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Revista mensal publicada originalmente em maio/2009 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
J. N. Darby
D. C. Buchanan
W. Kelly (adaptado)
W. J. Lowe, (adaptado)
T. Reynolds, (adaptado)
J. N. Darby, Collected Writings, 34:351 (adaptado)
H. L. Rossier
P. Wilson, The Christian Truth
Hinário Little Flock – hino 30 do Apêndice
As Festas de Jeová
A ideia destas festas é a reunião do povo em torno de Jeová para uma causa, uma “santa convocação”. A primeira santa convocação é o sábado, e assim será quando o verdadeiro descanso chegar. Então se segue a páscoa, com os pães asmos (pães sem fermento), juntos, porém ainda assim distintos, isto é, junto com o sacrifício de Cristo, você tem o pecado tirado na prática. Depois disso nós temos as primícias. Não é dito exatamente quando isso aconteceria, mas era quando o trigo estivesse pronto para ser colhido. No dia seguinte ao sábado, o trigo deveria ser movido. Esta é a ressurreição de Cristo, e aqui podemos notar que não há oferta pelo pecado. Depois, eles deveriam contar cinquenta dias, sete sábados completos e oferecer uma nova oferta de manjares a Jeová, “dois pães de movimento... levedados se cozerão”. Nisto temos a Igreja oferecida a Deus, mas com fermento na oferta, de modo que ela não poderia ser queimada sobre o altar como cheiro suave. Os dois pães são um testemunho adequado. Para o sonido das trombetas saltamos para o sétimo mês, e então temos o primeiro dia daquele mês santo como a próxima data mencionada. Primeiro, as trombetas soariam e reuniriam Israel; então, no décimo dia do mesmo mês, Israel entraria no Dia da Expiação. E, finalmente, se seguiria a festa dos tabernáculos, sete dias a Jeová. O primeiro dia é uma santa convocação, e o oitavo dia uma santa convocação, isto é, um dia adicional. Quando chegar a festa dos tabernáculos na Terra, também receberemos as coisas celestiais.
J. N. Darby
As Sete Festas de Jeová
Os três grupos de festas
Quando Jeová libertou Israel da escravidão do Egito, Ele os colocou em um relacionamento Consigo mesmo de uma maneira que lhes ensinaria o custo da redenção e a importância da santidade. Ele lhes deu sete festas solenes para manter essas coisas em lembrança. Elas são divididas em três grupos de festas, correspondendo a três celebrações anuais, quando todos os varões deveriam ir a Jerusalém. Essas três celebrações revelam o plano dispensacional de bênção do Senhor para o passado, presente e futuro. As duas primeiras festas foram celebradas durante a jornada deles no deserto, porém as demais festas foram celebradas somente depois que chegaram à terra de Canaã. Estas últimas festas coincidiam com as colheitas da cevada e do trigo na primavera e com as colheitas das azeitonas e das uvas no outono. Naquele tempo eles se regozijavam juntamente com Jeová pela colheita de seus campos. Embora Israel não conhecesse, naquele tempo, o plano completo de Deus, ainda assim eles se regozijavam com Ele acerca de coisas semelhantes. Deus podia celebrar com aqueles que tinham fé e obediência em guardar Suas festas. Ele, com Sua presciência, podia vê-las como uma prévia de Cristo e de Sua obra. Agora, depois de a plena revelação dos propósitos de Deus em Cristo ter sido manifestada, vemos como as duas primeiras obras falam de Cristo e Sua obra passada. Também podemos ver o que está sendo cumprido neste tempo presente, como revelado nas duas festas seguintes, e aquilo que será cumprido no futuro, conforme retratado nas três últimas festas. Que nosso coração se regozije com Ele em maior medida ao olharmos para Seu plano de bênção revelado.
A base da bênção
A primeira festa em cada um dos três grupos é a base da bênção para o que se segue. A oferta do cordeiro pascal é o começo de toda bênção para Israel. Por meio dessa páscoa, eles foram redimidos do Egito e levados ao relacionamento com Jeová. As outras festas dependem disso. A festa dos pães asmos era celebrada juntamente com a páscoa. Comer os pães asmos por sete dias em conexão com a páscoa mostra os desejos de Deus de ter Seu povo habitando com Ele em santidade.
A primeira festa do segundo grupo é a das primícias. Ela prefigura a ressurreição do Senhor Jesus dentre os mortos. A festa das semanas se seguia cinquenta dias depois, quando o grão havia sido colhido. A ressurreição do Senhor Jesus abre um novo canal de bênçãos não conectado com a Terra. O Homem ressuscitado entrou no céu e está reunindo um povo para estar com Ele em Sua segunda vinda. Os dois pães movidos representavam isso. Os santos são essa “nova oferta de manjares” que era movida diante do Senhor Jeová. Eles são um povo celestial.
O último grupo de três festas era comemorado no sétimo mês em conexão com a colheita do outono. Essas festas são figurativas da bênção terrenal que o Senhor estabelecerá em Seu reino de justiça, paz e gozo. O fim deste reino dará início ao descanso eterno de Deus, conforme ilustrado no sábado do oitavo dia.
A distinção entre essas duas esferas de bênção, celestial e terrenal, é importante para a adequada apreciação do plano de Deus. Vamos agora considerar com mais detalhes como cada festa se encaixa em todo o plano.
A páscoa e os pães asmos
As duas primeiras festas aconteceram quando eles deixaram o Egito e começaram a jornada no deserto. Posteriormente, Jeová as instituiu, dando a eles um novo calendário (Êx 12:12) enquanto fazia isso, como uma celebração de sua libertação do Egito e de como, em sua pressa para sair do Egito, não levaram fermento com eles na jornada. As festas também aguardavam a redenção futura que o Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus, realizaria, levando-os à comunhão Consigo mesmo em santidade.
