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A Escritura Sagrada (Setembro de 2006)

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Revista mensal publicada originalmente em setembro/2006 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          Adaptado de The Christian Friend, Vol. 19, pág. 113

          W. J. Prost

          W. W. Fereday (adaptado)

          J. N. Darby, adaptado de Introductory Material do the Synopsis

          C. H. Mackintosh (adaptado)

          Autor desconhecido

 

A Escritura Sagrada


Deus falou conosco – que fato tremendo! Ele falou por meio da natureza, por meio dos homens e por meio dos anjos. O mais importante de tudo é que Ele nos falou na Pessoa do Filho, o Verbo que Se fez carne. E, pelo Espírito Santo, Ele nos deu um livro sagrado e perfeito, a Escritura Sagrada, que comumente chamamos de Bíblia. Cada palavra dela vem do próprio Deus.

Os livros dos homens registram seus pensamentos, seus sentimentos e os conhecimentos que adquiriram. Em contraste, o livro de Deus é vivo e poderoso. É a semente incorruptível a qual pelo Espírito Santo, dá e sustenta a vida. É alimento para a alma, como o pão é o alimento para o corpo, pois o homem não vive só de pão.

Os livros dos homens podem ser, e de fato são, julgados pelos homens, mas o livro de Deus julga o homem e ele não deve ser julgado por ninguém. Sua palavra é sempre a última. Ela revela muitas coisas para o homem, sobre ele mesmo, sobre o mundo em que ele vive e sobre o próprio Deus a Quem ele nunca poderia conhecer a menos que Deus, seu Criador, lhe dissesse.

É um livro que nenhum homem pode dominar. As mentes mais elevadas são as mentes mais sombrias e sem entendimento, o qual só pode ser dado a elas pelo Espírito. No entanto, para o coração e a mente submissos, é uma luz, gozo e comunicação supremos vindos do coração e da mente de Deus diretamente para o coração e mente de Sua criatura. Bendito seja Deus por Seu dom – a Escritura Sagrada.


Tema da edição

 

A Escritura Sagrada – Alimento para a Alma

 

Existem três maneiras principais em que é possível ler a Palavra de Deus. Podemos lê-la por um senso de dever, ou podemos recorrer a ela para termos ajuda, apoio ou orientação, bem como pode ser lida em razão de deleite n'Ele, que é a Palavra, e de Quem os preciosos tesouros de graça e bênção ela revela. Para alguns, esses três métodos marcam diferentes estágios da vida espiritual. Eles podem começar lendo a partir de um senso de obrigação, depois, no devido tempo ler para obter ajuda e ensino, e finalmente ler porque percebem que as palavras de Deus “mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos” (Sl 19:10). Este último método, como muitos descobriram, é o único modo verdadeiro de estudar a Bíblia, pois a alma que assim pondera sobre a revelação que Deus Se agradou de fazer de Si mesmo, está em comunhão com a Sua própria mente e no poder do Espírito Santo.

Existe a possibilidade, no entanto, de retroceder deste ponto depois de o termos alcançado. Perder o ânimo pela Palavra de Deus é um sinal claro de um mau estado de alma. Isso às vezes é encoberto pelo hábito pernicioso de tentar se alimentar da verdade descoberta e apreciada nos anos anteriores. Parece não haver nada mais humilhante ou endurecedor do que o hábito de reproduzir repetidas vezes as coisas preciosas reunidas e entesouradas por meio de exercícios e estudos passados. Falar muito das bênçãos passadas é, muitas vezes, confessar que não temos nada a dizer sobre o atual o poder e atividade de Deus. Se for para sermos canais de bênção, o que é comunicado deve ser novo. Aquele que está na presente atividade de fé no Cristo ressuscitado e glorificado e está sempre extraindo da fonte inesgotável é aquele que se torna o canal dos rios de água viva (Jo 7:38).


A Pessoa na Palavra

O que nos ajudará a ler a Escritura com prazer? Acima de tudo, procuremos nos assentar aos pés de Jesus, como Maria, e ouvir à medida que lemos a Sua Palavra. A Palavra de fato nunca deve ser separada da Pessoa d'Aquele que fala. Quando os Judeus perguntaram ao nosso bendito Senhor: "Quem és Tu?" Ele respondeu: “Tudo o que Eu também disse a vós” (Jo 8:25 – JND). Com isto Ele quis dizer que o que Ele disse e ensinou O expressou perfeitamente e continha a revelação daquilo que Ele era. Lembrarmos disso quando estamos lendo Suas Palavras, nós não apenas ouviremos Ele falar conosco, mas por meio do que Ele fala Ele Se revela a Si mesmo para nossa alma. Nada nos mantém em dependência, enquanto lemos, como a percepção de estar na presença de Deus com o objetivo de receber comunicações divinas. Isto também é de primordial importância.


