Baixe esta revista digital nos formatos:
Revista mensal publicada originalmente em junho/2009 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
W. J. Prost
C. H. Mackintosh
C. H. Mackintosh
P. Wilson
P. Wilson
Christian Truth
Christian Truth
J. N. Darby (adaptado)
C. H. Mackintosh
W. J. Prost
Things New and Old 19:27 (adaptado)
W. W. Fereday
C. Wesley, Hinário Little Flock - Hino 25 Apêndice
A Administração do Dinheiro
Um dia, Avelino chegou em casa de uma viagem e encontrou três dúzias de pintinhos no quintal lateral de sua casa. Entrando na casa, ele perguntou à sua esposa Catalina de onde os pintinhos tinham vindo. Ela disse a ele que os pintinhos eram dela. Ela os tinha comprado com seu próprio dinheiro para criar e vender. Ele perguntou: “Você tem certeza de que eles são seus?” “Sim, eles são meus”, ela respondeu enfatizando a palavra “meus”. Então ele disse: “Você precisa vigiá-los noite e dia. Se eles fossem do Senhor e você estivesse cuidando deles para Ele, então você poderia esperar que Ele os vigiasse, mas como eles são seus, você vai ter que ter um cuidado especial com eles”. Uma ou duas noites depois, choveu e alguns dos pintinhos se afogaram. Na noite seguinte, um bom número deles foi levado por um animal selvagem. Outros ficaram doentes e morreram. Em menos de duas semanas, não sobrou nenhum. Catalina estava aprendendo uma lição valiosa, mas dolorosa, sobre a “administração do dinheiro”. Lembrando o comentário de Salomão, “o que toma emprestado é servo do que empresta”, fazemos bem em atender às Palavras do Senhor: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a mamom” (Pv 22:7; Mt 6:24).
Tema da edição
Não Deva Nada a Ninguém
Os últimos meses colocaram a América do Norte – e, em última análise, o resto do mundo – em dificuldades muito sérias. Vários fatores se combinaram para causar uma crise econômica que parece ser a pior que já vivenciamos desde a Grande Depressão que ocorreu durante a década de 1930. Os efeitos estão por toda a parte. As vendas caem, empregos são perdidos e a renda consequentemente sofre. Todos nós reconhecemos que as economias de livre mercado são caracterizadas por ciclos de crescimento seguidos por uma recessão, mas o que o mundo está vivenciando hoje é mais do que esse fluxo e refluxo normal. Não vamos nos aprofundar nos muitos fatores que contribuíram para o que ocorreu, mas todos os especialistas concordam que a ganância, tanto por parte dos indivíduos quanto por parte dos governos, tem sido uma característica importante em tudo isso.
Vivendo além de nossas possibilidades
Particularmente no mundo ocidental, as pessoas têm vivido além de suas possibilidades há muitos anos, e o crédito fácil incentivou muitas a contraírem dívidas que elas agora acham difíceis ou impossíveis de pagar. Os preços foram inflacionados, especialmente em bens como moradia, e as pessoas assumiram hipotecas com pagamentos que estavam muito além de sua capacidade de manutenção. Os jovens foram incentivados a esse estilo de vida por bancos que lhes dão cartões de crédito assim que se formam na universidade. Os comerciantes também promoveram a compra a crédito, oferecendo contratos de financiamento de longo prazo. Todo o processo foi alimentado por anos de prosperidade que muitos achavam que nunca terminariam. Tendo se acostumado a essa “vida boa”, as pessoas acham difícil reduzir gastos.
No entanto, devemos lembrar que, ao longo da história do homem, o povo de Deus tem tido uma tendência a cair nos pecados do mundo ao seu redor. É fácil para os crentes serem apanhados no espírito de cobiça e quererem mais do que o Senhor lhes deu. Há uma tendência de amar não apenas o mundo, mas “o que no mundo há” (1 Jo 2:15). É um pecado antigo – um sobre o qual Deus nos tem advertido muitas vezes em Sua Palavra. Embora possa assumir formas variadas em diferentes culturas e partes do mundo, a causa raiz é a mesma. Nos países ocidentais, os cartões de crédito incentivaram boa parte desses gastos imprudentes. Em outros países onde essas coisas não estão tão prontamente disponíveis, o mesmo desejo pode se manifestar em pedir empréstimos a outros. Tudo isso apenas ressalta a verdade de Lucas 12:15: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”.
Um aviso do que está por vir
O que estamos vivenciando hoje é sem dúvida um aviso do Senhor, pois Ele dá ao mundo uma amostra de problemas muito maiores que surgirão durante o período da tribulação. Nos primeiros três anos e meio desse período, Deus derramará juízos providenciais que destruirão grande parte da ostentada prosperidade do homem, pela quebra da rede de negócios e comércio que sustenta essa boa vida. Finalmente, nos últimos três anos e meio, o homem ficará de joelhos e será forçado a voltar aos métodos primitivos de sobrevivência e guerra. Podemos ser muito gratos por nós, como crentes, sermos chamados para casa antes daquele período terrível.