A festa dos pães asmos está conectada com a páscoa. O fermento na Escritura é sempre uma figura do mal agindo. Os filhos de Israel deveriam estar fisicamente separados das coisas impuras do mal. A santidade de Deus exige a separação do mal para que possamos ter plena comunhão com Ele. Os sete dias comendo pães asmos era um período perfeito de separação para Jeová, que os havia chamado do Egito. Deus deseja ter um povo em comunhão Consigo mesmo de acordo com a Sua santidade. O sacrifício do Cordeiro Pascal tornou isso possível e deveria gerar separação a Ele. Essa é a base da comunhão com Deus.
Hoje devemos estar moralmente separados do mal. Na celebração da Ceia do Senhor, que sobrepuja a páscoa, somos instruídos que “façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade” (1 Co 5:8). Para Israel, em tempos passados, o pão asmo era chamado de “pão de aflição”, pois era contrário à natureza humana. Para os crentes do tempo presente, ele é chamado de “os asmos da sinceridade e da verdade”; ele é agradável à nova natureza, embora não seja à velha.
As festas das primícias e o pentecostes
O segundo grupo de festas estava ligado à colheita do trigo e não era contado de acordo com os meses lunares e dias solares. Começava no dia seguinte ao sábado, quando o primeiro grão estava pronto para comer. Ninguém era autorizado a comer do grão do campo até que um molho [feixe – ARA] dele fosse apresentado a Jeová como uma oferta movida pelo sacerdote. O sacerdote devia guardar um molho das primícias até o primeiro dia da semana (no dia seguinte ao sábado), quando o movia diante do Senhor, juntamente com o holocausto, a oferta de manjares e a bebida que o acompanhavam. Isso era, sem dúvida, uma lembrança para Israel de que uma ação de graças ao Senhor Jeová deveria ser a primeira coisa da nova colheita. Há muito mais nesta celebração para nós vermos. O molho de primícias representa a ressurreição do Senhor Jesus Cristo dentre os mortos. “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem” (1 Co 15:20). Como Homem em vida de ressurreição, Ele subiu ao céu. “E Ele é a Cabeça do corpo da Igreja; é o Princípio e o Primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1:18).
Depois que o molho das primícias era oferecido, eram contados cinquenta dias para culminar na festa das semanas [pentecostes]. Durante esse período, a colheita de grãos prosseguia. Quando os cinquenta dias estavam completos, todo macho deveria subir para adorar ao Senhor na celebração da colheita. Na festa das semanas, o sacerdote movia dois pães fermentados assados como uma oferta a Jeová da mesma forma que ele havia movido o molho das primícias. Estes pães eram uma oferta de ações de graças pela comida provida pela colheita.
Os dois pães movidos representam não somente a abundância da comida para eles, mas também a abundância da colheita para o céu em todos os crentes que têm vida abundante (Jo 10:10) pela fé n'Aquele que foi ressuscitado. O Senhor Jesus subiu ao céu; Ele reunirá um povo celestial para Si no final desta era. É isso que nós, Cristãos, aguardamos. Os dois pães movidos são uma representação desses crentes. Por esse motivo, eles eram assados com fermento, uma figura do pecado, mas a ação do fermento era interrompida, e uma oferta pelo pecado por eles foi incluída nas outras ofertas. No molho das primícias, nenhuma oferta pelo pecado era feita, pois Cristo era sem pecado.
A colheita celestial começou no dia de pentecostes, conforme registrado em Atos 2, sendo o Espírito Santo enviado para realizar isso, naquele mesmo dia da festa das semanas. Por meio da pregação do evangelho no tempo presente, as almas nascem de novo. Pela fé em Cristo, as almas recebem a vida de ressurreição de Cristo (Jo 11:25-26). Os corpos serão transformados na Sua vinda, no final da colheita, quando o Senhor voltar para levar Seus santos celestiais para casa. “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda” (1 Co 15:22-23).
As colheitas deixadas no campo
“E, quando segardes a sega da vossa terra, não acabarás de segar [não segarás totalmente – AIBB] os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas [os rabiscos – TB] da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Lv 23:22). As almas salvas durante o tempo presente, começando no dia de pentecostes até o Arrebatamento, quando o Senhor vier, não são os únicos santos que participam da bênção celestial com o Senhor. Há uma provisão especial tipificada no grão deixado no campo para que outros participem da bênção celestial. Os santos martirizados durante a tribulação, antes do reino terrenal do Senhor (Ap 20:4) participarão da esfera celestial. Uma vez concluída a colheita celestial, restará apenas a bênção terrenal para os que forem fiéis ao Senhor. Com eles, Ele estabelecerá Seu reino na Terra.
Os santos do Velho Testamento estão incluídos naqueles que participam da esfera celestial, embora isso não tenha sido revelado a eles. “Mas, agora, desejam uma melhor [pátria], isto é, a celestial. Pelo que também Deus não Se envergonha deles, de Se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade” (Hb 11:16). Embora os santos do Velho Testamento não tenham o mesmo relacionamento com Cristo, eles têm uma porção celestial, e as bênçãos celestiais são superiores às terrenais. O Senhor disse a Seus discípulos em João 14, quando Ele revelou, pela primeira vez, as coisas celestiais: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também” (Jo 14:2-3).
