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Revista mensal publicada originalmente em fevereiro/2009 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
Adaptado de Girdle of Truth, 10:1
H. H. Snell
H. H. Snell, The Christian Friend, 1887
W. R., Christian Truth, 31:246
W. R., Christian Friend, 6:32
W. J. Prost
Autor desconhecido
A Vinda do Senhor
Quando pensamos na vinda do Senhor, qual é o primeiro pensamento que nos vem à mente? É “sobre mim” ou “sobre Ele”? Em outras palavras, pensamos imediatamente sobre o que Sua vinda significará para nós ou o que significará para Ele? Como alguém disse: “Se penso no arrebatamento dos santos, começo a pensar no que eu recebo, mas, quando penso na Aparição, começo a pensar no que Ele receberá”. O que é mais importante: o que nós receberemos ou o que Ele receberá? A resposta é fácil e óbvia. Que o Espírito, ao examinarmos os artigos desta edição, dê ênfase ao nosso coração sobre o que Sua vinda significará para Ele e para a glória de Deus. Mesmo quando pensamos no arrebatamento, quem terá mais regozijo, nós ou Ele? Seu coração está tão cheio de desejo por nossa felicidade que a expressão de Seu rosto quando nos encontrarmos face a face será de supremo gozo – um olhar que arrebatará nosso coração. E quando pensamos que Ele, a Quem amamos e que foi desprezado, lançado fora e crucificado, voltará em poder e glória, que estejamos entre aqueles que “amam a Sua Aparição” (JND).
Tema da edição
O Que Desejar Primeiro e Acima de Tudo
“Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-Te à Minha mão direita, até que ponha os Teus inimigos por escabelo dos Teus pés” (Sl 110:1).
As circunstâncias de rejeição em Mateus 22, que levaram o Senhor Jesus no final de Seu ministério a citar o Salmo 110:1, são uma indicação do curso que Ele estava prestes a seguir. Um entendimento correto dessas circunstâncias nas quais Ele assentou-Se nas alturas nos permite apreender o quanto é moralmente necessário que Sua vinda seja a constante e ansiosa expectativa de Seu povo aqui na Terra durante Sua ausência.
O Senhor Jesus é chamado a assentar-Se lá em cima, até que Seus inimigos sejam feitos escabelo de Seus pés, e lá Ele agora está esperando. O fato de Ele citar o Salmo 110 naquele momento específico mostra que Ele estava ciente de Sua rejeição.
Ele está assentado à direita do poder. Todo poder foi dado a Ele, no céu e na Terra. Ele é o Leão da tribo de Judá, a Semente prometida, o verdadeiro Filho de Davi. Mas, ao ser rejeitado, tendo os Judeus recusado as fiéis misericórdias de Davi, os tempos de refrigério, que deveriam vir com a presença do Senhor na Terra, são adiados. Ele Se assenta à direita de Deus, esperando até que Seus inimigos sejam feitos escabelo de Seus pés. Ele abdica Seu direito e governo por um tempo, mas isso faz com que Seu retorno necessariamente seja a primeira expectativa de Seu povo, como também o verdadeiro critério do estado do coração deles em relação a Ele.
Seu desejo
A Escritura nos fornece quatro razões pelas quais a vinda do Senhor deveria ser nossa principal expectativa. Primeiro, é o desejo do próprio Senhor vir. Não poderia haver maior incentivo ou motivo de expectativa ou desejo para o coração verdadeiro do que a simples certeza de que é o desejo do próprio Senhor vir. E porventura não é assim? Ele diz que vai embora até que Seus inimigos sejam postos por escabelo de Seus pés, assim indicando claramente que é por causa de Seus inimigos que Ele, por um tempo, está ausente, e que, portanto, é o tempo de Sua paciência, como João diz: “no Reino, e na paciência de Jesus Cristo”. Ele espera e é paciente até que chegue o tempo do Seu retorno, mas Seu coração está decidido quanto a isso. Ele diz: “E, se Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também” (Jo 14:3). Em Apocalipse 22, a resposta d’Ele, quando o Espírito e a Noiva dizem: “Vem”, é: “Certamente, cedo venho”.
Nosso bendito Senhor também declarou a eles a bênção que eles receberiam se fossem achados esperando por seu Senhor. Tal fidelidade de coração é tão grata a Ele que Ele pronuncia: “Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando”. Ele continua, revelando do Seu coração como Ele aprecia tal estado de alma: “Em verdade vos digo que Se cingirá, e os fará assentar à mesa, e, chegando-Se, os servirá”. Nenhuma atitude é tão agradável a Ele quanto vigiar e esperar por Seu retorno. Haverá manifestações ilimitadas de Sua satisfação, nas ricas porções de Seu amor, para aqueles engajados dessa maneira. Se Seu povo for fiel a Ele, eles devem ser aqueles que lamentam Sua ausência e cujo coração pede a eles que esperem por Ele do céu (1 Ts 1). É Seu próprio desejo voltar para nos receber para Si mesmo, e, portanto, certamente o coração que é fiel a Ele, que é próximo a Ele, deve responder a esse desejo do Seu coração, mantendo o desejo do Senhor de retornar como sua principal expectativa. A alma que está perto d’Ele absorve o propósito e o desejo d’Ele e sente a desolação aqui durante Sua ausência bem como o desgoverno de tudo, porque não é o dia de Seu poder.