Contentamento com o que temos
A sabedoria de Deus nesta questão nos é dada muito claramente em Romanos 13:8: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros”. Pode parecer um princípio muito restritivo pelo qual viver, mas é a sabedoria de Deus para aqueles que ouvirem. Usar um cartão de crédito para passar uma compra pela qual não podemos pagar imediatamente ou tomar dinheiro emprestado para o mesmo propósito é insultar “o Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (1 Tm 6:17). Se há uma falta em nossa vida, uma falta daquilo que realmente precisamos, obedeçamos a Filipenses 4:6: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças”. Deus não promete nos dar tudo imediatamente, mas promete suprir todas as nossas necessidades, “segundo as Suas riquezas... em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4:19). Mais do que isso, podemos ter certeza do que é de maior valor, pois “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos [pensamentos – TB] em Cristo Jesus” (Fp 4:7). O crente que vive em obediência à Palavra de Deus descobrirá que “é grande ganho a piedade com contentamento” (1 Tm 6:6).
Tomar dinheiro emprestado
Ao aplicar essas porções da Escritura, não pretendemos sugerir que todo empréstimo de dinheiro seja moralmente errado. Há uma diferença entre um empréstimo com garantia e um empréstimo sem garantia. A hipoteca de uma casa, por exemplo, é um empréstimo com garantia, no qual o credor detém o título de propriedade da casa como garantia. Mesmo nisso, porém, os crentes precisam estar diante do Senhor, para não se excederem em seus gastos. Se vivermos e agirmos diante do Senhor, não nos veremos indo atrás daquilo que não podemos pagar. Em vez disso, lembraremos que tudo o que temos – nosso dinheiro, nossa casa e até nosso tempo – é nosso apenas como mordomos [administradores]. Eles devem ser usados para a glória do Senhor, não para nossos próprios fins. Eles são um meio, e não um fim em si mesmos. Devemos lembrar que não somos deixados neste mundo simplesmente para levar uma vida boa e moralmente correta, e depois ir para o céu no final. Não, somos deixados aqui para ser testemunhas vivas da graça que nos salvou.
Nestes últimos dias, o Senhor realmente permitiu que “tempos trabalhosos” viessem sobre nós, e precisamos de mais graça do que nunca para viver para a glória do Senhor até sermos chamados para casa. Mas Ele “dá maior graça” (Tg 4:6) e certamente abrirá um caminho para O honrarmos, em obediência à Sua Palavra.
W. J. Prost
O Amor ao Dinheiro
Qualquer coisa, além de Deus, que comande o coração é um ídolo, o coração se render a essa coisa é idolatria, e quem a ela se rende é um idólatra. Essa é a clara e solene verdade nesta questão, por mais desagradável que seja para o orgulhoso coração humano. Tome esse grande, gritante e universal pecado da “avareza”, do que o inspirado apóstolo a chama? Ele chama de “idolatria”. Quantos corações são comandados pelo dinheiro! Quantos adoradores se prostram diante do ídolo do ouro!
O que é a avareza? Ou um desejo de ter mais ou o amor pelo que temos. Temos as duas formas no Novo Testamento. O grego tem uma palavra para representar ambas: “pleonexia” – o desejo de ter mais (Cl 3:5) – e “philarguria” – o amor ao dinheiro (1 Tm 6:10). Mas, seja o desejo de adquirir ou o desejo de acumular, em ambos os casos é idolatria.
O acumulador e o gastador
E, no entanto, as duas coisas podem ser muito diferentes em seu desenvolvimento exterior. A primeira, isto é, o desejo de obter mais, pode frequentemente ser vista em conexão com uma disposição para gastar; a segunda, ao contrário, geralmente está ligada a um intenso espírito de acumulação. Por exemplo, existe um homem de grande capacidade para os negócios – um gênio comercial completo – em cuja mão tudo parece prosperar. Ele tem um verdadeiro entusiasmo pelos negócios, uma sede insaciável de ganhar dinheiro. Seu único objetivo é obter mais, adicionar milhares a milhares, fortalecer sua base comercial e ampliar sua esfera. Ele vive, prospera e se deleita na atmosfera do comércio. Ele começou sua carreira com alguns centavos no bolso e subiu para a imponente posição de magnata dos negócios. Ele não é um avarento. Ele está tão pronto para distribuir quanto para obter. Ele vive com suntuosidade, recebe com esplêndida hospitalidade e doa generosamente para diversos projetos de interesse público. Ele é admirado e respeitado por todas as classes da sociedade.
Mas ele ama ganhar mais. É um homem ganancioso, avarento – um idólatra. É verdade que ele despreza o pobre avarento que passa as noites em cima dos sacos de dinheiro, deliciando seu coração e banqueteando seus olhos com a própria visão fascinante do dinheiro, negando a si e à sua família as necessidades comuns da vida, andando em trapos e miséria, em vez de gastar um centavo do precioso tesouro. Ele ama o dinheiro, não pelo que este pode comprar ou proporcionar, mas simplesmente pelo próprio dinheiro. Tal pessoa ama acumular, não para poder gastar, mas simplesmente para poder acumular, cujo único desejo dominante é morrer tendo tanto ouro miserável – estranho e desprezível desejo!
