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Revista mensal publicada originalmente em setembro/2017 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Babilônia
Tema da Edição
W.J.Prost
Alguns Tipos Usados na Palavra de Deus – Egito e Babilônia
J. G. Bellett (adaptado)
Relato Histórico da Babilônia
W. Scott (adaptado)
A Grande Babilônia
W. J. Prost
O Começo e o Fim da Babilônia
T. B. Baines (adaptado)
Protestantismo – Quinhentos Anos
W. J. Prost
Os Velhos Novos Pensamentos - Poema
L. P.
Babilônia
Na Babilônia das Escrituras, Deus nos apresenta uma grande lição objetiva do conflito entre Deus, o homem e Satanás para a glória pessoal. Fazemos bem em ponderar sobre esta lição. Concernente à glória, Deus diz: “Eu Sou o SENHOR; este é o Meu nome; a Minha glória, pois, a outrem não darei, nem o Meu louvor, às imagens de escultura” (Is 42:8).
Deus levantou instrumentos para usar para Si e para a demonstração da Sua glória. O homem, com Satanás estimulando-o, então, toma o crédito pelo que Deus fez e reivindica a glória para si mesmo, buscando, assim, roubar a glória de Deus. Deus fez Jó justo e ele reivindicou para si a honra de ser justo. Deus levantou a Babilônia política através de Nabucodonosor e ele então se gabou: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder e para glória da minha magnificência?” (Dn 4:30). Deus levantou a Igreja para ser Seu instrumento de luz e amor para o mundo e para a honra e glória de Seu Filho. O homem e Satanás se esforçando para ter a glória de Deus para si mesmos, corrompem-na para glória pessoal até que a Escritura declara dela, a falsa igreja, que ela: “estava vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro, e pedras preciosas, e pérolas... E, na sua testa, estava escrito o nome: MISTÉRIO, A GRANDE BABILÔNIA, A MÃE DAS PROSTITUIÇÕES E ABOMINAÇÕES DA TERRA” (Ap 17:4-5). Como o conflito termina? “Porque d`Ele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:36).
Tema da edição
A Cabeça de Ouro
Na imagem que Nabucodonosor viu em seu sonho, registrada em Daniel 2, temos uma visão panorâmica das nações que compõem os “tempos dos gentios”. Sabemos, é claro, que o período da Igreja foi completamente omitido nesta imagem, pois o mistério (ou segredo) da Igreja estava escondido em Deus até o Novo Testamento. O período da Igreja não é contado no tempo profético. Assim a imagem nos detalha, sucessivamente, os impérios babilônico, medo-persa, grego e romano, com diferentes metais usados para identificá-los. Finalmente, há os pés de ferro e barro, que indicam a forma do Império Romano revivido – um império que cairá sob o julgamento de Deus no final do período da tribulação.
Podemos nos perguntar por que o Império Babilônico deveria ser representado pela cabeça de ouro – um metal - cujo valor excedia em muito qualquer um dos outros que representava os demais impérios. Certamente não foi o maior império durante os tempos dos gentios, nem foi necessariamente o mais forte. Então por que Daniel, ao interpretar o sonho, foi levado a dizer a Nabucodonosor: “... tu és a cabeça de ouro” (Dn 2:38)?
Podemos afirmar que, ao dizer isso a Nabucodonosor, Daniel não estava se referindo apenas a Nabucodonosor como o rei atual, mas ao império babilônico como ele poderia existir até sua queda.
Autoridade e posição vindas de Deus
Talvez a razão mais importante pela qual Babilônia foi chamada de cabeça de ouro, foi porque sua autoridade e posição vinham diretamente de Deus. Todos os impérios que a sucederam, surgiram por causa de conquista, ou simplesmente porque os reinos anteriores caíram em ruína. Mas Babilônia foi especialmente levantada por Deus, não apenas para levar Israel cativo, mas para liderar o caminho para os tempos dos gentios. Isso fica claro em mais de uma Escritura, mas, especialmente por meio da boca de Jeremias. Ele foi ordenado pela Palavra do Senhor a dizer, referindo-se a Jeová: “Eu fiz a Terra, o homem e os animais que estão sobre a face da terra, pelo meu grande poder e com o meu braço estendido, e os dou a quem Me agrada. E, agora, eu entreguei todas estas terras nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, Meu servo… E todas as nações servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho” (Jr 27:5-7).
Poder absoluto
Em segundo lugar, seu poder era absoluto e, portanto, comparável ao poder de Deus. Ele não estava sujeito a nenhuma lei anterior, nem respondia a ninguém além de Deus. A respeito de Nabucodonosor, Daniel pôde dizer a Belsazar, “todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava e a quem queria dava a vida; e a quem queria engrandecia e a quem queria abatia” (Dn 5:19). O rei Dario dos medos e dos persas foi capaz de ordenar a lei, mas ele não recebeu permissão para mudar a lei, mesmo para salvar um homem como Daniel (Dn 6:8, 15). Os reis da Babilônia não estavam limitados a nenhuma restrição como essa.
Um bom governo
Embora as anteriores sejam provavelmente as principais razões pelas quais o Império Babilônico foi denominado cabeça de ouro, há uma ou duas outras razões que nos são apresentadas. A outra consideração é que, geralmente, havia bom governo no Império Babilônico. Dizemos geralmente, pois, como em todas as monarquias absolutistas, haviam motivos pessoais que às vezes resultavam em opressão. Por esta razão, Daniel lembrou a Nabucodonosor: “desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres” (Dn 4:27). Mas no sonho de Nabucodonosor a respeito de sua humilhação absoluta, ele foi comparado a uma grande árvore “cujas folhas eram formosas, e o seu fruto, abundante, e em que para todos havia mantimento” (Dn 4:21). Parece que, em sua maior parte, o Império Babilônico era um bom lugar para se viver, onde todos podiam morar em relativa prosperidade e paz.
Dimensão e beleza
Finalmente, o tamanho e a beleza da cidade da Babilônia a tornava, sem dúvida, a maior cidade do mundo antigo, que superava em beleza a qualquer cidade antes dela. Também é questionável se alguma cidade, construída desde então, teve o encanto de Babilônia. Com suas imensas muralhas, seus jardins suspensos e o palácio do rei, ela era uma das maravilhas do mundo antigo. Nenhum outro império poderia gabar-se de ter uma cidade tão bonita.