Seus direitos
E isso nos leva à segunda razão pela qual a Sua vinda deve ser nossa principal expectativa, a saber, porque Seus direitos não serão estabelecidos até que Ele venha. Que alma justa ou que coração amoroso pode olhar a desordem e o desgoverno deste mundo agora nas mãos do homem, sob o deus deste mundo, sem ser oprimido com o sentimento de que seu legítimo Senhor não está aqui, que o Rei dos reis e o Senhor dos senhores não é reconhecido nem está governando. Sabemos que Ele é o legítimo Senhor, que Deus colocou todas as coisas debaixo de Seus pés, e ainda assim não vemos todas as coisas colocadas sob Ele (Hb 2:9). Sabemos que é o dia do homem e, portanto, não julgamos nada até que o Senhor venha, até o dia de Seu poder. Os justos sentem que Seu lugar é ocupado por outro. Portanto, o servo fiel está no reino e na paciência de Jesus Cristo. O lugar do crente agora é estar na ceia do Senhor, anunciando a morte do Senhor até que Ele venha.
Quanto mais sabemos de Seus direitos na Terra que são usurpados por outro, mais estaremos separados do mundo – o sistema que ainda O rejeita. Quanto mais conscientes estivermos disso, mais devemos, porque é justo, desejar que Aquele a Quem pertence o direito venha e reine. Ele não pode reinar até que venha. O poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo foram exibidos no monte santo. Aquele era o reino de Deus vindo com poder, revelado por um momento a alguns fiéis na Terra. Quão abençoado e quão maravilhoso! Um verdadeiro sentimento e senso de Seu direito de governar as coisas aqui me fará ansiar ardentemente pelo dia de Sua glória, quando Ele virá reinar. Não posso estar verdadeiramente em Seu reino e paciência sem um ardente anseio pelo tempo em que Ele irá tomar para Si Seu grande poder e reinar. Então, assim que o sétimo anjo soa, dizendo: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo”, há a resposta: “Graças Te damos, Senhor, Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o Teu grande poder e reinaste”.
O apóstolo (1 Tm 6:14-16) exorta Timóteo sobre a “Aparição de nosso Senhor Jesus Cristo”. Esse seria o seu incentivo para guardar o mandamento sem mácula e repreensão, porque Ele, no tempo oportuno, a manifestaria – Ele, o bendito e único Soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores (ARA). O coração necessariamente se voltava para o tempo em que Ele seria colocado em Seu verdadeiro lugar e no pleno exercício de Seu poder. Além disso, na segunda epístola, ele caracteriza os santos como amando a Sua Aparição. É o direito d’Ele reinar. Ele agora está esperando até Sua hora designada chegar. O estabelecimento de Seu direito também será nosso ganho, que é uma terceira razão pela qual devemos desejar Sua vinda.
Seu desejo, nosso ganho
Portanto, Pedro escreve, “cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1:13). Sua vinda, Sua exaltação, conferirá as maiores bênçãos aos santos. Primeiro, a ressurreição do corpo dos santos não ocorre até que Ele venha. “Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda” (1 Co 15:23). “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o Seu corpo glorioso, segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas” (Fp 3:20-21). Quando Cristo entrar no dia de Seu poder, a primeira demonstração de Seu poder será a ressurreição. No momento em que Ele deixar de esperar – quando Ele tomar para Si Seu grande poder, ou seja, antes de haver uma manifestação de Seu governo na Terra e antes de Sua Aparição –, a ressurreição acontecerá. A primeira ação de Seu poder será revestir o Seu corpo (a Igreja) e todos aqueles que sem nós não poderiam ser aperfeiçoados em corpos gloriosos como o Seu. O desejo d’Ele é que estejamos com Ele onde Ele está para que possamos contemplar Sua glória, e até que Ele apareça não podemos aparecer em glória. Quantos e quão abençoados são os motivos para nosso coração desejar a Sua vinda! Quão adequado é que tal variada bênção para nós esteja assim inseparavelmente conectada à Sua vinda. Nossa felicidade em qualquer bênção depende grandemente da felicidade daqueles que amamos, e certamente em nosso coração não poderíamos desejar alcançar bênção perfeita enquanto nosso Senhor ainda estivesse aguardando a consumação de Sua glória e posição. Esperamos a Sua vinda “até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração”. Sua vinda trará bênção perfeita para nós. Nós não O vemos até então; não somos como Ele até então. Quanto mais nosso coração estiver ocupado com Ele em Sua ausência, mais devemos desejar Sua vinda, quando todas essas variadas e maravilhosas bênçãos serão aperfeiçoadas para nós.
Nós não passaremos pelo tribunal de Cristo até que Ele venha, aquele momento maravilhoso em que tudo que fomos na presença de Sua longanimidade e graça contínua será trazido à tona e se destacará em contraste. Isso não poderá acontecer até que Ele venha. Não haverá recompensas ou esfera definida para nós em nossa relação com Ele até que Ele venha. E, se nosso coração é assim verdadeiro, se ficamos em algum grau impressionados com a força das razões acima para desejar a vinda do Senhor, a quarta e última razão seria apenas natural para nós, a saber, que nosso coração não consentiria em sugerir nenhuma outra coisa a Ele, a não ser vem.
A resposta natural
Por isso, “o Espírito e a noiva dizem: Vem!” (ARA) Não há nenhuma outra sugestão a oferecer; nenhuma outra ação de nosso Senhor poderia atender a necessidade do coração, a não ser a Sua vinda. O coração não pode sugerir nada, exceto “Vem”. Qualquer outra coisa implicaria haver algo que fosse de mais valor para nós do que a Sua vinda, ou fosse um substituto; nada mais é tão precioso ou tão valioso para nós. Sua vinda está tão conectada com o desejo de Seu próprio coração, com Seus direitos e com nossa grande e perfeita bênção que o Espírito que age por Ele aqui não pode dizer nada além de “Vem”. Da mesma forma, ela é o único desejo do coração da noiva. Se estamos no Espírito, dizemos: “Vem”, pois o desejo do Espírito Santo é pelo dia do Seu poder, e Sua vinda para a Igreja é o começo desse dia, a estrela da alva desse dia.