A avareza
Agora, esses dois são aparentemente muito diferentes, mas se encontram em um ponto; eles estão em uma plataforma comum: Ambos são avarentos; ambos são idólatras. Isso pode parecer duro e severo, mas é a verdade de Deus, e devemos nos curvar diante de sua santa autoridade. É verdade que nada é aparentemente mais difícil de trazer para a consciência do que o pecado da avareza – esse mesmo pecado que o Espírito Santo declara ser idolatria. Milhares conseguem vê-lo no caso do pobre e degradado avarento, que, no entanto, ficaria chocado com sua aplicação a um magnata dos negócios. Uma coisa é vê-lo nos outros, e outra bem diferente é julgá-lo em nós mesmos. O fato é que nada além da luz da Palavra de Deus, brilhando sobre a alma e penetrando cada câmara de nosso ser moral, pode nos permitir detectar o pecado odioso da avareza. A busca pelo ganho (o desejo de ter mais) e o espírito de comércio (o desejo de ter sucesso), tudo isso é tão “elevado entre os homens” (TB) que muito poucos, comparativamente, estão preparados para ver que definitivamente “perante Deus é abominação”.
O coração natural é formado pelos pensamentos dos homens. Ele ama, adora e venera os objetos que encontra neste mundo, e cada coração tem seu próprio ídolo. Um homem adora o ouro, outro adora o prazer, outro adora o poder. Todo homem não convertido é um idólatra, e mesmo homens convertidos não estão fora do alcance de influências idólatras, como é evidente na nota de advertência levantada pelo apóstolo escolhido: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5:21).
C. H. Mackintosh
Tudo Pertence ao Senhor
Somos tão propensos a considerar as coisas como sendo nossas, ao invés de lembrar que tudo o que temos e tudo o que somos pertence ao Senhor e sempre deve ser renunciado diante de Seu chamado. Isso também não é uma mera questão de legítima obediência; é algo para nosso benefício e felicidade duradouros.
C. H. Mackintosh
O Padrão de Vida
Quando os jovens estabelecem um novo lar, eles devem considerar o padrão de vida que devem ter. Com isso queremos dizer o custo da casa, o tipo de mobília e os custos com roupas, alimentação, transporte e outras coisas. Não agrada a Deus nem promove a felicidade no lar viver além da nossa renda ou mesmo gastar até o último centavo dela.
Em um tempo como o atual, quando tudo é abundante para a conveniência do lar, é muito fácil estabelecer um padrão que está além da capacidade do jovem marido de sustentar. Também existe uma tendência dos jovens de quererem começar seu próprio lar no mesmo padrão em que seus pais vivem agora, esquecendo que, na maioria dos casos, seus pais começaram de maneira bastante simples e viviam dentro de suas possibilidades. Em todos os momentos é importante se lembrar: “é grande ganho a piedade com contentamento”. Não é o estilo de nossas casas nem o modelo do automóvel que são os grandes critérios de como um Cristão está se saindo, mas sim: “Existe piedade e contentamento?”
Alguns dos Cristãos mais felizes são aqueles que têm pouco dos bens deste mundo, mas que desfrutam de Cristo e das coisas de Deus e continuam com um espírito contente nas coisas temporais. O esforço pelas coisas que estão além das nossas possibilidades ajudará a produzir, de um lado, magreza de alma e, do outro, o exato oposto da felicidade. Lembre-se de que o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal; não é uma questão de você ter ou não dinheiro.
Mesmo do ponto de vista puramente natural, é uma experiência feliz quando os jovens casados acham prazeroso trabalhar juntos na reforma de uma casa antiga, em reformar alguns móveis ou em qualquer das muitas coisas que compõem um lar. Já ouvimos pessoas não salvas comentarem que a maneira mais certa de deixar jovens recém-casados descontentes é dar a eles tudo o que poderiam desejar, de modo que não haja mais nada pelo que trabalhar. A “piedade com contentamento”, no entanto, fará com que estejamos contentes em qualquer circunstância em que estivermos.
Entrando em dívidas
Há outra questão que merece algumas observações. Uma das maiores armadilhas para nossos queridos jovens é se endividar. É algo tão fácil de fazer e tão frequentemente incentivado por técnicas de vendas agressivas que eles podem acabar caindo nisso antes que percebam. Dessa maneira, sua renda poderá ser onerada durante anos. Não é isso nos gloriarmos do dia de amanhã? Não sabemos o que o dia de amanhã nos trará, e nos carregar de obrigações que só podem ser cumpridas por meio de um emprego estável com um determinado nível de renda é praticamente se gloriar do futuro. Deus não prometeu uma certa quantia de dinheiro para cada ano futuro, mas Ele abundantemente nos dá dia após dia.
Comprar a prazo tende a inflar nosso padrão de vida e a aumentá-lo fazendo um empréstimo com base no futuro. Fazemos bem em lembrar que a dívida é um jugo, e, muitas vezes, um jugo pesado, pois “o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv 22:7).
Cumprindo nossas obrigações
Também devemos considerar que, se estivéssemos incapacitados e, portanto, incapazes de cumprir nossas obrigações, ou se o Senhor viesse nos levar para casa (essa é uma distinta probabilidade a qualquer momento), aquele a quem devemos seria o perdedor. Isso seria honroso? Seria compatível com um testemunho Cristão adequado? Ninguém poderia aprovar que um Cristão fraudasse um credor. Há, no entanto, em relação ao assunto de causarmos uma perda a outra pessoa, algo que pode ser dito sobre a questão de empréstimos com garantia ou imóveis hipotecados. Nesses casos, o título da propriedade foi retido pelo credor, ou então é facilmente recuperado por ele e, portanto, ele não sofreria perdas, mas simplesmente recuperaria sua propriedade na qual ainda há o mesmo valor.