A colheita do trigo ocorre quatro meses antes da colheita do outono e é representativa daqueles que habitarão com Deus no céu. A Escritura consistentemente usa a semeadura e a colheita do trigo em referência à porção celestial, e é o que ocorre nas parábolas do reino. O Senhor lembrou aos discípulos disso quando disse: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Eis que Eu vos digo: levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (Jo 4:35). O Senhor desejou a colheita para o céu antes da colheita terrenal. Assim como a colheita do trigo é celestial, assim a colheita das uvas (a videira) e das azeitonas é representativa do tempo terrenal de bênçãos. As últimas três festas de Jeová abordam esse assunto.
As últimas três festas
É algo significativo que as três últimas festas voltem a seguir o calendário lunar. Elas são proféticas dos “tempos e das estações” que dizem respeito a esta Terra. No primeiro dia do sétimo mês ‘Tishri’ deveria haver um dia memorial de sonido das trombetas. Neste primeiro dia de ‘Tishri’ era originalmente o princípio de um novo ano, antes que Jeová instituísse a páscoa como o princípio dos meses. O calendário civil Judaico começa o ano neste dia.
Estas últimas três festas são proféticas da preparação para o cumprimento das bênçãos na Terra. Antes que isso possa ocorrer, são necessárias duas coisas: O povo de Israel precisa retornar à sua terra e precisa se arrepender da rejeição e crucificação de seu Messias, o Senhor Jesus Cristo.
O toque de trombetas pelos sacerdotes é o chamado para Israel retornar à sua terra. Embora grandes números tenham retornado desde que se tornaram uma nação em 1948, isso não pode ser considerado um chamado vindo do Senhor, pois eles, como nação, não reconhecem Jesus como seu Messias. Eles são culpados de rejeitá-Lo. Durante esse tempo, desde a dispersão deles, as nações são dadas a Israel como cidade de refúgio, enquanto Cristo é Sumo Sacerdote no céu. Até que esse tempo termine, como prefigurado em Números 35:28, qualquer um que retorne está sujeito ao vingador do sangue, estando fora de seu lugar de refúgio.
O dia da expiação
Depois que Israel for verdadeiramente chamado a retornar à sua terra, eles perceberão sua culpa de rejeitar o Senhor Jesus e perceberão que Ele fez expiação por eles, como diz Isaías 53:4-5: “Verdadeiramente, Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si; e nós O reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados”. Embora Ele tenha feito expiação há muito tempo, eles só a perceberão quando lamentarem por Ele em verdadeiro arrependimento. “E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para Mim, a Quem traspassaram; e O prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por Ele, como se chora amargamente pelo primogênito” (Zc 12:10).
A festa dos tabernáculos
O tempo prefigurado nos sete dias da festa dos tabernáculos se seguirá depois do lamento e arrependimento. Israel habitará em vilas sem muros, todos os homens se assentarão debaixo de sua videira e de sua figueira, sendo protegidos de todos os inimigos pelo Senhor (Mq 4:4). Desde os ataques de 11 de setembro de 2001, e outros recentes atos agressivos de terrorismo no mundo, esse versículo tem aumentado em significância. O Senhor Jesus trará bênçãos terrenais, cumprindo todas as profecias dadas a Israel e às outras nações. No reino milenar de Cristo, Ele trará a Terra de volta à perfeita ordem (Nm 29:12-34). Quando isso estiver concluído, o oitavo dia de descanso será comemorado, quando o Senhor devolver tudo a Deus em perfeito estado, para que Deus seja tudo em todos (1 Co 15:28).
Quão maravilhoso é ver que o ensino dessas festas se encaixa perfeitamente nas porções da Escritura do Novo Testamento. Deus, em Sua dispensação ao homem, fará com que Seu Filho, o Senhor Jesus, realize isso, “para a administração da plenitude dos tempos; de encabeçar todas as coisas em o Cristo, as coisas nos céus e as coisas sobre a Terra” (Ef 1:10 – JND).
D. C. Buchanan
As Festas de Jeová
Em Levítico 23 a Escritura traz diante de nós todo o esboço dos tratamentos de Deus com Seu povo na Terra. Veremos, no entanto, que, embora as festas tivessem uma aplicação primária a Israel, Deus também estava olhando adiante, muito além da condição existente de Seu antigo povo. As festas serviam ao propósito de reunir Israel em torno d’Ele mesmo, mas também antecipam aquilo que tem um caráter superior – o Cristianismo. Deus também remove o véu da era vindoura, quando Ele estabelecerá o reino em glória. Veremos o propósito de Deus em Cristo de reunir os Seus ao Seu redor, e seremos capazes de traçar Seus tratamentos, não apenas para a Terra, mas também para o céu. Deus já conquistou a vitória moralmente em Cristo, e logo Ele a provará diante de todos os olhos.
O sábado
O sábado é mencionado primeiro, introduzido de maneira peculiar. No início do capítulo, onde as festas são apresentadas de maneira geral, o sábado é nomeado em particular; em seguida, no versículo 4, há um novo começo que exclui o sábado. Por quê? Porque o sábado tem um caráter completamente peculiar em si mesmo. Todas as outras festas eram celebradas apenas uma vez por ano, porém o sábado era celebrado toda semana. Existe, portanto, uma linha distinta de demarcação, e, assim, o segundo começo é justificado. Mas o sábado ainda tem o caráter de uma festa, pois era de toda importância que seu duplo testemunho estivesse habitualmente diante do povo de Deus – o testemunho de Sua obra na criação e o testemunho do grande descanso de Deus o qual Seu povo desfrutará no final.