Por todas essas razões, o Império Babilônico foi constituído a cabeça de ouro. No entanto, quando a pedra (uma figura do próprio Cristo) atingiu os pés da imagem, a imagem inteira foi quebrada em pedaços e tornou-se como “a palha das eiras de verão; e o vento a levou embora” (Dn 2:35 – KJV). Toda a glória humana deve empalidecer diante da glória do amado Filho de Deus, que “subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef 4:10).
W.J.Prost
Alguns Tipos Usados na Palavra de Deus – Egito e Babilônia
Existe uma grande diferença moral entre o Egito e a Babilônia que é importante entender. O Egito era aquele lugar de onde Israel saiu; Já a Babilônia foi o lugar para onde foram depois transportados. (Compare Amós 5:25-27 com Atos 7:42-43). O Egito expressa o que o homem fez do mundo; Babilônia expressa o que Satanás fez, está fazendo e fará da igreja professa. Portanto, não estamos apenas cercados pelas circunstâncias do Egito, mas também pelos princípios morais da Babilônia.
Isso torna nossos “dias” o que o Espírito Santo denominou “trabalhosos” (2 Tm 3:1). E exige uma energia especial do Espírito de Deus e completa sujeição à autoridade da Palavra, para capacitar a pessoa a enfrentar a influência combinada das realidades do Egito e do espírito e princípios da Babilônia. As primeiras atendem aos desejos naturais do coração, enquanto as segundas se conectam e se dirigem à religiosidade da natureza, que lhes dá uma influência marcante sobre o coração. O homem é um ser religioso e especialmente suscetível às influências que surgem da música, escultura, pintura, ritos e cerimônias pomposos. Quando essas coisas estão ligadas ao suprimento completo de todos os seus desejos naturais – com toda a facilidade e luxo da vida – nada além do grande poder da Palavra e do Espírito de Deus pode manter alguém fiel a Cristo.
Seus destinos
Devemos também observar que existe uma grande diferença entre os destinos do Egito e os da Babilônia. Isaías 19 apresenta diante de nós as bênçãos que estão reservadas para o Egito. Nelas são incluídas: “E ferirá o SENHOR aos egípcios e os curará; e converter-se-ão ao SENHOR, e Ele mover-Se-á às suas orações e os curará. Naquele dia haverá estrada do Egito até à Assíria, e os assírios virão ao Egito, e os egípcios irão à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios ao Senhor. Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da Terra. Porque o SENHOR dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, Meu povo, e a Assíria, obra de Minhas mãos, e Israel, Minha herança” (Is 19:22-25).
Muito diferente é o fim da história da Babilônia, seja ela vista como uma cidade literal ou um sistema espiritual. “E reduzi-la-ei a possessão de corujas e a lagoas de águas; e varrê-la-ei com vassoura de perdição, diz o SENHOR dos Exércitos” (Is 14:23), “Nunca mais será habitada, nem reedificada de geração em geração” (Is 13:20). O fim para a Babilônia literal. Olhando-a de um ponto de vista espiritual, lemos sobre o seu destino em Apocalipse 18. O capítulo inteiro é uma descrição da Babilônia, e conclui assim: “E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada” (Ap 18:21).
Com que imensa solenidade essas palavras deveriam chegar aos ouvidos de todos os que, de algum modo, estão ligados à Babilônia – isto é, à falsa igreja professa. “Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas” (Ap 18:4). O poder do Espírito Santo necessariamente se expressará de uma certa forma, e o objetivo do inimigo sempre foi roubar o poder da igreja professa, enquanto ele a leva a caracterizar a forma quando todo o espírito e vida já passaram. Assim ele constrói a Babilônia espiritual. As pedras com as quais esta cidade é construída são os professos sem vida, e a argamassa que une essas pedras é uma “forma de piedade” sem o”poder”. Vamos fazer com que entendamos plenamente estas coisas.
Verdade Cristã (adaptado)
Babilônia e a Besta
Babilônia – a Babilônia mística de Apocalipse – pode ser levada a se vangloriar em um Cristo crucificado, e ainda ser Babilônia. Pois, como foi descrita pelo Espírito? Não é algo de caráter mundano, bem como abominável e idólatra em doutrina e prática? Apocalipse 18 nos dá uma visão da Babilônia em seu mundanismo, e o capítulo 17 fala mais de suas idolatrias. A Babilônia de outrora, como na terra da Caldéia, estava cheia de ídolos e culpada do sangue ou das dores dos justos. Mas também tinha esta marca: Exibia grandeza no mundo no tempo da desolação de Jerusalém. O mesmo é verdade para a Babilônia mística. Ela tem suas abominações no meio dela, e a mancha do sangue dos mártires de Jesus, mas ainda mais plenamente é revelada como grande, esplêndida e jubilosa na Terra, durante a era em que Cristo é rejeitado. Ela será importante para o mundo naquele dia em que o julgamento de Deus está se preparando para o mundo; ela pode se glorificar e viver deliciosamente em um lugar contaminado.
Não é que ela externamente ignore a cruz de Cristo: Ela não é pagã. Ela pode divulgar Cristo crucificado, mas ela se recusa a conhecer um Cristo rejeitado. Ela não continua com Ele em Suas provações, nem considera a Jesus pobre e necessitado (Lc 22; Sl 40). Os reis da Terra e os mercadores da Terra são seus amigos e os habitantes da Terra são seus súditos.
Não é, então, a rejeição de Cristo o que ela praticamente despreza? Certamente é. E, novamente eu digo, o testemunho predominante do Espírito sobre ela é este – ela está exaltada no mundo, enquanto o testemunho de Deus está depreciado, e ela sabe disso, desafiando essa depreciação. A Babilônia de outrora sabia da desolação de Jerusalém; A Cristandade conhece e divulga externamente a cruz de Jesus.
