes é ouvida em seu êxtase, no transbordar de sua alegria além do seu fluxo habitual (veja Apocalipse 5, 7, 11, 12, 14, 15, 19).

 

O conteúdo para este louvor incessante também é amplamente preparado, – Seus atos poderosos – a gloriosa honra de Sua majestade – Sua grandeza, bondade e justiça – Sua defesa dos fracos – Seu cumprimento do desejo dos necessitados – Sua preservação daqueles que O amam – Sua vingança sobre os ímpios – esses são alguns dos temas de louvor que envolverão as alegrias e cânticos do reino vindouro. Uma geração deve relatá-los para outra. E o próprio Senhor é o Líder desse louvor, de acordo com o que Ele havia prometido em Sua angústia (Sl 22:22). Jesus – os santos ou o povo Judeu – os filhos dos homens ou toda a carne – as obras da criação – todos se unem em seu caminho e medida. Os santos, por assim dizer, tomam-na dos lábios do Senhor e ensinam-na às nações, e uma geração ensina-a à outra.

 

Nesse momento, o caráter ou a geração do povo Judeu mudou. Até agora tem sido “perverso e deformado” (Dt 32 – ARA) “obstinado e rebelde” (Sl 78 – ARA). Mas a geração final será uma nova criação – um povo formado por Deus para anunciar Seu louvor (Sl 22:30, 102:18; Is 43:21). A primeira geração ainda não passou (Mt 24:34). Israel ainda é perverso; mas o Senhor terá uma semente em Israel que será contada ao Senhor “por uma geração” (Sl 22:30 – JND). E Salmos como este nos permitem ver e ouvir alguns de Seus felizes regozijos (veja Salmo 12).

 

NOTA: – Versículo 1 Cristo é certamente o “Rei” (veja Salmo 45:1). Davi aqui o reconhece como seu “Deus”, e no Salmo 110 ele O reconhece como seu “Senhor” (veja João 20:28).

 

Salmo 146

 

Esta nota de louvor relata a vaidade do homem e de toda confiança nele, que certamente agora terá sido abundantemente provada, neste dia do encerramento da história do mundo do homem. Mas celebra, por outro lado, a bênção daquele que tem o Deus de Jacó como seu auxílio e porção. O Espírito amplia as excelências do Deus de Jacó e termina repetindo o chamado para louvá-Lo.

 

Podemos observar quão mais elevados são os cânticos que encerram os caminhos de Deus do que aqueles que, no passado, os abriram. A obra da criação era o único tema para as “estrelas da alva [manhã – TB] e os “filhos de Deus” naquela época. Mas agora o Senhor, o Deus de Jacó, tem recebido louvor em outros atos que não o da criação – tais como Ele guardando a verdade, executando o juízo, alimentando os pobres, libertando o prisioneiro, curando o cego e o oprimido, amando o justo, preservando o estrangeiro e reinando eternamente em Sua Sião – estes são novos e honrosos louvores para o Senhor dos céus e da Terra.

 

Esses belos Salmos são a expressão, da Terra ou de Israel, daquela mesma alegria que se ouve no céu assim – “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre” (Ap 11:15).

 

A alegria de Israel guiará e garantirá alegria da Terra, pois o rei de Israel é Deus de toda a Terra (Is 54); e o que será o seu restabelecimento senão a vida dentre os mortos? (Rm 11 – ARA). “Cenas que ultrapassam a fábula e ainda são verdadeiras” serão então testemunhadas. E em palavras muitas vezes apreciadas, posso encerrar esta meditação:

 

Um só cântico emprega todas as nações, e todos clamam –

 “Digno o Cordeiro, pois Ele foi morto por nós!”

 Os moradores dos vales e das rochas

 Bradam uns aos outros – e dos topos das montanhas,

 De montanhas distantes captam a alegria que voa,

 Até que, nação após nação, ensinou-se o cântico,

 A Terra entoa a arrebatadora Hosana em roda.

 

Salmo 147

 

Este Salmo constitui outro dos louvores preparados para o reino. “O instrumento”, como alguém expressou, “está afinado aqui à porta”. Ele é mais abrangente do que o Salmo anterior, celebrando o louvor do Senhor em todas as Suas altas e santas honras – em Seu poder e conhecimento, na criação e providência, em Israel, na graça e no juízo – como Alguém que, embora tão elevado que conta e nomeia as estrelas, ainda ouve o clamor dos jovens corvos. E o Deus dos céus e da Terra é o Deus de Israel. Aquele que faz a Sua vontade em todo o universo dá paz e abundância a Israel. Sião é, portanto, especialmente convocada a se juntar a esse louvor, pois Deus Se tornou especialmente seu Deus; e aqueles que foram muito perdoados e muito abençoados devem amar muito e louvar muito.