A leitura regular e a sistemática

Além disso, ajuda muito se lermos a Escritura de maneira regular e sistematicamente. Quanto mais a lemos, mais desejamos lê-la. Se não permitirmos  nada interferir neste momento separado para este propósito, a leitura logo se tornará uma necessidade tão grande quanto a nossa alimentação diária. Um bem conhecido servo do Senhor fez questão de nunca ler menos de dois capítulos pela manhã, sendo a primeira coisa que fazia. Observando seu hábito, ele disse: "Você pode me chamar de legalista, mas não posso ficar sem meus dois capítulos!" Muitos descobriram, por outro lado, que, quando deixaram suas leituras para outras oportunidades favoráveis, logo descobriram como havia pouco tempo à sua disposição. Até mesmo nosso bendito Senhor, falando por meio do profeta, diz: “O Senhor JEOVÁ Me deu uma língua erudita, para que Eu saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-Me todas as manhãs, desperta-Me o ouvido para que ouça como aqueles que aprendem" (Is 50:4). Seu ouvido foi aberto para ouvir todas as manhãs o que Jeová poderia Lhe comunicar, e nesta atitude abençoada de aprendizado e dependência Ele é nosso exemplo.


Dependência e aprendizagem

Essas duas coisas – dependência e aprendizagem – estão sempre conectadas. Isso é exemplificado na ação do nosso bendito Senhor para com Seus discípulos após a Sua ressurreição. Depois de lembrá-los que todas as coisas que foram escritas na lei de Moisés e nos profetas e nos Salmos sobre Si mesmo deveriam ser cumpridas, Ele abriu o entendimento deles para que eles pudessem entender a Escritura (Lc 24:44-45). Mais tarde, Ele abriu o coração de Lídia para se atentar para as coisas que foram ditas por Paulo (At 16:14). Quer seja, portanto, por capacidade de entendimento ou por capacidade de recepção, somos inteiramente dependentes d'Ele. É na proporção da nossa dependência d'Ele que Ele age em nós pelo Espírito Santo para nos capacitar a entender “o que d’Ele se achava em todas as Escrituras” (Veja também João 16:13-15).


Vendo o propósito de Deus

Finalmente, devemos perceber que o próprio Cristo é a chave para toda a Bíblia. Ele é o objeto de todos os propósitos de Deus, seja em relação ao povo terrenal ou ao celestial. Ele é, além disso, o centro de todos os caminhos de Deus. É em torno d'Ele que todos os fatos da revelação apontam, e para Ele todos os tipos e profecias olham. Na administração da plenitude dos tempos, é o prazer e propósito soberano de Deus encabeçar todas as coisas no Cristo, tanto as que estão no céu como as que estão na Terra. Se Cristo e Sua glória não estiverem diante da alma em nossos estudos da Escritura, não nos beneficiaremos porque não estaremos em comunhão com a mente de Deus. Deixe Cristo de fora, e a Bíblia se torna uma letra morta, provocando críticas e controvérsias a cada passo; traga Cristo, e o Livro será infundido com vida e poder, uma unidade viva, porque revela uma Pessoa viva, e o leitor é preenchido de adoração e louvor.

Adaptado de The Christian Friend, Vol. 19, pág. 113

 

A Escritura Sagrada – Sua Origem e Preservação


A maioria de nós não se detém a pensar na enorme quantidade de preservação e traduções que foi necessária para a Bíblia se tornar tal como a conhecemos hoje. Às vezes, no passado, ela era deliberadamente destruída e, em outras ocasiões, guardada em rolos de papiro e em manuscritos belamente ilustrados. Pessoas foram queimadas por possuírem uma Bíblia, mas hoje ela foi traduzida para mais idiomas do que qualquer outro livro e está disponível para a maioria (mas ainda não todos) que desejarem uma. Como é que isso aconteceu? A história da Bíblia é um estudo fascinante, e aquela que você tem na mão é realmente um milagre – um presente de Deus.


Sua inspiração divina

Aqui temos um livro que se atribui de inspiração divina vinda de Deus e é endereçado com toda a autoridade de Deus para o homem. Porque vem de um Deus infinito, ela trata e comunica a verdade que também é infinita. No entanto, é dirigida ao homem que é finito em seus pensamentos e está escrita com palavras que, na medida em que são linguagem humana, podem ser lidas pelo homem. Embora ele possa ler as palavras e as entender, a verdade revelada na Bíblia está, em última instância, além do aprendizado e do entendimento do homem, pois o leva a áreas onde ele é totalmente dependente da revelação divina. No entanto, na dependência de Deus, o homem pode desfrutar e viver no bem do que é revelado em Sua Palavra. Mais do que isso, embora a Bíblia se atribua de inspiração divina, ainda assim o toque humano ainda está lá. Não apenas as personalidades dos escritores, mas também o caráter e as personalidades daqueles sobre quem eles escreveram são retratados vividamente para nós. Cada escritor tem seu próprio estilo, e alguns livros são históricos, outros poéticos, enquanto outros ainda profetizam sobre o futuro. No entanto, todos estão juntos e fluem juntos em perfeita harmonia. Não há explicação para tudo isso, exceto que ela é o que afirma ser: a Palavra de Deus!