Para concluir, posso repetir que não fiz aqui nenhuma distinção entre Sua vinda e Sua Aparição, sendo meu objetivo expor a moral de ambas em vez dos detalhes. Meu desejo é envolver a alma dos santos com o desejo e o direito de seu Senhor como sendo primordiais, até mesmo para seu próprio ganho, por mais grandiosa e maravilhosa que a segunda seja. O coração que é fiel a Ele discernirá prontamente a diferença entre as ações anteriores e posteriores de Sua vinda – entre o momento em que Ele não mais espera, mas Se levanta do trono, e o pleno brilho e poder do dia em que Ele aparece e quando “todo olho O verá”.
Que Ele guarde nosso coração nessa simples lealdade e devoção a Ele, para não darmos a Ele nenhuma outra sugestão senão aquela que é a única adequada ao amor e à fidelidade de nosso coração: “Ora, vem, Senhor Jesus!” Amém!
Adaptado de Girdle of Truth, 10:1
A Bem-Aventurada Esperança do Cristão
“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o Qual Se deu a Si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2:13-14).
Oh, que palavra é essa: bem-aventurada. Será plenitude de gozo e prazer para todo o sempre. Você então nunca mais derramará outra lágrima. Você nunca mais terá outra tristeza. Você será tão ricamente e tão plenamente abençoado que nunca conhecerá o fim de suas bênçãos. Você nunca será capaz de calcular aquele peso eterno de glória, aquele gozo indizível, aquele descanso perfeito ou aquele incessante e ininterrupto deleite que você terá quando pela primeira vez contemplar a face de seu precioso Jesus e começar a entoar o hino eterno, “Digno é o Cordeiro que foi morto” (Ap 5:12).
Uma esperança que mexe com a alma
É também uma esperança que mexe com a alma. É uma verdade para as afeições. Considere a realidade do noivo e da noiva. Há algo capaz de mexer mais profundamente com as emoções de um coração verdadeiro? Pergunto: Que noiva fiel, amorosa e casta não ficaria encantada com a promessa de seu amado: “Logo virei para você”? O que moveria as afeições, o que despertaria os sentimentos mais profundos do coração, como o testemunho d’Ele mesmo de que “em breve virei para vós”? Novamente, em referência à pregação do evangelho, podemos conceber algo mais comovente? Há algo capaz de instar mais poderosamente o fiel Cristão a testemunhar da graça de Deus para pobres pecadores do que o conhecimento do fato de que o Mestre logo vem para os santos e que então os ímpios serão deixados para trás para julgamento? Também não consigo imaginar nada que nos constranja à real fidelidade ao Senhor e ao cuidado com Seus santos, Sua verdade e Sua glória como a voz do Mestre: “Eis que venho sem demora” (Ap 22:7 – ARA)!
Será que sabemos que essa esperança é tão comovente para a alma? Estamos vivendo e andando de tal modo a sermos por Ele achados em paz, sem mácula e sem culpa? Será que o Mestre, se viesse hoje, diria a você e a mim: “Muito bem, servo bom e fiel” (Mt 25:23 – ARA)?
Uma esperança que consola
Essa esperança é apresentada a nós na Escritura como uma esperança consoladora: “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4:18). Quantos filhos de Deus tiveram um pai querido, um filho querido, uma esposa querida ou um marido muito e afetuosamente amado que morreram no Senhor? O coração foi levado a sentir muita tristeza com a separação, mas o testemunho da Escritura é que o próprio Senhor descerá do céu, e então os mortos em Cristo ressuscitarão, e nós que permanecermos vivos seremos transformados, e então todos subiremos juntos nos ares para encontrá-Lo, e assim estaremos para sempre com o Senhor. “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.
E certamente aqueles que se foram antes estão esperando com paciência a vinda do Senhor. Não tenhamos pensamentos errados com relação àqueles que morreram no Senhor, pois, embora estejam ausentes do corpo e presentes com o Senhor, ainda assim seus corpos estão na sepultura. Que eles estão com o Senhor e desfrutam de plena felicidade e alegria tanto quanto são capazes, não resta dúvida, mas eles estão esperando a vinda do Senhor, quando conhecerão também a redenção de seu corpo e então serão capazes de receber e desfrutar a medida completa de suas bênçãos prometidas. Cristo está esperando para vir, e aqueles que dormiram n’Ele estão esperando o Senhor vir para que o corpo e o espírito deles possam ser unidos, e então todos nós nos encontraremos e para sempre seremos como o Senhor e estaremos com o Senhor.
Uma esperança que purifica
Ela é claramente apresentada a nós na Escritura como uma esperança purificadora. O apóstolo João diz que “qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro” (1 Jo 3:3). É impossível que possamos realmente estar esperando o Senhor retornar do céu e estar andando de maneira descuidada. Nosso grande adversário muitas vezes nos engana, ou enganamos a nós mesmos, colocando o conhecimento no lugar da fé e da esperança. Muitas pessoas têm um grande conhecimento da letra, mas isso é muito diferente do poder da verdade no coração. Portanto, é dito: “qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo”.
Se estamos esperando por Cristo, não podemos nos associar com o que sabemos que Ele desaprovará. Não podemos apoiar agora algo do qual nós sabemos que nos envergonharíamos então. Aqueles que ainda não pensaram na vinda do Senhor como uma grande verdade prática fariam bem em considerar essa Escritura. Ela é encontrada no terceiro capítulo da primeira epístola de João: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro”.