É deplorável quando os Cristãos sentem que precisam se igualar com seus vizinhos ou até mesmo com seus irmãos em Cristo. Busquemos honestamente viver de acordo com os meios que o Senhor nos deu, prosseguindo com gratidão e contentamento “como aqueles que em tudo querem portar-se honestamente”.
P. Wilson
Justiça e Liberalidade
Se um novo lar for estabelecido além da renda do provedor, o Senhor não receberá Sua porção. E acrescentaríamos que devemos ser justos antes de sermos liberais. Se um Cristão está atrasado no pagamento do que deve, então deve pagar antes de dar ao Senhor. Não é apropriado pegar o que é devido a outro e dá-lo ao Senhor. Mas então surge esta pergunta: Como aconteceu isso, de eu dever a outro? Alguns Cristãos compram além de sua capacidade de pagar, tomam empréstimos confiando no futuro e estão sempre endividados. Claramente eles estão vivendo além de suas possibilidades. Estes não têm nada para dar à obra do Senhor nem para ajudar os pobres, porque a Palavra de Deus não foi seguida, e a casa deles está em desordem.
P. Wilson
A Parábola do Mordomo Injusto
O mordomo injusto é uma figura do homem que, quando lhe é confiada a mordomia dos bens de seu senhor, falha em todos os aspectos de sua responsabilidade. Ele os desperdiçou e deve perder sua posição como mordomo. Mas os bens estão em suas mãos no momento, e o ponto da parábola é o presente uso (prudente, ainda que sem escrúpulos) que ele faz dessa sua oportunidade, tendo em vista o futuro.
Havia vários devedores do seu senhor; ele, então, reduziu a dívida que eles tinham com seu mestre, pela metade em um caso, por um quinto em outro, e assim fez amizade com eles para seu próprio benefício futuro, quando fosse removido da administração. “E louvou aquele senhor [aqui não é o Senhor Jesus, mas o senhor do mordomo na parábola] o injusto mordomo por haver procedido prudentemente [não sabiamente, mas prudentemente, que é uma palavra mais adequada à sabedoria mundana], porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz”. No versículo 9, temos a aplicação da parábola: “E eu vos digo: granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos” (Lc 16:9).
As riquezas da injustiça
Mas por que se chamam “as riquezas da injustiça”? Porque todo acúmulo de propriedades nas mãos de um homem, mais do que nas de outro, pertence ao estado decaído do homem neste mundo, desde que o pecado entrou nele – uma condição de injustiça. Mas pode o Cristão tirar proveito da “riqueza injusta”? Pode; ele pode usá-la em vista da eternidade, muito embora ela seja aquilo que é “mínimo” (v. 10) na estimativa de Deus. Mas quantos descobriram na posse de riquezas o teste mais crucial! Somente com toda a graça revelada no capítulo anterior (Lc 15) é que qualquer um de nós pode saber como “ter abundância” e ser fiel nisso. As posses aqui tendem a envolver o coração, muitas vezes dando ao homem um falso lugar entre seus companheiros, ministrando ao seu orgulho e excluindo Deus. Por isso (v. 13), é impossível fazer de ambos, Deus e as riquezas, o objeto do coração – impossível ter o melhor dos dois mundos; ou um ou outro, mas não ambos. A graça nos ensina a sacrificar um em vista do outro, o presente em vista plena do eterno.
O que pertence a outro
“Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?” (Lc 16:11-12). No que diz respeito às nossas posses neste mundo, aqui está o significado moral da parábola. Elas não são nossas. Elas são aquilo que é “alheio” – os bens do Mestre, que estão em nossas mãos antes que nossa mordomia seja finalmente removida. Se vistas como nossas, podemos ser tentados a gastá-las conosco ou acumulá-las. Mas, se elas são de Outro, podemos usá-las generosamente em cada um de Seus interesses, tendo em vista aquela cena em que receberemos nossas próprias coisas. Tudo, então, que temos aqui é d'Ele, para ser usado em vista da eternidade; nossas próprias coisas estão lá com Ele, onde esperamos ser recebidos, quando nossa senda terrenal se encerrar. Para falar de uma maneira clara, somente com um pensamento assim sobre o dinheiro é que podemos ser libertos da influência daquilo que governa tão poderosamente o coração do homem.
A graça de Deus nos ensina
Ao dizer isso, não estamos sugerindo que, de alguma forma, a fidelidade aqui dê algum direito de ser recebido lá. Esse direito é encontrado apenas na graça que recebe pecadores. Mas a mesma graça produz um caráter adequado a si mesma nos objetos dessa graça – para que, tendo sido fiéis naquilo que era de Outro, possamos receber nossas próprias coisas em Sua bendita presença para sempre. Deve-se observar que, longe de tolerar a desonestidade do mordomo, ele é chamado de “mordomo injusto” (v. 8), e que, quando os versículos 10-12 aplicam a instrução da parábola aos discípulos, não é prudência, mas fidelidade, na utilização das coisas terrenais o que o Senhor recomenda.