Os primeiros cinco livros 

Antes de Moisés e do êxodo de Israel do Egito, não parece que havia alguma Palavra escrita de Deus. Sem dúvida houve comunicações orais de Deus, e estas foram provavelmente transmitidas por meio de várias gerações. Então Deus deu a Moisés a inspiração para escrever os cinco primeiros livros da Bíblia, frequentemente chamados de o Pentateuco. Outros escritores se seguiram, provavelmente quase quarenta deles, até que João escreveu o Apocalipse em aproximadamente 97 d.C. E assim, a escrita da Bíblia do ponto de vista humano levou cerca de 1.600 anos.


Os idiomas originais e as traduções

O Velho Testamento foi originalmente escrito em hebraico, uma língua antiga que provavelmente se originou na terra de Canaã. Esta língua foi falada pela nação de Israel até o tempo do cativeiro babilônico, quando a língua mudou se misturando com as línguas da Mesopotâmia, como Caldeu e Sírio. Esta linguagem modificada foi chamada de aramaico. Quando eles voltaram do cativeiro, os Judeus continuaram a usar essa linguagem, e ela era comum quando nosso Senhor esteve na Terra. No entanto, naquela época, o grego era a língua comum em muitas partes do mundo romano, e se tornou mais e mais usada com o passar do tempo. Assim, quando o Novo Testamento veio a ser escrito, foi escrito em grego, uma língua em que seria mais lida e entendida. Por esta altura, também, o Velho Testamento tinha sido traduzido para o grego (cerca de 280 a.C). Essa tradução foi chamada de Septuaginta, assim chamada porque o trabalho supostamente foi feito por setenta eruditos. Ela foi muito usada durante o tempo de nosso Senhor, e parece que tanto Ele como os apóstolos a citavam livremente quando se referiam ao Velho Testamento. Contudo, os Judeus também continuaram a falar aramaico, especialmente aqueles que ainda viviam na terra de Israel, e os rabinos frequentemente liam o Velho Testamento em hebraico puro em suas sinagogas. Em tais casos, um intérprete estava disponível para traduzir para aqueles que conheciam apenas o aramaico.

Desde que o cânon da Escritura foi concluído, muitas traduções foram feitas – algumas boas e algumas bastante defeituosas. Por ser a Palavra de Deus, a precisão na tradução é importante, e agradecemos aqueles que, na dependência de Deus, procuraram fazer traduções que fornecessem a redação original da forma mais exata possível. Podemos ser gratos, no entanto, por cada tentativa de tornar a Palavra de Deus disponível para as pessoas em sua própria língua. Ainda mesmo traduções menos precisas (como as de Martinho Lutero, por exemplo) têm sido usadas por Deus com muitas bênçãos para as almas.


O cânon completo da Escritura

Muitas vezes a questão foi levantada: “Como sabemos que temos o cânone exato da Escritura? Como sabemos que os livros reunidos formam a Palavra de Deus e estão completos? Como o trabalho foi feito por homens, não é possível que algum livro tenha sido inadvertidamente deixado de fora, ou possivelmente um outro foi incluído que não pertence a ele?”

Alguns dos livros, particularmente o Pentateuco, foram considerados por Israel desde o princípio como as próprias declarações de Jeová, e eles foram tratados como tais. Livros inspirados posteriores nem sempre foram reconhecidos de imediato por seu verdadeiro caráter, mas com o passar do tempo, eles acabaram se mostrando vindos de Deus. Da mesma forma, aqueles que não foram inspirados foram identificados como tal e excluídos da Palavra de Deus. Neste contexto, Martinho Lutero fez uma declaração sábia quando disse: “A igreja não pode dar mais força ou autoridade a um livro do que ele tem em si mesmo. Um Concílio não pode fazer com que ele seja uma Escritura que, em sua própria natureza, não é Escritura”. Sem dúvida, ele estava se referindo a um concílio da igreja católica romana, talvez o concílio de Trento, que se encarregou de decidir que os livros não inspirados dos Apócrifos deveriam ser incluídos no cânon da Escritura. Mas desde o início a inspiração ou não de vários escritos sempre foi decidida pelo seu testemunho interior e pelo valor intrínseco dos próprios escritos. Porque os escritos foram considerados “vivos e operantes” (Hb 4:12 – JND), eles foram reconhecidos como a Palavra do Senhor. Outros livros, mesmo aqueles escritos por escritores que foram usados por Deus para escrever alguns dos escritos inspirados, foram deixados de fora, tendo servido ao seu propósito. Até a própria Escritura se refere a alguns desses escritos, tais como “o livro de Natã, o profeta” (1 Cr 29:29 – JND) e a epístola “de Laodicéia” (Cl 4:16). Tais escritos há muito foram perdidos, mas aqueles dados por inspiração durarão para sempre.