A Babilônia de outrora era muito ousada ao desafiar a dor de Sião. Ela fez os cativos de Sião contribuírem para sua grandeza e seus prazeres. Nabucodonosor havia feito isso com os jovens cativos e Belsazar com os vasos cativos. Esta foi a Babilônia, e em espírito esta é a Cristandade. A Cristandade é a que glorifica a si mesma e vive deliciosamente na Terra, negociando tudo o que é desejável e caro na estima do mundo, mesmo em face da tristeza e rejeição daquilo que é de Deus. A Cristandade praticamente se esquece que Cristo está rejeitado na Terra.
O poder medo-persa é outra criatura. Ele remove Babilônia, mas se exalta a si mesmo (Daniel 6). E esta é a ação da “besta” e seus dez reis. A mulher, misticamente Babilônia, é removida pelos dez reis, mas depois eles dão seu poder à besta que se exalta acima de tudo que é chamado Deus ou se adora (2Ts 2:4), como Dario, o medo, fez.
Esta é a característica final e culminante no quadro da apostasia do mundo. Mas ainda não chegamos lá. Nosso conflito é com a Babilônia e não com o povo medo – com aquilo que vive deliciosamente e com honra, durante a era das ruínas de Jerusalém (isto é, da rejeição de Cristo).
J. G. Bellett (adaptado)
Relato Histórico da Babilônia
Babilônia, que acabou sendo a capital do reino caldeu, foi sem dúvida a maior cidade já construída pelo homem. Seus fundadores aproveitaram-se do enorme esporão de rocha terciária que se projetou da longa e inclinada planície do deserto sírio para dentro da bacia aluvial da Mesopotâmia, e nesse terreno privilegiado se ergueu, exatamente cruzando a linha de tráfego entre a costa do Mediterrâneo e as montanhas iranianas. Foi também naquele ponto onde o Eufrates mudava de uma vasta extensão para um rio navegável, e onde havia uma abundância de argila aluvial a partir da qual se faziam tijolos.
Ninrode
O fundador da Babilônia foi Ninrode, também o fundador da monarquia assíria (Gênesis 10), e a força original de ambos os reinos consistia de quatro cidades cada (Gn 10:10-12). Babilônia ocupa um grande lugar na Palavra de Deus, e é vista como representante do homem em seu orgulho, glória, poder e idolatria. Foi do Egito que Israel foi redimido, mas foi para a Babilônia que o povo foi enviado devido aos seus pecados; eram escravos de um e cativos de outro. A conexão histórica da Babilônia com a história nacional de Israel e da cidade mística com a igreja professa (Ap 17-18), são assuntos de grande importância, o primeiro dos quais é amplamente desenvolvido nas Escrituras do Antigo Testamento. “Os tempos dos gentios” surgiram na queda de Judá e a ascensão da Babilônia.
Histórica e figurativa
A Babilônia histórica como a potência dominante na Terra, agindo com orgulho em independência, desintegrou-se até o pó: “Porque o SENHOR Se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e o porá na sua própria terra, e ... então, proferirás este dito contra o rei da Babilônia e dirás: Como cessou o opressor! A cidade dourada acabou! Já quebrantou o SENHOR o bastão dos ímpios e o cetro dos dominadores” (Is 14:1-5). Assim restaurado, Israel, no dia da sua alegria, celebra a ruína da Babilônia. A Babilônia religiosa, a cidade mística do Apocalipse, não terá menor sentença no julgamento, e por isso a Igreja celebra este evento: “Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor, nosso Deus, porque verdadeiros e justos são os Seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a Terra com a sua prostituição” (Ap 19:1-2).
Poder e conquista
O amor de Nimrode pelo poder e pela conquista, juntamente com sua vontade própria e independência de Deus, marcaram suas características na história da Babilônia. Tudo isso culminou em Nabucodonosor, “a cabeça de ouro”, que orgulhosamente avaliava a cidade magnifica, dizendo, “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder e para glória da minha magnificência?” (Dn 4:30). Ai de mim! Ai de mim! Deus condenou toda a carne e a glória do homem a murchar como a erva. Quando Israel afundou atrás das nuvens de iniquidade e idolatria, surgiu a Babilônia – a “cidade dourada”; quando a Igreja se tornou um testemunho publico arruinado, então a Babilônia mística surgiu. Mas Israel se levantará e brilhará, e Babilônia afundará para não mais se levantar; a Igreja também brilhará nas eras eternas, enquanto a Babilônia mística afundará nas trevas e na escuridão.
Nabucodonosor
Babilônia, sob o reinado de Nabucodonosor, alcançou seu grau mais elevado de magnificência, tamanho e força. Quando os babilônios, auxiliados pelos medos, derrubaram o jugo da Assíria (por volta de 612 a.C.), o novo e vigoroso reino abriu suas asas e estendeu seu poder sobre os reinos conhecidos do oriente. O Egito, seu rival do sul, foi completamente derrubado, seguido pela subjulgação de Judá. Então, com a destruição de Jerusalém, o centro divino do governo terrenal, Babilônia estabeleceu seu poder totalmente vitorioso, e uma monarquia absoluta foi fundada nas planícies de Sinar.
Babilônia ficava em uma grande planície e formava um quadrado de cerca de 145 quilômetros quadrados (aprox. 12 km em cada lado). O Eufrates fluía pelo centro da cidade desde o norte para o sul, atravessado por uma ponte maravilhosamente construída, tendo de um lado o magnífico Templo de Belus, de enormes dimensões, com numerosas imagens de ouro puro, e que foi saqueado pelo famoso rei persa, Xerxes. Do outro lado da ponte ficava o grande palácio de Nabucodonosor, provavelmente o maior e mais magnífico já construído. Os jardins suspensos, uma das “sete maravilhas do mundo”, eram verdadeiramente uma obra de arte. Eles foram construídos como terraços superpostos em forma de andares. Todos os tipos de frutas, flores e vegetais foram cultivados com perfeição nesses jardins, e devem ter encantado imensamente a esposa meda de Nabucodonozor, Amitis, para quem foram construídos, a fim de lembrá-la dos belos jardins e florestas de seu próprio país. Diz-se que os muros da cidade tinham cerca de 102 metros de altura e cerca de 26 metros de largura, permitindo assim um vasto espaço para as carruagens correrem no topo das muralhas, e até para virar em qualquer ponto que escolhessem. Havia também 100 portões de bronze sólido, e imensamente fortes, vinte e cinco de cada lado da cidade, além de numerosos outros portões internos, todos de bronze e de grande resistência. De cada portão ao outro oposto, havia uma rua reta por toda a extensão da cidade. Estas, por sua vez, se cruzavam umas com as outras até que se formassem 676 quarteirões ao todo.