 

E como o Salmo anterior mostrou como Deus recebeu louvor por Seus atos de graça e redenção, além de tudo o que Seus atos de criação Lhe trouxeram, aqui vemos que os mesmos atos de graça e redenção Lhe trazem mais prazer do que os outros. Não é “a força do cavalo” ou “as pernas do homem” (TB), que são agora o deleite divino, embora elas mostrem Sua obra; mas “O SENHOR agrada-Se dos que O temem e dos que esperam na Sua misericórdia”.

 

Nada gratifica o amor (podemos, a partir disso, dizer) como usá-lo. O amor não age para ser admirado, mas para ser usado. Nada satisfaz tanto o coração de Jesus do que extrair para si mesmo d’Ele e confiar n’Ele. A mulher de Samaria O revigorou muito mais indo embora com um coração transbordando de água do Seu poço, do que se tivesse dado a Ele de seu cântaro (embora Ele precisasse). Pois isso permitiu que Ele dissesse: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis”. Este era Jesus na Terra, Este é Deus no céu. E Israel Lhe dará esse prazer em breve, como agora todo pobre pecador que sabe que o sangue de Cristo e a justiça de Deus são suas preciosas propriedades e, portanto, as toma, e todas as coisas com elas, como o dom da graça, com confiança e alegria de coração.

 

NOTA: A Septuaginta divide este Salmo em dois, começando um novo no v. 12 (veja a nota do Salmo 10).

 

Salmo 148

 

Esta aleluia, ou cântico de louvor, convoca os céus e a Terra e todas as coisas neles contidos para se unirem na celebração da glória do Senhor. E provoca esse louvor de Israel, cujo chifre ou majestade foi exaltado, a quem “o primeiro domínio”, como outra Escritura o expressa, agora chegou. O próprio Senhor, no entanto, está acima de toda esta Terra e céu milenares, em Sua própria glória. Seu nome é admirável (veja Salmo 8).

 

Toda essa alegria dos céus e da Terra é amplamente mencionada. Os tempos da restauração e refrigério são sentidos por toda parte – “a presença do Senhor” se torna a revigorante atmosfera em todos os lugares. João, em espírito, ouviu todas as criaturas no céu, nos mares, na Terra e debaixo da Terra, proferindo seu louvor em perspectiva disso (Ap 5). Mas eu observaria que o apóstolo conecta toda essa alegria da criação à “manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8) e os profetas a conecta à redenção de Israel (Is 44:23, 49:13, 55:12). Pois esses distintos testemunhos estão de acordo com os vários ministérios de apóstolos e profetas. Em um lugar, nosso salmista conecta brevemente os dois, tocando o acorde onde suas harmonias se encontram – “quando o SENHOR edificar a Sião, e na Sua glória Se manifestar” (Sl 102:16).

 

Que não digamos, com base nisso, que muitas vezes, entre os santos, falta alguém que desempenhe esse feliz ofício de “o doce cantor” em Israel, para assim atingir o verdadeiro uníssono. Pois as vozes não são discordantes, a não ser para o ouvido não afinado. Pode haver verdadeira unidade no espírito de nossa mente, mesmo onde há diversos julgamentos e pensamentos – “comer” e “não comer” –, se ambos forem “para o Senhor”, isso é verdadeira unidade, na consideração do Espírito de Deus, embora no julgamento do homem possa ser discórdia e separação (Rm 14). Mas isso só enquanto estamos passando.

 

NOTA: A supremacia da “Palavra” nas operações do que é chamado de natureza é declarada, como em 2 Pedro 3:5-7 (veja v. 8, Salmo 147:15-18).

 

Salmo 149

 

Isso ainda é, não preciso dizer, do mesmo volume de cânticos para o reino. Mas este é exclusivamente para Israel.

 

Parece, a partir de muitas passagens, que Israel será empregado como as armas de guerra do Senhor contra os pagãos facciosos que subirem contra sua terra (Is 41:15; Jr 51:20; Mq 4:13; Zc 9:13, 10:3-4). Mas eles entrarão na batalha com “tamboris e harpas” (Is 30:32); ou, como este Salmo expressa, “Nos seus lábios estejam os altos louvores de Deus” (ARA), tão satisfeitos e felizes estarão nos seguros resultados de ter a glória com eles.

 

Não falamos sobre a ordem dessas coisas: mas depois que a terra se tornar uma das “aldeias não muradas”, e “as terras desertas que agora se habitam”, e “o povo que se ajuntou dentre as nações”, outro exército, ao que parece, surgirá. Mas eles perecerão sob a força do Senhor que os enfraquecerá com pedras de saraiva, pestilência, fogo e chuva inundante; e então o Senhor será o “Altíssimo sobre toda a Terra” (veja Salmo 83; Ezequiel 38-39).