A conexão dos ensinamentos do Senhor nesses capítulos (Lc 14-16) é muito clara, não apenas na revelação da graça, mas também na incredulidade. Em Lucas 14, o convite da graça é recusado, e isso é exemplificado em Lucas 15 no filho mais velho cheio de justiça própria, que é capaz de fingir que “nunca transgrediu o teu mandamento”. Na verdade, ele reduziu as justas reivindicações do mandamento, assim como o mordomo injusto, a fim de prosperar neste mundo, como fez o homem rico na última parábola em Lucas 16, mas apenas para encontrar seu fim em um lugar de tormento. É o mesmo caráter de orgulhosa incredulidade que permeia toda a narrativa.
J. A. Trench (adaptado)
Mordomos e Não Donos
É a ordem do Senhor que, qualquer que seja a maneira que Ele Se agrade em nos fazer Seus mordomos, seja em coisas temporais ou espirituais, se realmente estivermos agindo como mordomos e não como donos, Ele nos fará mordomos sobre ainda mais. Mesmo nesta vida, e no que diz respeito às coisas temporais, o Senhor tem o prazer de retribuir aqueles que agem por Ele como mordomos e que contribuem para Sua obra, conforme Ele Se agradar em prosperá-los. Mas quão maior é a bênção espiritual que recebemos, tanto nesta vida como no mundo vindouro, se, constrangidos pelo amor de Cristo, agimos como mordomos de Deus, respeitando aquilo com o que Ele Se agradou em nos confiar.
Christian Truth
Riquezas Terrenais
Na parábola do mordomo injusto em Lucas 16, é apresentado o efeito da graça na conduta, bem como o contraste que existe entre a conduta que o Cristianismo exige em relação às coisas do mundo e a posição dos Judeus a esse respeito. A doutrina assim incorporada pela parábola é confirmada pela história do rico e Lázaro, onde é levantado o véu que esconde o outro mundo no qual o resultado da conduta dos homens é manifestado. O homem é o mordomo de Deus, isto é, Deus confiou Seus bens ao homem. Israel está especialmente nessa posição. Mas o homem foi infiel; Israel de fato havia sido. Deus retirou sua mordomia, mas o homem ainda está na posse dos bens para administrá-los, assim como Israel estava naquele momento. Esses bens são as coisas da Terra, aquilo que o homem pode possuir segundo a carne. Tendo perdido sua mordomia por sua infidelidade e estando ainda na posse dos bens, ele os usa para fazer amizade com os devedores de seu mestre, fazendo bem a eles. É isso o que os Cristãos devem fazer com os bens terrenais, usando-os para os outros, tendo o futuro em vista.
O mordomo poderia ter se apropriado do dinheiro devido ao seu mestre, mas ele preferiu fazer amigos com ele; isto é, ele sacrifica o presente para obter vantagens futuras. Podemos transformar as miseráveis riquezas deste mundo em meios de realizar o amor. O espírito de graça que enche nosso coração se exercita em relação às coisas temporais, para que possamos usá-las para os outros. Para nós, é em vista das habitações eternas.
Observe que as riquezas terrenais não são coisas nossas; as riquezas celestiais são para o verdadeiro Cristão. As riquezas terrenais são injustas porque pertencem ao homem caído, e não ao homem celestial.
O mundo vindouro revelado
Agora, quando o véu do outro mundo é levantado, a verdade é totalmente trazida à luz. E o contraste entre a dispensação Judaica e o Cristão é claramente revelado, pois o Cristianismo revela aquele mundo, e o Cristão pertence ao céu.
O Judaísmo, de acordo com o governo de Deus na Terra, prometia bênçãos temporais aos justos, mas tudo estava em desordem; até o Messias, o chefe do sistema, foi rejeitado. Israel, colocado sob responsabilidade para desfrutar bênçãos terrenais com base na obediência, fracassou completamente. O homem, neste mundo, já não podia, nessa base, ser o meio de testemunhar dos caminhos de Deus em governo. Haverá um tempo de julgamento terrenal, mas ele ainda não havia chegado. Enquanto isso, a posse de riquezas era tudo menos a prova do favor de Deus. O egoísmo pessoal e a indiferença a um irmão necessitado à sua porta eram, em vez disso, a característica daqueles que possuíam bens entre os Judeus. A revelação abre o outro mundo à nossa visão. O homem neste mundo é caído; ele é mau. Se ele recebe suas coisas boas aqui, ele tem a porção de homem pecador e será atormentado no final, enquanto o outro a quem ele desprezou encontrará felicidade no outro mundo.
Não se trata aqui do que dá direito ao céu, mas de caráter e do contraste entre os princípios deste mundo e o mundo invisível. O Judeu fez a escolha por este mundo; ele perdeu este mundo e o outro também. O pobre homem que ele julgara desprezível é encontrado no seio de Abraão. Todo o teor desta parábola é mostrar a conexão envolvendo as esperanças de Israel e a ideia de que as riquezas eram uma prova do favor de Deus.
A parábola mostra qual deve ser a conduta dos Cristãos em relação às coisas temporais. Tudo flui da graça que, em amor da parte de Deus, realizou a salvação do homem e colocou de lado a dispensação da lei e seus princípios, ao introduzir as coisas celestiais.