A queda
A captura da cidade por Ciro é detalhada nas profecias de Isaías e Jeremias. Os antigos historiadores que descrevem a queda da Babilônia, não são tão exatos nem tão confiáveis quanto os profetas hebreus já mencionados. As cidades de Babilônia e Nínive – as respectivas capitais das monarquias caldeia e assíria – estão condenadas na palavra profética à perpétua desolação. Isso realmente aconteceu, pois nos é dito que “Babilônia, o ornamento dos reinos… Nunca mais será habitada… nem o árabe armará ali a sua tenda… Mas as feras do deserto repousarão ali, e a sua casa se encherá de horríveis animais” (Is 13:19-21). A cidade foi destruída de tal forma, que os historiadores posteriores, que não aceitaram os relatos bíblicos sobre a Babilônia, começaram a certa altura, a duvidar que a cidade alguma vez, realmente, tivesse existido. Foi somente em meados do século XIX, que uma pesquisa arqueológica séria foi capaz de descobrir o local e recuperar alguns artefatos.
O local dessa antiga cidade fica no atual Iraque, a cerca de 80 quilômetros ao sul de Bagdá. Numa ocasião, Saddam Hussein nutriu um plano grandioso para reconstruir a cidade, mas foi deposto e finalmente executado antes que pudesse fazer tal coisa. Quão abençoado é passar da ruína da grandeza humana para aquilo que é imutável! “Retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade” (Hb 12:28).
W. Scott (adaptado)
A Grande Babilônia
Vimos a história e o caráter da Babilônia política, desde seus primórdios na parte inicial da história do homem nesta Terra. Mas no final da Bíblia, em Apocalipse 17-18, temos um grande sistema religioso que é chamado de “a grande babilônia” – um sistema que é destruído pela besta romana e os reinos que compõem seu império. Podemos perguntar o que é esse sistema e como ele está associado ao nome de Babilônia.
Quando o Senhor Jesus vier em favor dos Seus santos, para levar cada verdadeiro crente para casa a estar com Ele, um grande vazio será deixado neste mundo, no momento em que milhões de pessoas serão subitamente levadas embora. Mas, sabendo que esse evento ocorrerá um dia, Satanás estará a postos, embora, é claro, sem saber quando o Senhor virá. Ele terá tudo em seu devido lugar, pensando que, já que a Igreja partiu, ele poderá ter tudo do seu jeito. Um desses planos será o surgimento da besta romana e, mais tarde, do anticristo. Mas ele planejará, também, edificar a ascensão da Babilônia religiosa.
A Babilônia religiosa
Muito pouco é dito na Palavra de Deus, quanto à ascensão da Babilônia religiosa, pois ela já existe. Sua descrição mostra que ela não pode ser outra coisa senão a Roma papal; o seu caráter é retratado nos termos mais fortes possíveis, e também seu julgamento. Sua reputação já foi mencionada em outros dois lugares na Palavra de Deus (Ap 14:8; 16:19), mas nos capítulos 17 e 18 temos um registro mais completo de seus caminhos e sua derrota final. Seu comportamento é tão sério, que o Senhor dedica muito tempo detalhando sua posição exaltada e sua subsequente queda. Qual é então o caráter terrível desse sistema?
Seu caráter
Primeiro de tudo, ela assume uma aparência muito religiosa, mas com associações completamente mundanas. Mais do que isso, ela assume a posição de verdadeira igreja e assume o lugar de ser o testemunho de Deus na Terra. Ela é a imitação de Satanás depois que todo verdadeiro crente for arrebatado, e enganará a muitos. Durante a primeira metade do período da tribulação – um período de três anos e meio – ela governará de fato o mundo político no Ocidente, pois está registrado que “e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate” (Ap 17:3). A besta romana, a cabeça do Império Romano revivido, estará governando os vários reinos associados a ele, mas o sistema religioso por sua vez irá governar o império e direcionar seu curso, pelo menos por um tempo. Seu orgulho e autossatisfação são avassaladores. A mulher está sentada “sobre muitas águas”, indicando que ela terá ampla influência. Alguém disse de forma muito apropriada: “O Império Romano revivido, com sua confederação de reis, ao buscar subverter todo o temor de Deus e estabelecer a adoração da imagem da besta, aparentemente encontrará no papado corrupto um instrumento preparado para alcançar esses fins malignos, pois esse sistema maligno é, e sempre tem sido, marcado pela mais grosseira idolatria”.
Perseguição
Segundo, ela será uma forte perseguidora dos piedosos naquele dia, assim como tem perseguido os verdadeiros santos de Deus através dos séculos. Tudo o que restar naquele tempo, que pretenda qualquer coisa do Cristianismo professo, fará parte da “grande Babilônia” e fará parte de todo o sistema maligno. Qualquer um que se opor a ela será selvagemente perseguido, como foi com o povo de Deus por centenas de anos sob a Roma papal.
Riquezas
Em terceiro lugar, o sistema será fabulosamente rico. O sistema papal sempre foi conhecido por sua riqueza, e mais de uma vez no passado foi alvo da avareza e saques feitos por autoridades civis. Talvez o exemplo mais evidente disso tenha ocorrido na Inglaterra, entre os anos de 1536-1541, quando Henrique VIII executou o que foi chamado de “A Dissolução dos Mosteiros”. Durante esse período, ele dissolveu mosteiros, conventos e priorados, se apropriando de seus recursos e rendas. Parece, no entanto, que a riqueza desse sistema religioso atingirá o ápice durante o período da tribulação, pois ele, não só será uma organização religiosa, mas também será caracterizado como uma cidade fortemente envolvida em atividades comerciais. O estímulo para tudo isso pode ser o Arrebatamento da Igreja, que deixará um vazio o qual Satanás preencherá rapidamente. É um triste comentário sobre a Cristandade evangélica de hoje, que muitos de seus líderes religiosos, ainda que verdadeiros crentes, sejam incrivelmente ricos, alguns com um patrimônio líquido de milhões de dólares. Em Apocalipse 17-18, esse falso sistema não é apenas rico, mas está evidentemente imerso nos negócios mundiais. Quando ele for derrubado, grande parte do comércio mundial será afetado negativamente. Como tudo isso acontecerá, não podemos ter certeza, mas, novamente, parece que mudanças importantes acontecerão pouco tempo depois que a Igreja for chamada para casa.