Tal crente vive nessa esperança como um homem separado para Deus. Não sabemos quando Ele vai vir, mas devemos aguardar e ter esperança por Ele. É possível que o Senhor Jesus Cristo venha hoje. Não digo que Ele virá; dizer isso não estaria de acordo com a Escritura. Mas eu digo que Ele pode vir, e, se estamos esperando por Ele, não podemos estar ocupados com o que sabemos que seria detestável aos Seus olhos. Podemos ser muito ignorantes, mas não podemos andar em desobediência e ao mesmo tempo dizer: “Vem, Senhor Jesus, vem depressa”. Por isso é que aquele que n’Ele tem essa esperança se purifica, assim como Ele é puro.
Uma esperança que alegra
Novamente, é uma esperança que alegra. O que pode dar a um Cristão tamanho gozo quanto a esperança de ver e estar com o próprio Cristo? Mas você diz: “Eu sustento a doutrina da vinda do Senhor, e não desfruto desse gozo”. É o que tenho dito. Conhecer o que a Escritura diz sobre a vinda do Senhor é uma coisa, mas crer que é a verdade de Deus para você como a esperança presente de sua alma é outra. Se você crê que é a verdade revelada de Deus que você foi liberto da ira vindoura, que seus pecados foram apagados, que seu velho homem foi morto na cruz, que você recebeu vida em um Cristo ressuscitado e que Ele depressa está vindo do céu para você – se ela for para você uma bem-aventurada esperança –, certamente ela é calculada de forma a encher o coração com o mais profundo e puro gozo. Se isso não traz regozijo ao coração, nada mais trará. Eu admito que o fundamento de todo gozo é a redenção consumada de Cristo, mas o supremo gozo é a esperança de vê-Lo. Nós iremos, por maravilhosa misericórdia, ter uma coroa e uma veste, mas o que são as vestes e a coroa comparadas com Ele? Elas não são Cristo, e é uma realidade preciosa que:
“Muito maior do que tudo ao redor,
Ele, Ele Mesmo, é teu.”
Quando Paulo pensou em seu serviço no evangelho, seu gozo era que o Senhor estava vindo. É dito em 1 Tessalonicenses 2: “Porque qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda?” Assim, Paulo, que foi perseguido, quase apedrejado até a morte, rejeitado, em pobreza e prisão, diz: Estou aguardando com regozijo a vinda do Senhor, pois então conhecerei e terei o gozo dos resultados de meus trabalhos no evangelho. Novamente, se por um momento considerarmos que mesmo agora, conhecendo-O pela fé, a Quem nunca vimos, nós O amamos e nos regozijamos n’Ele a tal ponto de nos regozijarmos com gozo indizível e cheio de glória, o que deve ser vê-Lo? O que deve ser ter Seu sorriso continuamente diante de nossos olhos? O que deve ser estar sempre na atmosfera de Seu imutável, pessoal e perfeito amor? O que deve ser ter o deleite de nosso coração sempre diante de nós? O que deve ser vê-Lo em toda a Sua glória?
Não acredito que exista algo de qualidade superior a isso, pois quaisquer que sejam as bênçãos que possamos ter diante de nós, a felicidade que possamos então conhecer ou o gozo que nos rodeie, ainda haveria algo faltando se não víssemos, ou não pudéssemos ver Jesus. Mas certamente nos satisfaremos da Sua semelhança quando acordarmos, contemplando Sua face, e, bendito seja o Seu nome, Ele também ficará satisfeito, pois “o trabalho da Sua alma Ele verá e ficará satisfeito” (Is 53:11).
H. H. Snell
Amando Sua Aparição
Precisamos de toda a Escritura. Toda ela foi dada para nosso proveito. Um de nossos perigos é nos ocuparmos com certas partes dos escritos sagrados enquanto negligenciamos outras. Isso ficou claro na aceitação da vinda de nosso Senhor para nós como nossa esperança sem nos exercitarmos quanto ao reinado e juízos do Senhor em Sua Aparição e reino. É essa última linha de coisas a que Pedro se refere quando diz: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça” (2 Pe 1:19). Sem dúvida, a luz da profecia não cumprida, quando recebida com fé, lança sua luz no caminho que estamos trilhando agora, e assim direção clara e muita bênção são concedidas àqueles que estão atentos a ela. O apóstolo Paulo, ao escrever para Tito, pelo Espírito, diz: “aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”. Aqui, a vinda do Senhor e Sua Aparição estão conectadas, como sendo ambas aguardadas – não apenas “a bem-aventurada esperança” da vinda de nosso Senhor para nos receber para Si, mas também o Seu “aparecimento” depois disso em manifesta glória e em Seu lugar de direito na Terra como “Herdeiro de todas as coisas” e “Senhor de todos”.
A inteligência dos eventos
Não é que muitos crentes não sejam inteligentes quanto aos eventos que se seguirão à vinda do Senhor para nós nem que não sejam capazes de distinguir claramente entre aquele feliz momento e o que vem em sequência, no qual seguimos o Senhor quando Ele deixa o céu, quando “todo o olho O verá”, mas nosso coração precisa estar em consciente empatia por nosso amoroso Senhor Jesus em Sua presente rejeição e estar, portanto, antecipando com gozo, em profunda comunhão com Ele próprio, aquela gloriosa Aparição, quando Ele terá Seu lugar de universal supremacia conferido a Ele por todos os seres inteligentes no céu, e na Terra, e debaixo da Terra.
O fato é que, enquanto alguns estão defendendo e corretamente batalhando pela verdade da “Igreja [ou assembleia] de Deus”, eles parecem ter deixado escapar a verdade do “reino de Deus”. Paulo foi definitivamente um ministro da Igreja, mas ele também nos diz que testificava sobre “o evangelho da graça de Deus” e pregava “o reino de Deus” (Cl 1:24-25; At 20:24-25). Tal era o lugar de proeminência que o reinado de Cristo e seus assuntos afins tinham no ministério público do apóstolo que, embora sua visita a Tessalônica provavelmente não tenha passado de três semanas, é-nos dito que ele sofreu perseguição por ter pregado “outro rei, Jesus”. E em sua segunda carta, quando ele se referiu ao “homem do pecado” e à destruição deste pelo Senhor “pelo esplendor da Sua vinda”, ele disse: “Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?” (2 Ts 2:5, 8).