Os diversos livros apócrifos

Nos últimos anos tem havido um grande interesse em certos escritos supostamente inspirados. Em 1945, um arquivo de 57 escritos Cristãos foi descoberto no Egito central. Entre eles, um chamado "Evangelho de Tomé", um "Evangelho de Maria" e um "Evangelho de Judas". Há outros livros adicionais (como o “Evangelho para os nazarenos”) que os pais da igreja citaram ocasionalmente, mas que não estão incluídos no cânon da Escritura. Aqueles que querem desacreditar a Palavra de Deus têm dado muita importância a esses escritos. De fato, é bem possível que Dan Brown tenha sido motivado a escrever seu blasfemo romance – O Código Da Vinci, lendo este material encontrado no Egito, pois algumas de suas afirmações são encontradas em pelo menos dois desses livros apócrifos.

Vários aspectos desses escritos provam conclusivamente que eles não foram inspirados. Primeiro de tudo, os nomes que foram dados a eles são enganosos. Por exemplo, mesmo os estudiosos mais liberais admitem que o chamado "Evangelho de Judas" não tem nada a ver com Judas e não foi escrito por ele. Em segundo lugar, a sua datação é muito especulativa e o momento em que foram escritos são apenas uma conjectura. É improvável que eles tenham sido escritos antes do segundo século d.C. Terceiro e, o mais importante, seu ensino é muitas vezes blasfemo e diverge da verdade dada nos livros conhecidos como sendo a Palavra de Deus. Isso explica por que eles foram originalmente excluídos da Escritura. Por exemplo, muitos deles negam a perfeita Divindade e Humanidade do Senhor Jesus, e negam que a obra de Cristo seja necessária para a salvação.


Seja grato

Sejamos gratos pela Palavra de Deus que mantemos em nossas mãos e que Deus preservou para nós. Certamente, Aquele que inspirou os homens a escrevê-la foi capaz de garantir que ela fosse preservada para nós, mesmo em meio às impurezas da falta de cuidado e fraqueza humana que ocasionalmente entravam em seu texto durante sua jornada através dos tempos. Várias vezes na Palavra de Deus encontramos um aviso sobre acrescentar algo a ela, e somos avisados sobre remover algo dela. Tais avisos não estariam lá se não houvesse perigo de tais coisas, mas Deus bem sabia como o coração do homem procuraria minar Sua revelação divina. Que tenhamos fé em Deus e na Sua Palavra e resistamos a todos os esforços para corrompê-la.

     

W. J. Prost

 

A Escritura Sagrada – A Inspiração do Espírito Santo


A Escritura Sagrada é a obra do Espírito Santo. Foi Ele Quem guiou cada escritor, seja no Velho Testamento ou no Novo, enchendo e tomando posse do vaso enquanto controlava tudo o que seria do homem, para que pudéssemos ter a mente de Deus em sua perfeição e pureza sem adulteração. Que mantenhamos isso firmemente, pois nunca Satanás esteve mais determinado a arrancar a Escritura das almas do que no tempo presente. O ritualismo, por um lado, coloca um sacerdote entre a Palavra de Deus e a alma. O racionalismo, por outro lado, lança dúvidas sobre tudo o que é revelado. Ambos os sistemas, embora de maneiras diferentes, tentam nos privar do inestimável tesouro que Deus deu.

Em 1 Coríntios 2:9 o apóstolo nos lembra da palavra de Isaías: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam”, acrescentando: "Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito". Aqui ele afirma a revelação divina como a fonte das verdades vitais que ele ensinou. Também lemos em Efésios 3:3-5: “Este mistério... o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos Seus santos apóstolos e profetas”. Ninguém pode revelar as coisas de Deus, além do Espírito de Deus. O apóstolo pergunta: “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (1 Co 2:11). Assim como ninguém conhece minhas coisas (pensamentos), além do meu próprio espírito, até que eu as pronuncie ou revele, também ninguém conhece as coisas de Deus além do Seu Espírito. Nada pode ser mais degradante do que a noção de que Deus não pode revelar Sua mente ao homem. A verdade é que o Espírito revelou a mente de Deus e nós a temos na Escritura. Assim, os escritos apostólicos são o padrão pelo qual a verdade e o erro podem ser testados. Como diz João, referindo-se a si mesmo e aos outros apóstolos: “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro” (1 Jo 4:6).


O elemento humano e o divino 

Pode ser observado que a revelação não vai além da pessoa que a recebe, pois passar a verdade aos outros em sua perfeição requer inspiração divina. Assim é o homem, que mesmo os que foram favorecidos em receber as revelações divinas não podiam ter a confiança para comunicá-las a outros sem as corromper. Aqui o Espírito de Deus entra novamente. Assim Paulo nos diz: “a qual também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com aquelas ensinadas pelo Espírito, comunicando coisas espirituais por meios espirituais” (1 Co 2:13 – JND). Isto é inspiração. Aqui também podemos ver até onde a inspiração se estende. Alguns ensinam que as doutrinas da Escritura são inspiradas por Deus, mas que foi permitido aos escritores expressá-las em sua própria linguagem, já outros ensinam que o raciocínio tantas vezes encontrado, particularmente nas epístolas, foi deixado para o escritor. Outros ainda acham que os escritores inspirados usaram suas próprias ilustrações e selecionaram as Escrituras do Velho Testamento para confirmar suas palavras. Todos esses pensamentos estão abaixo da verdade. O fato é que nada disso foi deixado para o vaso. As palavras, não meramente as verdades ou doutrinas, foram dadas pelo Espírito Santo. Se fosse diferente, não poderíamos ter certeza divina. Onde desenharíamos a linha entre o humano e o divino? Não que um elemento humano seja totalmente negado. Paulo tem seu estilo, e Pedro tem o dele, pois o Espírito usou os homens como Ele os encontrou. No entanto, toda palavra assim escrita vinha d'Ele.