Sua queda
Sua queda acontecerá quando o sistema político da besta se cansar da tirania da “mulher” que a dirige e a guia, e então derrubará a “mulher”. Nós lemos sobre os poderes civis – o reino da besta – que estes “aborrecerão a prostituta, e a porão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo” (Ap 17:16). Isso provavelmente acontecerá no meio do período da tribulação e abrirá caminho para outro poderoso líder religioso, o anticristo. Embora seja o sistema político que destruirá a mulher, com todo o seu comércio, isso é claramente a vontade do Senhor, pois lemos que ela “será queimada no fogo, porque é forte o Senhor Deus, que a julga” (Ap 18:8). Muitos vão chorar por ela, pois a queda desse sistema terá um tremendo efeito sobre o comércio, e as mercadorias por ela comercializadas não estarão mais disponíveis. No entanto, tal será o ódio contra esse sistema que ele será totalmente destruído, apesar da perda de bens caros. Porém, mais do que o comércio e os negócios, sofrerão, juntamente com essa destruição, a vida familiar organizada e os trabalhos manuais serão interrompidos, e até mesmo as artes como a música “nunca jamais em ti se ouvirá” (Ap 18:22 – ARA).
O que é mais solene, entretanto, é que entre todas as mercadorias com as quais ela negociava, encontramos “almas humanas” (Ap 18:13). Vale ressaltar que eles estão no final da lista, mostrando, sem dúvida, que os homens e seu bem-estar eterno são comercializados como bens materiais e animais, e são de última importância.
Seu caráter
Quando vemos nesses capítulos o caráter real desse sistema religioso, não é difícil entender por que Deus aplicou o nome Babilônia a ele, seja como a mulher que controla o poder temporal ou como a cidade que controla o comércio e os negócios. Desde o início, Babilônia foi conhecida por seu orgulho, sua riqueza, sua rejeição às reivindicações de Deus e a perseguição ao Seu povo. Tudo isso atinge seu ápice em um sistema religioso – o estado final da Cristandade, quando tudo o que é verdadeiro for retirado de seu meio no Arrebatamento.
As testemunhas de Deus
Contudo, Deus não Se deixará sem testemunho. Embora saibamos que todo verdadeiro crente estará em segurança com Cristo no lar quando tudo isso acontecer, haverá aqueles judeus piedosos que pregarão o evangelho do reino e também aqueles que crerão em sua mensagem. Eles defenderão as reivindicações do Senhor durante aquele período terrível, e a ordem para eles é: “Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas” (Ap 18:4). A separação do mal sempre foi o princípio de santidade de Deus neste mundo, e Ele terá Seus santos durante este tempo, que são chamados a cortar qualquer conexão com essa organização corrupta. Só assim serão preservados e evitarão o julgamento que recairá sobre aquilo que é tão abominável a Deus.
Embora ainda não tenha chegado a hora de tudo isso acontecer, a mesma voz é um aviso para nós neste dia da graça de Deus, quando notamos o início de todas essas coisas em nosso mundo. O caráter da Babilônia está alcançando rapidamente a Cristandade, ao vermos total impiedade, luxuria e orgulho descaradamente associados com o nome de Cristo. A única maneira de ser fiel ao Senhor e ser um testemunho a este mundo é separar-se dele, custe o que custar.
W. J. Prost
O Começo e o Fim da Babilônia
Babilônia significa confusão, pois em Babel o homem fez sua primeira tentativa organizada de agir em independência de Deus e, portanto, Deus a confundiu. Posteriormente Babilônia tornou-se a cabeça dos poderes gentios que desolaram Jerusalém, e, por consequência, é frequentemente mencionada como representando o todo. Os profetas por várias vezes também a denunciam com uma linguagem forte por sua descarada idolatria. As ideias, portanto, sugeridas por Babilônia, sejam civis ou religiosas, estão todas contrárias à cidade de Deus. Começou na independência da vontade de Deus; continuou como a opressora do povo de Deus; caiu ao usar os vasos do templo de Deus para honrar seus próprios ídolos.
A cidade da Babilônia há muito que é um monte de ruínas, onde “feras do deserto” se aninham e as “suas casas estão cheias de animais sombrios”. Mas o sistema que a Babilônia representa ainda sobrevive. Politicamente, é a independência de Deus, como se vê na besta; religiosamente, é a idolatria, como se vê na mulher. Ambos concordam em ódio e perseguição ao povo de Deus. Os aspectos civis e religiosos são frequentemente, como na própria Babilônia, interligados, mas todos os elementos malignos estão unidos na Babilônia mística do Apocalipse. Em todos os pontos de vista, está pronta para o julgamento.
A Igreja
A Igreja pode ser vista tanto em seu relacionamento com Cristo quanto com o mundo. Na primeira visão, nenhuma figura pode ser mais primorosamente apropriada do que a da noiva ou esposa. Na última visão, nenhuma figura pode ser mais expressiva do que a de um objeto marcante em que a habilidade e a beleza são exibidas, como um magnífico templo ou cidade. Assim, a Igreja é apresentada por João no livro do Apocalipse sob os dois símbolos, o da “esposa do Cordeiro” e o da “grande cidade, a santa Jerusalém”. Por outro lado, a falsa igreja, o corpo apóstata que professou ser a noiva de Cristo, é apresentada sob duas figuras correspondentes – como a prostituta ou a falsa esposa em contraste com a verdadeira, e como a cidade profana em contraste com a santa, a cidade da Terra em contraste com a cidade que “descia do céu”, a cidade do homem em contraste com a cidade de Deus, a cidade do trono da besta em contraste com a cidade do trono do Cordeiro. Esses dois aspectos são sucessivamente colocados diante de nós em Apocalipse 17-18.