Acreditamos ser um erro supor que aprenderemos a verdade profética para benefício da alma apenas agrupando eventos como se estivéssemos ligando uma série de fatos políticos. É fácil para uma mente ativa se ocupar dessa forma. Mas ter o coração e a consciência movidos de tal maneira com a “palavra profética” (ARA) divinamente dada, porque ela lança sua luz em nosso presente caminho, a ponto de produzir um andar e conduta que sejam adequados a ela é algo bem diferente. Por exemplo, é perfeitamente verdade que muito em breve será dito: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo”. Se então os interesses do Senhor são os nossos interesses e acreditamos que Ele ainda será manifestado como Senhor de todos, como podemos ter algum prazer com o entusiasmo político e com as lutas partidárias de hoje? Por que não esperar “até que venha Aquele a Quem pertence de direito” e que disse, ao Se aproximar da cruz, “Agora, é o juízo deste mundo”?
Verdades santificadoras
Essas verdades são eminentemente santificadoras. Como podem ser de outra forma? Supor, portanto, que realmente podemos sustentá-las como doutrinas divinamente dadas e continuar em associações mundanas e carnais é cometer a maior violência contra elas. Se realmente cremos que é possível que o Senhor venha nos buscar antes da meia-noite, será que poderíamos continuar hoje com algo que soubéssemos que seria desagradável a Ele? Não deveríamos escolher sofrer por causa d’Ele e fazer o que sabemos que condiz com Sua mente? Se estamos realmente esperando e vigiando pelo Seu retorno, poderíamos passar um dia sequer sem nos importarmos de uma maneira ou de outra com alguns dos membros do Seu corpo? E porventura cuidar de Sua casa não é uma das marcas especiais de um servo sábio e fiel (Mt 24:45)? Além disso, se cremos na Palavra de Deus de que o mundo jaz no maligno e está sob juízo, e que o Juiz logo vem em labareda de fogo para executá-lo e julgar os vivos e os mortos, como nosso coração pode não se alegrar com o pensamento de que o outrora humilhado Nazareno tem Seu lugar de direito nesta Terra como Rei dos reis e Senhor dos senhores?
Realmente amamos Sua Aparição?
Será que nosso coração arde dentro de nós com o pensamento de que dentro em pouco Ele será publicamente manifestado como “Senhor de todos”? Não temos dúvida de que o conforto da redenção realizada, a consciência de Seu presente ministério e cuidado por nós enquanto Ele está escondido na glória, bem como uma sincera empatia por Ele quanto à Sua presente rejeição, acompanharão amar a Sua Aparição. Quão estranho deve parecer às autoridades e poderes nos lugares celestiais, que conhecem pela Igreja a multiforme sabedoria de Deus, que sejamos tão pouco movidos e afetados pela perspectiva da Aparição e do reinado do Salvador! Mas, quando formos movidos no mais íntimo de nossa alma a estarmos de fato nos preparando para a Sua vinda, então a esperança será conhecida em brilho e poder, e, quanto mais ponderarmos sobre o que Ele nos disse sobre reinarmos com Ele, mais iremos perceber Sua presente rejeição e amar a Sua Aparição. “Pelo que também Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na Terra, e debaixo da Terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2:9-11).
H. H. Snell, The Christian Friend, 1887
O Gozo de Cristo na Igreja
“A Igreja terá seu gozo em Cristo, mas Cristo terá Seu maior gozo na Igreja. O pulso mais forte de alegria que deve bater pela eternidade será no seio do Senhor.”
“Eles se fartarão”
É um pensamento animador, e não menos animador do que feliz, que, por mais ricamente que sejamos abençoados como santos de Deus, Ele não esgotou Sua capacidade incomensurável de nos abençoar. E, porque Seu profundo deleite em nos abençoar é compatível com Seus recursos, assim como Seus recursos não podem ser diminuídos, Seu desejo também não pode ser prejudicado. A presente cena e caráter de bênção nunca poderão ser reproduzidos, é verdade, mas os campos inexplorados de bênção que estão à frente de nós são tão amplos quanto sua fertilidade é eterna. Se Ele nos dotou das insondáveis riquezas de Cristo e, no Mistério, nos enriqueceu com todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, ainda assim Ele reserva para Si infinidades de novas bênçãos para nós quando nos receber em Seu próprio descanso. Também nada contribui tanto para nos dar uma verdadeira apreensão (ainda que fraca) dos supremos regozijos que nos aguardam quanto o coração banhando-se em sua presente bem-aventurança, pois toda dose de apreciação pelo Espírito Santo da porção que agora temos em Cristo, e com Cristo, amplia nossa capacidade de apreender pela fé aquilo a que Ele ama nos conduzir em espírito: a bem-aventurança final em Sua própria presença.
Se olharmos os versículos finais da declaração do Senhor em João 17, vemos como Ele, pelo Espírito Santo, na noite de Sua traição, concedeu a Seus santos um dote, que nós, pelo Espírito Santo, deveríamos agora em espírito estar desfrutando, vendo quão sólido é nosso direito a ele em Sua própria Palavra. Quatro coisas são mencionadas:
Existe a glória dada a Ele pelo Pai, que Ele compartilha conosco (v. 22);
O amor do Pai é igualmente compartilhado conosco (v. 23);
Ele ainda compartilha conosco Seu próprio lugar na presença do Pai (v. 24);
O nome do Pai Ele compartilha, por assim dizer, também conosco (v. 26).