Os textos originais e as traduções

Não podemos disputar sobre a inspiração de uma tradução específica. Em tais esforços pode haver (e há) defeitos, pois Deus não opera milagres perpétuos. Aqui, o estudo das línguas surge como um trabalho importante e valioso, e também cuidadoso para reproduzir o original com a maior precisão possível. Afirmamos, no entanto, que cada palavra dos escritos originais foi inspirada pelo Espírito de Deus.

Existem muitas provas bíblicas disso. Sobre o Velho Testamento, Pedro disse, "Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21). Paulo diz em Atos 28:25: “Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías”. Em Atos 3:18, nos é dito que Deus mostrou pela boca de todos os Seus profetas que Cristo deveria sofrer.


Provas da inspiração Divina 

Tanto o Novo Testamento quanto o Velho são atestados na declaração geral de 2 Timóteo 3:16: “Toda a Escritura é divinamente inspirada” (ACF). Em 2 Pedro 3:16, temos a referência aos escritos de Paulo, incluindo, e eu pessoalmente entendo que se refere especificamente, a Epístola aos Hebreus. E em 1 Timóteo 5:18, ele cita Lucas 10:7 e diz: “A Escritura diz”. Estas são apenas uma pequena parte das provas. Quanto mais profundamente o assunto é investigado, mais profunda será a confiança da alma em Deus que Ele nos deu pelo Seu Espírito Sua Palavra infalível em toda a sua plenitude e beleza.

Em conclusão, mais um pensamento permanece para ser notado em 1 Coríntios 2. Vimos que o capítulo confirma a revelação e a inspiração, também mostra que a ajuda do Espírito Santo é necessária para receber e entender as coisas que foram dadas. É por isso que os inimigos tropeçam e os poderes mentais dos homens falham. Seus poderes são inúteis, sem o Espírito Santo. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (2 Co 2:14). A alma deve nascer de Deus e o Espírito deve ser o Instrutor, e então tudo será simples e claro. Ele desceu do alto para guiar os santos a toda a verdade, e Ele nunca desaponta ou falha a alma humilde e que espera por Ele.


W. W. Fereday (adaptado)

 

A Escritura Sagrada – Seu Objeto e Assuntos


[As primeiras frases deste artigo são longas e talvez complicadas. Elas podem precisar ser lidas várias vezes devagar e depois ponderadas. Nós garantimos a você que o esforço vale a pena].

A Escritura Sagrada tem uma fonte viva, e o poder vivo permeou sua composição: daí a infinitude de seu porte e a impossibilidade de separar qualquer parte de sua conexão com o todo. Um Deus é o centro vivo do qual tudo flui; um Cristo é o centro vivo em torno do qual circulam todos os seus círculos da verdade e aos quais ela se refere, embora em várias glórias; e um Espírito é a seiva divina que leva Seu poder de Sua fonte em Deus até os ramos mais minúsculos da verdade toda unida, testificando da glória, da graça e da verdade d'Aquele que Deus apresenta como Objeto, Centro e Cabeça de tudo que está em conexão Consigo mesmo. Isto é tudo d'Aquele que é, ao mesmo tempo, Deus sobre todos, bendito eternamente.

Dar tudo isso como um todo, e perfeitamente, exigiria que Ele fosse o próprio Doador. Mesmo aprendendo isso, sabemos em parte e profetizamos em parte. Quanto mais o seguimos em direção ao Seu centro – começando das folhas e ramos mais distantes dessa revelação da mente de Deus, de onde fomos alcançados quando estávamos longe d'Ele – e, de lá, olhamos novamente para sua extensão e diversidade, mais aprendemos de Sua infinitude e de nossa própria fraqueza de apreensão. Aprendemos, bendito seja Deus, que o amor que é a sua fonte é encontrado na perfeição sem nenhuma mistura e na mais completa amostra naquelas manifestações que nos alcançaram até mesmo em nosso estado arruinado. O mesmo perfeito Deus do amor está nisso tudo. Mas as revelações da sabedoria divina nos conselhos em que Deus Se mostrou permanecem sempre para nós como um assunto de diligente investigação na qual cada nova descoberta, aumentando nossa inteligência espiritual, faz a infinitude do todo, e o caminho pelo qual ultrapassa todos nossos pensamentos, apenas mais e mais claros para nós.


Seu objeto

A Bíblia, em seu objeto, é um todo, que nos apresenta Deus saindo de Sua plenitude essencial para manifestar tudo o que Ele é, e para trazer de volta ao gozo dessa plenitude Consigo mesmo aqueles que, tendo sido feitos participantes de Sua natureza, se tornaram capazes de compreender e amar Seus conselhos e a Ele mesmo.