A mulher (prostituta)
No capítulo 17, a mulher é vista sentada sobre uma besta de cor escarlate. Ela estava disposta a cometer fornicação com os reis da Terra, a prostituir o poder religioso que ela exercia para alcançar fins mundanos e promover os esquemas dos soberanos mundamos. Ela estava disposta a fazer isso pela besta, precisamente quando agindo sob a inspiração de Satanás. Mas então, uma nova religião surgirá agora, a adoração de um homem, e todos os vestígios do Cristianismo devem ser extintos. Esses soberanos, consequentemente, voltarão seu ódio contra a mulher, que, apesar de terrivelmente pervertida, ainda era chamada pelo nome de Cristo. Por mais que sua influência tenha sido, e talvez ainda seja, sobre os povos, eles decidem por sua destruição total. “E disse-me: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações, e línguas. E os dez chifres que viste e a besta [não “na ou sobre a” besta – JND; ARA; TB] são os que aborrecerão a prostituta, e a porão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo. Porque Deus tem posto em seu coração que cumpram o Seu intento, e tenham uma mesma ideia, e que deem à besta o seu reino, até que se cumpram as Palavras de Deus. E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da Terra” (Ap 17:15-18).
Tudo isso é bastante claro e muito instrutivo. Deus pode usar quaisquer instrumentos que Ele queira para realizar Seus propósitos. A malícia de Satanás apenas leva o remanescente do povo de Deus ao deserto, onde Ele os encontra e fala confortavelmente com eles, enquanto reúne os exércitos do mundo para o lugar onde Ele planeja executar o julgamento sobre eles. A besta e os dez reis neste capítulo, apesar de odiarem e blasfemarem contra Deus, são apenas Suas ferramentas, sem nenhum conhecimento ou vontade própria, para realizar Seus desígnios infalíveis. Ele tem o propósito de destruir a prostituta, e esses reis perversos, embora unidos “para fazerem guerra” ao Cordeiro, são os instrumentos cegos que Ele usa. Vaidade das vaidades! Eles se rebelam contra Sua autoridade, negam Sua verdade, blasfemam Seu nome, aliam-se contra Seus propósitos e, no entanto, Ele “Colocou em seus corações o cumprimento da Sua vontade”.
A rainha
Temos visto o julgamento de Deus sobre a Babilônia como a prostituta, aquela que falsamente tomou o lugar da esposa do Cordeiro. Apocalipse capítulo 18:1 a 19:4, nos mostra seu julgamento como cidade ou sistema religioso no mundo. Aqui entendemos os pensamentos do homem sobre isso, e vemos quão diferentes são os sentimentos criados por sua desolação na Terra e no céu.
Neste sistema corrupto, de fato, existem, e sempre existiram, verdadeiros filhos de Deus, pois Sua graça pode superar todas as barreiras. Mas Deus os chama para sair dele, advertindo-os de seu verdadeiro caráter e seu julgamento que se aproxima. “E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus Se lembrou das iniquidades dela” (Ap 18:4-5). Aqui, as pessoas chamadas a abandonarem este sistema maligno, é o povo de Deus, como Ló estava em Sodoma, e Deus nunca deixará que os Seus pereçam. Mas quão diferente é o destino de Ló (salvo “como pelo fogo”, e com a perda de tudo) do destino de Abraão, contemplando o julgamento do alto do monte Hebrom. Tal é a diferença entre aqueles que andam separados do mal, e aqueles que continuam contentes com ele, porque estão seguros da sua própria salvação.
Os reis que se unem contra o Cordeiro, são os instrumentos pelos quais a igreja falsa é despojada de sua glória e riquezas, e deixada desolada; mas nisso eles estão, mesmo sem saber, cumprindo os propósitos de Deus, como Nabucodonosor outrora. Então a voz do céu lhes ordena – “Tornai-lhe a dar como ela vos tem dado e retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber, dai-lhe a ela em dobro” (Ap. 18:6).
A verdadeira Igreja
A Igreja foi chamada para ser separada do mundo e para esperar pelo Senhor. “Nossa cidade”, diz Paulo, “está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20). Mas a Igreja logo deixou essa atitude de espera e disse em seu coração: “O meu Senhor tarda em vir”. Atualmente, como vemos no esboço da história eclesiástica fornecida pelas sete igrejas, ela se estabeleceu no mundo, “onde está o trono de Satanás”. O próximo passo é realizado rapidamente. Tendo deixado de ser viúva, ela começou a ser rainha. Abandonando sua apropriada esperança celestial, ela se apropriou das esperanças terrenais dos judeus, que eram mais agradáveis ao seu paladar mundano. Desatenta ao aviso do apóstolo, ela esqueceu que, se fosse infiel, seria cortada. Seu caráter de viúva foi abandonado, e o esplendor e a glória prometidos a Israel, mas totalmente inadequados para a Igreja, foram reivindicados e apossados por ela mesma. Ela se tornou não apenas um grande poder no mundo, mas um poder diante do qual todos os outros devem se curvar. É verdade que suas pretensões despertaram resistência, e os monarcas que se ajoelhavam diante dela por um momento, a desafiariam em outro. Mas, tais eram suas pretensões, reivindicações que ela nunca abrandou, enquanto seu esplendor e luxo excediam todos os limites. Por isso, ela agora é subitamente visitada. O próprio poder em que ela se apoiou, se volta com furor contra ela, e se torna seu assolador. “Porque numa hora foram assoladas tantas riquezas”.
Não é de admirar que haja alegria no céu. “Alegra-te sobre ela, ó céu, e vós, santos apóstolos e profetas, porque Deus julgou a vossa causa quanto a ela” (Ap 18:20), pois “nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na Terra” (Ap 18:24).
O fim da Babilônia
A intima conexão moral entre a cabeça das monarquias gentias e a Babilônia mística do Apocalipse, é melhor demonstrada pela semelhança das figuras que descrevem sua queda. Jeremias, atando sua profecia contra a Babilônia a uma pedra, lançou-a no Eufrates, dizendo: “Assim será afundada a Babilônia e não se levantará, por causa do mal que Eu hei de trazer sobre ela” (Jr 51:64). Então, no capítulo que está diante de nós, lemos, “E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada” (Ap 18:21).