Assim, Sua herança do Pai é aqui descrita, e o título a ela é concedido a Seus santos. É a recompensa dada por Seu Pai por Sua obra impecável e Seu testemunho fiel na Terra, conquistada com árduos trabalhos, lágrimas e terrores, em angústia e em sangue. Ele consolou Seu próprio coração com ela no momento de incalculável dor, compartilhando com os homens que Seu Pai Lhe dera do mundo! Eles eram do Pai, e o Pai os havia dado a Ele, e como Ele poderia marcar Sua apreciação desse dom primordial mais definitivamente do que compartilhando com todos eles tudo mais que o Pai lhe havia dado? Assim, o infinito amor de Cristo pelos santos é a resposta adequada do Seu coração ao expresso deleite do Pai n’Ele.
Mas a Escritura fornece outras características de nossa bênção, as quais considero ser:
Estar à vontade em Sua presença;
Ter Sua semelhança em glória;
Participar da gordura da Sua casa e da corrente das Suas delícias;
Falar de Sua bondade e cantar Sua justiça;
Contemplar Sua glorificação.
Na Tua presença
No Salmo 16:11 lemos: “Tu me farás conhecer a vereda da vida; na Tua presença há plenitude de alegria; à Tua mão direita há delícias perpetuamente” (AIBB). Agora, por mais verdadeiras que fossem essas palavras de Cristo para Jeová, elas também são para Seus santos, e é Ele mesmo Quem abre esse caminho da vida, realmente apresentando, como Ele fará em breve, o poder de Sua ressurreição para aqueles que, nesse meio tempo, têm o privilégio de conhecer esse caminho por fé.
Quão agradável deve ser a atmosfera que Sua presença preenche em brilhante glória! Naquele momento supremo, provaremos, como nunca antes, aquilo de que o Espírito Santo fala como plenitude de alegria! E à Sua mão direita também é o nosso lugar de honra. Ele ama nos investir de uma dignidade condizente com Ele próprio quando nos tem ao Seu lado, e nos instala ali para que possamos nos fartar em Sua casa de banquetes sob o estandarte de Seu amor!
O supremo gozo
Acrescento apenas que em João 17 há um versículo que parece expor o supremo gozo dos santos. “Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam Comigo, para que vejam a Minha glória que Me deste; porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo”. Por mais maravilhosamente abençoado que seja compartilharmos a glória de Cristo, quão maior é aquilo que vemos aqui no tocante às qualidades morais dela! E o princípio pelo qual isso constituirá o ponto culminante de todos os nossos regozijos é visto em João 14:28. “Se Me amásseis, certamente, exultaríeis por ter dito: vou para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu”. Seu coração conta com isso, que nossa afeição por Ele seja tal que o maior deleite do céu para nós será a visão suprema de Sua glorificação. Ele é o Homem que é o Companheiro de Jeová, Deus sobre todos, bendito eternamente! Até chegar esse momento, Ele não verá o trabalho de Sua alma nem ficará satisfeito. Até chegar esse momento, Jeová não descansará em Seu amor.
W. R., Christian Truth, 31:246
Meu Senhor Tarda em Vir
Satanás sempre procura corromper o que ele não pode destruir, e a verdade sobre a vinda do Senhor como a bendita esperança do crente não é exceção a isso. Desde que o Senhor graciosamente reviveu essa verdade neste período de encerramento do dia da graça, ela dominou tão fortemente a alma de Seus santos por todos os lugares, como nunca foi visto antes desde os tempos apostólicos, nem desde aqueles dias foi ela antes tão largamente aceita como ela é agora. Não temos razão para pensar que, como uma doutrina da Escritura, ela cairá novamente no esquecimento como ocorreu nos tempos pós-apostólicos.
“Eis o Noivo”
No início, todas as virgens saíram ao encontro do Noivo (Mt 25:1), mas quão logo esse testemunho foi abandonado, e “tosquenejaram todas e adormeceram”. Quão silencioso estava o verdadeiro testemunho Cristão! Mas à meia-noite houve um clamor despertador: (1) “Eis o Noivo!” (2) “Saí ao Seu encontro!” (Mt 25:6 – ARA). Quão perfeitamente isso foi cumprido, e quão intimamente conectadas essas duas coisas estão – a Pessoa de Cristo e o encontro com Ele –, o coração saindo em direção a Ele como Aquele que está vindo! Agradecemos a Deus pelo fato de o poder do Espírito Santo ter acompanhado esse testemunho de tal maneira que os mais poderosos esforços de Satanás não terão sucesso em privar os Cristãos daquilo que Deus tão graciosamente restaurou para a Sua Igreja. Mas há o perigo de que a própria profundidade de nossas convicções sobre essa verdade possa fechar nossos olhos para a armadilha mais sutil a que estamos expostos, mesmo que estejamos biblicamente sãos na doutrina em si. A característica mais excelente que essa esperança possui, considerada no sentido prático, é sua iminência sem data ou, em outras palavras, sua proximidade indefinida, mas certa. Se Satanás, portanto, conseguisse remover esse aspecto peculiar, ele bem sabe que a anularia de tal maneira que, embora a casca da doutrina permanecesse em sua integridade estrutural para satisfazer seus adeptos, o núcleo seria abstraído. O valor intrínseco dela seria renunciado, já que deixaria de ser um poder sempre operante e uma “bem-aventurada esperança” diante da alma.