O restante da glória será introduzido após a vinda de Cristo, pois “Resta, então, um sabatismo [a observância do sábado] para o povo de Deus” (Hb 4:9 – JND). Está chegando o dia em que toda a criação se regozijará, quando os céus e a Terra e todos neles se unirão. Este será o descanso de Deus, e, quando ele chegar, o sábado será novamente o sinal distintivo de Deus, que Ele verá sendo observado e honrado por toda a Terra.
A páscoa
Aqui encontramos Deus estabelecendo o fundamento de todas as bênçãos. Deus interveio para libertar Seu povo da escravidão, mas, se Deus os liberta, Ele deve libertá-los com justiça. Naquela noite, Ele percorreu a terra para vingar o pecado, mas uma coisa detinha Sua mão, a saber, o sangue do cordeiro morto. Onde quer que este não estivesse nas ombreiras e na verga das portas, reinava a morte. Jeová declarou por esse sangue nas ombreiras das portas que apenas a morte de um substituto adequado poderia deter o julgamento.
O julgamento de Deus caindo sobre o Cordeiro explica o que é o pecado e o que ele exige. A aspersão do sangue nas portas corresponde à aplicação do sangue de Cristo pelo crente, por meio da fé, a si mesmo. O julgamento de Deus caiu sobre Seu Filho, porque Ele é Seu Cordeiro, que foi capaz de suportá-lo. O sangue do Cordeiro é o testemunho do julgamento de Deus, mas na mais rica graça, porque caiu sobre Seu Filho. Então 1 Coríntios 5:7 nos diz: “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”.
A festa dos pães asmos
A páscoa era seguida imediatamente pela festa dos pães asmos, sendo uma no décimo quarto e outra no décimo quinto do mesmo mês. Como a festa dos pães asmos no Novo Testamento é tratada como começando com a morte do cordeiro pascal, a resposta imediata do Cristão ao sangue de Cristo é andar em santidade. De agora em diante, Deus não o deixará reivindicar um único dia sequer para si mesmo. Imediatamente ele é chamado pela graça de Deus a reconhecer sua responsabilidade de tirar todo o fermento. Sabemos por 1 Coríntios 5:7 que o fermento é símbolo da corrupção. “Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Pelo que façamos festa”. Que festa? A dos pães asmos.
Isso difere da páscoa, pois um dia era guardado para a páscoa e sete dias para a festa dos pães asmos. Sete dias era um ciclo completo de tempo em conexão com o povo de Deus – um período completo para os homens na Terra. Celebrar a festa dos “pães asmos” é figura de se alimentar de Cristo em Sua pureza, pois o pão asmo era a comida deles durante todos os sete dias. Isso envolvia a manutenção da santidade pessoal. Nenhum fermento poderia ser encontrado na casa deles. Portanto, nosso andar e maneiras devem estar sob o senso de responsabilidade, como separados para o Senhor.
O fermento deveria ser banido tanto da casa quanto do indivíduo, e isso talvez fale de pureza eclesiástica. O Senhor nos chama para tomarmos cuidado em não permitir fermento em nenhum lugar. Deus quer que O agrademos em todos os relacionamentos, tanto no que é coletivo como também em nossa caminhada individual. Se a festa deveria começar no primeiro dia após a páscoa, ela deveria continuar pelos sete dias completos. Guardar esta festa é sempre nosso chamado enquanto estamos aqui.
O molho movido
O molho movido é apresentado como algo completamente separado da páscoa e da festa dos pães asmos que a acompanha. Mas, na verdade, o molho movido era movido no primeiro dia da semana que se seguia à páscoa. Assim, o Senhor foi crucificado na sexta-feira, permaneceu no túmulo no sábado ou último dia da semana, e ressuscitou no primeiro dia [ou domingo]. Ele ressuscitou dos mortos no mesmo dia em que o molho era movido diante de Jeová. O Ressuscitado havia deixado a sepultura e destruído o poder dela para os crentes, e assim a figura do molho movido inicia uma nova ordem de coisas, distinta de todas as anteriores.
No molho movido, temos prefigurado Cristo ressuscitado pelo poder de Deus e para a glória de Deus. É certo que isso é figura da ressurreição de Cristo, e somente a Sua, pois vemos que não havia oferta pelo pecado relacionada a ela. Aqui nós temos as duas grandes ofertas de cheiro suave: o holocausto e a oferta de manjares, ambas falando de Cristo em Sua perfeição.
Os pães movidos ou festa das semanas
Apenas esta festa é delimitada por sete sábados intercalados. É a festa das semanas, mas o número cinquenta deu o nome a esta festa, que é, portanto, chamada de pentecostes. O que, então, se cumpriu quando o dia de pentecostes chegou plenamente? O Pai cumpriu Sua promessa, no dom do Espírito Santo. Eles foram instruídos naquele dia a oferecer uma nova oferta de manjares, pois a Igreja era algo novo. Naquele dia, começou aqui embaixo algo tão novo que era inteiramente sem precedentes.
Em Levítico 23:17, lemos sobre dois pães movidos. Quando Deus fala de um testemunho, Seu modo regular é de pelo menos dois. Cristo ressuscitou, o molho movido, mas agora a assembleia, assim como os dois pães movidos, é dada como um testemunho do poder de Sua ressurreição. A companhia Cristã é testemunha da graça de Deus em Cristo ressuscitado dos mortos.
Além disso, os pães movidos deviam ser de flor de farinha assados com fermento. A flor de farinha fala da pureza de Cristo, porém o fermento fala do pecado. Aqui temos duas coisas aparentemente incompatíveis misturadas no que tipifica os Cristãos – flor de farinha e fermento. No entanto, a triste experiência concorda com isso, pois o crente tem duas naturezas. Não que exista a menor desculpa para se render ao pecado, mas o pecado está ali, exposto pelo fermento, não atuando, mas assado no pão.