O julgamento é a obra estranha a Deus, mas é necessário limpar o terreno para a bênção, pois os capítulos a seguir indicam para qual evento poderoso e abençoado esse julgamento prepara o caminho. Os vinte e quatro anciãos que participam desta ação de graças são mencionados aqui pela última vez. Eles são, como vimos, uma companhia que representa os remidos, que foram ressuscitados e/ou arrebatados quando Cristo veio para Seus santos e estão agora para sempre com o Senhor. Eles adicionam seu “Aleluia” ao coro de gozo no julgamento da prostituta, e depois vão para as bodas do Cordeiro.
T. B. Baines (adaptado)
Protestantismo – Quinhentos Anos
Em 31 de outubro de 2017, completaram-se 500 anos desde que Martinho Lutero fixou suas famosas 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittenberg. Nessas teses, Lutero, um monge relativamente insignificante, propôs uma série de questões e proposições para discussão – questões que desafiaram seriamente as doutrinas da, então dominante, igreja católica romana. As teses foram escritas em forma de questionamento, ao invés de um tom acusador, porque a intenção de Lutero era a reforma da igreja, não a separação dela. Mas suas questões e subsequentes ensinamentos, formaram a espinha dorsal da Reforma.
O nome “protestante” só surgiu alguns anos depois, e deriva dos protestos feitos pelos príncipes alemães na Segunda Dieta de Espira [um órgão deliberativo] em 1529. A Dieta votou pelo fim da tolerância daqueles que seguiam os ensinamentos de Martinho Lutero na Alemanha, mas nessa época havia um movimento conjunto que apoiava Lutero. Incapaz de revogar o decreto, vários príncipes redigiram um protesto e o apresentaram ao imperador. Entre outros termos, continha as palavras: “Somos determinados pela graça e ajuda de Deus a cumprir somente a Palavra de Deus”. O termo “protestante” chegou ao idioma inglês em 1553. Em apenas mais alguns anos, esse “protesto” alemão se espalhou pela Inglaterra, Escócia, Holanda, França, partes da Europa Oriental e até mesmo em postos avançados na Espanha, Itália e outros centros de força católica contínua. Em menos de um século, os protestantes estabeleceram bases de operações no Novo Mundo.
A reforma
A Reforma foi verdadeiramente uma obra de Deus, quando Ele graciosamente levantou homens fiéis para trazer de volta a verdade do evangelho e derrubar a doutrina católica romana da salvação pelas obras. Tudo isso realmente começou cerca de 100 anos antes de Lutero, com aqueles como Jan Hus da Boêmia e John Wycliffe da Inglaterra. Mas o verdadeiro ímpeto em favor da Reforma surgiu no início do século XVI, com homens como Lutero, Calvino, Farel, Zwingli, Bucer e outros.
Ao dizer isso, é muito importante distinguir entre a reforma e o protestantismo, pois enquanto a reforma era uma obra de Deus, o movimento chamado protestantismo não era. Mas o protestantismo moldou o mundo desde que começou, tendo se espalhado amplamente entre a maioria das nações ocidentais e, finalmente, para outras áreas do mundo também. (Há provavelmente mais “protestantes” nos chamados países do “terceiro mundo” hoje, do que na Europa e na América do Norte). Compreende uma ampla variedade de grupos, desde Luteranos, Batistas, Anglicanos e Metodistas até a grupos um tanto periféricos, como os Adventistas do Sétimo Dia e as Testemunhas de Jeová. Suas doutrinas variam muito, mas elas caem sob a égide do protestantismo, ao rejeitarem unânimes a autoridade do papa. Por que então dizemos que a reforma foi uma obra de Deus, mas o protestantismo não foi?
O testemunho protestante
Primeiro de tudo, pelo seu próprio nome, o título “protestante” implica um testemunho que é contra algo, neste caso, a autoridade do papa. Embora seja verdade que temos a responsabilidade de testemunhar contra o mal, o que testemunhamos contra nunca deve superar o que testemunhamos a favor. A Escritura não apenas nos diz “cessai de fazer o mal”, mas também nos diz “Aprendei a fazer o bem” (Is 1:16-17). Foi aqui que o protestantismo falhou, pois embora tenha rejeitado muitas das más doutrinas do catolicismo romano, não procurou, na maioria das vezes, as Escrituras para aprender toda a verdade de Deus. Eles criam na Palavra de Deus para a salvação pela fé, mas não avançaram o suficiente para apreender a verdade da Igreja.
A ruptura
O resultado disso foi que o protestantismo passou a reproduzir muitos dos erros de Roma, enquanto continuava sendo uma frente unida contra a autoridade do papa. O movimento se dividiu em igrejas nacionais, ou igrejas formadas com base nos ensinamentos de um líder de destaque. Igrejas também foram formadas para enfatizar certas doutrinas – doutrinas que foram destacadas à custa de outras verdades igualmente importantes. Os presbiterianos enfatizavam o governo dos anciãos; Os congregacionalistas enfatizaram o governo por maioria de votos. A igreja da Christian Missionary Alliance (Aliança Missionária Cristã) foi formada expressamente para realizar trabalhos missionários estrangeiros, enquanto o Exército da Salvação procurou resgatar alcoólatras e desabrigados. A Igreja Anglicana continuou com a maioria dos ensinamentos errôneos de Roma, mas substituiu o papa pelo soberano reinante da Grã-Bretanha.
Mais tarde, erros mais sérios surgiram, à medida que sistemas como o Adventismo do Sétimo Dia e a Ciência Cristã alegavam que os escritos de seus líderes eram inspirados e, portanto, eram tão confiáveis quanto a Bíblia. É desnecessário dizer que a má doutrina era abundante, pois tanto a Pessoa quanto a obra de Cristo foram atacadas. Tudo isso foi determinante para formar o que Paulo chama de “a grande casa” que continha “não somente vasos de ouro e de prata [crentes verdadeiros], mas também de pau e de barro [incrédulos]” (2 Tm 2:20).