O atual perigo
Esse é o perigo peculiar dos dias atuais, e, prevendo isso, o Senhor forneceu uma parábola expressamente para alertar contra essa armadilha singular que o inimigo coloca para os Cristãos professos (Mateus 24:45-51). Outra Escritura alerta contra os escarnecedores dos últimos dias (2 Pedro 3), mas essa fase do assunto não está diante de nós agora. O laço especial de Satanás nesta hora pós-meia-noite é o da retenção da sã doutrina quanto ao advento e ao reinado pessoal de Cristo, juntamente com o mundanismo e coisas semelhantes que o Senhor expõe na figura do espancar os conservos e de comer e beber com os bêbados. Tal violência e devassidão, exercidas ou contidas, são as reais obras da carne e da permissividade em relação ao mundo, quando desenvolvidas e manifestas.
Gostaríamos, portanto, de deixar clara para nossa própria alma e para vocês a profunda importância de vigiarmos contra esse esmorecimento de coração quanto à volta do Senhor, que é a última armadilha de nosso astuto inimigo. Tendo já aguardado por Ele há tanto tempo, será que podemos dizer que estamos cada vez mais convencidos de que Ele está próximo? Estão tanto o desejo quanto a expectativa de Sua vinda crescendo a cada dia mais fortes dentro de nossa alma? Esse é o verdadeiro resultado e conclusão da fé.
Reascendendo ou esfriando nosso desejo
Uma de duas coisas deve ser verdade a nosso respeito. De um lado, se o desejo tão estimado de nosso coração ainda não foi gratificado, nós, portanto, nos apegamos mais tenazmente a ele, tendo o desejo reacendido novamente em nossas afeições a cada dia que passa e nossa expectativa diária se aproximando cada vez mais de uma certeza de que Ele está próximo. Do outro, podemos ter deixado nossa fé falhar, nossos desejos esfriarem e nossas expectativas vacilarem. Seria como se tivéssemos dito: “Esperamos por Ele todos esses anos, e Ele nunca veio, nem sabemos quando Ele virá”. Assim, a percepção disso como uma crescente “bem-aventurada esperança” escapou do coração. Não é de admirar que o pobre e infiel coração então se volte para o mundo, que ele sem perceber permitiu que o traísse e o fizesse cair em declínio, dizendo dentro de si: “O meu Senhor tarda em vir”, e consequentemente dando liberdade à carne e às suas obras.
Quão diferente é para a fé! Será que estão as cenas da Terra em seu momento mais sombrio, o pobre corpo colocado à beira da porta da morte e a vida se esvaindo rapidamente? Para nós, não há trevas que não possam ser dissipadas pelos raios penetrantes da “resplandecente Estrela da manhã” – não há espaço de tempo tão curto a ponto de impedir a Sua vinda, já que, se tão somente houver tempo para um piscar de olhos, há tempo para Ele vir. Para o gozo de Seu próprio coração, o primeiro ato de Sua vinda será produzir o pleno efeito dela sobre os corpos das incontáveis multidões de Seus santos no mesmo piscar de olhos! É igualmente o privilégio da fé ver a vinda do Senhor como a coisa mais brilhante em nosso horizonte, envolvendo nosso coração de maneira suprema e afirmando seu pleno lugar e poder, mesmo quando os favores divinos na Terra estão em sua mais reluzente exibição diante de nosso grato coração. Se não é assim conosco, podemos muito bem questionar nossa alma quanto a se a Pessoa de Cristo e a promessa de Sua vinda já assumiram seu lugar no coração como deveriam.
A mesa do Senhor e Sua vinda
A isso acrescentamos que não conhecemos nada que seja usado pelo Espírito Santo de forma mais poderosa e mais revigorante para reavivar essa preciosa esperança no coração dos santos do que a mesa do Senhor. A ceia do Senhor realmente possui a maravilhosa e única propriedade de convergir em um só foco Sua morte e Sua vinda, trazendo de volta Sua morte como “nosso único ontem” e antecipando Sua vinda como “nosso único amanhã”, a mesa sendo nosso único “hoje”, na qual nossa comunhão é com o Pai e o Filho, e uns com os outros “até que [Ele] venha” . Nosso ontem é um Cristo morto de Quem nos lembramos, nosso hoje é um Cristo glorificado a Quem estamos unidos, e nosso amanhã é um Cristo que está vindo por Quem ansiamos! Ele brilha sobre nós como a “resplandecente Estrela da manhã”, enquanto mantemos vigília durante a longa noite de Sua prolongada ausência.
Que o Espírito Santo mantenha fresca diante de nossa alma essa “bem-aventurada esperança”, e não permita que ela seja prejudicada por nenhuma das mutáveis cenas da Terra. Acima de tudo, que possamos ser preservados de, ainda que em um grau remoto, dizer em nosso coração com a leviandade e o mundanismo de Laodiceia: “Meu Senhor tarda em vir”. Não é na quantidade de serviço que prestamos, mas sim na medida do quanto de Cristo é apresentado, que o valor do nosso serviço é determinado, em um mundo onde não há nada de Deus.
W. R., Christian Friend, 6:32
Este Presente Século
Ao revisar as Escrituras sobre o caráter do crente neste mundo, não podemos deixar de ficar impressionados com o modo como a vinda do Senhor deveria permear todos os aspectos de nossa vida. No Novo Testamento, vemos a vinda do Senhor mencionada em todas as epístolas de Paulo, exceto Gálatas e Efésios (Em Gálatas, ela não é mencionada porque eles adotaram ensinamentos que minavam um dos princípios básicos do Cristianismo, enquanto em Efésios eles já eram vistos como ressuscitados e assentados em lugares celestiais em Cristo.) Da mesma forma, João, Pedro, Tiago e Judas, todos eles mencionam a vinda do Senhor em conexão com a linha particular da verdade trazida por cada um.