A festa das semanas, portanto, é uma distinta figura da graça e dos caminhos de Deus com relação ao chamado Cristão. Aquilo que a festa simboliza foi cumprido naquele mesmo dia em que Deus enviou o Espírito Santo e começou a reunir Seus filhos dispersos em um.
A festa das trombetas
Aqui nos encontramos no sétimo mês – o último mês em que Jeová instituiu uma festa. Aqui, ele conclui o círculo de Seus caminhos na Terra e para com Israel. Deus está inaugurando um novo testemunho – um “memorial, com sonidos de trombetas” (ARA). A trombeta é claramente uma convocação de Deus em alta voz para as pessoas na Terra. Aqui não é apenas um toque de trombeta, mas um “memorial” com sonido de trombeta. É a convocação de Seu antigo povo na Terra. Milhares de anos se passaram desde que estiveram diante d'Ele como Seu povo, mas eles ainda retornarão à sua terra. Assim, Deus os desperta, e a festa das trombetas é Deus retomando Israel.
Podemos nos regozijar na futura reunião de Israel. A figueira é a sua figura, e “quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão” (Mt 24:32). Eles tiveram seu longo inverno, e logo o Sol da justiça surgirá com a cura em Suas asas para eles.
O dia da expiação
Em seguida, chegamos à mais solene de todas as festas, o grande dia da expiação. Nesse dia da expiação, Israel será submetido à propiciação de Cristo. No décimo dia do sétimo mês, Israel dirá justamente: Somos o povo mais culpado do mundo, pois desprezamos e matamos nosso Messias. “E afligireis a vossa alma, e oferecereis oferta queimada ao SENHOR” (Lv 23:27). José foi rejeitado por seus irmãos e exaltado ao lugar mais alto do Egito, e quando o verdadeiro José Se apresentar a Israel, certamente eles afligirão suas almas como os irmãos de José fizeram.
Mas isso não é tudo. No versículo 28, lemos: “E, naquele mesmo dia, nenhuma obra fareis, porque é o Dia da Expiação, para fazer expiação por vós perante o SENHOR, vosso Deus”. Israel, dentre todos os outros, vangloriava-se de suas obras, mas o dia da expiação excluirá tudo, exceto Cristo, de modo que a aversão deles a si mesmos será tão completa quanto o abandono de suas próprias obras.
Esses são os dois efeitos da graça: de um lado, a aflição da alma na confissão de seus pecados e, do outro, nenhuma mistura de algo de si com a obra de Cristo. Isso é repetido no versículo 32: “sábado de descanso vos será; então, afligireis a vossa alma”. As duas realidades morais, nenhuma obra do homem e verdadeira aflição da alma, marcam o dia da expiação de Israel.
A festa dos tabernáculos
Aqui vemos sete dias mencionados novamente. Assim como houve sete dias de sofrimento em graça, na festa dos pães asmos, agora há sete dias de glória. Esta será a festa dos tabernáculos para Israel na Terra. “Porém, aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido a novidade da terra, celebrareis a festa do SENHOR, por sete dias” (v. 39). Era quando eles tinham colhido a produção da terra, quando a colheita já havia passado e a vindima terminado. A colheita é aquele caráter de julgamento em que o Senhor discrimina o bom do mau, enquanto a vindima é o lugar em que Ele pisoteará implacavelmente a perversa religião. Ambas já terão passado quando a festa dos tabernáculos for celebrada, no dia milenar.
Aprendemos algo além no versículo 39: “Celebrareis a festa do SENHOR, por sete dias; ao dia primeiro, haverá descanso, e, ao dia oitavo, haverá descanso”. Haverá, então, um completo período de glória na Terra, assim como agora estamos passando por um completo período de graça. Mas a festa dos tabernáculos se distingue de todas as outras – ela tem um oitavo dia. Os sete dias representam a glória para a Terra, mas o oitavo dia abre a glória celestial e eterna! Ele tem um começo, mas nunca terá um fim! O oitavo dia é o elo com os lugares celestiais e faz alusão à glória superior da ressurreição, não a de Cristo agora, mas daqueles que são Seus reinando com Ele.
W. Kelly (adaptado)
A Festa e o Sábado
O sangue espargido nas ombreiras das casas dos israelitas no Egito não era para livrá-los da escravidão ou do poder de Faraó. Antes, mostrou a eles o que era necessário para protegê-los do julgamento de Deus, em seu relacionamento com Ele. Se eles entrassem em julgamento, não haveria esperança para eles tanto quanto não havia para os egípcios, pois todos eram pecadores, mas Deus disse: “Vendo Eu sangue, passarei por cima de vós”.
O sangue era a provisão de Deus para abrigá-los, fazendo “expiação pela alma”. Foi a Sua maneira ordenada de livrá-los do julgamento que caiu sobre os egípcios. Ele queria que eles sentissem nas profundezas de sua alma que sua libertação se devia inteiramente à Sua intervenção direta em favor deles.