J. N. Darby (adaptado)
Balaão
Há algo particularmente terrível no caso de Balaão. Ele evidentemente amava o dinheiro – um amor nada incomum em nossos dias. O ouro e a prata de Balaque provaram ser uma isca muito tentadora para o miserável homem – uma isca tentadora demais para resistir. Satanás conhecia seu homem e o preço pelo qual ele poderia ser comprado.
Seu coração estava errado
Se o coração de Balaão estivesse correto para com Deus, ele teria respondido rapidamente a mensagem de Balaque; de fato, não lhe teria custado nem um momento de consideração para enviar uma resposta. Mas o coração de Balaão estava todo errado, e nós o vemos na condição melancólica de alguém movido por sentimentos conflitantes; seu coração estava inclinado a ir, porque estava inclinado para a prata e o ouro. Mas, ao mesmo tempo, havia uma espécie de alusão a Deus – uma aparência de religiosidade colocada como uma capa para cobrir suas práticas avarentas. Ele ansiava pelo dinheiro, mas queria se apossar dele de uma maneira religiosamente respeitosa. Miserável homem! Seu nome está nas páginas da inspiração como a expressão de um estágio muito sombrio e terrível da história decadente do homem. “Ai deles”, diz Judas, “Porque entraram pelo caminho de Caim, e foram levados pelo engano do prêmio de Balaão, e pereceram na contradição de Corá”.
Pedro também apresenta Balaão como uma figura proeminente em um dos quadros mais sombrios da humanidade caída – um modelo segundo o qual alguns dos caráteres mais vis são formados. Ele fala daqueles que “tendo os olhos cheios de adultério e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição; os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça. Mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta” (2 Pe 2:14-16).
O prêmio da injustiça
Essas passagens são solenemente conclusivas quanto ao verdadeiro caráter e espírito de Balaão. Seu coração estava voltado para o dinheiro – ele “amou o prêmio da injustiça” –, e sua história foi escrita pela caneta do Espírito Santo como um aviso solene a todos para que tomem cuidado com a avareza, que é idolatria. Não nos aprofundaremos mais na triste história. Faça uma pausa por alguns momentos e observe a cena apresentada em Números 22 das duas figuras proeminentes – o rei astuto e o profeta cobiçoso e obstinado. Não temos dúvida de que ela dará um senso mais profundo do mal da cobiça, do grande perigo moral de colocar as afeições do coração nas riquezas deste mundo e da profunda bem-aventurança de ter o temor de Deus diante de nossos olhos.
C. H. Mackintosh
Bons Despenseiros da Multiforme Graça de Deus
Em outro artigo desta edição, é enfatizada a importância de uma administração cuidadosa de nossos recursos materiais. No entanto, essas não são as únicas coisas das quais fomos feitos mordomos. É-nos dito em 1 Pedro 4:10 que “cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. Do mesmo modo, Paulo (e aqueles a ele associados) procuraram ser considerados “despenseiros [ou mordomos] dos mistérios de Deus” (1 Co 4:1). A raiz da palavra traduzida como “mordomo” tem o sentido de “distribuidor doméstico” e também é usada em conexão com o mordomo injusto de Lucas 16, bem como para descrever um bispo ou supervisor – “o despenseiro da casa de Deus” (Tt 1:7). Em outra forma, a palavra também pode ser traduzida como “mordomia” ou “dispensação”, e Paulo usa a palavra várias vezes dessa maneira. “Uma dispensação me é confiada” (1 Co 9:17); “na dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10); “segundo a dispensação de Deus” (Cl 1:25). A partir dessas e de outras porções da Escritura, vemos que Deus deu dons aos homens e também confiou Sua verdade aos homens, mas como mordomos de quem se espera que sejam fiéis na administração do que receberam.
Fidelidade
Há várias coisas a serem notadas nessa mordomia [administração]. Antes de tudo, o Espírito de Deus usa a expressão “cada um” quando esses dons são mencionados. Não é uma questão de grandeza de dons, pois existem “diversidades de dons”, mas de fé para usar o que nos foi confiado. Na parábola dos talentos de Mateus 25, o Senhor era livre para dar a um servo cinco, dois ou um talento. Era esperado que cada um negociasse com o que havia recebido. Portanto, Deus não nos responsabiliza pelo que não nos foi dado, mas espera que usemos para Ele qualquer dom que tenhamos recebido.
Segundo, é uma coisa séria quando algo é confiado a nós para usar com sabedoria e distribuir aos outros. Paulo evidentemente sentiu isso muito profundamente, como sendo o vaso a quem a verdade da Igreja foi especialmente comunicada de um Cristo ressuscitado em glória. Ele tinha a opção de pregar o evangelho de bom grado, mas, mesmo que não o fizesse, percebeu o fato solene de que “uma dispensação me é confiada” (1 Co 9:17). Embora não tenhamos recebido revelações da mesma maneira que Paulo recebeu, ainda assim o princípio permanece o mesmo, e Deus espera que exerçamos nosso dom e ministremos a verdade de Deus como a recebemos.