 

Temos apenas pensamentos parciais de toda a extensa ação desses dias vindouros. Mas isso nós sabemos, o louvor deve fechar a história e encher a cena. O “vale da Decisão” se tornará o “vale da bênção” (ARA). Pois o vale de Josafá é o lugar da última luta (Jl 3), e esse é o “vale de Beraca” ou “vale da bênção” (2 Cr 20), onde o alarido da batalha se dissipou na melodia de louvor. E a Terra milenar será um extenso vale de Beraca. Tudo será bênção lá. A cidade do homem terá se tornado então uma ruína; os pés dos pobres a pisotearão. A cidade de Deus então brilha; seus muros são salvação e seus portões louvor; e a nação justa entra (Is 25-27). A luz e a alegria, que ainda não foram semeadas (Sl 97), serão então colhidas, e “será para o SENHOR por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará”.

 

Eu poderia aproveitar a ocasião deste Salmo para dizer que, “as Guerras do Senhor” (Nm 21:14), são de dois tipos – aquelas que Ele conduziu inteiramente sozinho, e aquelas em que Ele empregou Seu Povo.

 

A batalha do Mar Vermelho foi do primeiro tipo. O Senhor estava lá sozinho. Israel não tinha nada a fazer a não ser ficar quieto e ver a salvação de Deus. Ele olhou para fora da coluna de nuvem e perturbou o exército do Egito (Êx 14). Também na contenda com Balaão. O Senhor estava novamente sozinho, à parte de Israel, que não sabia na época o que estava acontecendo nos lugares distantes de Moabe (Nm 22-24). As cenas em 2 Reis 7 e 19, na história final de Israel são as mesmas.

 

As batalhas com Amaleque, com Arade, o cananeu, Seom, o amorreu, e Ogue de Basã, são do segundo tipo. O Senhor empregou Seu povo nelas (Êx 17; Nm 21) Então, depois que eles entram na terra, as batalhas de Gideão, Jônatas, Davi, em Jericó e Ai, e as demais, não preciso dizer, são dessa classe. Num caso, Jeová triunfou para Israel no outro, em Israel.

 

Cada um desses tipos de batalha tem seu próprio sentido moral ou espiritual. Assim – o grande ato de redenção, como a libertação de Israel do Egito, foi totalmente individual, como sabemos. O Senhor bebeu o cálice sozinho e até a borra. “Seu nome é o do Vencedor, que lutou sozinho”. Mas há uma classe de batalhas, para as quais devemos pessoalmente entrar no campo para lutar. Nossa responsabilidade é lutar, e nada é feito sem nós. O crente passa os conflitos espirituais em sua própria pessoa. Neles, ele está profundamente consciente da luta. Ele pode saber que não tem força suficiente para a ocasião, mas sabe que deve estar em campo do início ao fim. O Senhor, é verdade, traz a força, mas ela é usada em e por meio de Seu santo. O Espírito que habita em nós encontra o pecado que habita em nós; ou, o novo homem em Cristo mortifica os membros terrenais.

 

Assim é agora conosco. E nos dias ainda à nossa frente, o Deus de Israel reviverá Sua obra tanto por quanto com Israel. Como com a vara de Outro Moisés e com a espada de Outro Josué, Ele escreverá novamente a história do Êxodo e a de Canaã. De novo curvará Judá para Si mesmo, e encherá o Seu arco com Efraim (Zc 9). Como este Salmo expressa de maneira sublime nos versículos finais.

 

Salmo 150

 

Este é a aleluia de encerramento, o louvor de Deus em Seu santuário, Seu santuário superior, “o firmamento de Seu poder”. No Salmo precedente, o Seu louvor é no santuário inferior, “a congregação dos santos”. Ali Israel foi ouvido, mas aqui, os céus são ouvidos. Seus atos e Ele mesmo, Sua grandeza e Seus caminhos, são os temas deste elevado louvor. “Toda sorte de música”, por assim dizer, gaita de fole, sambuca, flauta, saltério (pois a altissonante alegria será, em seu lugar, tão santa, como outrora foi profana – Dn 3), são convocados a tocar, e tocar bem alto, e todos os que têm capacidade de louvar, se juntarão à aleluia. Cada versículo está repleto de louvor. Cada pensamento é sobre isso. Cada objeto o desperta. Todo poder se usa somente neste serviço.

 

Os levitas mudaram o seu serviço. Já não têm cargas para levaram no deserto, mas exaltam os seus cânticos na casa do Senhor (1 Cr 15:16, 23:25-26, 30).

 

Os céus mudaram o seu comportamento também. Eles cessaram seu riso diante dos orgulhosos confederados (Sl 2), pois tais confederados foram respondidos com juízo; e os céus estão cheios de alegria e canto, e com aquela glória que deve irromper deles, e ser uma cobertura sobre todas as habitações de Sião (Is 4).

 

Estes são “os dias do céu sobre a Terra” (Dt 11:21). O reino chegou, e a vontade do Abençoado é feita tanto aqui como ali. A escada mística conecta os santuários superior e inferior.


J. G. Bellett

 

 

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1 comentario


JoeR Enfo
JoeR Enfo
27 dic 2024

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