A lembrança necessária
Para manter no coração deles a constante lembrança disso, Deus ordenou para eles uma festa solene, a ser realizada de ano em ano, no primeiro mês – a páscoa no décimo quarto dia –, seguida imediatamente pela festa dos pães asmos, que durava sete dias. O significado do pão asmo nos é dado em 1 Coríntios, e o consideraremos. Mas, por enquanto, vejamos outra característica desta festa, uma das três ocasiões especiais em que todos os homens em Israel foram ordenados a comparecer diante de Deus (Dt 16:16). Ela começava e terminava com uma “santa convocação”, ou reunião do povo, nos dias da qual foi ordenado que “nenhuma espécie de trabalho” (TB) deveria ser feita (Êx 12:16; Lv 23:5-8). Agora, o pensamento divino neste descanso surge mais claramente em conexão com o sábado instituído imediatamente após (Êx 16) e nos leva de volta à sua origem depois que o trabalho da criação foi concluído (compare Êxodo 20:8-11).
Descanso e comunhão
Deve haver descanso de coração para que a comunhão possa existir. Isso é verdade mesmo em circunstâncias e relacionamentos terrenais. Quanto mais, quando se trata de ter que dar conta a um Deus justo e santo e de se aproximar d'Ele! O Senhor diz: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt 11:28). Vamos, então, considerar o lugar que o “descanso” deveria ter nas ordenanças estabelecidas por Deus para Seu povo redimido e reunir as instruções contidas nesses dias de “santa convocação”, quando todo o povo devia se apresentar diante de Deus e quando toda obra servil era absolutamente proibida.
Descanso completo caracterizava aqueles dias. Sua importância moral é demonstrada logo após os filhos de Israel haverem deixado a terra do Egito. O povo murmurou contra Moisés, reclamando que ele os havia levado ao deserto para matar de fome toda a assembleia. “Então, disse o SENHOR a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá e colherá cada dia a porção para cada dia, para que Eu veja se anda em Minha lei ou não. E acontecerá, ao sexto dia, que prepararão o que colherem; e será o dobro do que colhem cada dia” (Êx 16:4-5). No sexto dia, o Senhor explicou-lhes essa dupla provisão, dizendo: “Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o; e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar ponde em guarda para vós até amanhã... Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele não haverá... Assim, repousou o povo no sétimo dia” (Êx 16:23, 26, 30). Descobrimos então que o “maná”, o alimento celestial com o qual Deus supria Seu povo para atender suas necessidades diárias era subordinado ao “descanso” que Ele ordenou para eles e que superava todas as outras considerações. O Senhor diz: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado” (Mc 2:27).
O lugar de proeminência do sábado
“Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis Meus sábados, porquanto isso é um sinal entre Mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que Eu sou o SENHOR, que vos santifica”. Ezequiel dá um pensamento semelhante: “E os tirei da terra do Egito e os levei ao deserto... E também lhes dei os Meus sábados, para que servissem de sinal entre Mim e eles, para que soubessem que Eu sou o SENHOR que os santifica” (Ez 20:10-12).
Isso nos mostra por que o sábado ocupou um lugar de proeminência nas instituições dos filhos de Israel e porque um dos dez mandamentos é especialmente dedicado à observância deste dia. Em outros lugares é adicionado: “Qualquer que no dia do sábado fizer obra, certamente morrerá” (Êx 31:15). O sábado era um sinal perpétuo entre Deus e os filhos de Israel, e o descanso deveria ser inviolável.
O sábado era a lembrança contínua da obra realizada pelo Criador, e nisto temos a explicação de seu caráter moral e de sua perfeição. Deus viu tudo o que havia criado, e tudo era muito bom. Ele terminou o seu trabalho e descansou no sétimo dia. O sábado de Deus é, portanto, a expressão de Sua completa satisfação com uma cena perfeita, onde não falta nada que possa acrescentar felicidade às criaturas a quem Ele concede o gozo de tudo isso em comunhão Consigo mesmo.
O pecado, porém, entrou no mundo, arruinou tudo e impediu o homem de desfrutar o descanso da criação. No entanto, o descanso permanece no pensamento e no propósito de Deus, pois Deus o estabeleceu, e chegará o dia em que o homem também o desfrutará com Ele. Deus nos mostrou, entretanto, pelos Seus caminhos com os filhos de Israel, que o único fundamento possível pelo qual o homem poderia entrar em Seu descanso em justiça e santidade é o da redenção realizada. A fé se apodera dessa verdade e desfruta de antemão o que será realizado em glória. A redenção e suas consequências, de acordo com os propósitos de Deus, devem ser mantidas constantemente diante da alma, e isso Deus fez por Israel, primeiro em conexão com a páscoa, e depois de maneira mais direta pela instituição do sábado.
O pão asmo
Mas não devemos esquecer o pão asmo, e 1 Coríntios 5 nos dá uma explicação completa dele. Está escrito: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós”. “Por isso celebremos a festa, não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade” (TB).
O “pão asmo” é então, antes de tudo, uma expressão do que os crentes são diante de Deus em virtude da obra de Cristo, cujo sangue purifica de todo pecado. É dito: “[Vós] estais sem fermento”. Essa é a posição divina do crente, o resultado da morte de Cristo, mas então a conduta deve corresponder em todos os aspectos a essa posição perfeita. “Por isso celebremos a festa... com os asmos da sinceridade e da verdade”, ou seja, andemos diante de Deus em santidade – de uma maneira digna d'Ele. Portanto, tudo o que não está de acordo com a verdade de Deus deve ser “tirado”, pois os israelitas, sob pena de morte, deveriam tirar todo o fermento de suas casas. Deus requer uma caminhada perfeitamente santa.
Santidade
Essa verdade está claramente estabelecida na história dos israelitas, pois a lei foi resumida da seguinte forma: “Santos sereis, porque Eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv 19:2). Essa passagem é citada e aplicada aos Cristãos – veja 1 Pedro 1:16. A fé aceita essa relação estabelecida com Deus, como vemos no cântico dos israelitas após sua libertação do Egito, do outro lado do Mar Vermelho. Eles dizem: “Ó SENHOR, quem é como Tu...?... Tu, com a Tua beneficência, guiaste este povo, que salvaste; com a Tua força o levaste à habitação da Tua santidade” (Êx 15:11, 13).