Quando o homem com um talento o escondeu na terra (Mt 25:25) e o servo com uma mina simplesmente a guardou num lenço (Lc 19:20), o Espírito de Deus descreve os dois como “maus servos”. Se era algo sério o mordomo em Lucas 16 desperdiçar os bens de seu senhor, quanto mais quando realidades eternas nos foram confiadas! O mordomo injusto em Lucas 16 é, sem dúvida, uma figura de Israel, que havia sido infiel como testemunho de Deus na Terra. Como resultado, a mordomia lhes foi tirada e entregue à Igreja. Os “ramos naturais” do testemunho (retratados pela oliveira – Romanos 11:17) foram quebrados, e os gentios, como de uma “oliveira brava”, foram enxertados. Mas a Igreja foi mais fiel que Israel? Não, pois, como testemunho, ela também falhou. Como resultado, Deus removerá a Igreja deste mundo quando o Senhor vier e trará Israel de volta à bênção novamente.
Enquanto isso, Deus nos deixou aqui, e, até sermos chamados para casa, nossa responsabilidade como mordomos permanece. Se a Igreja falhou coletivamente como testemunho, é mais uma razão para sermos fiéis como indivíduos. Como Cristo foi uma Testemunha fiel quando Israel falhou e tudo estava contra Ele, assim deveríamos ser.
Nosso duplo ministério
O ministério confiado a nós é duplo. Paulo podia dizer a Timóteo que “Deus, nosso Salvador... quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2:3-4). Antes de tudo, então, é um grande privilégio, e também uma responsabilidade solene, para cada crente pregar o evangelho. Pode não ser publicamente, ou nem sempre de forma audível. Antes, devemos procurar viver Cristo e estar “sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3:15). No mundo incerto e estressante de hoje, o coração dos homens está de fato “desmaiando de terror” quando contemplam o futuro. Que privilégio poder dar esperança além deste mundo e falar-lhes de Cristo e de Sua salvação!
Mas, mais do que isso, Deus agora nos revelou Seus propósitos em Cristo – propósitos que estavam ocultos em Deus antes da fundação do mundo. “Todo o conselho de Deus” nos foi dado agora, relacionado aos Seus propósitos a respeito de Seu Filho. Assim, quando Paulo pregou o evangelho, Ele começou, não com a necessidade do homem, mas com os propósitos de Deus em Cristo. Quando Paulo falou do “meu evangelho”, ele estava se referindo a muito mais do que simplesmente a salvação da pena de nossos pecados. Quando um indivíduo recebe o evangelho hoje, ele aprende que não é apenas salvo do juízo, mas que faz parte da Igreja, a joia dos propósitos de Deus que tem um chamado celestial. A verdade conectada a tudo isso é infinitamente preciosa para Deus e para Cristo, e nos foi dada, não para guardar, mas para disseminar. Se nos for dado um entendimento maior da verdade do que outros, podemos usá-lo de duas maneiras. Ou podemos usá-lo para obtermos reconhecimento e destaque, ou podemos procurar agir como mordomos, usando-o para a bênção de todo o corpo de Cristo.
O natural e o espiritual
A mordomia espiritual é única. Nas coisas naturais, se as damos aos outros, então as perdemos. Se damos dinheiro ou coisas materiais, normalmente ficamos mais pobres como consequência. Mas sabemos que Deus não é Devedor de homem algum. Se dermos para Sua glória o que nos foi confiado como mordomos – o que é realmente “alheio” – Deus não nos recompensará? De fato, Ele nos recompensará! Quando os filipenses, que eram pobres, deram algo a Paulo, ele podia assegurar-lhes que “meu Deus, segundo as Suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4:19). Quando ele exortou os coríntios a darem liberalmente, ele também lhes disse que Deus “dá... pão para comer” e que eles teriam “em tudo, toda suficiência” (2 Co 9:8, 10).
Nas coisas espirituais, a maravilhosa realidade é que, ao compartilharmos tudo o que temos com os outros, nós não perdemos. Antes, ao distribuir como mordomos fiéis, nosso gozo nisso é aumentado e nosso coração é revigorado pelo privilégio de dar a outros. Em um sentido, como vimos, somos mordomos de coisas espirituais, mas, em outro sentido, Deus chama essas coisas de “o que é vosso” (Lc 16:12). O que temos como coisas materiais deixaremos para trás quando deixarmos este mundo, mas o que temos como riquezas espirituais será nosso por toda a eternidade. Não temos muito mais tempo para agir como mordomos, e, por essa razão, lembremos que “requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1 Co 4:2).
W. J. Prost
A Coleta à Mesa do Senhor
Além da adoração e do sacrifício de louvor à mesa do Senhor, a oferta monetária dada naquele momento também é um privilégio e uma responsabilidade importantes. Acreditamos que 1 Coríntios 16:2 é a autoridade divina para a coleta no primeiro dia da semana. O apóstolo inspirado havia se aprofundado na verdade mais sublime e preciosa no final do capítulo 15, e podemos ter certeza de que ele não considerou uma interrupção à comunhão escrever as palavras: “Ora, quanto à coleta”. O Senhor coloca, por assim dizer, Seu cesto em nossas mãos e nos capacita a contribuir para Sua causa. É a oportunidade mais adequada que temos, como assembleia, para fazê-lo. Além disso, é moralmente apropriado – sim, é simples justiça – contribuir. Como o aluguel será pago? Como todas as despesas serão pagas? E depois há os pobres do Senhor e a obra do Senhor no país e no exterior. Como tudo isso seria atendido? Não é um santo privilégio todos terem comunhão? E que ocasião mais adequada do que quando estamos sentados à mesa de nosso Senhor, nos banqueteando, em santa comunhão, da rica provisão de Seu amor?