Mas antes que este propósito seja completamente revelado, o homem é trazido à cena como um ser responsável, e sua história nos é dada nas várias fases pelas quais ele passou, até a cruz, onde sua inimizade contra Deus foi manifestada. O fundamento foi estabelecido para a plena revelação desse propósito e a realização do bom prazer de Deus no homem. Foi colocado de tal maneira que todo o Seu caráter divino de amor e justiça foi revelado e glorificado, e Deus perfeitamente glorificado em todos os aspectos, ao trazer o homem para a glória.


Três grandes temas

Encontraremos três grandes temas na Bíblia: (1) a criação (agora sob o efeito da queda); (2) a lei, que deu ao homem, como ele é agora, uma regra no meio desta criação para ver se ele poderia viver de acordo com Deus e ser assim abençoado; e (3) o Filho de Deus.

Os dois primeiros, a saber, a criação e a lei, estão ligados à responsabilidade da criatura. Descobrimos que tudo o que está conectado a esses dois esta em um estado culpado ou corrompido. O Filho, pelo contrário, é a manifestação da graça e do amor do Pai e a manifestação do amor de Deus ao mundo, quando esta culpa já existia no pecado sem lei e na violação da lei. Ele é a imagem expressa da subsistência de Deus, em Quem o Pai foi visto. Nós O vemos sofrendo em amor no meio desta criação caída e as contradições de um povo rebelde e, quando Deus foi perfeitamente glorificado em relação ao pecado, cumprindo todos os conselhos de Deus em unir todas as coisas em bênçãos por Seu poder e sob Sua autoridade, mesmo aqueles que com ódio o rejeitaram, sendo forçados a confessar que Ele é Senhor para a glória de Deus Pai. E finalmente, quando Ele tiver sujeitado todas as coisas, nós O vemos entregando a Deus o Pai o reino da Sua glória como Filho do Homem, para que Deus seja tudo em todos.


Os conselhos de Deus 

Além de tudo isso, na Escritura Sagrada há, nos conselhos de Deus, aqueles com os quais o Deus que conhecemos em Jesus Se cerca, os quais devem ser trazidos à semelhança d’Aquele com Quem estão associados como filhos. Ele o primogênito entre muitos irmãos que desfrutarão eternamente com Deus Seu favor e bênção, pois repousa sobre Aquele com Quem e por Quem eles desfrutam. Há também um povo terrenal em quem Deus manifesta os princípios de Seu governo aqui abaixo e Sua fidelidade infalível, e foi para estes a quem a lei foi dada.


A Igreja

Finalmente, na Bíblia, vemos no propósito de Deus antes que o mundo existisse (mas escondido até o momento adequado) que havia uma Igreja, escolhida em Cristo, Sua noiva, para ser apresentada a Si mesmo sem mancha ou ruga. Ela também é o Seu corpo, a plenitude d'Aquele que preenche tudo em todos, unida a Ele pelo Espírito com o Qual todos os membros são batizados, e logo se manifestarão em glória quando Ele tomar a liderança.


A cruz

A cruz é o centro de tudo isso em todos os aspectos. Lá a história do homem em responsabilidade, como o filho de Adão, termina, e ali começa novamente a graça que reina pela justiça. Ali o bem e o mal são completamente trazidos para uma questão, tanto o ódio no homem quanto o amor em Deus, tanto o pecado quanto a justiça de Deus contra ele. Lá Deus é perfeitamente glorificado moralmente, e o homem julgado em pecado e depois redimido em justiça, o domínio do mal destruído, e Aquele Homem [Cristo] estabelecido em justiça como Deus quis que fosse. Lá a morte e aquele que tinha o poder dela são postos de lado, e isto por um ato de amor que coloca o Filho de Deus como Homem como Cabeça de todas as coisas em justiça. Por meio da cruz, tudo permanece seguro e imutável como resultado no terreno da redenção. Qual será o fim dos que a desprezam?


Os tratamentos de Deus para com o homem

Assim, na Bíblia, encontraremos não apenas a criação, a lei e o Filho de Deus, mas os relacionamentos pelos quais Deus preparou o caminho e levou os homens a esperar por Sua manifestação; o desenvolvimento de todos os princípios sobre os quais Ele entrou em relacionamento com os homens; as consequências da violação da lei; e, finalmente, em seu lugar, a manifestação da Igreja sobre a Terra e as instruções que Ele deu a ela, juntamente com o curso dos eventos que estão relacionados com sua existência e sua infidelidade na Terra com a do povo terrenal de Deus; e com o próprio homem, responsável perante Deus e revestido de autoridade por Ele na Terra: tudo culminando com a glória de Jesus, Filho do Homem, mantendo a bênção e união de todas as coisas sob o reino de Deus; e, em conclusão, Deus sendo tudo em todos. A história de Jesus; a posição concedida à igreja em glória de acordo com os conselhos de Deus, o mistério escondido desde os séculos; a participação dela nos sofrimentos de Jesus e sua união com Ele; e, em geral, o testemunho do Espírito Santo dado do alto é claramente revelado no Novo Testamento. Aquilo de que falamos anteriormente forma o curso das eras; a Igreja não faz parte delas.