A salvação vem somente de Deus. Ele nos conduz, pela obra de Cristo, a um íntimo relacionamento com Ele mesmo, dando-nos livre acesso à Sua própria presença pelo sangue de Cristo. Por Seu amor, Ele remove todo medo, sendo esse amor tornado conhecido com base na justiça, e Ele nos dá uma boa consciência pela certeza de que todos os nossos pecados foram perdoados por causa do sacrifício que Cristo ofereceu. Cristo entrou no próprio céu, tendo obtido a “eterna redenção” para nós, e é lá que o crente desfrutará plena e eternamente aquele descanso sabático que resta para o povo de Deus (Hb 9:12; 4:9). Será uma cena de perfeição absoluta e perfeita felicidade, onde o próprio Deus estará satisfeito em todos os aspectos e levará Seu povo a participar de Seu próprio gozo em comunhão com Ele mesmo. Uma das operações do Espírito Santo é fazer com que entremos pela fé agora mesmo no desfrute dessas coisas, para que nosso coração transborde de gozo e que tenhamos força e coragem para andar em santidade com Deus.
W. J. Lowe, (adaptado)
A Nova Oferta de Manjares
O movimento do molho das primícias era um prelúdio para a festa das semanas; era o começo da colheita de Deus na terra da promessa. Ninguém poderia desfrutar de nenhum dos frutos da terra até que o molho e a oferta que o acompanhava fossem apresentados. É evidente nesta oferta que estamos totalmente em uma nova base. Na festa da páscoa, eles foram reunidos na base da redenção, que poderia ocorrer no deserto. Também o movimento dos levitas, como uma oferta movida diante do Senhor, feito por Arão para o serviço estava na mesma base (Nm 8:10-11). Mas, no movimento do molho, o homem é apresentado a Deus, não para servir em um santuário do mundo, mas de uma maneira totalmente nova, como uma oferta a Deus em ressurreição.
O molho foi movido no dia seguinte ao sábado, assim como “Cristo, as primícias” ressuscitou dos mortos na manhã seguinte ao sábado, o primeiro dia da semana. A convocação do dia de pentecostes deve, portanto, ser na base da ressurreição. Deus reunindo um povo em torno de Si no tempo presente é baseado nesta verdade maravilhosa. Cristo provou a morte para que pudesse nos levar, no poder da ressurreição, àquele maravilhoso lugar de proximidade e aceitação no qual Ele agora é como o Homem ressuscitado com Seu Deus e Pai. O sumo sacerdote, portanto, teve que mover “o molho perante o SENHOR, para que sejais aceitos” ou, mais corretamente, “para sua aceitação” (JND). Temos, portanto, um novo lugar de aceitação em ressurreição que nos foi tornado conhecido e, com base nisso, acontece a reunião do dia de pentecostes, pois os cinquenta dias eram contados a partir do movimento do molho. É dito que a nova oferta de manjares então apresentada é trazida “no dia das primícias” (Nm 28:26). Ela é chamada nova, porque nenhuma oferta de manjares antes havia sido apresentada a Deus. Uma oferta de manjares com fermento nunca havia sido oferecida antes. Os levitas foram de fato movidos diante do Senhor e foram dados a Arão e seus filhos para o serviço, mas isso não era na base da ressurreição, nem era exatamente a apresentação do homem a Deus; em vez disso/antes, era o serviço deles baseado na redenção. Mas agora que chegou o dia das primícias, o molho movido foi oferecido para nossa aceitação – o dia de pentecostes se cumpriu plenamente – esta nova base da reunião de Deus em torno de Si é revelado.
Os homens, tendo pecado neles, são mostrados como sendo aceitos na aceitação de Cristo pela descida do Espírito Santo sobre eles. Isso é semelhante ao momento em que o tabernáculo de tábuas e cortinas foi erguido, e a glória do Senhor o encheu e tomou posse dele. Agora, os homens reunidos na base da ressurreição são apossados e selados pelo Espírito Santo (At 2:24). Assim, Deus tem uma nova oferta de manjares para Si. Seu povo reunido em torno d'Ele é “como primícias das Suas criaturas” (Tg 1:18), de acordo com Seu próprio conselho. O pão assado com fermento são as “primícias ao Senhor”. Estas são primícias das Suas criaturas, os pães são as primícias produzidas em Sua terra.
O bendito Senhor, mesmo quando estava na Terra, era “o Filho do Homem, que está no céu”. Adão, o primeiro homem, é da Terra, feito do pó; o Segundo Homem é do céu. Mas agora, vemos além: “Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual O celestial, tais também os celestiais” (1 Co 15:48). Estas são primícias das Suas criaturas, embora haja fermento nelas; eles são do mesmo tipo do molho movido, são produtos de Sua terra.
T. Reynolds, (adaptado)
A Festa dos Tabernáculos
Em João 7 temos o Espírito Santo sendo enviado em consequência da exaltação de Cristo, pois o que caracteriza o Cristianismo é a ministração do Espírito; na festa das semanas, temos, em certo sentido, a vinda do Espírito Santo. O pentecostes veio como uma espécie de anexo à festa das primícias, só que nele havia fermento. Então, depois da colheita e depois da vindima, acontecia a festa dos tabernáculos, onde eles deveriam guardar não apenas sete dias, mas oito, o que traz à tona as coisas celestiais. Quando Cristo vier, os Judeus irão literalmente ter seu descanso, e eles celebrarão a graça que deu a eles toda essa bênção.