A mistura
É fácil ver que essa mistura de crentes e incrédulos teve um efeito muito nocivo. A forma exterior tomou o lugar da realidade, e os homens podiam exercer uma grande influência, mesmo sem serem salvos. Como poderíamos esperar, houve também uma falha em separar-se do mundo. As igrejas nacionais estavam naturalmente envolvidas no orgulho nacional, enquanto a mistura de crentes e incrédulos na maioria das igrejas fomentava uma atitude mundana, arrastando qualquer crente verdadeiro ao nível do mundo. As igrejas se envolveram na política e, pior ainda, na guerra, pois cada uma delas alegava que Deus estava com elas.
Juntamente com tudo isso, muitas igrejas receberam apoio de governos seculares e, portanto, ficaram em dívida com eles. Esperava-se que os líderes da Igreja fizessem pronunciamentos políticos e participassem dos assuntos da nação da qual faziam parte. Claro, tudo isso também teve seus problemas. Ao comentar um livro recente, Protestantes: A Fé que Construiu o Mundo Moderno, de Alec Ryrie, a RevistaTime observa que “uma moral do livro ‘Protestantes’ é que o apego às questões políticas tendeu a deixar os movimentos protestantes ‘perderem sua força religiosa”. Tudo isso apenas ecoa o comentário de um irmão bem conhecido, no sentido de que “quando a Igreja perde o sentido de seu chamado celestial, humanamente falando, ela perde tudo”.
Vistos por Deus
Os comentários de Deus sobre o protestantismo são encontrados em Apocalipse 3:1, onde Ele diz: “Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto”. O nome estava lá, mas não a realidade, porque muitos eram meros professos mortos. Mas nem tudo foi perdido. O Senhor aponta que “também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes” (Ap 3:4), e agradecemos ao Senhor por aqueles que são verdadeiros, mesmo em sistemas que podem ser em grande parte compostos por incrédulos. Também, prestamos homenagem aos muitos que, não conhecendo toda a verdade de Deus, viveram de acordo com a luz que tinham no protestantismo. Muitos foram usados poderosamente pelo Senhor, especialmente na composição de hinos. Indivíduos como Isaac Watts, Horatius Bonar, Thomas Kelly e Mary Bowley, para citar alguns, todos viveram e morreram em igrejas protestantes, mas escreveram alguns dos hinos mais bíblicos e edificantes.
O chamado celestial
Além disso, Deus não deixou o protestantismo sem um forte testemunho da verdade da Igreja. Quase 200 anos atrás, Ele levantou homens que foram usados para trazer de volta a verdade da Igreja e agir nisso. O resultado foi um movimento que afetou toda a Cristandade, pois verdades como a chamada celestial da Igreja, a liderança do Espírito Santo na assembleia, o iminente retorno do Senhor Jesus para Sua Igreja, e muitas outras, foram claramente trazidas novamente. Muitos deixaram suas associações eclesiásticas simplesmente para se reunirem ao nome do Senhor Jesus. É triste dizer, o movimento hoje denominado “evangelicalismo”, aprecia muitas destas preciosas verdades, mas falha em assumir a posição desprezada de estar fora dessas religiões organizadas. Neste sentido, nos E.U.A, constatamos evangélicos tomando uma parte importante na vida politica do país e constantemente abraçando a teologia do pacto, que sustenta que os Cristãos devem “mudar o mundo” e se prepararem para o reino vindouro.
O fim do protestantismo
Mas qual será o fim do Protestantismo? Sabemos que todo verdadeiro crente será arrebatado na vinda do Senhor. Porém, aqueles que forem deixados para traz farão parte de Laodiceia, aqueles que dizem: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta” (Ap 3:17). Mais do que isso, eles acabarão voltando para o lugar aonde começaram – para o sistema católico romano. No final o movimento ecumênico de hoje verá tudo o que resta das igrejas protestantes reunidas com Roma e sob o seu controle. A falsa igreja será a Babilônia religiosa que o Senhor destruirá, tipificada por uma mulher que, por um tempo, controlará o sistema político da besta romana (Apocalipse 17). Por fim, ela será derrubada, pois lemos: “Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada” (Ap 18:21).
A palavra para o crente hoje é a mesma que será naquele tempo terrível: “Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados” (Ap 18:4). A separação do que não está de acordo com a Palavra de Deus é o caminho de bênção para nós, em tempo.
W. J. Prost
Os Velhos Novos Pensamentos
“Dos novos pensamentos para os antigos,” o mundo ansioso está clamando,
Que sempre procura contar ao ouvido a notícia,
Embora em sua pressa para mudar, ele se apega com muita frequência
Dos pensamentos loucos para os sãos e dos falsos para os verdadeiros.
Tudo é vaidade – sua busca e sua descoberta;
A coisa que é, é aquele que já foi feita;
Falsos deuses, falsa ciência, sim, e falsa religião —
Não há nada de novo sob o antigo Sol.
E estes são antigos – os pensamentos que alto o mundo proclama,
Os filhos de Adão ainda andam em círculos;
Velho como o mundo, como o homem e o primeiro pecado do homem,
Velho como o orgulho do Demônio que disse: "Subirei."
Não é novo – o super-homem se destacando
Quem ousa com pé ímpio a altura suprema;
Sereis deuses, conhecedores do bem e do mal” —
Este é apenas o inesquecível sonho do Éden.
Alguns poucos, confusos com as muitas vozes da Terra,
Cansados dos círculos onde eles se arrastam —
Essa Babel moderna, barulhenta, confusa —
Alguns poucos existem que buscam os pensamentos de Deus.
Alto como os céus acima da Terra se estendendo,
Ampla como a extensão máxima de Sua vasta criação,
o incontável quanto as estrelas que enchem os céus,
O pensamento de bem que Deus tem para o homem.
E uma vez – um grito através do silêncio sombrio ecoando,
Uma estrela de esperança acima da noite escura do mundo —
O pensamento mais antigo e maior de Deus foi falado
Em uma Palavra clara de amor, vida e luz.
Contra aquela Palavra de glória e de poder
Os murmúrios que escumam do homem se derramam em vão;
Seus pensamentos vazios no nada desaparecerão;
Os pensamentos eternos de Deus, inalterados, permanecem.
L.P.
"Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas"
(Ap 18:4)
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