Suas duas partes 

A Escritura Sagrada é naturalmente separada em duas partes – aquela que fala dos dois primeiros assuntos, primeiro, a criação e o homem em relação com Deus sem lei e Seu povo debaixo da lei, e, segundo, a que fala do Filho que veio a Terra e tudo o que se relaciona com a Igreja e sua glória – isto é, em geral, o Velho e o Novo Testamento.


J. N. Darby, adaptado de Introductory Material do the Synopsis

 

A Escritura Sagrada – Sua Inspiração e Impacto


"Toda a Escritura é divinamente inspirada" (2 Tm 3:16 – ACF).

Palavras importantes! Ah, que se elas fossem mais bem entendidas em nossos dias! É da maior importância que o povo do Senhor esteja enraizado, fundamentado e estabelecido na grande verdade da inspiração absoluta e irrestrita da Escritura Sagrada. Os homens deste mundo podem zombar da Palavra de Deus, mas ela é aquela que é “viva, e que permanece para sempre” (1 Pe 1:23). Quanto a nós, que seja o nosso profundo gozo e consolo meditar sobre a Palavra de Deus, para que possamos sempre estar descobrindo algum tesouro novo nessa mina inesgotável, algumas novas glórias morais naquela revelação celestial que nos fala com uma pungência e frescor como se fosse escrita expressamente para nós – escrita neste mesmo dia.


O livro vivo e sempre atual

Não há nada como a Escritura. Se você pudesse colocar sua mão em qualquer escrita humana de três mil anos atrás, o que você acharia? Uma curiosa relíquia da antiguidade, não tendo aplicação alguma para nós ou para o nosso tempo – um documento mofado, uma peça de escrita obsoleta, referindo-se apenas a um estado da sociedade e a uma condição de coisas há muito desaparecidas. A Bíblia, pelo contrário, é o livro para hoje. É o próprio livro de Deus, Sua perfeita revelação. É a Sua própria voz falando a cada um de nós. É um livro para todas as idades, para todas as classes, para todas as condições, altas e baixas, ricas e pobres, eruditas e ignorantes, velhas e jovens. Fala em uma linguagem tão simples que uma criança pode entendê-la e, no entanto, tão profunda que o intelecto mais gigantesco não pode esgotá-la. Além disso, fala diretamente ao coração; toca as mais profundas fontes do nosso ser moral; vai até as raízes ocultas do pensamento e do sentimento na alma; nos julga completamente. Em uma palavra, é, como o inspirado apóstolo nos diz, "eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12 ).

E então observe a maravilhosa abrangência de seu alcance. Ela lida com precisão e força com os hábitos, costumes e maneiras do presente século da era Cristã, assim como com os das primeiras eras da existência humana. Ela mostra um conhecimento perfeito do homem em todas as etapas de sua história. A cultura de hoje e de três mil anos atrás são espelhadas com precisão e fidelidade em suas páginas. A vida humana em todos os estágios de seu desenvolvimento é retratada por uma mão mestra no maravilhoso volume que nosso Deus graciosamente inspirou para nosso aprendizado.


O livro fiel 

Mas então este livro julga o homem – seus caminhos, seu coração. Ela diz a ele a verdade sobre si mesmo e, por essa razão, o homem não gosta do livro de Deus. Há um esforço constante para achar faltas nela. Em todas as épocas, os homens têm trabalhado arduamente para encontrar falhas e contradições na Palavra de Deus. Seus inimigos devem ser encontrados, não apenas nas fileiras do vulgar e grosseiro, mas entre os instruídos e refinados. Assim como era nos dias dos apóstolos, “alguns homens perversos, dentre os vadios” e “mulheres devotas e honradas” – duas classes distantes uma da outra, social e moralmente – encontraram um ponto em que podiam concordar voluntariamente, ou seja, a completa rejeição da Palavra de Deus e daqueles que a pregaram fielmente (Compare Atos 13:50 com Atos 17:5) Assim, sempre achamos que os homens que diferem em quase tudo, concordam em sua determinada oposição à Escritura Sagrada.

Era exatamente o mesmo que acontecia com a Palavra viva – o Filho de Deus – quando Ele estava aqui entre os homens. Os homens O odiavam porque lhes dizia a verdade. Seu ministério e, de fato, toda a Sua vida foram um testemunho permanente contra o mundo, daí a amarga e persistente oposição deles. Outros homens foram permitidos seguirem sem problemas, mas Ele foi observado a cada passo em Seu caminho. No final de Sua vida, quando Ele foi pregado na cruz entre dois ladrões, estes dois foram deixados em paz; não houve insultos amontoados sobre eles. Não – todos os insultos, toda a zombaria, toda a vulgaridade grosseira e sem coração – tudo foi amontoado sobre o Ocupante divino da cruz central.