A grandeza do mundo romano
Quando as epístolas foram escritas, o mundo estava testemunhando o maior e possivelmente o mais poderoso império que o mundo já havia visto. Roma estava no auge, e o direito romano, as realizações culturais, o poder militar e a administração eram emblemas do mundo civilizado. No entanto, quase nada é dito na Escritura sobre tudo isso, exceto de passagem, quando ela se refere à verdade moral e espiritual sendo transmitida. Paulo (e outros) não se detém nas realizações do Império Romano ou em sua grandeza. Em todas as suas viagens, não o vemos comentando sobre feitos de engenharia (como estradas, aquedutos ou monumentos), campanhas militares, realizações culturais ou qualquer outra coisa que apelasse para a mente natural. Em vez disso, ele observou que “Demas me desamparou, amando o presente século” (2 Tm 4:10). Evidentemente, as glórias do mundo romano eram mais atrativas para Demas do que a companhia de um homem que era prisioneiro por causa do nome de Cristo.
O império britânico
Cerca de 150 anos atrás, quando Deus estava graciosamente restaurando para nós a verdade da Igreja e também a verdade da vinda do Senhor como a apropriada esperança dos crentes, o mundo estava testemunhando a Grã-Bretanha no auge de seus poderes. Seu império era grande o suficiente para instigar que se vangloriassem: “O Sol nunca se põe no império britânico”. Seu poder militar, especialmente sua marinha, deu a ela o papel de polícia do mundo, de modo que o período de 1815 a 1914 costuma ser chamado de a “Pax Britannica” (Paz Britânica). Ainda assim, mais uma vez, vemos que aqueles que o Senhor usou para recuperar a verdade fizeram quase nenhuma alusão a conquistas científicas, política, poder militar ou às várias guerras que foram travadas. Ao invés disso, seus sermões e escritos estavam centrados no tema de que “está próximo o fim de todas as coisas” (1 Pe 4:7).
A política atual
Grande parte desta edição da revista “O Cristão” foi elaborada durante as últimas semanas da campanha que culminou nas eleições dos EUA em 4 de novembro de 2008. Em 14 de outubro, o Canadá realizou uma eleição geral, e, em 7 de novembro, a Nova Zelândia também realizou uma eleição federal. Os sentimentos estavam exaltados entre muitos, visto que os liberais estavam enfrentando os conservadores nos três países, e os crentes também acabaram envolvidos nisso. Tudo isso fala a nós como Cristãos que são, de acordo com Hebreus 3:1, “participantes da vocação celestial”. Se a vinda do Senhor não estiver diante de nós como uma esperança presente, é fácil ser levado pelos sentimentos nacionais e pelo patriotismo que vêm de forma tão natural ao coração humano. Em vez de ver a sentença de morte sobre tudo o que existe neste mundo, vemos nosso coração se aborrecendo se Deus permite que seja eleito um governo que não tenha sido nossa escolha.
Oração pelas autoridades
É bastante correto orar pelas autoridades que há e pedir que o povo de Deus seja capaz de levar “uma vida quieta e sossegada”, mas, além disso, devemos lembrar que, assim como Cristo está oculto no momento, a Igreja também está. Nossas esperanças são celestiais, e todos os movimentos do homem no governo, sejam por crentes ou não, no fim só irão cumprir os propósitos de Deus. Podemos agradecer a Deus por aqueles no governo que procuram governar no temor de Deus, mas devemos lembrar que eles estão governando um sistema mundial que em breve terminará no juízo de Deus. Se vivemos em terras onde há liberdade, podemos ser muito gratos pelos privilégios que nos são concedidos, mas lembremos que os juízos mais severos no final irão cair sobre aqueles que desfrutaram de maior luz.
Nosso envolvimento
Deus nos disse que “os homens maus e enganadores irão de mal para pior” (2 Tm 3:13), e os crentes que se envolvem nos assuntos deste mundo descobrirão que seus esforços serão continuamente frustrados. Nossa parte é “resplandeceis como astros no mundo” (Fp 2:15), na expectativa de que o Senhor nos leve para casa a qualquer momento. Em vez de sermos como Demas, que amou este presente século, devemos viver “neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2:12-13). Não permitamos que nada ofusque essa esperança ou estrague nosso adequado testemunho ao mundo! Que mantenhamos a verdade da vinda do Senhor não apenas como uma doutrina, mas como uma nova e viva esperança que se mostra claramente em nossa vida.
[DC1]Só encontrei esse trecho na referência original (The Christian Friend - My Lord delayeth His coming)Não sei por que foi incluído na tradução, mas acho que faz sentido, pois fica mais coerente com o subtítulo do artigo
W. J. Prost
Noiva do Cordeiro, Desperta!
Noiva do Cordeiro! Desperta, desperta!
Por que dormir de tristeza agora?
A esperança da glória, Cristo, é Tua,
Tu, um filho da glória.
Teu espírito durante a noite solitária,
Apartado do gozo terrenal
Suspirava por Um que está longe,
O Noivo do teu coração.
Mas veja, a noite está se esvaindo rápido,
A manhã se aproxima,
E Jesus vem com voz de amor,
Teu abatido coração alegrar.
Ele vem, pois, oh, Seu coração anseia
E não mais pode suportar delonga,
Para cenas de plena e pura alegria
Para chamar a Sua noiva.
Esta Terra, cena de toda a Sua aflição,
Um deserto sem lar para ti,
Em breve em Seu trono celestial,
Seu legítimo Rei verá.
Tu também reinarás; Ele não usará
Sua coroa de gozo sozinho,
E a Terra verá Sua noiva real
Ao lado d’Ele no trono.
Então não chores mais; é tudo teu:
Sua coroa, Seu gozo divino,
E muito mais doce do que tudo ao redor,
Ele, Ele mesmo, é teu.
Autor desconhecido
Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro”
1 João 3:2-3
A vinda de Jesus é a nossa esperança
Que assunto maravilhoso!