Alguns podem pensar que as palavras “cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar” vão contra a ideia de uma coleta pública. Mas por que dizer: “No primeiro dia da semana”, se fosse apenas uma questão particular? Acreditamos que o colocar à parte [isto é, reservar] mostra a natureza calma, deliberada e dedicada da oferta. Devemos determinar, perante o Senhor em segredo, o que podemos dar e, em seguida, na assembleia pública depositar nossa oferta no tesouro do Senhor, lembrando que Seus olhos estão sobre nós. Não esqueçamos as palavras: “cada um de vós” e “conforme a sua prosperidade”.
Chegamos e nos beneficiamos do espaço e de suas acomodações – da assembleia e de seus privilégios; então não deveríamos considerar como todas essas coisas devem ser providas? E isso é simplesmente adotar a visão mais básica possível do assunto. Se tão somente olharmos como uma questão de justiça comum, somos moralmente obrigados a contribuir, de acordo com nossos meios, para as despesas do local onde nos encontramos e onde podemos desfrutar de alguns dos mais ricos privilégios que os Cristãos podem experimentar na Terra.
Não temos o direito de supor que um ou alguns membros ricos da assembleia pagarão todas as despesas. Agir com base nessa suposição é negar nossa responsabilidade individual e renunciar a um privilégio muito precioso. Quando consideramos que o recipiente sobre a mesa do Senhor é o Seu tesouro, do qual Ele paga o aluguel do local para o Seu povo se reunir e do qual Ele satisfará tanto a necessidade dos Seus pobres quanto as demandas de Sua obra, então temos a ideia correta “quanto à coleta”. Sem dúvida, aqueles que assumem a responsabilidade de administrar o dinheiro do Senhor precisam de muita graça e sabedoria, e devem procurar agir em plena comunhão com irmãos sérios e piedosos na distribuição das ofertas da assembleia. Sendo assim, a coleta à mesa do Senhor é uma continuidade ordenada da adoração e da comunhão à mesa do Senhor e é evidência de uma mente espiritual e de um coração generoso.
Things New and Old 19:27 (adaptado)
Fidelidade com Riquezas
Talvez em nada os filhos de Deus sejam tão comumente infiéis quanto na administração do dinheiro: muito é gasto com luxos e muito pouco é distribuído com os outros, e mesmo isso nem sempre sabiamente. Quando aprenderemos a não gastar nem dar sem buscar a orientação de Deus? Em 1 Timóteo 6:9-11, o apóstolo adverte os santos que não são ricos, mas que desejam ser, de que existem perigos à frente. Homens no mundo que seguem esse caminho frequentemente “submergem... na perdição e ruína”, e santos que amam o dinheiro “se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. Nos versículos 17-19, o apóstolo ordena aos que já são ricos que não “ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos”, e a estarem prontos, com mão aberta, para toda boa obra. Não há nada de errado em possuir riqueza (note a palavra “gozarmos”) desde que ela chegue até nós de maneira honrosa. Mas, quando consideramos que Aquele a Quem devemos nosso eterno tudo não tinha onde reclinar a cabeça e quando também lembramos que Ele ainda é “desprezado e rejeitado pelos homens”, ser detentores de grandes somas de dinheiro nos coloca em uma posição de séria responsabilidade. Para cumpri-la, precisamos de graça a todo momento. Podemos “granjear amigos com as riquezas da injustiça”, se nosso coração assim nos dispuser, ou podemos fazer inimigos pelos mesmos meios. Aqueles que são generosos e bondosos são amados, mas aqueles que são egoístas e altivos por causa de sua riqueza, não há quem goste deles. Oh, que possa ser dito de nós, como dos obreiros de Josias, “procediam com fidelidade!”
W. W. Fereday
Minha e Tua a Mesma
Ó Tu que outrora redimiste,
E nos fizeste tomar posse da Tua graça,
Em paz com Deus por meio de Ti,
Ajuda-me a possuir estas bênçãos agora,
E proclamar em voz alta o que Tu fizeste,
Ó santo Cordeiro, por mim.
De mim mesmo saio em busca de ajuda,
Resolvido a somente o Teu poder conhecer;
Teu amor é o apelo que faço;
Dá-me o poder, é isso que eu reivindico,
Para, com o coração e a vida, louvar o Teu nome:
Dá, por amor à Tua misericórdia.
Amor, somente amor, Teu coração inclinou,
E Te trouxe, Salvador da humanidade,
Do trono acima;
O amor te fez aqui um Homem de dores,
Duramente Te afligiu para o nosso alívio,
Oh mistério de amor!
Senhor, eu sou Teu; Teu amor por mim
Constrange minha alma a se apegar a Ti,
E alegremente a renunciar
O que quer que eu tenha, o que quer que eu seja;
Minha vida seja toda com a Tua, a mesma
E toda a Tua vergonha seja a minha.
C. Wesley, Hinário Little Flock - Hino 25 Apêndice
“É grande ganho a piedade com contentamento”
1 Timóteo 6:6
Comments