A ligação com Deus

Graças a Deus, Ele revelou Sua mente – Ele nos deu a Escritura Sagrada. “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3:16-17 – ACF). Louvemos o Senhor por tais palavras! Elas nos asseguram que toda a Escritura é dada por Deus e que toda a Escritura nos foi dada. Que precioso elo entre a alma e Deus! Nada pode tocar a Palavra de Deus. "Para sempre, ó SENHOR, a Tua palavra permanece no céu" (Sl 119:89). O que resta para nós? Só isso. “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Sl 119:11). Aqui está o segredo da paz. O coração está ligado ao próprio coração de Deus por meio de Sua mais preciosa Palavra, e é assim colocado em posse de uma paz que o mundo não pode dar nem tirar. A Palavra é aquela que perdura para sempre, e assim nossa salvação e nossa paz são tão estáveis quanto a Palavra na qual elas estão baseadas.


Como podemos saber que é a Palavra de Deus?

Podemos ser surpreendidos pela questão tantas vezes levantada e que tem incomodado a muitos. A pergunta é essa. “Como podemos saber que o livro que chamamos de Bíblia é a Palavra de Deus?” Nossa resposta a esta pergunta é muito simples: Aquele que nos deu graciosamente o livro abençoado pode nos dar também a certeza de que o livro é d’Ele. O mesmo Espírito que inspirou os vários escritores da Escritura Sagrada pode nos fazer saber que essas Escrituras são a própria voz de Deus falando conosco. É somente pelo Espírito que qualquer um pode discernir isso. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (2 Co 2:14). Se o Espírito Santo não nos faz saber nem dá a certeza que a Bíblia é a Palavra de Deus, nenhum homem ou grupo de homens podem fazer isso, e, por outro lado, se Ele nos dá esta bendita certeza, não precisamos do testemunho de homens.


Suas credenciais e supremacia

Devemos manter fielmente a autoridade divina e, portanto, a supremacia absoluta e a toda-suficiência da Palavra de Deus, em todos os momentos, em todos os lugares e para todos os propósitos. Devemos sustentar que a Escritura, tendo sido dada por Deus, é completa no sentido mais pleno da palavra. Ela não precisa de nenhuma autoridade humana para credenciá-la: Ela fala por si e carrega suas credenciais com ela. Tudo o que temos a fazer é acreditar e obedecer, não raciocinar ou discutir. Deus falou: Cabe a nós ouvir e produzir uma obediência reverente e sem reservas.


Sujeição à sua autoridade

Nunca houve um momento na história da Igreja de Deus em que fosse mais necessário insistir na consciência humana sobre a necessidade de obediência implícita à Palavra de Deus como agora. Alguns crentes sentem que têm o direito de pensar por si mesmos, seguir sua própria razão, seu próprio julgamento ou sua própria consciência. Eles pensam que há algumas coisas que foram deixadas para que escolhêssemos por nós mesmos. O resultado é inúmeras seitas, partidos, credos e escolas de pensamento. Se a opinião humana é permitida, então um homem tem o mesmo direito de pensar como outro. Assim, a igreja professa se tornou um provérbio e um sinônimo de divisão.

Qual é o remédio para esta doença tão generalizada? É a absoluta e completa sujeição à autoridade da Escritura Sagrada. Não são os homens que vão à Escritura para terem suas opiniões e pontos de vista confirmados, mas vão à Escritura para obter a mente de Deus quanto a tudo. Esta é a única necessidade premente de nossos dias – reverente sujeição em todas as coisas à suprema autoridade da Palavra de Deus. Aqui está o verdadeiro segredo da segurança moral. Nosso conhecimento da Escritura pode ser muito limitado, mas se nossa reverência por ela for profunda, seremos preservados de milhares de erros, e haverá crescimento constante. Cresceremos no conhecimento de Deus, de Cristo e da Palavra escrita. Iremos desfrutar do fato que podemos extrair daquelas profundezas vivas e sem exaustão da Palavra de Deus e atravessar aqueles pastos verdes que a infinita graça abriu tão livremente ao rebanho de Cristo. Encontraremos perfeição divina na Palavra de Deus e um amplo círculo de revelação divina que tem seu centro eterno na bendita Pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.


C. H. Mackintosh (adaptado)

 

Um Livro Divino

 

A Bíblia é, vemos claramente;

Então deve ter pedigree;

Ou é um livro divino,

Ou os homens para escrevê-la, se combinaram;

Suponha o último, então eles devem

Ser ou homens maus ou justos;

Tome qualquer um dos casos e você verá

Uma prova de sua divindade.

 

Se homens maus compuseram este livro,

Certamente abandonaram os seus sentidos;

Pois eles defendem o homem justo,

E amaldiçoam o mal do começo ao fim;

Se forem justos, então eles mudam seu nome,

Pois eles negam a autoria,

E muitas vezes dizem: “Assim diz o Senhor”,

E testificam: “É a Sua Palavra”;

Se não for, eles contam uma mentira,

E toda a sua justiça destroem.

 

Autor desconhecido

 

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça

2 Timóteo 3:16


 

 

 

 

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