Os irmãos de Cristo, que não criam, queriam que Ele Se mostrasse. Ele diz: “Eu não posso fazer isso; Eu posso morrer, mas não posso Me mostrar ao mundo; Minha hora ainda não chegou; não posso celebrar a festa dos tabernáculos em nenhum sentido verdadeiro”. E, portanto, não existe, no presente momento, a celebração da festa dos tabernáculos; não há antítipo disso. Jesus diz: “Subi vós a esta festa; Eu não subo ainda a esta festa” (Jo 7:8); (Essa palavra “ainda” não deveria estar ali). Depois, Ele sobe como em oculto para ensinar o povo. Então, no oitavo dia, Ele diz (pois havia um oitavo dia), “Se alguém tem sede, que venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7:37-38). Isso traz o Espírito. Ele nos dá o Espírito agora, em vez da festa dos tabernáculos – uma corrente cheia e fluente. Esta é a nossa porção até que Ele venha.
O Espírito Santo
Então, em vista de tudo isso, qual é a minha responsabilidade? Minha responsabilidade agora é que devo representar Cristo. Ele me representa diante de Deus, e minha responsabilidade é representá-Lo diante do mundo, e é aí que vem o fracasso. Eu tenho que me perguntar: “Serei uma epístola de Cristo ou não, ao fazer isso?”
“Rios de água viva correrão do seu ventre” – das suas mais profundas afeições –, daquilo que um homem é no fundo do seu coração, como dizemos, fluirá correntes de refrigério para os outros; o pobre vaso está tão cheio que transborda. É algo que não podemos manifestar da forma como é no céu, é claro, mas que podemos manifestar da forma como o Espírito Santo traz para nós aqui, e então temos a festa dos tabernáculos. Quando o Senhor voltar, a festa dos tabernáculos terá literalmente chegado; haverá a colheita e a vindima, e então a bênção completa, mas, até que ela chegue, temos o Espírito Santo em seu lugar, e nosso lugar é o de esperar por Cristo. Somos convertidos para esperar do céu o Filho de Deus.
Até então, o que caracteriza o Cristão é que ele tem o Espírito Santo. Ele nos fez a habitação do Espírito; nosso corpo é o templo do Espírito Santo, de modo que tudo o que Deus é, em seu devido tempo, lugar e medida, flui de nós como correntes refrescantes em uma Terra seca e com sede onde não há água. É isso que é um Cristão, e que Deus nos ajude a andar de maneira fiel e humilde com Ele nisto para Sua glória.
J. N. Darby, Collected Writings, 34:351 (adaptado)
Antecipando a Festa dos Tabernáculos
Em Neemias e Esdras, encontramos a festa dos tabernáculos como uma antecipação da ressurreição nacional que está por vir. Esta mesma festa também foi esboçada, por assim dizer, com os ramos e as palmeiras quando Jesus entrou em Jerusalém quando as multidões O reconheceram como o Filho de Davi e como o Rei de Israel (Mt 21:8; Mc 11:8; Jo 12:12). Em Lucas 19, não encontramos palmeiras nem ramos; sem dúvida, os discípulos bendizem o Rei que veio em nome do Senhor, mas dizem: “Paz no céu” e não “paz na Terra” (Lc 2:14), e em Lucas vemos Jesus chorando sobre Jerusalém (Lc 19:41). A verdadeira festa dos tabernáculos, a festa final, não será celebrada até um tempo ainda futuro, de acordo com Zacarias 14:16, mas naquele momento essa festa será precedida pelo grande dia da expiação (Zc 12:10-14), que não encontramos em Esdras, nem em Neemias, nem nos evangelhos.
Em certo sentido, nós, que somos Cristãos, podemos celebrar a festa dos tabernáculos como sendo o gozo antecipado da glória, uma “mui grande alegria” (Ne 8:17), ou, como o apóstolo Pedro diz, “gozo inefável e glorioso” (1 Pe 1:8).
H. L. Rossier
O Oitavo Dia
Há algo de especial relacionado com a festa dos tabernáculos que não é encontrado em nenhuma outra festa; isto é, que, depois de a festa ter durado seus sete dias estipulados, um oitavo dia é mencionado. Isso traz diante de nós outro novo começo, e isso sem mencionar um fim. Podemos chamar o oitavo dia o dia da eternidade, ou um indício de que Deus então trará uma bênção nova e final.
P. Wilson, The Christian Truth
Compartilhando o Descanso de Deus
Descanso dos santos em glória,
A brilhante recompensa do trabalhador,
Quão constantes soam diante de mim,
"Para sempre com o Senhor";
Descanso, pelo trabalho árduo de Jesus,
Para os santos resta ali;
Um descanso infinito e precioso;
Um descanso do pecado e da dor.
Meu ansioso coração, agora aconchegado
No seio de amor de Jesus,
Muitas vezes me prenunciou,
Aquele descanso abençoado acima;
Mas, ó minha alma, lembre-se,
Ninguém se cansará lá;
Os resgatados sem número
O descanso abençoado de Deus compartilharão.
Seu rosto em glória radiante,
Com arrebatamento eles verão;
Suas feridas contarão a história,
Para aumentar o jubileu!
Os súditos da salvação
Sempre ali O louvarão;
Enquanto toda a nova criação
O descanso infinito de Deus compartilhará.
Hinário Little Flock – hino 30 do Apêndice
“Por isso celebremos a festa, não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade”
1 Coríntios 5:8 – TB
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